Era oficial. Felix iria acabar com a história de Bae Jinsol naquela escola. A garota havia passado toda a duração da música jogada em cima de Hyunjin e com um sorriso enorme naquele rosto murcho, enquanto seu namorado estava claramente desconfortável. A professora Wang sequer estava prestando atenção naquilo.
Quando os dois se separaram, Felix voltou a se sentar em seu lugar totalmente indignado e bufava a cada dois minutos.
– Eu vou matar ela. – Sussurrou para Seungmin, que estava sentado ao seu lado.
– Por que do nada esse interesse dela do Hyunjin? Vocês já viram ela falando com ele antes? – Ele questionou ao incluir Jeongin na conversa.
– Eu achei que ela era lésbica! – O mais novo comentou.
Era possível ver o ódio queimando no olhar de Felix, enquanto ele basicamente arrancava a cabeça de Jinsol com as próprias mãos em seus pensamentos.
( . . . )
Após o final das aulas e de toda a correria com as preparações para o baile de formatura, Felix acabou se atrasando cerca de 15 minutos para encontrar o namorado no local de sempre. Quando chegou lá, Hyunjin estava escorado na mesma árvore que de costume, rindo para o celular com uma cara de besta que sempre derretia o coração do mais novo. Ele se aproximou sorrateiro e não precisou de convite para se encaixar no abraço tão conhecido e apoiar o rosto no ombro de Hyunjin. Prontamente foi envolvido em um abraço quente, ao passo em que o rapaz largou o aparelho de lado, bloqueando e guardando no bolso da jaqueta.
A questão é que, antes que ele pudesse completar a ação, Felix viu o chat com a foto de Jinsol antes da tela apagar. No mesmo instante ele se afastou.
– Hyunjin, me dá seu celular. – Disse com a maior cara de bravo e estendeu a mão.
O mais velho piscou algumas vezes, estranhando a mudança repentina de comportamento, mas entregou o aparelho sem fazer questionamentos.
Felix desbloqueou o celular e contraiu todo o rosto em pura raiva quando viu o chat dois dois. – O que é isso, Hwang Hyunjin?! Por que você tá de conversinha com essa… essa… baranga oferecida??? – Foi o mais gentil que ele conseguiu ser.
Hyunjin não conseguiu evitar uma risada. Felix com ciúme era algo raro, já que o Hwang quase nunca mantinha uma conversa com alguém que não fosse ele mesmo. Era uma pessoa reservada e suas amizades mudavam constantemente. Nenhuma de fato duradoura.
É óbvio que a risada foi mal interpretada pelo menor, que deixou o queixo cair, totalmente surpreso pela reação do namorado. Hyunjin se apressou em correr para abraçá-lo pela cintura, tentando amenizar sua situação, mas Felix o empurrou de volta com uma expressão de desgosto.
– Calma, amor! – Interpelou, tentando manter suas mãos próximas ele – Eu não ri de você, eu só achei–
– Vamos embora. – Felix o interrompeu – Vamos pra sua casa.
– Que? Você não pode ir pra minha casa, Lix.
– Vamos, Hyunjin. – O mais baixo cruzou os braços e o olhou diretamente em seus olhos. – Agora.
Não houve muita conversa. Hyunjin não soube como refutar ou recusar aquele olhar. Ele apenas assentiu e subiu na moto. Assim que Felix fez o mesmo, sentiu sua cintura ser abraçada com mais força que o normal.
O caminho até a casa de Hyunjin não teve mais nenhum acontecimento. A cabeça de Felix estava a mil, seu coração batia acelerado contra as costas do mais velho e seus olhos frequentemente derrubavam lágrimas, que eram levadas pelo vento da estrada – já que estava irresponsavelmente sem capacete. Fazia muito tempo desde a última vez em que esteve ali. Tinha boas lembranças da época em que sua liberdade não lhe foi arrancada por causa de um preconceito bobo de sua mãe.
Assim que Hyunjin estacionou e desligou a moto, Felix o segurou pela mão e o arrastou até dentro da casa. O moreno tentou chamar algumas vezes, mas foi totalmente ignorado. Felix estava com a mente tomada apenas pelo medo de perder seu amado. Precisava de uma confirmação, precisava garantir que ele continuaria sendo seu. Era difícil estar nessa situação, já que Hyunjin era tudo o que Felix achava possuir; era sua visão do futuro, o resumo de seus planos. Tudo parecia girar em volta dele, se ver sem Hyunjin era como perder o chão. Nada parecia mais assustador naquele momento.
– Lix, fala comig- – Os lábios do mais velho foram atacados em um beijo feroz, ao passo em que as mãos do Lee puxaram o zíper da jaqueta para baixo e a levaram para fora do corpo. Hyunjin não se opôs de início, apesar de saber que aquela necessidade não era física. Havia passado por isso tempos antes, feito com Felix a mesma coisa que ele estava fazendo consigo agora. Conhecia a angústia, o medo, a incerteza sobre algo que lhe faz tão bem. Tratou, portanto, de agarrar o corpo menor que o seu com toda a força e acolhê-lo bem em seu abraço. Sabia muito bem onde aquilo iria os levar, sabia como o sexo podia ser uma ótima válvula de escape, mas a sua intenção não era ser uma válvura para Felix. Queria ser capaz de passar para ele a mensagem correta.
Com um movimento de impulso, capturou o tronco do loiro e o forçou a se prender em si, mantendo o beijo no mesmo ritmo intenso desde que as bocas se encontraram. Com cuidado o levou até a cama e o deixou cair, ficando por cima de seu corpo. Hyunjin buscou o olhar do outro diretamente, sorrindo para ele em seguida.
– Eu sou seu, Felix. – O tom da voz carregado de carinho foi o suficiente para o rapaz mais novo desabar.
Felix fez um bico, semelhante a uma criança quando está prestes a chorar, e agarrou o namorado pelo pescoço, fazendo-o cair sobre si. Hyunjin deu uma risadinha silenciosa e o envolveu com todo o amor que possuía, rolando na cama e invertendo as posições. O menor ficou sobre si tal qual um animal bebê gruda na mãe.
Felix precisou de longos minutos chorando sobre o peito de Hyunjin, molhando toda a camisa fina que ele usava, até se sentir um pouco mais leve. Seu coração doía e parecia estar envolto em uma camada grossa de espinhos. Inclusive, não só por dentro, mas a metáfora servia para si mesmo também. Tudo o que queria era terminar seus estudos e ser feliz ao lado de quem amava, e agora parecia que nem ele era mais uma certeza.
Estava ali escondido, já que, caso sua mãe descobrisse, o relacionamento dos dois ficaria ainda pior. Felix não falava direito com sua genitora desde o ocorrido, e sua única válvula de escape de toda aquela situação merda era Hyunjin. É claro que tinha o apoio de Seungmin e Jeongin, mas os meninos tinham os próprios problemas também e Lee não queria ser uma preocupação a mais.
Durante todo o tempo em que desabafou, Hyunjin acariciava suas costas e deixava beijos sobre o topo da cabeleira loira, cheio de paciência. Sua atenção se voltou para o outro imediatamente quando ele o olhou com aquele semblante de bichinho abandonado. Diferente da maioria das pessoas, Felix ficava extremamente adorável quando chorava. Seus olhos brilhando e a pontinha do nariz vermelha lhe davam um ar inocente, além do bico que adorava os lábios o tempo todo.
– Jinnie, por que você tá falando com ela? – Questionou baixinho, ainda com o rosto apoiado sobre o peito de Hyunjin.
– Eu trabalho para o pai dela, vida. – O mais velho explicou com calma. – Ela é quem resolve um monte de coisa burocrática para ele, então eu tive que manter contato com ela.
– O dono da oficina é pai da Jinsol?
– Sim, e ela não sai de lá enquanto eu tô trabalhando. Garota chata e grudenta. – Comentou, sabendo que o outro se animaria pela repulsa em sua fala.
Assim como suspeitou, os olhos esperançosos vieram rápidos em sua direção, causando-lhe um sorriso inevitável. Não pôde deixar de puxar Felix para ainda mais perto, envolvendo o corpo dele totalmente com o próprio e enchendo o rosto molhado com beijos estalados.
– Eu amo você, só você, seu bobo. Não precisa ficar com medo, se eu tô falando com ela é pra poder trabalhar e garantir o nosso futuro. – Enfatizou as duas últimas palavras – Só eu e você, Lix.
Pela primeira vez em muito tempo, Felix sentiu uma calmaria dentro do peito. Hyunjin era mesmo seu porto seguro, sua única certeza na vida. Ainda que todo o resto desse errado, estava tudo bem se tivesse ele no final.
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