Capítulo 1: Feitiço Falhado
England já estava cansado de que todos desprezassem a magia e afirmassem que esta era apenas fruto da sua imaginação. Só porque não podiam ver as suas amigas fadas, não lhes dava o direito de dizer que estas não existiam.
Sempre que as outras nações as ignoravam, as pequenas fadinhas ficavam extremamente deprimidas e isso só entristecia a Grande Nação Britânica. Pelo que England concluiu que a melhor forma de assegurar que estas nunca mais teriam de sofrer tal dor, era encontrar o feitiço correto para conseguir torná-las visíveis para todas as outras nações na seguinte Reunião Mundial. Como tal, o jovem Arthur jogou-se de cabeça no meio dos infindáveis volumes sobre magia e iniciou uma extensa e elaborada pesquisa.
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Numa masmorra empoeirada, em data indefinida, pois a misteriosa criatura que a habitava há muito que se perdera na passagem do tempo, era possível ver uma imensidão de livros espalhados pelo chão e pergaminhos amassados numa pilha ao lado do caixote de lixo já a abarrotar de tanto papel.
Acaso os ventos da América haviam atingido aquela masmorra inglesa? Um furacão teria feito menos estragos…
As pequenas fadas suspiraram em gesto de frustração ao ver o seu querido amigo jogar um novo pedaço de pergaminho para o monte ao ter uma vez mais falhado na sua tentativa de conjurar um feitiço que lhes permitisse tornarem-se visíveis aos olhos das outras nações.
Por muito que tenham tentado convencê-lo a desistir da ideia e a tomar um bom banho e comer uma boa refeição… Havia sido em vão. O máximo a que tinham conseguido aspirar fora obrigá-lo a comer duas refeições por dia, que elas mesmas tinham que lhe levar, pouco faltava para que tivessem que lhe dar a comida na boca, visto que England não tirava os pés das masmorras e os criados tinham demasiado medo para se aventurarem por lá.
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Os dias deram passo a semanas, que viraram meses… E antes de que England se desse conta, o dia tão esperado já havia chegado. Era o dia da reunião e esta dar-se-ia na sua própria casa.
Abandonou os livros, convencido que dessa vez sairia tudo bem, pois tinha praticado o encantamento incontáveis vezes. Não havia forma alguma de que pudesse errar, afinal de contas, cobrira todas as possibilidades de fracasso. O loiro estava convicto do seu iminente sucesso, pelo que saiu da biblioteca com a cabeça erguida, um sorriso de confiança e o peito inchado de orgulho.
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Pouco a pouco, os assentos das nações foram sendo preenchidos e todos aguardavam pacientemente o início do encontro, mas como já se era de esperar, America estava uma vez mais rotundamente atrasado. Aborrecido pela demora, England decidiu entrar em ação e aproveitar o tempito extra para realizar o encantamento, mas como já era habitual não resultou como este havia planeado. Por tal motivo, France gozava abertamente com a nação britânica, ao que esta, já totalmente fora de si, ergueu a varinha e apontou-a ao País do Amor.
Automaticamente, Romania e Norway levantaram-se e correram a restringir o seu companheiro de andanças mágicas, enquanto as restantes nações pensando ser tudo fruto da imaginação fértil do trio mágico, optou por ignorá-los ou dizer quão tamanha era aquela estupidez e que a magia não existia. Tal ato por parte dos outros países só conseguiu enfurecer ainda mais o loiro de generosas sobrancelhas, que trémulo de raiva gritou as colossais palavras dos futuros pesadelos de várias das nações presentes.
O duo mágico, amigo de England, já aguardava os resultados catastróficos do feitiço, claramente mal pronunciado, lançado pelo loiro. Italy, mais ocupado em sonhar acordado com a sua amada pasta, fez negligentemente uso da sua reconhecida e afamada torpeza, tropeçando contra o invocador, terminando por desviar a varinha da direção realmente pretendida.
Um raio violeta saiu da ponta superior da estrela que coroava a varinha mágica de Arthur, que impactou contra um espelho na parede contrária, sendo refletido no teto e terminando por dispersar-se sob a forma de poeira púrpura. Ao constatar que aquele seria o pior local e o mais perigoso de todos para permanecer, a maioria das nações partiram em busca de abrigo.
Quando a poeira tocou o topo da cabeça de France, este foi envolvido numa fumaça rosada. Este evento repetiu-se com algumas das outras nações, nomeadamente Italy. Passados alguns instantes, o nevoeiro dissipou-se por fim e as nações deram pela falta de alguns dos seus companheiros, despertando um sentimento de pânico geral.
Germany preocupado correu na direção de onde vira o amante de pasta pela última vez, encontrando apenas um monte de roupas descartadas sobre o solo do Salão de Conferências. Aterrorizado com a possibilidade deste ter desaparecido ou até mesmo ter sido fulminado, o alemão ajoelhou-se e agarrou com cuidado o casaco do uniforme militar italiano, para de seguida aperceber-se de que as roupas que haviam permanecido no chão se moviam agora sozinhas. Com certo receio, deslizou a negra camisa para o lado esquerdo, pousando-a no solo, revelando assim a pequena cabecinha de um bebé de poucos meses, quase um recém-nascido, que logo deu mostras de já possuir um tremendo par de pulmões, graças ao sonoro choro entoado pelo pequeno e assustado infante.
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