Mina voltou a encarar a garotinha saltitante que segurava alegremente em suas mãos.
— Você também veio comprar sorvete de chocolate, tia Mina?
— Não, querida. Eu vim aqui acompanhar minha irmã. — Ela contou, rindo em seguida do biquinho confuso da menina.
— Mas cadê ela?
— Ela foi alí conversar com uma moça e já já volta.
— Ah... Ter uma irmã é legal? Eu pedi pra minha mãe uma, mas ela disse que não queria outra filha. — Seola resmungou, parecendo chateada.
— As vezes é ótimo, mas elas também irritam bastante.
— Qual o nome da sua irmãzinha?
— Ela é minha irmã mais velha, o nome dela é Momo.
— Momo?! Que engraçado. — Seola gargalhou e Mina riu da fofura da garotinha.
— Seola! — Tzuyu chamou a menina, já parada ao lado da porta, junta a Chaeyoung.
— Nós já vamos? — Ela perguntou fazendo um careta e sua mãe assentiu. — Vem comigo.
Antes que a bailarina pudesse dizer alguma coisa, ela já estava sendo arrastada até a porta do estabelecimento e sorrindo forçadamente para as mulheres.
— Mamãe, a tia Mina tem um irmãzinha, porque eu não posso ter uma também? — A garotinha perguntou franzindo a testa.
— Hum... — Chaeyoung arregalou os olhos, silenciosamente pedindo socorro para Tzuyu que riu baixinho.
— Onde vocês moram só tem espaço para uma princesa, não é mesmo? — Mina respondeu a pergunta da menina e Chaeyoung assentiu rapidamente.
— Então a gente podia se mudar para um casa grandona igual a da tia Tzu! — Seola sorriu dando pulinhos de felicidade pela própria ideia.
— Depois a gente conversa sobre isso, okay? — Chaeyoung perguntou e mesmo contra gosto, Seola assentiu.
— Ei, Minari! Eu...
Momo falava enquanto se aproximava, mas parou ao ver os olhares das outras direcionados a ela. Principalmente da mulher que reconheceu da foto no celular da irmã. Ela sorriu travessa, não poderia perder a oportunidade de irritar Mina.
— Essa é minha irmã. — Mina apontou para a mais velha que sorriu grande.
— Mas ela não é pequena! — Seola analisou a japonesa mais velha com uma expressão confusa.
— Lembra que eu disse que ela era minha irmã mais velha?
— Ei! A diferença é só de um ano e alguns meses, não precisa ficar dizendo pra todo mundo. — Momo reclamou, mas sorriu ao escutar a risada da pequena garotinha que a olhava com curiosidade. — Você deve ser a Seola, certo?
— Sim! E você é a Momo, né?
— Eu mesma, em carne, osso e beleza.
— Como você sabia meu nome? — Seola perguntou.
— Ah... A Mina comenta muito sobre os alunos dela, mas ela fala mais sobre você. Deve ter alguma coisa a ver com sua mãe bonita. — Momo riu ao perceber o rosto corado da coreana, mas logo em seguida resmungou de dor quando Mina, nada discretamente, deu um beliscão em seu braço.
— Seola, nós temos que ir agora. — Tzuyu disse, pegando a garotinha no colo, a afastando de Mina.
— Mas tia...
— Pode ir, Seola. A gente se vê na quarta, okay? — Como resposta Mina recebeu um aceno e um sorriso da aluna.
Tzuyu nem deu tempo para que as duas pudessem se despedir direito e saiu do estabelecimento com a menina nos braços. Por um momento Chaeyoung ficou sem saber se apenas seguia as duas ou se despediria direito, mas decidiu pela ação mais educada.
— Uhm... Foi um prazer conhecê-la e foi bom te ver de novo. — Ela sorriu para as japonesas, no fundo sentindo estúpida pela frase extremamente clichê, mas ficou aliviada ao ver o sorriso grande no rosto de Mina.
— Foi bom te ver de novo também.
— Olha, eu gostei muito de te conhecer. Você é mais bonita ao vivo. — Momo disse ganhando um olhar mortal da irmã.
— Obrigada. — Chaeyoung agradeceu, meio sem jeito. — Eu tenho que ir agora... A Tzuyu é meio impaciente.
— Tudo bem... Ela te liga mais tarde. — Momo disse alto para a mulher se afastava ouvir, antes que ela passasse pela porta, as duas poderiam enxergar um sorriso grande no rosto da mulher.. — Cara, ela tá tão na sua!
Momo riu fazendo cócegas na irmã que tinha um sorriso alegre no rosto.
— Eu espero que sim.
[...]
— Para onde vamos agora, tia Tzu? — Seola perguntou entediada com o silêncio do carro.
— Para casa, princesa. — Tzuyu respondeu sem tirar os olhos da estrada.
— Uhm… Que chato, preferia ficar conversando com a tia Mina e a irmã louquinha dela. — Comentou, dando uma pequena risadinha.
— Mas quando eu disse que vamos para casa, eu quis dizer minha casa. Que tal a gente passar o resto do dia na piscina?
— Eba! — Seola comemorou com uma dancinha estranha, mesmo presa pelo cinto da cadeirinha.
— E quando eu ia ficar sabendo disso? — Chaeyoung perguntou.
— Ops! Acho que esqueci de avisar para sua mãe, Seola. Vamos ter que ir para o apartamento de vocês mesmo.
— Ah não! Mamãe, hoje é sábado. Eu sou uma criança, preciso brincar muito pra crescer saudável.
— Quem te ensinou a ser convincente assim? — Chaeyoung riu, olhando para a garotinha que fazia uma expressão fofa.
— A tia Dahyun.
— Só podia ser mesmo. — Chaeyoung murmurou. — Okay, podemos ir, mas temos que passar em casa e pegar seu biquíni.
— Obrigada mamãe! — Agradeceu animada.
Chegando no prédio em que moravam, Tzuyu esperou no carro enquanto mãe e filha iam até o apartamento buscar as coisas que precisariam para passar a tarde e também dormirem na casa de Tzuyu, que com a ajuda de Seola, convenceu Chaeyoung disso.
Só depois de mais alguns minutos de viagem, chegaram ao condomínio onde morava a taiwanesa.
Tzuyu veio de uma família bem rica e sua casa, mesmo que em outro país, não poderia ser desprovida de todo o luxo que ela sempre foi acostumada. Herdou todo o condomínio do avô, que costumava investir na Coréia do sul quando ninguém teria esperanças naquele país e agora, além da renda que recebe daquela herança, também trabalha como editora chefe de uma grande revista de moda.
Sua casa é linda, assim como todas as outras alí, mas se destacava por sua localização e tamanho. Assim que estacionou seu carro na garagem, viu Seola se soltar da cadeirinha e abrir a porta do carro. Chaeyoung repreendeu a filha, que pediu desculpas, dizendo estar muito animada.
Assim que usou suas chaves para abrir a porta que dá acesso a sala, Seola correu em disparada, provavelmente procurando por Gucci, o cachorrinho de Tzuyu, que a garotinha amava muito.
— Já vou pedindo desculpas se ela fazer bagunça, mas nem deveria porque foi você quem chamou ela. — Chaeyoung disse rindo.
— Não tem problema, pior que o Gucci ela não é.
— Juntando os dois com certeza não vai dá certo.
— Relaxa. — Tzuyu disse com um sorriso observando a garotinha passar por elas correndo atrás do cachorrinho.
— Você diz isso porque não é você quem arruma essa casa, burguesa.
Tzuyu apenas riu, sem poder se defender disso e puxou Chaeyoung pela mão até a cozinha.
— Então… O que vamos pedir para o almoço? — A mais alta perguntou, retirando uma jarra de água da geladeira e servindo a amiga.
— Pedir? Não é você que está fazendo aulas de culinária? — Chaeyoung perguntou, provocando a amiga que não pode evitar corar.
Ela realmente havia frequentado algumas aulas na classe de culinária, mas desistiu por pura falta de habilidade e tempo. Considerando que ela tentou as aulas apenas porque Chaeyoung mencionou que casaria com alguém que pudesse cozinhar bem, realmente fazia sentido se envergonhar.
— É… Aquilo não deu certo.
— Eu imaginei. — Chaeyoung riu e se aproximou para abraçar a amiga. — Vamos pedir comida chinesa? — Sem desfazer o abraço, a menor perguntou.
— Okay. — Tzuyu respondeu, tentando disfarçar o enorme sorriso sustentado em seu rosto.
[...]
Momo choramingava enquanto varria a sala e Mina ria, sentada no sofá enquanto comia um pacotinho de amendoim, espalhando migalhas por ali.
— Por que você tem que me humilhar assim? Eu arrumei um emprego, você deveria está feliz. — A japonesa mais velha perguntou em um tom agudo e cruzou os braços.
— Quem mandou ficar meses parada dentro de casa sem fazer nada? Agora você sabe como era chegar em casa e você está dormindo no sofá com um monte de lixo ao redor.
— Você é uma chata. A mamãe sempre diz que devemos perdoar as pessoas.
— Mamãe também sempre pede que eu ligue para casa se você estiver causando algum problema, quer que eu faça isso? — Mina ameaçou pegar o celular sobre a mesa de centro e Momo logo a interrompeu.
— Eu te odeio. — Resmungou com bico enorme no rosto.
— Eu também te amo. — A japonesa mais nova deu um beijinho no rosto da irmã, gargalhando e voltou para cozinha para verificar a comida que preparava. — A Sana vem almoçar em casa hoje? — Perguntou alto para que a irmã ouvisse da sala.
— Acho que sim.
— As vezes nem parece que ela mora aqui. — Mina comentou.
— Verdade. — Momo respondeu aparecendo ali, apoiada na vassoura. — Ela deve está de ressaca em algum lugar por aí. Até isso seria melhor do que fazer o que eu estou sendo obrigada agora.
— Falando nisso, que tal você voltar a fazer o que eu mandei? — Mina disse a irmã, colocando a mão na cintura.
— Ah não Mina! Dá um desconto. Eu até te ajudei hoje com tua crush.
— Primeiramente: 'crush' é um vocabulário que apenas meninas de 12 anos apaixonadas por meninos babacas usam e você não me ajudou em nada, pelo contrário, me fez passar vergonha. — Mina reclamou enquanto a irmã parecia ofendida.
— Isso é uma calúnia! Você ficava só calada encarando a mulher e fui quem te fez passar vergonha? Conta outra.
— Eu falei sim com ela!
— Sim, claro. O total de uma frase. — Momo zombou e Mina até abriu a boca pra tentar se defender, mas se calou ao perceber que era verdade. — O tempo todo você só falava com a filha dela.
— Você sabe que eu não sou boa com essas coisas. — Mina disse após um suspiro.
— Eu pensei que isso já tinha melhorado. Você até conseguiu pedir o número dela!
— Mas em uma conversa envolvendo a Seola! — Resmungou, cruzando os braços. — A realidade é que eu não tenho nenhuma chance com ela. Se ela parecia interessada pelas mensagens, provavelmente eu deveria apresentar ela a Sana, foi ela que mandou tudo. Tenho certeza que ela ficou decepcionada quando falou comigo mais cedo.
— Não fala assim irmãzinha. — Momo se aproximou, abraçando a mais nova. — Você é linda, talentosa e especial, tenho certeza que ela 'tá caidinha por você.
— É, tanto faz, eu não vou conseguir ter uma conversa decente com ela mesmo.
— Claro que vai. — Momo segurou o rosto da irmã, encarando seu semblante triste. — Qualquer coisa tem minha ajuda, okay? — Perguntou dando um piscada.
— Okay. — Mina riu, se afastando da irmã. — Agora continua a limpar a casa. — Disse seriamente e gargalhou alto ao ouvir a irmã resmungar.
— Chata! Se eu não fosse a boa irmã que sou, nem te lembraria de que você prometeu ligar para a consagrada. — Momo disse enquanto recolhia a vassoura encostada no balcão.
— Na verdade, você disse que eu ligaria.
— Viu como eu te ajudei. — Momo disse com um sorriso de lado, mas logo correu, fugindo do tapa da irmã.
[...]
— Bala de canhão! — Seola gritou enquanto corria na direção da piscina, se jogando entre os braços de Tzuyu, que a segurou com um sorriso.
— Toma cuidado, Seola. — Chaeyoung advertiu a filha, observando as duas de fora, sentada em uma das espreguiçadeiras.
— Mamãe, porque você não vem brincar com a gente? Está tão divertido! — Seola "nadou" para mais perto de onde a mãe estava. Na verdade, Tzuyu apenas a guiou, enquanto ela batia os braços na água.
— A mamãe não trouxe biquíni, princesa. — Chaeyoung respondeu sem tirar os olhos do celular.
— Por que? Nós passamos em casa para isso!
— Eu esqueci.
— Pode usar um meu, se quiser. — Tzuyu sugeriu, enquanto colocava Seola sentada na borda piscina.
— Não, obrigada. — Sorriu para a amiga e logo voltou a olhar para o aparelho que segurava.
Seola levantou, correndo até a mesa ao lado da mãe, pegando um biscoito para si e um para a tia. Enquanto saía, a garotinha conseguiu ver a tela do celular da mãe e se aproximou mais para ver direito.
— Mamãe, por que você tem uma foto da tia Mina no seu celular? — Perguntou assustando a mãe e chamando atenção de Tzuyu.
— Ahm… Nada!
— Mas porque…
— Seola vem aqui, eu quero meu biscoito! — Tzuyu chamou a menina que deu de ombros ignorando o acontecimento e correu até a tia, a entregando o biscoito.
Chaeyoung gesticulou um obrigada para a amiga, que forçou um sorriso como resposta.
As três passaram toda a tarde alí do lado de fora, enquanto Tzuyu e Seola brincavam na água, Chaeyoung ficava sentada mexendo no celular ou observando as duas com um sorriso terno.
Seola tremia dos pés à cabeça quando a mãe chegou com uma toalha para tirá-la da piscina, seus dedinhos estavam enrugados e se queixo batia, Tzuyu não estava muito diferente, aceitou a toalha trazida pela amiga e pegou a garotinha no colo para entrarem em casa.
— Por que eu tenho que tomar banho? Eu acabei de sair da água, mamãe! — Seola reclamou quando a mãe a avisou que ela teria que tomar banho.
— Você lavou o cabelo na piscina? — Chaeyoung perguntou se agachando na frente da filha.
— Não.
— Então vai ter que lavar. — a mulher respondeu, rindo quando a filha fez um biquinho, inflando as bochechas. — E nem adianta fazer essa carinha.
— Cadê a tia Tzu quando eu preciso dela. — Suspirou com uma expressão emburrada e a mãe gargalhou alto, a pegando no colo.
— A tia Tzuyu está tomando banho lá em cima, no banheiro dela. Agora vamos lavar esse cabelinho, okay? — Seola assentiu ainda um pouco relutante.
Depois de alguns longos minutos esperando, Tzuyu viu Chaeyoung e Seola saindo do quarto de hóspedes, as duas já de banho tomado.
— Eu pedi massa para o jantar. — Avisou.
— Eba! — Seola comemorou. — Titia você é a melhor! — Ela correu para abraçar a mulher, dando um beijo na bochecha dela.
— Espera até você ouvir sobre o que temos para a sobremesa.
— O quê? — Perguntou curiosa, com os olhinhos brilhando.
— Bolo de chocolate e sorvete! — Tzuyu respondeu rindo da expressão maravilhada da menina.
— Assim você estraga ela. — Chaeyoung comentou.
— Um docinho de vez em quando não faz mal, né? — A mulher piscou para Seola que sorriu sapeca.
— Hum… Tô de olho em vocês.
[...]
Após o jantar, Momo, Sana e Mina estavam jogadas no sofá, enquanto fingiam assistir algo na tv, mas apenas mexiam no celular e conversavam.
— Liga logo. — Momo cutucou o ombro de Mina, que apenas a ignorava, encarando o celular. — O que custa ligar? — Cutucou novamente. — Ela deve tá esperando!
— Que saco! Eu não vou ligar! Eu não sei o que falar e ela vai achar que eu sou uma idiota.
— Olha, se eu fosse você, eu ligaria. — Sana aconselhou.
— Isso é melhor do que se ela estiver esperando a ligação e pensar que você não está interessada por não ter ligado. Talvez ela até dê uma chance para aquela mulher alta que estava lá com ela. — Momo provocou a irmã.
— Que mulher? — Sana perguntou.
— Uma lá que estava com a futura namoradinha da Mina.
— Você também percebeu? — A japonesa mais nova perguntou a irmã.
— Claro, tá escrito na cara dela que ela gosta da Chaeyoung. Se um olhar matasse você estaria mortinha. — Respondeu brincando.
— Uhg, a Seola já me falou algo sobre ela. Disse que a tia Dahyun, seja lá quem for essa, contou pra ela que um dia a Tzuyu vai ser a outra mamãe dela.
— Quem é Tzuyu? — Momo perguntou, confusa.
— Tzuyu é aquela mulher que estava com elas.
— Espera aí. Você disse Dahyun? — Sana perguntou e Mina assentiu, confirmando. — Nossa que coincidência, o nome da garota da contabilidade é Dahyun.
— Aí só você mesmo para enfiar suas conquistas amorosas em qualquer assunto. — A bailarina riu e voltou a olhar para o celular. — Mas voltando para o assunto, a Chaeyoung ela… — A frase foi cortada quando Mina gritou, encarando o celular com os olhos arregalados.
— Meu Deus que susto! O que aconteceu? — Sana perguntou, com a mão sobre o peito onde seu coração batia rápido demais após o susto.
— Mina?! Responde! — Momo pediu ainda sem receber uma resposta da irmã. — Será que ela tá em choque? — Perguntou a Sana que deu de ombros. — Mina, o que aconteceu? A Avril Lavigne morreu de novo e foi substituída?
— Quê? — A japonesa mais nova fez uma careta, finalmente deixando de encarar o celular com uma expressão chocada. — Não, não, nada disso. — Ela negou e abriu um sorriso grande antes de contar: — A Chaeyoung me seguiu no Instagram e curtiu umas três postagens minhas, ela até comentou um coração na última! — Exclamou animada.
— Ai, ai, a fase do Instagram é a que mais dá trabalho. — Sana comentou pensativa.
— Fase do Instagram? — Momo franziu a testa, confusa assim como Mina.
— Sim. Quando você começa a flertar com a pessoa pelo Instagram e tem que postar fotos constantemente para saber se a pessoa não perdeu interesse e ainda por cima tentar estar o mais bonita possível. Só de pensar já tenho dor de cabeça, é por isso que eu sempre pulo as fases, se é que me entendem.
— Você tá zuando né? — Mina perguntou fazendo uma careta.
— Claro que não. Agora você vai seguir ela de volta e vamos stalkear o perfil dela, assim como ela fez com você.
— M-Mas…
— Nada de "mas", Mina. Só segue meu conselho, okay? Da última vez funcionou. — Sana disse e, assim como Momo, se aproximou mais da bailarina para conseguir ver a tela do celular.
Mina bufou e, sem opções, fez o que Sana aconselhou e entrou no perfil de Chaeyoung. A primeira impressão da japonesa foi que a mulher era obviamente mais popular que ela na plataforma. Chaeyoung tinha mais que o dobro de seguidores dela e mais que o triplo de postagens.
— Olha aí a bio dela. — Sana disse chamando atenção para o detalhe. — Mãe da Seola e… 25 anos? Ela é nova.
— E deve ter uma câmera profissional, olha só essas fotos que lindas. — Momo clicou no post mais recente, uma foto de Seola e Tzuyu brincando na piscina com enormes sorrisos no rosto. — "meus amores", iih Minari, você já é corna antes mesmo de começar a namorar. — Momo zombou após ler a legenda da foto.
— Cala a boca! — Resmungou, voltando a explorar o perfil da mulher.
Para sua decepção, a maioria das fotos eram parecidas com aquela primeira. A maioria eram fotos de Chaeyoung, Seola e Tzuyu, abraçadas, parecendo infinitamente felizes ou fazendo algum programa que poderia ser considerado de família. Algumas poucas fotos dela sozinha, que causaram algumas provocações de suas amigas sobre a mulher ser muito bonita.
— E agora, o que eu faço? — Perguntou a Sana que revirou os olhos, sem acreditar na lerdeza da amiga.
— Agora você vai seguir ela de volta. E depois de stalkear ela você ficou sabendo mais coisas sobre ela, tipo, como ela é apegada à filha e aquela amiga dela, que em nenhum momento algum namorado ou namorada apareceu pelo feed, que ela gosta de sair para lugares onde ela possa levar a filha e que aparentemente são bem caros, prepare o bolso. Ah, ela também parece ter muitos amigos e gostar de arte. — Sana comentou para as amigas que olhavam para ela surpreendidas com tudo que ela percebeu em somente alguns minutos.
— Você é algum tipo de bruxa? — Momo cutucou a bochecha da amiga que fez uma careta.
— Claro que não. Vocês que são umas encalhadas que não sabem como flertar, simples. — Deu de ombros, tomando o celular das mãos de Mina. — Pronto. Segui ela e dei like nas fotos interessantes.
— Por que você sempre faz essas coisas? — Mina reclamou, tomando o celular de volta.
— Acredita em mim: vai dar certo. Eu aposto que ela fez a mesma coisa.
— Fez o quê?
— Analisou seu perfil. — Sana deu de ombros. — Ele diz tudo sobre você: não tem muitos seguidores, só os amigos mais próximo, isso significa que você é reservada e quieta. Você posta poucas fotos e um número bem baixo delas mostram seu corpo ou rosto, isso significa que você é tímida. Em quase todas as fotos que você realmente aparece você está dançando balé, ou ensinando para seus alunos, o que significa que você gosta do que faz e gosta de arte. Um perfil até bem legal, eu diria.
— Ela é realmente uma bruxa. — Momo afirmou apontando para a amiga que riu alto.
— Então… O que isso significa? — A japonesa mais nova perguntou.
— Que vocês duas combinam, bastante até. Se eu fosse você, ligaria pra ela.
— É verdade irmãzinha, se não fizer isso por você, faz por mim. Eu sempre quis ter uma cunhada e uma sobrinha pra brincar. — Momo piscou para a irmã que riu.
— Okay, eu acho que vou fazer isso. — Mina afirmou, para a felicidade das outras.
[...]
— Boa noite, mamãe. — Seola sussurrou para Chaeyoung enquanto se ajeitava na cama do quarto de hóspedes, com os olhos quase fechando, logo após a mãe ter terminado de ler sua história.
— Boa noite meu amor. — Chaeyoung sorriu, depositando um beijo no cabelo recém lavado da filha.
Ela saiu do quarto,tomando cuidado ao fechar a porta e seguiu pelo grande corredor até a cozinha, onde Tzuyu a esperava.
— Ela já dormiu? — A mais velha assentiu confirmando. — Toma. — Tzuyu estendeu uma taça de vinho para a amiga que aceitou.
— Por que toda vez que venho para sua casa a gente sempre acaba bêbada? — Chaeyoung perguntou, rindo.
— E por que não fazer isso? — Tzuyu deu de ombros, escondendo que na verdade, ela precisava da bebida para tentar confessar tudo de uma vez.
— É, verdade. É o momento em que podemos nos comportar como adultas.
— Exatamente. — Tzuyu sorriu, pegando a própria taça, já quase seca, a garrafa do vinho caro e indo em direção a sala, com Chaeyoung em seu encalço.
— Maratona de RuPaul? — Chaeyoung perguntou assim que sentou ao lado da amiga no sofá.
— Eu já vi tudo.
— Queer Eye?
— Também já assisti tudo, duas vezes aliás. — Tzuyu riu da indignação da amiga.
— Você nem esperou pra ver comigo! Eu te odeio! — Chaeyoung fez drama, cruzando os braços.
— Você é tão ruim em mentir. Você me ama. — Tzuyu comentou, terminando o vinho que restava em sua taça em um gole e em seguida já serviu mais.
— Okay, okay, eu admito… Mas o que vamos fazer então? — Chaeyoung perguntou e a mais nova deu de ombros. — Lembra que nós nos conhecemos assim?
— A única diferença é que estávamos segurando uma garrafa de soju barato ou invés do vinho. — A mais nova sorriu ao lembrar daquele dia. — Eu lembro que o Jinyoung quase sentou no meu colo, super bêbado pedindo que você perdoasse ele.
— Ele era um chato na faculdade, mas era uma pessoa boa. Eu lembro que tinha aparecido naquela festa porque briguei com ele por ciúmes… Nem me olhe assim, a Gaeun dava em cima dele na cara dura.
— Eu nunca teria pisado naquela festa se não fosse pela minha colega de quarto, eu até a agradeceria, mas nem lembro o sobrenome dela. — Tzuyu riu, servindo mais um pouco de vinho a taça vazia de Chaeyoung.
— Eu sempre vou rir quando lembro que eu estava flertando com você. Já imaginou se o Jinyoung não estivesse aparecido e você tivesse caído no meu papo? Talvez a Seola se chamaria Yiren, como você tanto queria. — Chaeyoung riu, mas parou ao perceber o rosto sério da amiga a encarando. — Tem alguma coisa no meu rosto?
— Não, é só que… Se isso tivesse acontecido seria legal, certo? Sei lá, nós poderíamos estar juntas, morando aqui em Gangnam, nessa casa enorme com um pequena Yiren correndo por aí.
— Hoje você está mais melosa que o normal. — Chaeyoung gargalhou, talvez pelo efeito da terceira taça que acabara de terminar.
— Você não gostaria disso?
— Não é isso. É que eu… Não consigo me imaginar nem namorando com você, imagina casada! — A mais velha respondeu deitando a cabeça no ombro da outra. — Você é perfeita, mas é minha melhor amiga.
— Só porque você quer.
— O quê? — Chaeyoung riu um pouco, tirando a cabeça do ombro da mais alta para encará-la.
— Nós só somos melhores amigas porque você quer. — Tzuyu repetiu.
— Você não gosta de mim, é isso que você está dizendo Chou Tzuyu? — Chaeyoung brincou, mas estranhou o rosto sério e rígido da amiga.
— Muito pelo contrário Chaeyoung. Eu te amo, muito. — Quando uma lágrima solitária rolou pelo rosto sério e perfeito da amiga, Chaeyoung se assustou.
— O que aconteceu? Do que você tá falando? — A mais velha levantou, tocando o rosto da Tzuyu para enxugar o rasto da lágrima, mas a mesma desviou imediatamente do toque.
Antes que Tzuyu pudesse responder, o telefone da mais velha começou a tocar alto, sobre a mesa de centro. A mais alta sentiu que aquele era quase um sinal para não fazer aquilo, pelo menos não por enquanto. Então, ela apenas forçou um sorriso, fingindo que estava tudo bem e fez um gesto para que amiga atendesse o telefone.
Ela ainda teria outras oportunidades e não iria desperdiçá-las.
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