- O quê? – Indagou amedrontado e surpreso pelo celular.
Jongin jogou a mochila contra seus ombros de maneira desajeitada e saiu correndo do colégio antes que o sinal tocasse. Não sentia seus pés tocarem o chão, só conseguia ouvir os batimentos acelerados de seu coração contra o peito.
O som da buzina de um carro próximo o fez parar e voltar para a calçada da avenida. Sua respiração estava descompassada e apenas após alguns segundos pôde realmente raciocinar com clareza.
Havia recebido uma notícia do hospital. Seus pais haviam sofrido um acidente quando estavam voltando de Daegu para Seul. Eles foram para o velório de uma tia que Jongin não conhecia bem e, por causa da semana de provas, ele não pôde ir e teve que passar os dias na casa de Kyungsoo, já que estava acostumado a ficar na casa do melhor amigo.
Não pôde escutar detalhes sobre o acidente, já que desligou assim que a mulher apenas o informou sobre o ocorrido. Ele não sabia o que realmente tinha acontecido, se eles estavam bem ou não... Mas sabia que a dor continuava a afundar em seu coração e apertou seu peito com força antes de começar a correr novamente.
Não sabia direito a distância do hospital até seu colégio, só sabia que sua cabeça latejava intensamente e seus pulmões ardiam. Jongin empurrou com força a porta da recepção e quase deslizou sobre o piso liso do prédio.
- Kim Hyumin e Kim Kwonhan. – Jongin proferiu com dificuldade as palavras. A mulher o olhou confusa e o menino de apenas quinze anos repetiu as palavras novamente. – Eles... chegaram há pouco tempo... Foi... foi... um acidente de carro. – Era tremendamente difícil dizer tais palavras.
A mulher assentiu.
- Eles estão em cirurgia agora, você é o filho? – Assentiu. – Fique na sala de espera, logo terá notícias sobre o estado de seus pais.
O garoto foi até a cadeira mais próxima do longo corredor e sentou-se. Suas pernas ardiam e seu coração começara a desacelerar. Passou a mão pela testa e limpou as gotas de suor que escorriam por sua franja.
Escutou o celular tocar em seu bolso e atendeu imediatamente.
- Jongin! Aonde você está? Eu não vi você saindo do colégio... Aconteceu alguma coisa? Estamos te esperando aqui na porta ainda. – Era Kyungsoo.
- Eu tive que sair correndo para o hospital. – Disse ainda com a voz trêmula.
- Como assim hospital? Você se machucou? Aconteceu alguma coisa? – Jongin fechou os olhos e negou mentalmente.
- Não aconteceu nada comigo... Meus pais, eles... eles estão aqui.
- Eles voltaram? Espere... Por que eles estão aí? – Seu tom começou se tornar preocupado.
- Aconteceu um acidente na volta. Eles... Eu não sei se eles estão bem, Kyungsoo. – Seus olhos voltaram a ficar marejados.
- Em que hospital você está? Estou indo para aí. – Desligou depois de Jongin dizer o nome do hospital.
Minutos depois Kyungsoo apareceu ofegante no corredor onde Jongin estava por correr pelo local antes de achá-lo. O moreno levantou-se e não hesitou antes de abraçar o melhor amigo com força. Ainda sentia-se aflito e amedrontado desde que chegara no hospital e precisava de seu Soo ao seu lado para consolá-lo.
- Você sabe se eles estão bem? – Jongin negou. – Minha mãe está procurando informações sobre eles, vai ficar tudo bem, okay? – Tentou confortá-lo e Jongin apenas o abraçou novamente.
Enquanto Kyungsoo massageava as costas do mais novo, sentia que precisava protegê-lo de todo mal, e estava disposto a enfrentar qualquer coisa para ter seu Jongin bem ao seu lado. Mas infelizmente não poderia evitar a maior das tragédias.
- Jonginnie! – Myunghee apareceu no corredor. Os dois garotos se soltaram e a mulher os observou solenemente. – Jongin... Sua mãe ainda está em cirurgia, vai demorar um pouco para poder vê-la. – A voz da mulher estava fragilizada e se mantinha em um tom baixo.
- Mas ela vai ficar bem, certo? – Indagou preocupado e Myunghee assentiu levemente. – E meu pai? – Perguntou esperançoso. – Ele não está em cirurgia? – Myunhee negou e apertou os dedos das mãos pousadas em frente ao corpo. – Eu posso vê-lo? – Os olhos da mulher se encheram d’água. – Tia... aonde ele está? – Jongin podia sentir o pulsar de seu coração em seus dedos dormentes. – Tia, ele está vivo certo?
Suas palavras custaram sair por causa do soluço que soltou. Myunghee fechou os olhos e tampou seu rosto. – Tia... – Deixou que o desespero o tomasse por inteiro. – Ele está vivo... Ele precisa estar vivo! – Gritou em meio ao desespero. – Não... Ele não morreu, certo? Ele não... – Desabou em lágrimas agoniantes. – Não...
Caiu de joelhos ao chão enquanto Kyungsoo tentava segurá-lo, mas não podia tomar a dor dele, não podia protegê-lo, pela primeira vez Kyungsoo sentiu-se inútil.
- Ele faleceu antes mesmo de chegar à sala de cirurgia Jongin, eu sinto muito. Querido, eu sinto tanto.
Agachou-se para tentar abraçá-lo. Segurou o rosto do menino que considerava um filho em suas mãos. Doía vê-lo arrasado, doía tanto quanto ver seu próprio filho sofrendo. Não queria ver o menininho que vivia em sua casa dessa forma, mas não podia fazer nada já que o destino resolveu-lhe tirar uma das pessoas mais amadas de sua vida.
Kyungsoo permaneceu ao chão segurando forte a mão de Jongin enquanto o mesmo permanecia em estado de choque.
Os dois permaneceram assim até Myunghee tentar os tirar de lá para comerem algo e depois voltarem para casa até que a mãe de Jongin melhorasse para poder receber visitas, mas Jongin se negou a sair do hospital, permaneceu sentado no corredor do quarto de sua mãe e ficou disposto a passar a noite lá. Kyungsoo como sempre, não saiu de seu lado.
Myunghee deixou comida para os meninos e teve que voltar para seu trabalho, mas prometeu que voltaria depois para ficar com eles.
- Ela vai ficar bem. – Kyungsoo murmurou da cadeira ao lado de Jongin.
- Você não pode garantir nada. – Pareceu duro, mas a dor que sentia ao proferir as palavras martelava seu coração e não conseguiria transmitir outro tom.
- Ela vai ficar bem, Jongin. – Pareceu confiante.
- E meu pai vai ficar vivo? – Olhou para o mais velho ressentido. Kyungsoo engoliu em seco e abaixou a cabeça.
- Você sabe que isso...
- Sei que o quê? Que estou prestes a perder meus pais? – O fato de estar em choque o fazia ficar agressivo, e não podia controlar isso. – Eles vão morrer, Kyungsoo! – Exclamou e o mais velho implorou mentalmente para que continuasse em silêncio. – Deve estar feliz, não é? Agora sou um órfão, assim como você e seus antigos amiguinhos. – Levantou-se abruptamente da cadeira e sumiu corredor afora.
Kyungsoo permaneceu sentado, encarando a parede branca à sua frente enquanto engolia em seco e estralava as juntas de seus dedos. Não iria aceitar o que Jongin havia dito como uma ofensa, não iria ficar magoado com ele, por mais que ele soubesse que o assunto era delicado demais para se dizer dessa forma, Kyungsoo não iria ficar irritado ou ressentido. Ele sabia que o que Jongin estava passando era complicado demais para lidar normalmente.
Passou-se horas desde que Jongin havia deixado o corredor, Myunghee já havia chegado ao hospital à noite, e nada de Jongin aparecer.
- Não sabe realmente aonde ele foi? - Kyungsoo negou.
- Mas eu vou descobrir. – Saiu correndo.
Kyungsoo já não sabia por quantas vezes já havia rodado aquele local e passado pela sala de recepção. Parou para recobrar o fôlego e desistiu de correr, começando a andar. Andou novamente pelos lugares que já tinha passado e revistou a rua uma outra vez, mas ainda não havia olhado novamente no estacionamento.
Desceu a rampa que os carros passavam e adentrou ao túnel escuro. O local era iluminado apenas por lâmpadas amareladas e aleatórias no teto. Passou olhando de carro em carro. Até que escutou soluços ao longe. Aumentou o passo e gritou o nome de Jongin.
O encontrou encolhido atrás de um carro.
- Não é mais uma criança para se esconder dos problemas. – Kyungsoo murmurou se aproximando.
- Eu não quero que esses problemas existam. – Sussurrou com a voz abalada e Kyungsoo o abraçou, tendo Jongin o abraçando de volta. – Desculpe. – Sussurrou contra o ombro molhado de Kyungsoo por causa do choro.
- Eu não sou órfão, Jongin. E nem você será. – Apertou o amigo contra si.
(...)
As lágrimas mais uma vez marcavam o rosto tão belo do menino enquanto observava a expressão serena de sua mãe que se mantinha em um sono profundo. Apertou a mão delicada e quente da mulher com seus dedos longos, tentando de alguma forma criar alguma conexão para que ela o sentisse.
Mas ela já o sentia mesmo que desacordada.
- Não podemos esperar mais, Jongin. – A voz da mulher se tornou presente, tirando Jongin de seus devaneios melancólicos.
- Não posso fazer a cerimônia sem ela. – Disse em tom baixo.
- Seu pai não pode mais esperar. – Myunghee tocou o ombro do mais novo em um ato de consolo, mas nada dentro dele poderia ser consolado naquele momento.
- Ela precisa... – Soluçou. – Ela precisa vê-lo por uma última vez.
- Não há previsões de que sua mãe vá acordar, não se sabe por quanto tempo o coma vai durar, seu pai não pode esperar mais de uma semana para a cerimônia. – A médica explicou, mas Jongin se negava a ouvi-la.
- Nem se quer deu quatro dias. – Proferiu cabisbaixo.
- Quatro dias é tempo demais para quem já se foi. – Jongin secou suas lágrimas e se afastou da maca. Não disse mais nada quando saiu do quarto.
Kyungsoo levantou-se da cadeira enquanto Jongin passava por si.
- Está tudo bem?
- Nada está bem, Kyungsoo.
(...)
O coração do garoto batia forte, tentava a todo custo segurar suas lágrimas que pareciam querer o derrubar contra o gramado do local. Mas permaneceu em pé, intacto fisicamente, mas completamente destruído por dentro.
Suas mãos tremiam e para não demonstrar a fraqueza, seus dedos apertavam com força os espinhos das rosas que segurava. Todas as palavras de consolo ou consideração a seu pai que eram voltadas para o garoto passavam direto por ele.
Palavras bondosas não iriam trazê-lo de volta ou confortar seu coração. A única coisa que queria naquele momento era a sua família de volta. E por mais que pensasse no pior sobre o estado de sua mãe, desejava arduamente que ela acordasse o mais rápido possível. Precisaria do colo dela para chorar tudo que segurou até agora.
Quando sentiu um liquido quente descer pelas suas mãos, foi tirado de seus devaneios por alguém ao seu lado.
Kyungsoo.
- Jongin... Você está se machucando. – O moreno desceu seus olhos para as mãos e viu a cor vermelha manchando a palma e os pingos pintando a grama de vermelho.
Engoliu em seco ao perceber que voltou a ser vulnerável a tudo, voltou de seu bloqueio mental, voltou para a realidade.
Fechou os olhos quando uma onda de calor o abraçou e teve que se abaixar para tentar conter o choro, mas um soluço forte e dolorido cortou o silêncio.
- Jongin, devemos ir embora. – O amigo tocou o ombro do outro.
- Eu não consigo... – Falou contra as lágrimas que embaçavam sua visão. Soltou um grito e apertou ainda mais a rosa contra suas palmas. – Eu não consigo! – Gritou. – Eu não consigo lidar com isso... Essas flores. – Apontou para o túmulo coberto de vários tipos de flores. – Não deveriam estar aí... Meu pai detestava flores! Essas pessoas nem o conheciam direito! Não como eu, Kyungsoo! Eu... eu perdi meu pai. – Jogou as rosas contra o chão e pressionou a palma das mãos contra seus olhos enquanto chorava como uma criança desesperada.
Kyungsoo se abaixou e apoiou o rosto de Jongin contra seu ombro.
- Eu quero ter minha mãe de volta.
- Você vai ter. – Passava a mão nos fios escuros de Jongin carinhosamente.
- Kyungsoo... Não vai embora, por favor. – Sussurrou.
- Eu nunca te deixaria.
Jongin abriu os olhos e se afastou para que pudesse encarar o amigo. Percebeu olheiras em sua face branquinha e seus olhos estavam avermelhados. Se seu amigo já estava assim, o que diria de si mesmo?
- Promete? – Sussurrou sensivelmente. Kyungsoo assentiu e o ajudou a se levantar.
O mais velho pegou algo do bolso de sua calça preta. Duas pulseiras, as duas eram iguais. Seus cordões eram pretos e continham dois pingentes nas duas. Um era o sol e a outra a lua.
- Se lembra da primeira vez que nos vimos? – Kyungsoo indagou enquanto observava as pulseiras em sua mão. Jongin assentiu.
- No parque.
- Sim. Se lembra de como nós éramos? – Jongin negou e uma curva se formou em seus lábios.
- Você sempre se pareceu o mesmo para mim. – Se encararam.
- Você também, desde o primeiro dia que te vi. Sempre o mesmo Jongin. – Sua voz pareceu nostálgica e quando mal percebeu, já estava sorrindo. – Desde a primeira vez que nos vimos, você curava minhas feridas quando eu me machucava. – Voltou os olhos para as pulseiras. – Você sempre continuou fazendo isso, mesmo quando se machucava no processo. Mas continuou. Naquele dia eu estava machucado, não só fisicamente. Mas você curou todas as feridas. Jongin, você era meu sol quando tudo parecia escuro. E continuou sendo e agora não posso suportar ver o meu sol se pôr. Não posso deixa a dor da perda te vencer, irei ajudá-lo a se recompor, eu prometo.
Sentiu seu corpo tremer por alguns segundos ao perceber o quão intensamente Jongin o olhava.
Jongin mal podia imaginar que certo sentimento o banhava nessa hora. Mal podia imaginar que tal sentimento estava se criando dentro dele. Mal podia imaginar que sua ruína estava tão próxima por causa desse tal sentimento.
Que ao mesmo tempo podia salvá-lo ou destruí-lo.
Kyungsoo deu um passo à frente e pegou a mão machucada de Jongin. Amarrou a pulseira no pulso do maior e observou o acessório ali.
- Se sou seu sol, você é minha lua? – Jongin perguntou e Kyungsoo levantou o olhar e sorriu, seus olhos brilhavam.
Quieto, reservado, misterioso... Kyungsoo combinava mesmo com a lua.
Jongin pegou a outra pulseira e a amarrou no pulso de Kyungsoo. – Isso é algum tipo de promessa? – Indagou.
- Se você quiser que seja... – Antes que pudesse terminar, Jongin o abraçou forte. Precisava dele ao seu lado.
E agora o teria ao seu lado sempre. Porque prometeram e tinham uma prova física disso. Uma prova que iriam guardar em si para sempre. Mas não era provável que sempre iriam os proteger.
Assim como a lua não tem luz própria, sempre precisaria do sol para lhe banhar com a luz. Assim como Kyungsoo precisava da luz de Jongin em sua vida, Jongin precisava de algo para iluminar, para proteger e tinha Kyungsoo para fazer tal coisa.
Jongin era o sol de Kyungsoo.
Kyungsoo era a lua de Jongin.
♥♥♥
Kyungsoo despertou-se e ao observar onde estava, pôde sentir sua cabeça rodar ao perceber que estava nu.
Engoliu em seco e se cobriu com os lençóis da cama. Examinou o local antes de tentar ao menos se levantar, mas um barulho o deteve. Jongin apareceu na porta do quarto apenas de toalha, todo seu corpo estava molhado e de seu cabelo pingava gotas de água.
Kyungsoo sentiu uma agitação em seu corpo e pigarreou antes de dizer algo. Mas bem, dizer o quê?
Tudo que tivera acontecido antes veio em sua mente como um baque. Cada momento, cada sentimento... Fechou os olhos enquanto Jongin permanecia congelado na porta o observando, ainda não tinha raciocinado o que fazer, mas fora surpreendido quando Kyungsoo levantou-se rapidamente e logo grudou seus lábios nos dele.
Precisava sentir o gosto dos lábios de Jongin novamente.
- É... eu vou tomar um banho. – Falou rapidamente antes de sair correndo e se trancar no banheiro. - Eu fui até ele pelado? Sim, eu fui até ele pelado... Foda-se, já vimos coisas piores, mas espere... dormimos pelados também.... E juntos... – Kyungsoo sussurrava para si mesmo enquanto a água quente molhava seu corpo.
Coisas quentes lhe fazia recordar de muitas coisas da noite anterior. Coisas demais.
Depois do banho, encontrou Jongin ainda de cueca enquanto revistava seu guarda roupa. Kyungsoo passou por ele e escolheu rapidamente uma camiseta social de mangas longas cor de vinho, depois uma calça preta jeans e uma gravata azul petróleo.
- Pronto. – Observou as roupas que tinha posto em cima da cama bagunçada.
- Pronto o quê? – Havia confusão em seu olhar.
- Pode vestir. – Apontou para as roupas.
- Dormiu apenas uma noite em minha casa e já está decidindo o que irei vestir?
- Não é a primeira vez que dormimos juntos... na verdade... não na mesma cama... Você entendeu... – Jongin sorriu e assentiu.
- Realmente está agindo normalmente diante de toda a situação?
- Se eu parar para refletir no que fizemos na noite passada, provavelmente terei um ataque cardíaco. E a não ser que prefira que eu fique vivo, não irá querer que eu pense nas consequências do que fizemos ontem.
- Consequências, é?
- Sim... – Seu tom abaixou consideravelmente quando percebeu o quão próximo Jongin estava.
Duas pessoas e apenas uma peça fina de roupa tampando a única parte não expostas de seus corpos. Isso era a única coisa que estavam entre eles, uma combinação perigosa, mas Kyungsoo iria querer permanecer apenas com a toalha tampando suas partes baixas antes que seus conceitos mudassem consideravelmente com apenas um ato de Jongin.
- Que tipo de consequências? – Seus rostos estavam tão perto que Kyungsoo pôde sentir o calor da fala de Jongin.
- Não vamos querer saber se não quisermos nos atrasar para o trabalho. – Tentou se desviar, mas Jongin colocou o braço ao redor, o prendendo contra a parede.
- Teremos consequências bem ruins se fizermos aquilo de novo... Mas podemos superá-las, não podemos? – Mordeu o lábio inferior de Kyungsoo enquanto mantinha seu tom malicioso. Kyungsoo fechou os olhos e aproximou seus lábios dos do moreno, mas não os sentiu tocar.
Jongin havia se afastado e Kyungsoo abriu seus olhos.
- Vamos ter consequências, se lembra? – O moreno se afastou e sorriu. – Podemos lidar com elas depois, vamos nos atrasar. Pode pegar minhas roupas, vai ficar um pouco grande, mas... serve. – Dizia enquanto colocava as roupas escolhidas por Kyungsoo. Antes de sair do quarto deu um selinho no menor, que permanecia parado. – Não teremos que lidar com consequências nenhuma se ninguém mais ficar sabendo o que aconteceu aqui. Não quero te prejudicar. – Saiu do quarto antes que Kyungsoo dissesse algo.
Não queria arranjar problemas para Kyungsoo por causa do que ocorreu antes. Não eram um casal, eram? Pelo menos não ainda... Tudo aconteceu rápido demais, mas foram longos anos esperando tal coisa acontecer. Não iria ser a única vez que iriam fazer isso, e nem a última.
♥♥♥
- Você e Kyungsoo chegaram juntos? – Sehun andou até Jongin que estava conversando com uma secretária. A mulher assentiu para Jongin e logo em seguida virou no corredor.
- Ah, olá Sehun. Poderia usar um microfone? – Indagou cínico e o mais novo franziu o rosto.
- O quê? Vocês chegarem juntos não é nenhuma novidade, já que... Mas você estavam brigados... então se chegaram juntos agora... – Tentava juntar as peças. – Espere, Jongin você não... Espere! – Quase berrou e Jongin teve que puxá-lo até uma parte isolada do prédio. – Vocês dois... – Um sorriso debochado se criou em seus lábios rosados.
- Você tira conclusões muito erradas. – Pareceu sério.
Não queria sair dizendo por aí que havia transado com Kyungsoo, mas se sentia mal por parecer previsível demais já que Sehun já estava adivinhando o que havia acontecido.
- Erradas, é? – Riu e Jongin deu um soco em seu ombro. – Ya! Está me batendo por que sou inteligente demais?
- É curioso e precipitado demais, coisa que não deveria ser.
- Sou e vou continuar sendo. Então, voltaram a ser amiguinhos de novo? – Tentou parecer inocente, mas o sorriso maldoso entregava o que realmente estava pensando.
- Não finja, Sehun.
- Então o que estou supondo é realmente verdade? – Pareceu uma garotinha dando pulinhos.
- Pare, você está me envergonhando. – Saiu andando, deixando o amigo para trás.
- Eu quero os detalhes.
- Detalhes do que? Não aconteceu nada ontem.
Jongin se preocupava com o que poderia acontecer se a notícia se espalhasse, mas estava nítido que faltava soltar fogos de artifício naquele momento. Não queria ter que esconder, queria poder se expor, mas sabia que isso traria problemas demais e ainda não estava pronto para lidar, nem ele e muito menos Kyungsoo.
Não era problema se assumir gay, o problema era assumir que teve um caso com o dono da empresa em que trabalhava e o qual ainda estava noivo de uma mulher. Isso traria problemas, muitos problemas.
- Talvez eu esteja me precipitando, mas algo aconteceu. Você é transparente Jongin, dá para ver de longe como está. – Jongin sorriu discretamente, mas algo o fez fechar a cara imediatamente.
Minah parou abruptamente no corredor enquanto observava o moreno em silêncio.
- Você viu Kyungsoo? – A moça perguntou primeiro.
- Jongin não é a secretária dele. – Sehun respondeu com mau gosto.
- Não estou perguntando para você, querido. – Jongin suspirou.
- Se tem o celular dele, acredito que possa ligar. – Sugeriu e segurou o braço de Sehun para o tirar dali.
- Por que está agindo assim? – Perguntou inocentemente.
- Você finge coisas demais Minah, deve ter esquecido a faceta que usou no dia que agiu como uma vadia. – Sehun retrucou e Jongin o arrancou dali antes que continuassem com a discussão. – Espere, ela não precisa fingir ser uma vadia, ela é uma vadia. Preciso dizer isso a ela, me expressei mal. – Tentou voltar, mas Jongin o puxou com força e o jogou dentro de seu escritório.
- Pare de ser criança.
- Não sou criança, sou sincero.
- Sinceridade demais nem sempre é bom.
- Não é culpa minha se as pessoas não sabem lidar com a verdade. – Jongin suspirou.
- Passe cinco minutos sem falar nada, por favor. – A imagem de Minah voltou a sua mente e do nada imaginou ela e Kyungsoo juntos... Na cama... Transando. Franziu o rosto e fechou os olhos.
Por que de repente começara a pensar em uma coisa dessas?
Mas uma pergunta rondava sua mente. Kyungsoo já havia de fato transado com Minah? Não queria pensar nisso. Não deveria pensar nisso, afinal, o que aconteceu antes fica no passado.
- Ah, okay. No que você está pensando? – Jongin não respondeu, estava ocupado demais quase arrancando a unha de seu dedo enquanto o roía. – Jongin, que merda você está pensando? Jongin! – Gritou e o outro o olhou desnorteado. – É isso que acontece quando eu fico sem falar. Você pensa merda demais, credo. Já estava ficando vermelho.
- Quem? Eu? Vermelho? – Perguntou confuso.
- Você está que nem um tomate.
- O quê?
- Já passou. – Jongin rolou os olhos. – No que estava pensando? Parecia querer arrancar seus dedos das mãos.
- Estava pensando exatamente em merda.
- Viu como é previsível? – Suspirou e sentiu seu celular vibrar em seu bolso. Era uma mensagem de Kyungsoo.
♥♥♥
- Por que pediu para que eu lhe encontrasse aqui? – O moreno perguntou enquanto sentia os fios de seu cabelo voarem contra o vento quando batia contra si.
- Queria privacidade. – O menor andou até ele e ficaram lado a lado enquanto encaravam a silhueta da cidade ao redor.
- Seu escritório é bem privado.
- Estão mudando meu escritório agora que sou o dono da empresa... – Suspirou. – Mas de qualquer forma, aqui ninguém pode nos encontrar e nem nos interromper. – Um sorriso discreto apossou os lábios avermelhados de Kyungsoo.
- Interromper o quê? – Jongin virou-se para olhá-lo, a curiosidade gritante em seu olhar.
- Qualquer coisa que estivermos fazendo... – Tossiu e engasgou-se. Jongin riu baixo.
- O que queria falar ou fazer, afinal? – Kyungsoo olhou para o chão e apertou suas mãos. Nunca se sentira nervoso perto de Jongin, apenas quando seus desejos lhe deixavam confuso antes, mas agora era diferente. Tudo diferente.
- Ontem... – Ele suspirou. – Quando você estava sem... – Pigarreou.
- Quando eu estava pelado. – Kyungsoo arregalou os olhos e tossiu.
- Sim, é, isso. Quando você estava nu, a única coisa que ainda usava era... – Ele levantou seu pulso e franziu a manga do paletó. Lá estava uma pulseira com alguns fios pequenos soltando por causa do tempo, mas continuava intacta com os dois pingentes de sol e lua.
- Nossa pulseira. – Engoliu em seco.
- Eu nunca a tirei em nenhum momento. Essa era a nossa promessa de sempre nos proteger, se lembra? – Jongin assentiu enquanto encarava a mesma pulseira em seu pulso. – Mesmo se ferindo, você continuou me protegendo, mas eu tinha prometido a mim mesmo que nunca o deixaria se ferir, eu cometi um erro em te deixar de lado.
- Eu que me afastei.
- Mas por um momento eu deixei que se afastasse, e então não soube mais como lhe trazer de volta, até ontem. – O coração batia forte contra o peito de Jongin. – Me desculpe. – Jongin segurou o rosto de Kyungsoo com seus dedos o fazendo lhe encarar.
- Não se desculpe por nada. – E então o beijou.
Se beijavam lentamente, cada toque vagaroso, saboreando o momento que tinham. Os toques quentes de Jongin faziam Kyungsoo se inundar em seus prazeres. O maior apertou a cintura de Kyungsoo e o menor agarrou os cabelos de Jongin. O moreno sorriu e mordeu o lábio inferior do mais velho.
- A promessa ainda continua de pé? – Interrompeu o beijo. Kyungsoo ainda focava apenas nos lábios carnudos de Jongin.
- Sim. – Murmurou antes de voltar para o que estavam fazendo.
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