Park Jimin
— Ji, preciso da sua parte para pagar o aluguel. — Ouço Hyuna falar, assim que chego do serviço e abro a porta do apartamento minúsculo que estávamos dividindo.
Hyuna era basicamente um anjo que tinha entrado em minha vida. Eu encontrei a garota, poucos dias depois que cheguei ao país e devido a falta de dinheiro, passei pra alguns perrengues como dormir na noite congelante da Suíça, na rua.
Não foi fácil, mas pelo menos eu podia escolher entre me alimentar, ou ter uma cama boa para dormir, e naquele momento, a comida chamou mais a minha atenção.
No meio de algumas "entrevistas" de emprego para limpar casas ou fazer bicos se faxineiro em bares e restaurantes, conheci Kim Hyuna. Foi algo tão oportuno, que quase não me pareceu coincidência.
A garota era sul coreana, tinha chegado a pouco tempo e também estava super sem grana, procurando um colega que pudesse ajudar com as despesas de seu apartamento, e vendo que a quantia era suficiente para o meu salário, eu logo concordei. Louco por mal conhecer a menina, mas necessitado o suficiente para aceitar a proposta.
E então, nos tornamos grandes amigos. Conversávamos sobre tudo, incluindo nossos "chefes" com as casas nojentas, que tínhamos que arrumar por um mixaria. Mas era divertido.
Toda noite, quando eu me deitava para dormir, eu me entregava a um choro silencioso.
Jungkook me fazia muita falta, muita mesmo. E eu sequer podia pensar na possibilidade de tentar contato com o mesmo, eu sabia que Jackson poderia me encontrar a qualquer momento.
Então eu somente sofria quietinho, sem carinho e sem meu leitinho de banana.
Admito que minha situação poderia estar pior. E dei muita sorte, ao conseguir tão facilmente algo que não era muito, mas servia para não me fazer passar fome ou frio nas ruas, e eu também tinha uma pessoa para conversar.
Meu inglês não era um dos melhores e na região em que eu estava morando, a língua predominante era o alemão, ou seja, eu estava bem na merda, quando o assunto era me comunicar com outras pessoas.
A solidão nunca pareceu ter sido tão ruim, antes de Jeon. Era como ganhar uma caixa de seu chocolate preferido, e logo em seguida sua mãe tomá-la de suas mãos, e jogar um por um, fora.
Me doía também, me lembrar que por um descuido meu, até a escola que eu estava próximo a pagar o diploma, eu precisei abandonar. Talvez eu não mereça realmente ter um futuro digno.
— Eu só vou receber amanhã. — Anunciei, me jogando no sofá ao seu lado.
— Chegou uma encomenda para você. — Franzi o cenho, confuso.
Ninguém que me conhecesse teria meu endereço.
— Está arrasando corações, Park Jimin. — Brincou, se aproximando para entregar a rosa vermelha com a carta branca, em minhas mãos.
— Não seja tola. — Revirei os olhos, pegando o conteúdo.
— Olha que estranho… — Apontou para uma reportagem na TV, aumentando o volume com o controle.
Meus olhos se focaram no jornal, que pelas cores, parecia ser uma reportagem de plantão. Apenas desviei o olhar, sem entender uma palavra que saia da boca da repórter.
— Às vezes tenho medo de você, Hyuna. Você tem que parar com essa mania de gostar de assistir tragédias.
— Tanto faz. — Sorriu, dando de ombros. — Mas, olha! — Apontou para a tela que mostrava muitos carros polícias.
— Não sei se você se lembra, mas meu alemão não é assim, fluente. — Ironizei e então meu coração disparou, quando vi a foto de uma garotinha ser anunciada na reportagem.
Uma garotinha que eu conhecia muito bem. Kim YeEun.
Não pode ser.
— O que estão falando? — Questionei, preocupado. Os rostos dos pais da filha de meu ex dominador estavam cheios de lágrimas, e muitas câmeras filmavam a cena.
— Parece que a criança foi sequestrada. — Falou, simples. — Ela parece ser importante. Filha de uma modelo e um empresário… Oh! — Arregalou os olhos. — Ela é coreana.
Prendi o ar.
— Você está bem? — Perguntou preocupada, me avaliando. Apenas assenti, sem forças para dizer nada. — Garoto estranho, eu hein! — Me deu um tapinha nas costas, se aproximando da porta. — Tenho um encontro com o gatinho da mansão dos Scandelari, não me espere acordado.
E então, ela se foi.
— Foi só uma coincidência, não foi? — Perguntei retoricamente, tremendo ao pensar na possibilidade de isso ser coisa do senhor Wang.
Desviando o olhar para minhas mãos, tentando secar minhas lágrimas e lembrando o jeito certo de se respirar, soltei um grito angustiado ao reparar bem na rosa vermelha.
Rasguei o adesivo da carta, nervoso, e então finalmente pude surtar.
"Meu sexto sentido está me diz que você está com saudades da Coréia, Baby J" - Senhor Wang
Flashback
Alguns anos antes…
— Eu nunca pensei que minha primeira vez fosse ser assim. — Admiti, nervoso.
— Você confia em mim? — Sorriu, beijando minha têmpora.
— Eu não conheço você o suficiente para dizer que confio. — Respondi, sincero.
— E ainda sim aceitou transar comigo, desesperado por dinheiro. — Gargalhou e eu revirei os olhos, lhe dando um soco.
— Você podia não repetir isso e tentar soar um pouco mais romântico, Wang.
— Senhor Wang. — Me corrigiu. — E se você estava procurando algo romântico, não deveria ter vindo até mim, Baby J.
— Meu nome é Jimin.
— A partir de agora, enquanto estiver aqui dentro, ele será Baby J. Outras pessoas não precisam saber sua identidade verdadeira.
— Assim como eu não posso saber o seu primeiro nome? — Assentiu.
— Agora fique quietinho e me deixe realizar o seu desejo, sim?
Balancei a cabeça, ansioso.
No dia seguinte, acordei sozinho no quarto da boate, mas havia uma rosa vermelha ao meu lado e um bilhete de Wang, falando que aquele seria o único gesto romântico que eu receberia de si e que eu havia sido ótimo.
Bom, ele também não tinha sido ruim. Wang estava longe de ser uma pessoa boa, mas de fato, ele nunca abusou ou violentou meu corpo, era sempre eu a procurá-lo por uma boa foda, tamanha era minha carência. Mas, eu não podia ter certeza de que seria da mesma forma se eu o encontrasse novamente.
Desde aquela noite, sempre que transavamos ou eu agradava algum cliente que pagava muito mais do que fosse combinado, uma rosa vermelha era entregue a mim, para me lembrar de que eu pertencia a sua empresa agora e de fato estava fazendo um bom trabalho.
Uma passagem com meus dados, estava dentro do envelope da carta e sua data indicava a próxima manhã.
Aquilo já tinha ido longe demais. Eu não podia mais lidar com aquilo sozinho e Jeon merecia a satisfação de saber sobre o sequestro de sua filha. Era tudo culpa de Wang.
Eu não aguentava mais viver a minha vida fugindo. Seja de Wang, de minha mãe, de meu padastro, de mim mesmo. Eu precisava de paz.
Me arrependi amargamente, por não ter contado para Jeon, assim que fui abordado pelo monstro, mas não cometeria esse erro novamente.
Iria usar sim, a passagem que eu recebi para voltar, mas não com a intenção de me entregar ao senhor Wang. Nada me garantia de que ele não faria mal a menina, a polícia deveria saber e talvez assim, ele fosse preso de uma vez.
Me comunicar com Jungkook chamaria muito a atenção, eu sabia que o homem que me chantageava, estava esperando exatamente por isso. Não era uma opção.
Desbloqueei meu Instagram, sabendo que Yeri veria minha mensagem e torcendo para que ela respondesse.
— Jimin? — Atendi, assim que vi a ligação internacional aparecer em meu celular. — Liguei o mais rápido que pude, sua mensagem me deixou preocupada.
— Yeri?
— Por que me mandou ligar desse número? — Pude perceber sua voz fraca, de alguém que estava chorando há alguns minutos.
— Preciso lhe falar algo importante!
— Não é um bom momento para conversarmos.
— Eu sei com quem ela está.
— ...Como? — Gritou desesperada, depois de breve silêncio.
— Eu não posso falar por telefone, por favor. Tem alguém perto de você?
— N-não.
— Estarei em Seul daqui dois dias, te mandarei o endereço para me encontrar, e então te contarei tudo. Por favor, vá sozinha. Ninguém pode saber, ouviu? Muito menos o Jeon.
[...]
Jackson Wang
Um dia depois, no aeroporto;
Sorri, cínico, vendo o garoto baixo e assustado, deixando a área de desembarque do aeroporto.
Como eu disse: tão previsível…
— Oh, que surpresa vê-lo aqui, Jimin. — Cumprimentei, sarcástico.
— Solte a menina. — Me olhou, com raiva, rosnando.
— De quem estamos falando? — Me fiz de sonso.
— Qual é o seu problema? — Explodiu, levando suas mãos para empurrar meu peito, com toda a força que conseguiu.
Toda a paciência que eu carregava, com aquele ser que já havia me feito perder muito tempo, se esgotou.
Antes que pudesse afastar os pulsos novamente, segurei os braços alheios e discretamente, os apertei com toda a força que eu tinha, observando o mais novo morder os lábios e seus olhos brilharem.
— Espero de todo o coração, que você nunca mais ouse repetir essa cena, entendeu? — Uma lágrima escorreu de seu lindo rostinho e bravo, por não ter respostas, intensifiquei o aperto, marcando bem os dedos ao redor de seu pulso. — Estou falando com você, Jimin. Não ache que tem motivos para chorar, porque eu ainda não te dei um motivo para chorar. Agora, quando eu te perguntar algo, espero ouvir uma resposta.
— E-eu entendi. Me solta, por favor! — Choramingou, me implorando.
Revirei os olhos, soltando seus braços para agarrar uma de suas mãos e o puxá-lo, em direção ao carro.
— Se você tentar soltá-la, a garota morre.
— Não, faça isso! — Pediu, agoniado.
— Você mudou, Baby J. Muito. E eu também, não ache que você conhecia o meu pior lado. Estou cansado de correr atrás de você, da próxima vez que me fizer de idiota, você vai aprender que eu não fico só na ameaça.
— E-eu não vou fazer nada, só entregue a garota. E eu faço tudo que você me pedir.
— Uma garotinha vale tanto assim? — Fiz um bico, o empurrando para o banco de trás do automóvel escuro, me sentando ao seu lado. — Seria uma pena se eu já tivesse me livrado dela…
— Você a matou?! — Gritou, horrorizado e então eu gargalhei.
— Quem sabe?
— Me deixe vê-la! Por favor!
— Você sabe que terá um preço, certo?
— Eu já disse que quando você entregá-la, faço o que você quiser.
— Talvez amanhã? — Fingi pensar. — Você deveria me convencer melhor.
Não precisei repetir, Park era inteligente o suficiente para entender o que eu estava querendo. E como se enfrentasse a maior derrota do mundo, ele se agachou da forma que pode em minha frente e abriu o zíper de meu jeans.
Seus olhos marejados só me faziam achar seu sofrimento ainda mais excitante, e então o garoto me chupou. Meus gemidos preencheram todo o carro, até que eu me desfizesse em sua boca.
— Você continua muito bom em seu trabalho, Park. — Acariciei seu rosto.
— Vou poder ver a garota?
— Amanhã de manhã. Foi uma longa viagem para você, Baby J. Você vai descansar pelo resto do dia e Leon te acompanhará, amanhã.
— Você vai devolvê-la quando? Eu já disse que não vou tentar fugir.
— Ainda não posso confiar em você, vai depender do seu comportamento. E acho melhor convencer a criança a não falar nada sobre o encontro com você, quando estiver livre. Ou então, as coisas terão que ser… resolvidas, de outra forma.
— Você é um monstro. — Falou, enojado.
— O monstro a quem você implorava por prazer. — Completei, descendo do carro assim que chegamos ao destino. — Tranque-o na suíte que não possui janela. Ele não está autorizado a falar com ninguém, que não seja eu.
[...]
Park Jimin
Me levantei apressado, assim que vi a porta do quarto ser aberta.
Senhor Wang havia me trancado desde a hora em que coloquei os pés na boate e se não fosse para me alimentar, nenhum de seus homens tinham permissão para abrir a porta ou conversar comigo.
Me senti aliviado por ter mandado uma mensagem enviando o local de encontro com a modelo, antes de ser buscado, já que uma das primeiras ações do homem foi confiscar qualquer meio de comunicação que eu pudesse ter, por tempo indeterminado. Era basicamente um castigo, por tê-lo irritado tanto.
Wang também me fez entregar todo o dinheiro que estava comigo, mas fui esperto o bastante para esconder algumas cédulas da moeda coreana que havia trocado ainda no aeroporto, em minha peça íntima, o que me livrou de suspeitas na hora de me revistarem.
Eu não tinha sequer um relógio para me orientar sobre o tempo, mas percebi que o anoitecer já se fazia presente, quando me entregaram uma troca de roupa e me orientaram a tomar banho.
Eu neguei, me jogando na cama, frustrado por não poder fazer nada e quando Wang deu as caras, relembrou-me de que se eu não me comportasse, eu não seria recompensado na manhã seguinte.
— Vá cumprir a ordem que recebeu, Park. — Saiu do cômodo, me deixando sozinho novamente.
Me levantei da cama macia e resolvi tomar banho, me agarrando à esperança de que eu poderia ver Kim Ye-Eun.
A suíte não era nada mal, e só de reparar na banheira com hidromassagem no banheiro, percebi que eu não era o único a ter vivido bem, durante todos esses anos. Parece que o negócio tinha crescido bem.
Com raiva o suficiente e ansioso para encontrar Yeri e acabar logo com todo esse drama, apenas ignorei a bandeja com o jantar na porta e me joguei na cama king-size, disposto a tentar apagar logo, de uma vez.
[...]
— Acorda, Baby J. — Senti uma mão me cutucando e então me despertei, sentando no colchão macio e visualizando melhor o subordinado de Wang, Leon. — O chefinho disse que você tem trinta minutos para ver a criança.
— O que? — Arregalei os olhos, sem acreditar.
— Tem uma troca de roupa em cima da cômoda, volto em cinco minutos e se não estiver pronto, vou avisar Wang que você desistiu.
— Vá para o inferno! — Retruquei, vendo a porta ser trancada.
Me despi rapidamente, colocando a roupa preta que fui ordenado e gritando contra a madeira, para avisar que eu estava pronto.
Fui cercado de seguranças durante todo o caminho até o galpão, ri com a ironia de que se eu visse de fora, poderia achar que se tratava de um famoso.
O galpão, assim como a empresa de prostituição, era em uma loja que se tratava de uma fachada para esconder os crimes ilegais, e revirei os olhos quando entrei em uma sorveteria e fui levado para dentro do andar subterrâneo.
A quatro quarteirões dali, havia milhares de agentes de segurança atrás de uma garota, que estava desaparecida e escondida do lado de todos eles. Wang era um puta idiota, por saber que jamais procurariam naquele lugar.
— Jimin! — Eun gritou, correndo para me abraçar, assim que abriram a porta do lugar onde ela estava trancada.
O que me deixou aliviado, foi saber que o lugar não era diferente de onde eu estava, até porque, Wang sabia que não teria nada de mim se a machucasse.
— Oi, princesa. — Lacrimejei, pegando-a e apertando entre meus braços, com força. — Alguém tocou em você?
— Você veio me tirar daqui? — Perguntou soluçando, enquanto deitava a cabeça em meu ombro, fungando. — Eu quero meus papais!
— Será que você pode nos dar licença? — Sequei os olhos, olhando para Leon, que estava atrás de mim.
— Meu chefe me mandou ficar de olho em você. — Negou.
— Não é como se eu pudesse fazer algo aqui. — Exclamei, irritado. O segurança bufou, mas nos deixou a sós.
— Você conhece ele, Minnie? — Soluçou. — V-você pode pedir pra ele ligar para meu papai vir me buscar?
Fechei os olhos, prendendo o choro.
— Eles machucaram você, pipoquinha? — Negou, ainda com a cabeça escondida em meu pescoço. — Vai ficar tudo bem, sim? Eu vou pedir para sua mamãe vir te buscar.
— E-eu não quero mais ficar aqui! — Gritou, chorando.
— Preciso que confie em mim, amorzinho? — Pedi, aflito. — Você confia no Minnie? — A garota assentiu, fracamente.
A depositei no chão, me agachando em sua frente para secar seu rostinho molhado.
— Vai dar tudo certo, sim?
— Tá bom, Ji. — Tentou sorrir.
— Você consegue me falar, como veio parar aqui? — Perguntei, com toda a delicadeza que eu consegui.
— Eu estava correndo para a sala do papai e aquele moço me chamou, dizendo que meu papai estava me esperando na sorveteria, e eu fui com ele. Mas o papai não estava aqui, Minnie. — Voltou a chorar, e eu a ninei, tentando acalmá-la. — E nem a mamãe e o moço não quis levar eu de volta! Meus papais vão brigar comigo…
— Eles não vão brigar com você, tudo bem? Eu prometo.
— Eu não fiz nada de errado.
— Claro que não. Mas a partir de agora, você precisa prometer uma coisa para o Ji, certo? Você não vai nunca mais, acompanhar alguém que você não conheça, entendeu? Se a pessoa te obrigar, grite o mais alto que você conseguir!
— Eu prometo!
— Jimin, tempo encerrado. — Leon anunciou, voltando ao quarto.
— Preciso de mais um minuto, por favor?! — Pedi desesperado, vendo-o se aproximar.
— Minnie não vai! — Eun gritou, se agarrando em mim, sendo tirada pelo segurança.
— Você não pode contar pra ninguém, ninguém mesmo que você me viu aqui, sim? Prometo que você vai estar com sua família em breve, meu amor.
— Não me deixa aqui sozinha! Por favor, eu prometo nunca mais fazer arte se você me levar com você! — Implorou.
Meu coração se apertou e eu apenas pude selar sua testa, antes de me levantar e seguir o homem.
Ao menos fiz esforço para limpar meu rosto, a essa altura eu já não conseguia segurar minhas lágrimas, de qualquer forma.
Observei disfarçadamente o relógio no pulso de Leon, e respirei fundo, sabendo que estava próximo ao horário que eu havia marcado com a mãe da garota.
— Preciso usar o banheiro. — Anunciei, sendo ignorado. — Eu vou mijar bem aqui! — Gritei, chamando sua atenção.
— Aguente até voltar para seu quarto. — Ditou, impassível.
— Ao menos tenha um pingo de humanidade!
— Você venceu! — Exclamou bufando, me empurrando para a primeira porta do toalete que encontrou. — Ande logo, estarei na porta para garantir que você não fuja.
Assenti, entrando no cubículo pequeno. Lavei meu rosto na pia espelhada, pensando em como eu iria me safar daquela situação. Foi quando observei a pequena janela acima do sanitário.
Levando em conta os bons quilos que eu havia perdido em todos esses meses, eu tinha certeza que conseguiria pular dali, e pelo que me lembre, a altura não era algo que poderia me matar, e se eu corresse o bastante, poderia seguir até a avenida principal e chamar um táxi para me encontrar com a mulher.
Sem tempo para raciocinar as consequências, já que Leon poderia entrar a qualquer momento, subi no vaso sanitário e pulei, impulsionando o corpo para me agarrar à janela.
Quase gritei, emocionado, quando consegui e tomando todo o cuidado que eu poderia ter, pulei no gramado que cercava o local, me escondendo dos homens que esperavam em frente ao carro.
Corri desesperado, juntando todo o fôlego que eu mal lembrava ter e acenei para o primeiro taxista que encontrei, ditando o endereço rapidamente.
Pensei em ir até Jungkook, que estava tão próximo do local, mas eu sabia que era o primeiro lugar que eles iriam procurar por mim e conseguiriam me pegar antes mesmo que eu chegasse ao prédio.
[...]
Leon
Irritado com a demora do garoto no banheiro, resolvi abrir a porta e soltei um alto grito de ódio ao encontrar o ambiente vazio e janela aberta.
— Filho da puta!
Como não pensei nisso antes?
— Baby J escapou pela janela, quero todos atrás dele! Separem-se! — Ordenei irritado, para todos os outros que trabalhavam para Jackson, assim como eu. — Esse garoto só me dá trabalho. — Bufei, pegando meu telefone para avisar o chefe.
— Park Jimin está com você? — Foi a primeira coisa que o homem perguntou, assim que me atendeu no segundo toque.
— Ele escapou pela janela. Me desculpe.
— O único trabalho de vocês era não deixá-lo fugir! — Gritou, irritado. — Ele não pode ter ido muito longe.
— Irei atrás de Jeongguk. — Anunciei.
— Ele saberia que seria o primeiro lugar que procuraríamos.
— Mas não há mais ninguém com quem ele possa se encontrar, a não ser que… Você pegou o celular dele, certo? Cheque as últimas mensagens.
Pude escutar alguns gritos do homem, que exigia a presença do hacker para que desbloqueasse o aparelho e depois de cinco minutos, meu chefe enviou a localização, reclamando da burrice de Jimin ao esquecer de apagar a mensagem do aplicativo.
Tão cansativo esse jogo de gato e sapato! Revirei os olhos, indo em direção ao carro.
— Não deixe que eles se falem, e eu não me importo com a forma pela qual você irá impedir este encontro.
Eu sabia o que isso significava. Jackson havia se cansado de avisar Jimin, e agora me mandaria fazer o que havia prometido a Jimin: as pessoas que importavam para ele sofreriam por suas ações.
— Um passarinho me contou que a mulher sofrerá um acidente, bem grave, no trânsito. Não acho que seria possível ela sair do local com vida.
— Espero que isso aconteça em um lugar bem visível para Park Jimin.
[...]
Park Jimin
— Você poderia me dizer que horas são? — Pedi ao motorista, antes de pagar pela viagem.
— Faltam dez minutos para o meio dia, senhor.
— Obrigado. — Desci do veículo, suspirando.
Ótimo, faltavam apenas dez minutos para que a mais velha chegasse. Logo isso iria acabar. Assim eu esperava.
Me encostei na esquina, da rua deserta que havíamos marcado de nos encontrar, esfregando minhas mãos suadas em minha calça jeans escura.
Esperei por pouco tempo e pude expirar todo ar que prendi, quando vi a mulher sozinha, dirigindo um SUV, parada no último semáforo antes de chegar até onde eu estava.
Graças a Deus estava tudo dando certo.
Mas então eu o vi.
Leon estava cruzando a rua que pegaria o veículo de lado, assim que o sinal abrisse.
Arregalei os olhos, ao entender o que ele faria.
Me desesperei gritando para Yeri parar, o mais alto que pude e só não corri em direção ao automóvel porque fui segurado por trás por dois capangas de Wang, que me obrigaram a levantar a cabeça e assistir toda a tragédia que estava prestes a acontecer.
A motorista acelerou o veículo e assim que atravessou o cruzamento, Leon fez o mesmo batendo contra a mulher, arrastando o carro.
Só lembro do sorriso feliz da mulher ter sido transformado em um grito horroroso e logo em seguida o barulho alto do choque do carro alheio em sua porta, estilhaçando o vidro e provocando o capotamento.
Os braços que me seguravam me soltaram e eu ao menos tive forças para me manter em pé e colocar todo o ódio que eu estava sentindo para fora, com um grito, me jogando no chão.
Não tinha chance nenhuma da mulher ter sobrevivido ao acidente. E o pior, a culpa do sequestro de Eun e da morte de sua mãe, havia sido toda minha.
Eu nunca deveria ter fugido do senhor Wang.
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