And he sings when he mops
Seems to help him a lot...
(E ele canta quando esfrega
Parece ajudá-lo muito...)
Naruto estava sentado sobre o telhado da pequena loja naquela tarde de verão. O sol estava quente, mas gostava. Como gostava! Tá, quando estava tão quente assim, não gostava tanto, mas era a única forma de conseguir ver o que queria naquela hora em específico.
Tinha consigo seu binóculo, adquirido com longos meses de dinheiro juntado com a venda das tortas. Kingfish Pies. Este era o nome de sua loja e da avó, sendo também como as pessoas chamavam todas as tortinhas; mesmo que tivessem nomes específicos, dependendo do sabor ou do tamanho.
Observava a porta da loja a todo momento, caso chegasse algum cliente, desceria para atender. Mas como tudo parecia em ordem, podia se focar por alguns minutos em espiar o alto da montanha.
Mopper’s Medley. A fábrica de balões.
Todo mundo na cidade conhece a fábrica de balões. Quer dizer, conhecem o nome dela. Ninguém nunca foi permitido ir lá no alto para vê-la, além de quem trabalhava lá. Mas Naruto estava orgulhoso de sua expertise. Via a fábrica sem ninguém saber, graças a seu espetacular binóculo. E, também, graças a este objeto tão precioso para si, podia vê-lo.
Os donos da Mopper’s Medley eram, desde sempre, os Uchiha. Uma família demasiadamente reservada que vivia no alto da montanha. Desde que a cidade surgiu, eles fabricavam balões e vendiam para compradores de todos os lugares. Alguns até mesmo viajavam de muito longe para comprar com eles.
Naruto sabia o nome de todos os integrantes atuais daquela família. Fugaku, o líder, administrava a fábrica; Itachi, o filho mais velho, gerenciava a produção e ajudava o pai na administração. Um prodígio, como costumavam se referir a ele; Mikoto, a mãe, era uma senhora simpática que às vezes descia até a cidade para fazer compras, e acabava pegando algumas tortas na Kingfish Pies. Naruto sabia quais ela gostava de comprar de cor e salteado.
Queijo, damasco e alho poró; camarão com molho branco; frango com creme de espinafre..
E uma delas, o Uzumaki jamais esqueceria. Nunca. Jamais.
A torta doce de banana com canela.
E por que jamais esqueceria?
Porque simplesmente descobriu que era a torta preferida do filho mais novo de Mikoto e Fugaku, no primeiro dia que ele foi à loja junto com a mãe.
Sasuke. Este era o nome dele.
Em seus dezessete anos, Naruto já estava bem ciente de que tinha interesse em garotos. Em garotas também. Podia trocar beijos com qualquer um que despertasse sua atenção, e claro que tais atos eram escondidos de todas as pessoas. Os mais velhos eram sempre chatos e cabeças duras. Saber que os mais novos se beijavam entre si — e faziam outras coisas também — era como o fim do mundo para eles... Ainda mais se fossem dois garotos.
Mas o Uzumaki sabia bem guardar seus segredos e ser discreto. Ser um conquistador era basicamente seu hobby preferido. E havia uma pessoa em específico que tomou todos os seus pensamentos de todas as formas possíveis, tanto que o fez juntar dinheiro por meses para comprar um binóculo.
E assim poder vê-lo.
Claro, antes já tinha o sonho de ver como era a fábrica de balões. Desde que era pequeno, observava os objetos voadores e coloridos passeando pelo céu, e sentia o coração palpitar ao tentar imaginar como coisas tão bonitas eram feitas. E após conhecer Sasuke, o garoto bonito que o fazia suspirar e sonhar tanto quanto observar os balões voando, teve o desejo, além do impulso certo para encontrar uma maneira de ver e descobrir tudo o que podia. Então teve que comprar aquele binóculo.
E se arrependia? Nem um segundo sequer desde que o adquiriu.
Naquela hora da tarde, os funcionários da fábrica limpavam tudo, sendo um dos motivos do Uzumaki estar naquele telhado àquela hora. Gostava de ver a limpeza. E gostava de vê-lo.
Sasuke esfregava a escada externa. Focando bem a lente, Naruto via que ele cantarolava para si mesmo enquanto movia o esfregão com certa força. Este pequeno ato de cantar alguma coisa parecia ajudá-lo, pois em todas as tardes que o espiava, o loiro notava traços de tristeza no rosto bonito do outro. E quando ele cantava, a tristeza parecia deixá-lo por algum tempo.
Não era como se Naruto soubesse o motivo de o garoto da fábrica de balões estar triste. Sequer conversou com ele. Nem uma vez. Mas sabia que ele sentia aquilo, pois seus olhos estavam sempre lá observando-o mostrar em simples gestos a melancolia que sentia.
Além disso, havia mais uma coisa que parecia ajudar o Uchiha a ficar menos triste enquanto esfregava: uma gatinha branca e peluda que o fazia companhia. Sempre que ela aparece, Sasuke sorri brevemente, falando algo que não era possível entender. Mas Naruto vê. E o garoto bonito sempre faz carinho após ajustar a coleira cor-de-rosa da felina — era assim que sabia que era uma gatinha.
Quando a pequena estava por perto, Sasuke parecia prestar mais atenção no que fazia. Esfregar e esfregar. A fábrica precisava estar impecável — era o que imaginava o senhor Fugaku dizendo.
Após terminar, todos os dias, na mesma hora, o Uchiha subia junto à gatinha para o topo daquela escada recém-esfregada e se alocavam naquele terraço. Lá, ele utilizava um objeto — que, após muito tempo de observação, Naruto concluiu ser algo para testar o vento. Conforme a brisa chegava, as espécies de ponteiros começavam a girar, mais rápido ou mais devagar. Isso dependia do dia.
Por alguma razão, Sasuke sempre fazia isso. Inspecionava o ar, se sentava ao lado da gatinha e anotava alguma coisa em um pequeno caderno de capa azul, o guardando no bolso em seguida. E depois disso, apenas permanecia olhando para o horizonte — fazendo o jovem Uzumaki ter o que o tiraria o sono à noite.
O que Sasuke ficava pensando ao olhar para o horizonte? — era o que Naruto tentava imaginar todas as vezes que pensava sobre Ele. E em todos estes momentos, tentava conter a si mesmo daquele impulso de ir até lá e perguntar.
Cerca de vinte minutos, era o tempo que o garoto bonito da fábrica de balões passava sonhando ao olhar para o longe, lá do alto da montanha. E também o tempo que Naruto podia focar em vê-lo, e apenas isso.
Lindo. Assim era o garoto da Mopper’s Medley.
Queria falar com ele. Com Sasuke. Queria descobrir o que ele sonhava. Tinha que encontrar uma maneira de fazer isso.
Ao pular de cima do telhado, Naruto voltou para o interior da Kingfish Pies, guardou o binóculo na pequena caixa atrás do balcão e sorriu para o cliente que fez presença. Mas só havia uma coisa que o jovem Uzumaki conseguia pensar, e isso não saía de sua mente.
E naquela tarde quente de verão, entregando uma torta de banana com canela para o comprador faminto, se decidiu:
Iria encontrar uma forma de falar com Sasuke.
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