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História BARCELONA 239 - Gadri. - Capítulo 3 - História escrita por Ivag - Spirit Fanfics e Histórias
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  3. Capítulo 3

História BARCELONA 239 - Gadri. - Capítulo 3


Escrita por: Ivag

Notas do Autor


Boa noite!! Todo mundo bem? Eu estou maravilhosamente bem gripada kkkkkkkkk Mas me recuso a criticar o frio!

Sem muitas enrolações, boa leitura!

Capítulo 4 - Capítulo 3


Fanfic / Fanfiction BARCELONA 239 - Gadri. - Capítulo 3

Aparentemente depois de uma semana correndo em meio a chuvas em horários desregulados, agora eles vão precisar enfrentar um frio, porquê Barcelona amanheceu extremamente gelado, para deixar o dia de Gavi ainda mais triste, já que ele não é uma pessoa friorenta, mas também não é um amante do frio. E acima de tudo, ele está um caco, completamente quebrado, e não era apenas emocionalmente. 

 Pablo resmungou enquanto encarava o espelho, ele estava enrolando os primeiros cinco minutos desde que chegou ao corpo de bombeiros, dentro do banheiro fingindo fazer qualquer coisa para não ter que encarar sua equipe, que aparentemente resolveu esquecer a discussão dele com Fermín no final do último turno. Gavi tombou a cabeça, acariciando a bochecha antes de colocar um band-aid por cima do corte aberto, ele realmente está arrependido de ter agido de cabeça cheia e procurado uma briga com caras com o dobro do seu tamanho. 

 O rapaz colocou as mãos dentro dos bolsos enquanto deixava o banheiro, não era momento de ficar se lamentando, ele precisa trabalhar, teria muito tempo para reclamar da sua vida depois. Gavi encontrou Félix chegando atrasado, e acabou soltando um riso anasalado com o mais velho passando feito furacão. 

- Cara, seu rosto tá uma merda - Pablo virou-se para Balde, o mais velho encostado no balcão da pequena cozinha do quartel - A gente entendeu que você não dormiu, mas que porra é essa quantidade de band-aid na cara?Vai assustar geral, nosso querido príncipe das meninas voltou a virar sapo da noite pro dia. 

 Gavi arqueou uma sobrancelha enquanto levava a mão até a bochecha, acariciando enquanto olhava para Balde com sua famosa expressão de poker face. Mas ele estava grato por Balde não questionar sua briga do último turno, ele ainda não está preparado para debater isso de frente, mas ainda está com tudo que aconteceu em mente, e as palavras de Pedri ainda ecoam em sua mente, além de puta merda, ele ainda está com tanta vergonha de ter quase chorado na frente do mais velho, que nem mesmo mencionou isso ou algo relacionado a isso. 

- Vão precisar me beijar se quiserem que esse sapo suma - Pablo brincou - Tá muito feio mesmo? Eu nunca mais vou pra um bar sozinho, e por favor, se for comigo em algum, não me deixe brigar com caras três vezes maiores que eu. 

- Mentira! - Balde colocou a mão sob os lábios nitidamente segurando o riso - Sério que você se meteu em briga de bar? E deixa eu ver, levando em consideração sua aparência, levou uma surra ainda. 

- Eram três caras! Eu ‘tô aceitável pra quem brigou com três gigantes! 

 Pablo revirou os olhos junto com a risada de Alejandro. Até mesmo ele sente vontade de rir agora que está conseguindo parar para pensar no quão imprudente e idiota ele foi, mas a coisa chamado instinto lhe alertou que aqueles cara não eram flor que se cheire, então ele não se arrepende de nada. 

- Eram um bando de idiotas, levando em consideração que nem quiseram ficar na delegacia para prestar queixa contra mim, boas pessoas eles não eram. E quando puxaram a ficha criminal deles, só comprovou. 

- E isso lá é motivo pra brigar? Só te deixou em uma situação muito delicada, idiota. 

 Ambos foram interrompidos por Raphinha entrando na cozinha, o brasileiro não parecia com muito ânimo para interações sociais, apenas pegou uma xícara de café e sumiu do campo de vista novamente. Gavi apertou os lábios e arqueou ambas sobrancelhas, olhando para o rapaz ao seu lado com pontos de interrogação em sua expressão. 

- Bom… Sobre isso, digamos que ele meio que tomou um pouco das dores do Fermín… Mas relaxa! Logo ele vai voltar ao normal - Alejandro parecia cheio de receio enquanto levava uma mão até a nuca - Rapha é um dos mais próximos do Fermín, e ele foi o primeiro a adotar o Fer quando ele chegou aqui, então é normal que no momento ele esteja um pouco irritado com você. 

 Gavi respirou fundo, levando um gole de cafeína até seus lábios. Claro, ele não tinha como apagar as palavras que havia dito a Fermín, e realmente é uma merda que uma briga interna de dois membros afete o relacionamentos dos outros, mas não tinha como culpar ninguém, ele é como um intruso que chegou de repente na vida dos outros. 

- Eu entendo… E falando no Fermín… Ele está bem? Não o vi quando cheguei. 

- Ele? É… Meio abalado, mas ele vai ficar bem. Ele chegou um pouco mais cedo e ficou bom tempo no quarto. 

 Qualquer assunto que ambos pudessem continuar conversando, teria que ficar para depois, porque o alarme soou alto fazendo tanto Balde quanto Pablo deixarem suas xícaras de lado e correrem atrás de seu equipamento e direto para o caminhão. 

-x-x-x-

“1.1.2 QUAL A SUA EMERGÊNCIA?” 

 O frio é realmente uma merda para trabalhar, Pablo consegue sentir seu rosto congelar enquanto anda logo atrás de seu pai e Ter Stegen. Mas sua atenção voltou-se para o local que foram chamados, uma puta empresa grande, mas de estruturas não tão seguras, e que nesse momento queimava.

- Policial González - Seu pai soou, fazendo automaticamente o olhar de Pablo procurar o homem chamado e suas bochechas ganharam um leve vermelho, que graças a Deus poderia ser justificado por conta do frio local - Quantas pessoas estão presas lá dentro? 

- Capitão Gavira, a boa notícia é que mais da metade já conseguiu sair - Pedro respirou fundo - Mas a má notícia é que tem quatro pessoas presas lá dentro, três mulheres e um homem. De acordo com as informações, uma das mulheres é a faxineira que foi vista pela última vez indo para a sala de limpeza, as outras duas meninas estavam em uma sala do terceiro andar. E o homem, é o secretário do chefe, ou seja, última sala do último andar. 

 A situação não era nada boa, mas pelo menos eram apenas quatro pessoas, separando em grupos eles tinham chances claras de conseguirem salvar todos antes que as coisas começassem a cair, mas iriam precisar correr contra o tempo. 

- Certo… - Pablo voltou sua atenção para o capitão - Vamos precisar andar em duplas. Belloli e Balde, vocês estão indo para a sala de limpeza, tenham cuidado extremo com qualquer líquido que possa causar uma explosão ainda maior. Gavi, Lopéz, vocês dois se encarregam das duas mulheres no terceiro andar, e Lewandowski, você vem para o último andar comigo - O Gavira mais velho respirou fundo - Martinez, preciso que você tente ao máximo controlar um pouco da situação aqui de fora, ok? E pessoal, qualquer sinal de desabamento, ou aviso no rádio, é pra sair, é uma ordem

 A equipe confirmou com a cabeça, e automaticamente todos correram para seus postos, arrumando suas roupas à prova de fogo, e preparando extintores que eles vão precisar para entrar no local. Gavi respirou fundo enquanto ajeitava suas luvas, sua atenção voltou-se para o policial encostado no caminhão de bombeiro, e um pequeno sorriso modelou seus lábios. 

- Acho que você tem uma multidão de pessoas para controlar, Senhor Policial. 

- Com certeza tenho, mas antes estou conferindo um certo bombeiro - Pablo não precisou olhar para saber que Pedri tinha um daqueles sorrisos brilhantes em lábios - Você está bem para entrar lá? 

- Tá brincando? Eu sou bombeiro, Pedri, entrar em locais pegando fogo é minha especialidade. 

- Pode até ser, mas as coisas ficam mais complicadas depois que sofre um trauma, Gavi - González olhou para o mais novo, seus olhos castanhos estavam cheio de preocupações, e ele suspirou antes de continuar - Eu li sobre o 119, e seria normal se você estivesse com medo de entrar lá, ok? 

- É, eu tenho isso mente - Pablo segurou o próprio extintor enquanto passava por Pedri, deixando um tapinha leve no ombro do homem mais velho - Mas acontece que eu não estou. Me sinto ótimo, e não vejo motivos para correr do fogo. 

 Gavi juntou-se com a equipe, antes de precisar separar-se para andar ao lado de Fermín, sinceramente ele não estava confiante dessa parte do serviço, ele não sente que o Lopéz confia nele, e se existe uma coisa que ele aprendeu em todos seus anos de serviço, é que uma coisa que todos precisam ter é: Confiança

 Pablo ajustou a máscara em seu próprio rosto, e olhou de relance para o mais velho, antes de seguir Fermín até a sala que mais cedo foi indicada por seu capitão ao rádio. Mas acontece que as chamas já está alcançando níveis realmente alarmantes, o local está um caos, e poderia acabar cedendo no mínimo as áreas mais atingidas. 

- Puta merda… O que caralhos causou isso tudo? 

- Seja o que for, não parecem ter sido de causas naturais - Fermín murmurou mal humorado - As áreas afetadas são aleatórias, e todo mundo sabe que não é assim que um fogo se espalha. 

 Ele confirmou com a cabeça, mas sua atenção estava voltada para a sala a sua frente, puta merda, seu corpo paralisou ao ver tantas chamas no local, de repente é como ter um deja vu, Pablo até mesmo voltou  a escutar os pedidos de socorros que ele tentou ao máximo esquecer. A tontura chegou, e ele sentiu a bile subindo, querendo jogar tudo para fora. 

 Mas que tipo de bombeiro ele é se está com medo do fogo? Que tipo de bombeiro de merda tem medo de uma das maiores marcas de sua profissão? Cacete. 

 Gavi sentiu uma mão tocar seu ombro, assustando-o, mas trazendo sua mente de volta a realidade a sua frente, Pablo desviou a atenção para Fermín, engolindo o seco e xingando-se por olhar o mais velho com todo esse medo em sua visão, ele não queria parecer frágil, ter uma crise em frente a Fermín.

- Ei? Você está bem? - Fermín soou preocupado, e Pablo engoliu o seco, balançando a cabeça e respirando fundo - Merda… Ok, Gavi, eu preciso que você olhe pra mim - Pablo sentiu as mãos do rapaz envolverem seu rosto, enquanto Fermín fazia o mais novo lhe encarar - Eu sei que pode ser assustador, você tem seus motivos, mas não podemos desistir agora, Gavi, aquelas meninas precisam da nossa ajuda, então eu preciso que você levante a cabeça e entre nesse inferno comigo. Por favor, eu sei que fui um merda com você, mas estou implorando a sua ajuda agora. 

 Gavi apertou os olhos e engoliu novamente, suas mãos apertaram o extintor, e Pablo precisou respirar fundo algumas vezes, enquanto sua mente assustada entrava em pânico, porém as palavras de Fermín voltaram  a ecoar, e algum tipo de coragem, algum empurro do além, fez o corpo de Pablo voltar a se mexer, é como se o ar voltasse a entrar em seus pulmões e sua mente conseguisse processar novamente. 

- Desculpa… - Fui tudo que ele sussurrou antes de entrar na sala em chamas. 

 Caos era uma ótima palavra para definir o ambiente, mas não foi difícil encontrar as meninas dentro da sala, a morena de cabelos cacheados estava com leves machucados, mas não aparentava nenhum problema para conseguir recuar, e Pablo estava prestes a questionar, quando seu olhar caiu para o desespero da menina segurando a mão da outra. 

- Droga, droga… 

 A segunda menina, uma moça de fios loiros, estava presa embaixo de alguns escombros, e para piorar a situação, o local estava começando a ficar ainda mais coberto de chamas e tudo parecia prestes a desabar, eles não tinham tempo, e não iriam dar chance para o azar, portanto Pablo correu ao lado de Fermín, vendo o loiro deixar o extintor de lado para tentar levantar a barra pesada que havia caído sob a menina.

- Gavi, no três você tira ela. 

   Pablo olhou para o mais velho, balançando a cabeça em confirmação, mas o plano ainda era incerto em sua mente. A estrutura não parecia leve, e nem mesmo segura para levantar, mas qual outra ideia eles poderiam ter? Era isso, ou esperar que tudo desabe e acabar enterrados juntos com as duas meninas, o Gavira olhou para a outra garota, colocando uma mão sob o ombro da morena, enquanto colocava um sorriso amarelo em seus lábios.

- Oi, eu sou do corpo de bombeiros de Barcelona, vamos ajudar a sua amiga, mas precisamos que você se afaste para que nós possamos trabalhar, tudo bem? - Gavi tentou ao máximo ser gentil, estendendo uma mão para a menina e logo em seguida buscando uma das máscaras extras para colocar no rosto da garota - Preciso que fique com isso no rosto, ok? Você já inalou uma quantidade perigosa de fumaça, e por favor, fique em nosso campo de vista. 

 A menina estava desesperada, Pablo não precisava de esforços para reparar nisso, a forma como suas mãos tremiam e os lábios eram judiados, a expressão abatida e todas as lágrimas não derramadas. Gavi voltou a sorrir de forma gentil, enquanto balançava a cabeça para a menina:

- Vai ficar tudo bem, ok? Confie em mim e no meu amigo ali. 

- Por favor, salve ela… - A menina sussurrou e Pablo balançou a cabeça em confirmação - Ela é a minha melhor amiga, e estávamos brigando quando as estruturas começaram a queimar e as coisas começaram a cair, eu não quero que as minhas últimas palavras para ela sejam “eu te odeio”

- Vamos salvar ela, não se preocupe. Você irá poder falar pra ela que a ama muito. 

 Gavi sorriu de forma pequena enquanto a menina se afastava. Ele poderia ter prometido salvar a outra, mas isso é contra suas regras de trabalho, afinal, nunca se deve prometer a alguém algo que não tem certeza se pode ou não cumprir, mas uma coisa é fato, Pablo fará de tudo para salvar uma vida em apuros. 

 Sua atenção voltou-se para Fermín, vendo o loiro confirmar com a cabeça antes de levar suas mãos para a barra de concreto, Gavi suspirou e confirmou de volta. Ambos contaram até três e Fermín conseguiu levantar no três, mas não era alto o suficiente, e Pablo mordeu o lábio inferior enquanto balançava a cabeça em negação, e ele viu como o loiro esforçou-se ainda mais, seu rosto ficando em tons vermelhos enquanto Fermín colocava tudo de si ali. E por sorte, o plano deu certo, Pablo conseguiu puxar a menina para si e suspirou em puro alívio. 

- Ela tem pulso! - Ele gritou logo após conferir e sua atenção voltou-se para os ferimentos da garota, mordendo o lábio inferior - Mas o sangramento nas pernas é grande, precisamos sair daqui o quanto antes, ela precisa dos paramédicos. 

 Gavira esforçou-se para conseguir segurar a menina inconsciente em seus braços, enquanto ouvia a voz de Fermín informando para deixar a sala no mesmo segundo, as coisas estavam começando a piorar e tudo corria ainda mais risco de desabar. Gavi conseguiu correr até a porta, mas parou quando ouviu o barulho de mais destroços caindo, sua respiração ficou presa enquanto virava-se lentamente para olhar o companheiro, nesse momento ele rezou a todos os Deuses para Fermín estar bem, mas suas preces não foram ouvidas. 

 Uma viga havia despencado e essa porra precisava estar esmagando a perna de Fermín, claro que precisava, porquê sorte e coisas positivas nunca estão ao seu lado. Pablo respirou fundo e quando fez menção de abaixar-se para colocar a mulher em seus braços no chão, ele ouviu a voz de Fermín soar em tom alto e claro: 

- Não se atreva a fazer isso. Leva elas pra fora daqui, Gavi. 

- Quê? E você porra? Eu não vou sair daqui e te deixar pra trás. 

- Anda logo, caralho! Essa porra vai desabar - Fermín gritou dessa vez - Você precisa salvar elas. Que merda de bombeiros seríamos se colocarmos as nossas vidas acima das pessoas que estamos tentando salvar? Anda logo, Gavi, vai porra. 

 Gavi olhou para o loiro, seus olhos arderam, mas ele balançou a cabeça em confirmação. Pablo apertou a menina em seus braços, enquanto sinalizava para a outra sair em meio ao corredor em chamas, o mundo pareceu andar em câmeras lentas… Assim como no pior dia de sua vida, mas Pablo foi mais forte agora, forçando suas pernas a continuar correndo em meio às chamas, usando o próprio ombro para afastar alguns escombros do caminho. 

 Ele conseguiu. Um sorriso teria nascido em seus lábios quando ele conseguiu ver a luz brilhando lá fora, mas a sua expressão em desespero, e seu corpo trêmulo não conseguiu fazer nada além de colocar a menina em seus braços nos de Ter Stegen. E seu corpo moveu-se sozinho, enquanto ele voltava a adentrar o prédio em chamas, ele ouviu seu pai gritando no rádio, assim como o resto da equipe, mas ele não iria parar. 

 É o dever de um bombeiro ajudar aqueles que precisam. 

 Tudo estava um caos, os corredores em chamas e a estrutura duvidosa, era um milagre as coisas ainda não terem vindo totalmente abaixo, e ele sentia-se grato a isso. Gavi voltou a adentrar a sala, correndo até o menino loiro encostado na parede quente, enquanto olhava para a própria perna, Pablo reparou em como o sangue vibrante descia pela testa de Fermín, em algum momento, algo havia acertado a cabeça do rapaz. 

- Fermín?! 

 Gavi sorriu quando a atenção do rapaz loiro voltou-se para si, o Gavira aproximou-se, abaixando ao lado do mais velho e analisando a situação. A perna estava presa com uma barra de concreto, e para piorar a situação, Gavi reparou que uma parte dos destroços havia acertado o abdômen de Fermín, e o machucado ali, sangrando sem parar era o maior culpado pela força do Lopez ter sido totalmente drenada. 

- Por quê você voltou? Você… É um idiota? Está querendo morrer? - A voz de Fermin estava fraca e tão sem vida, que o peito de Pablo apertou-se - Sai daqui… As coisas vão começar a cair. 

- Eu não vou deixar você aqui, Fermín, esquece - Gavi resmungou enquanto aproximava-se, seus dedos encontrando o pescoço do loiro e suspirando em alívio ao ver que o pulso ainda não era fraco - Escute, vai doer um pouco, mas eu vou mover este destroço e preciso que você no mesmo segundo puxe a sua perna, ok? Fermín! Vamos, fique comigo, ok? 

 Pablo sentia-se desesperado enquanto o loiro parecia aos poucos perder a consciência, mas mesmo assim, balançou a cabeça em confirmação, e Gavi sorriu pequeno, antes de finalmente partir para o trabalho, usando toda a sua força para conseguir levantar a barra pesada, foi um alívio a perna de Fermín não ser totalmente esmagada, mas com certeza estava quebrada. 

- Ei, tudo bem? Você está comigo, ok? Não durma agora, Fermín, fizemos a parte mais difícil, agora eu preciso que você fique comigo. 

 Pablo reuniu o restante de suas forças para ajudar Fermín a levantar. Ele usou os próprios ombros de apoio para o braço de Fermín, fazendo o homem mais velho depositar seu peso em cima de si, enquanto sua mão direita rodeou a cintura do Lopez. Andar em meio às chamas era a missão mais difícil, as coisas estavam um caos, e para todos os lados as coisas começaram a desabar. Por um momento, ele jurou que não iria conseguir, mas suas pernas continuaram a mexer, ele continuou a lutar, assim como o homem ao seu lado, e Gavi quis chorar de alívio quando na metade do caminho ele encontrou sua equipe, correndo desesperado em sua direção, e quase no mesmo segundo Fermín foi tirado de seus braços, e Pablo viu Balde passar os braços envolta de si, servido de apoio ao Gavira mais novo, e por mais que desejasse falar que não precisava de ajuda, Pablo apenas aceitou.  

 Nunca foi tão satisfatório poder respirar o ar puro, poder retirar a máscara do rosto e puxar o ar com força para seus pulmões, Pablo apoiou as mãos nos próprios joelhos e respirou fundo algumas vezes, mas logo foi atacado pelo abraço de urso de seu pai, e o mais novo dos Gavira sorriu antes de corresponder ao abraço. Ele tinha em mente que desrespeitou ordens hoje, e que provavelmente seu pai quase teve um ataque cardíaco, mas tudo pareceu valer quando viu Fermín sob uma das macas, com João ao seu lado medindo pulso e tratando do abdômen machucado do loiro.

- Ele está bem, não se preocupe, você salvou ele hoje - João pronunciou, mesmo sem desviar a atenção de Fermín, ele sabia que Pablo estava encarando e sorriu pequeno quando o Gavira mais novo aproximou-se da maca - Ele pode ser um porre as vezes, mas na maior parte ele é um cara incrível, e não sei o que seria de nós se perdêssemos ele… Então obrigado, por voltar lá e salvar o Fermín hoje. 

 Gavi olhou para o moreno ao seu lado, Félix não estava com a melhor das expressão, para ser sincero ele parecia recuperando-se de uma crise, e Pablo não pode deixar de reparar os olhos vermelhos e as bochechas com cor. Gavi sorriu, deixando dois tapinhas sob o ombro do Félix. 

- Você não precisa me agradecer, e eu não costumo deixar meus amigos para trás. 

 Ele observou o Félix sorrir pequeno, e Pablo notou que esse era o momento perfeito para a sua deixa, a equipe de paramédicos tinha trabalhos a fazer, e os bombeiros agora estavam trabalhando para parar o fogo antes que terminasse de se espalhar, mas sob ordens médicas, Pablo não estaria participando disso. Ele achou uma merda, mas seu corpo merecia alguns minutos de descanso. Gavi encostou-se no carro da polícia, e sorriu pequeno ao ver o dono aparecer com uma expressão divertida no rosto, sobrancelhas arqueadas e um sorriso fechado em lábios. 

- Você é realmente uma criatura inexplicável - Pedri resmungou - Tem alguns minutos? 

- Que adorável - Pablo riu - Claro, estou de castigo de qualquer forma. 

- Bem feito. Sério, você está a menos de um mês em Barcelona, e já me fez rezar no mínimo duas vezes por você, e olha que eu nem sou a pessoa mais religiosa - Pedri revirou os olhos - Quantas experiências de quase morte você ainda quer passar? 

- Uau, estou lisonjeado em saber disso. Acho que experiências de quase morte são a especialidade da minha profissão - Pablo sorriu de canto dos lábios - Mas não acho que você tenha muito direito de reclamar, não quando todos os dias você entra em meio ao fogo cruzado. 

- E mesmo assim ainda não lhe fiz rezar pela minha vida. 

- Touché - Pablo estalou a língua contra o céu da boca - Você venceu essa. Mas agora, sério, achei que você estava de folga hoje. 

- Até os quarenta e cinco do segundo tempo, eu estava, mas um colega se machucou e alguém precisava assumir o dia - Pedri sorriu fechado - Pois bem, aqui estou eu. 

  Pablo abriu um pequeno sorriso enquanto aceitava a garrafa estendida para si. Sua atenção desviou do policial para o local que aos poucos foi tornando-se apenas sem vida, mas pelo menos as chamas estavam acabando, o pior já havia acabado. 

- Você foi incrível salvando o Fermín hoje - Pablo virou-se para olhar o mais velho, Pedro estava com a atenção fixa nos bombeiros, e Pablo acabou sorrindo de forma pequena. 

- Pra ser justo, ele me salvou primeiro - Gavi respondeu atraindo a atenção do González - Eu travei lá dentro, as chamas me levaram de volta ao 119, e eu não teria conseguido entrar se não fosse ele, então pra ser justo, o Fermín me salvou primeiro. E você tinha razão, eu estava com muito medo. 

 Gavi sentiu a mão do González deslizar em suas costas, e sinceramente, isso foi reconfortante. Pablo sorriu de forma pequena, enquanto levava a garrafa com água até seus lábios.

- Tudo bem sentir medo, Gavi. E isso só mostrou que você é realmente forte, você lutou contra seus demônios e salvou vidas - Pedri tombou a cabeça para o lado, com um pequeno sorriso em seus lábios - Sei que não significa muito, mas saiba que eu estou orgulhoso de você. 

 Puta de um jogador sujo. Gavi sentiu seu coração errar as batidas dentro do peito, e automaticamente seu olhar caiu para o González, Gavi abriu o mais bonito sorriso, sua mão alcançou a de Pedri, e seus dedos entrelaçaram aos do maior. 

- Na verdade isso significa e muito pra mim. 

 Eles permaneceram juntos até o momento que a equipe precisou de Pablo, e outro policial veio informar Pedri sobre outro chamado, e com um pequeno sorriso trocado, ambos seguiram suas equipes, voltando aos seus corridos e perigosos trabalhos. 

-x-x-x-

- Toc, Toc…. Se importa se eu entrar? 

 Pablo encostou-se contra o batente da porta, sorrindo de forma pequena ao ver Fermín ajeitar a postura na cama centralizada na sala. Gavi desviou a atenção para a perna do López, suspirando de forma pesada enquanto observava o gesso colocado ali, mas fora isso, Fermín parecia bem. E ao julgar pela expressão do rapaz, ele não parecia sentir dores nesse momento. 

 Pra ser sincero é até mesmo bizarro alguém ser capaz de emitir tanto brilho depois de quase ter morrido em meio a um incêndio, mas tudo bem. 

- Claro, entra aí! 

 Gavi soltou um riso anasalado, mas criou liberdade para caminhar até o mais velho, apoiando-se na cama antes de enfim sentar-se na borda, sua atenção voltando-se novamente para o gesso colocado na perna do rapaz, e então arqueando as sobrancelhas. 

- Sério que você deixou assinarem isso? Você está na quinta série ainda? - Gavi riu.

- Não seja idiota, não tem graça usar um gesso se ninguém for assinar. 

- Claro, faz total sentido - Pablo voltou sua atenção para o rosto do Lopéz, apertando os lábios um contra o outro antes de continuar - E você está bem? Tipo, fora a perna… Mais algum problema? 

- Só a perna - Fermín deu de ombros - Acabei quebrando a perna, mas o médico garantiu que vai ficar tudo bem, só preciso sossegar e deixar meu corpo se recuperar, o que não vai ser uma missão nada fácil, minha barriga não foi nada grave, acho que só um susto mesmo. Odeio a ideia de precisar tirar licença por conta disso. 

- Com certeza vai ser uma merda - Gavi riu - Mas é bom que você esteja relativamente bem, sei que você vai voltar antes mesmo do esperado. 

- Hm, obrigado… Por me salvar hoje… - Pablo ouviu o loiro resmungar, enquanto Fermín mantinha o orgulho estampado em seu rosto, virando a cabeça para não precisar encarar Gavi - Foi legal da sua parte. 

- Eu não costumo deixar meus companheiros de lado, levo a sério isso de entrar em uma família quando entro em um quartel de bombeiro. 

 Gavi revirou os olhos quando Fermín confirmou com um sorriso nos lábios. Ele sinceramente sente-se aliviado em saber que tudo acabou bem no fim, sendo sincero, hoje ele colocou-se no lugar das duas meninas, assim como elas, ele também estava, ou melhor, deve estar ainda, brigado com Fermín, e jamais iria conseguir se perdoar se suas últimas palavras fossem tão idiotas para o loiro.

- Fermín… 

- Não! Espera, eu preciso falar primeiro - Fermín cortou no mesmo segundo, fazendo o mais novo olhar confuso - Eu sinto muito, Pablo. Fui um idiota com você, pra ser sincero, eu fui totalmente egoista, eu só pensei no meu próprio sofrimento, e nem mesmo parei pra enxergar que você estava sofrendo todos os dias… Eu nunca queria ter desejado a sua morte também, ok? Foi errado da minha parte, e eu peço as minhas mais sinceras desculpas por isso. 

 Gavi olhou para o mais velho, um sorriso triste modelou seus lábios, mas Pablo ajeitou-se na cama, virando-se para encarar totalmente o López antes de balançar a cabeça em confirmação. 

- Você foi um idiota, mas eu também fui um… Em momento algum eu pensei em como estava sendo difícil para você adaptar-se, e como estava sendo doloroso ver aos poucos todas as lembranças sumirem do lugar… Eu também fui idiota demais em falar aquelas coisas sobre o Capitão Sanchez - Pablo sorriu de forma pequena - Mas espero que você saiba que eu irei respeitar e muito a memória dele, e meu pai também tem muito respeito por ele… Faremos de tudo para honrar a memória do Sanchez na 239. 

 Fermín balançou a cabeça em confirmação, e Gavi desviou a atenção dando alguns minutos de privacidade ao mais velho quando reparou algumas lágrimas deslizarem pelo rosto de Fermín. Mas sua atenção voltou-se totalmente quando sentiu a mão do mais velho puxar sua camiseta, e logo em seguida o maior estava com o punho voltado para si. 

- Começamos com o pé esquerdo… Mas acho que ainda temos tempo de restaurar uma amizade, né? - Fermín soou, deixando o mais novo de lábios entreabertos, mas logo sorrindo pequeno. 

- Claro! - Gavi soou animado enquanto juntava seu próprio punho ao do loiro.

 Sinceramente, é extremamente gratificante quando um dia de trabalho longo termina bem. E ele espera poder viver bons turnos em Barcelona com a sua nova família. 

 


Notas Finais


Muito obrigada pela leitura! E pelos comentários também!


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