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História Behind the mask (hiatus) - Tired - História escrita por lostclxud - Spirit Fanfics e Histórias
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História Behind the mask (hiatus) - Tired


Escrita por: lostclxud

Notas do Autor


Oioi pessoal!! Trazendo aqui mais um capítulo para vocês, tentei fazer ele mais longo do que os capítulos anteriores, desde então peço desculpas por qualquer erro de escrita!!

⚠️ALERTA DE GATILHO⚠️

- Linguagem homofobica -
- Pensamentos suicidas -
- Tentiva de Suicídio -
- Ataque de pânico -

Capítulo 3 - Tired


Fanfic / Fanfiction Behind the mask (hiatus) - Tired

- Essas camisetas dão no total 78,00 reais, senhor – Uma moça de cabelos curtos violeta disse entregando uma sacola a um garoto de cabelos negros que usava um moletom vermelho e tinha uma mochila preta pendurada em suas costas.

  Esse garoto era Luffy, que rapidamente pegou a sacola e sorriu por trás da máscara que usava, ele então usou sua mão livre para pegar o dinheiro – que ele NÃO ROUBOU de seu avô – e entregou a moça, que contou rapidamente as notas de dinheiro que lhe foram entregues.

- Está tudo certo, obrigada por fazer compras na nossa loja moço, espero que compre conosco novamente – Ela disse com um sorriso gentil nos lábios, e embora não pudesse ser visto, também teve seu sorriso retribuído pelo jovem garoto.

Luffy então se virou e saiu da loja, andando em passos firmes e rápidos, ele fez diversas curvas e voltas, desviou de todas as pessoas possíveis antes de ir parar em um beco escuro.

Colocando a sacola em um canto aleatório, Luffy se escondeu atrás de uma pilha de lixo – de onde diabos as pessoas tinham tanto lixo para jogar lá?! – e rapidamente trocou de roupa com as que estavam em sua mochila.

 Ele tirou o moletom, mostrando uma camiseta curta branca com flores, que marcavam os seus seios, ele então retirou a bermuda que usava – que ele pegou escondido do armário de Ace – e trocou por um shorts curto.

 Colocando suas roupas restantes na mochila junto de sua máscara, Luffy colocou a mochila nas suas costas novamente e pegou a sacola que estava no chão.

Ele saiu do beco, andando não mais como Luffy, e sim como Lara.

 Já fazia 2 anos que Luffy agia dessa forma, desde que se descobriu trans, ele nunca conseguiu contar para nenhum de seus amigos e familiares sobre isso, e ele também não planejava fazer isso tão cedo.


  Embora ele soubesse que alguns de seus amigos o aceitariam, ele ainda não podia ter certeza de todos eles, além de sua família, que ele sabia que nunca conseguiria o aceitar.

  Luffy sabia muito bem que seus irmãos mais velhos eram pessoas de mente aberta, e que fariam de tudo para apoiar Luffy em suas decisões, no entanto, ele também sabia que seus irmãos amavam ter uma irmã mais nova.

  Luffy sabia que antes do os conhecer, seus irmãos eram dois garotos irresponsáveis e bagunceiros, que tinham seus próprios sonhos e não ligavam para as pessoas ao redor, mas quando Luffy apareceu – ainda como Lara –, eles viram aquilo como uma responsabilidade, afinal, ele era 'a única garota' na família, os dois irmãos queriam se tornar exemplos a serem seguidos, e por isso acabaram mudando muitas suas formas de agir para não influenciar 'a sua irmã mais nova'.

  Luffy não sabia dizer em como eles iriam reagir em saber que a tão querida irmãzinha deles era na verdade um homem.


  E seu avô, ele sabia que o velho nunca o aceitaria, Garp desde sempre se mostrou ser um homem conservador e tradicional, ele era o único motivo por Luffy trocar de roupa as escondidas, pois Luffy sabia que não iria ser bom se seu avô o visse usando roupas "masculinas", principalmente depois de Luffy já ter cortado o cabelo de forma que "não era feito para mulheres".

  Foi por esses motivos e por suas próprias inseguranças e medos que o fizeram esconder isso por todos esses anos desde que se descobriu, e embora seja bastante trabalhoso e cansativo, Luffy ainda está bem com isso, ele prefere agir assim do que ter chance de ser abandonado por todos ao seu redor.
 

Virando a esquina, Luffy finalmente conseguiu vir o pequeno sobrado em que morava, ele soltou um suspiro aliviado, ele odiava ter que andar em lugares movimentados com roupas tão curtas e coladas, ele sempre foi fã do largo e grande.

 Ele chegou em frente a sua casa, ele abriu o pequeno portão que tinha em frente, e depois de fecha-lo, ele passou pelo Jardim até chegar a porta, eram 16:00 da tarde, então ninguém da sua família estaria em casa naquele horário.

 Ele retirou as chaves do seus shortse abriu a porta, ele entrou e fechou a porta atrás de si, trancando-a.

  Subindo as escadas que levavam ao segundo andar, Luffy foi em direção ao seu quarto, ele andou até sua cama e tirou as roupas que comprou, colocando-as de forma que conseguisse ver todas elas.

- Meu Deus eu tenho muito bom gosto – Ele exclamou com as mãos na cintura enquanto olhava suas roupas, ele tinha um sorriso satisfeito nos lábios, ele costuma ter muito medo de ir fazer compras por ser conhecido na região por ser neto de Garp, então foram poucas as vezes que ele chegou a ter coragem de ir sozinho.

  Ele ainda poderia ir até o outro lado da cidade, onde ele não era conhecido, mas ele teria que gastar um bom dinheiro, e a distância também não ajudava muito, ele nunca iria conseguir ir fazer compras do outro lado da cidade e chegar antes de sua família já estar em casa, muito menos sem eles desconfiarem de algo.

  É por isso que Luffy se contentava com essas pequenas idas neste lado da cidade.

Luffy pegou as roupas que estavam na sua cama e foi em direção ao seu guarda-roupa, ele pegou e colocou todas as suas novas roupas no fundo do guarda-roupa, de uma forma que não poderiam ser vistas se apenas abrisse as portas e olhasse.

 Olhando o horário, 16:34, Luffy iria se encontrar com seus amigos as 18:00, na casa de Vivi, para comemorar o aniversário de 1 ano do Carue, o pato de Vivi.

 Luffy amava aquele pato, ele era uma das coisas mais fofas que ele já tinha visto, e por isso ele ficou importunando seu avô por 2 semanas inteiras até o mais velho se cansar e deixá-lo ir.

Luffy pegou uma camiseta vermelha sem mangas, uma calça jeans azul clara, e um casaco preto, ele os separou na cama antes de ir em direção ao banheiro para tomar banho.

Ele retirou todas as suas peças de roupa e as colocou em um cesto de roupa suja que havia no canto do banheiro.

Ele não olhou para o espelho.

Ele entrou dentro do box e ligou o chuveiro, a água estava quente, ele pegou o shampoo e logo começou a se lavar.

Ele não olhou para baixo.

Depois de 20 minutos no banho, ele finalmente saiu do box, se enrolando com uma toalha, ele saiu do banheiro e foi em direção a sua cama pegar suas roupas.

Ele se trocou, então foi atrás de um secador para secar seu cabelo úmido.


     __________________________________


Ele finalmente estava pronto, se olhando no espelho, ele se sentia bonito, embora não se sentisse totalmente confortável com a roupa que usava.

Não era como se ele pudesse fazer algo sobre isso.

Olhando em seu celular, ele viu que já era 17:29, ele resolveu que já era hora de sair de casa se não quisesse chegar atrasado.

Dando uma última olhada para ver se não esqueceu de nada, Luffy saiu de casa.

      ________________________________

 - PARABÉNS PARA O CARUE!! – Um pequeno grupo pessoas gritaram todas ao mesmo tempo.

Esse pequeno grupo eram na verdade apenas o grupo de Luffy, que além da própria Vivi e Carue eram, Zoro, Sanji, Nami, Chopper, Carrot, Usopp, Franky, Robin, Jinbe e Brook.

O pai de Vivi saiu naquele dia para deixar o pequeno grupo de amigos mais confortável, embora não saísse antes de deixar um pequeno presente para o patinho, que não era nada mais que um pequeno colar com o nome do Carue escrito.

(Ninguém sabia do por que ele resolveu dar um colar para o pato, mas ainda foi considerado pois ainda era um presente querendo ou não).

Nami havia comprado um pequeno chapéu para o Carue, Sanji de alguma maneira conseguiu fazer um pequeno bolo de peixe para o pato, Robin e Carrot entregaram um conjunto de roupinhas para o Carue, Jinbe trouxe uma pequena piscina para ele poder nadar, Brook fez uma canção para ele, Luffy e Zoro trouxeram uma bebida especial que por algum motivo Carue adorava.

Franky e Usopp entregaram os mais legais, Usopp fez um pequeno óculos que cabia perfeitamente no rosto de Carue, por algum motivo, o pato mostrava uma grande dificuldade em nadar de olhos abertos por causa da quantidade água que ele acaba jogando sem querer nos próprios olhos. E Franky fez um pequeno suporte para Carue poder carregar as bebidas que ele tanto gostava para todos os lugares.

No geral, a festa estava divertida, Carue ah muito já havia dormido depois de ficar bêbado de tanto beber da bebida especial.

Agora, o pequeno grupo de amigos estavam todos na sala, em uma roda, jogando conversa fora e rindo.

- VOCÊS SÃO UNS TRAIDORES – gritou Usopp fazendo um bico enquanto desviava o olhar, cruzando os braços, enquanto todo o resto do grupo ria do mesmo.

- Usopp, você realmente quer a gente fique sério quando você diz que tropeçou frente de Kaya quando foi convida-lá para sair? – Perguntou Robin com uma sorriso divertido no rosto.

- VOCÊS DEVERIAM!! Eu passei pela maior humilhação que alguém poderia passar, eu deveria receber apoio – Usopp diz enquanto apontava para si mesmo.

- Ai Usopp para de drama, todos nós sabemos que a Kaya está caidinha por você, eu tenho certeza que ela deve ter dado um beijinho no seu nariz depois de você cair – Nami disse dando uma piscadela para Usopp.

- V-VOCÊ NÃO S-SABE O QUE ESTÁ D-DIZENDO – Usopp disse desviando o olhar, mas suas orelhas e pescoço rosados entregavam-no totalmente.

- Usopp é um péssimo mentiroso – Disse Luffy gargalhando.

- Lara você de todos nós é a pior mentirosa – Disse Usopp a olhando com olhares afiados.

- He?!? Eu não sou uma péssima mentirosa, eu posso mentir quando quero!! – Respondeu Luffy indignado.

- Olha Lara, terei que concordar com o Usopp, você é horrível mentindo – Disse Vivi olhando-o com um olhar de simpatia.

- Fica na cara quando você está mentindo – Disse Zoro bebendo de uma cerveja, como ele conseguiu aquela bebida mesmo sendo menor de idade? Ninguém sabe.

- Isso não é verdade, eu já consegui mentir várias vezes – Luffy disse com um biquinho, e de certa forma ele não estava errado.

  Luffy conseguiu esconder durante 2 anos de todas as pessoas ao seu redor que era trans, como também já teve que mentir algumas vezes sobre para quais lugares ele havia ido em certos momentos para a sua família, ele era um péssimo mentiroso, mas podia dizer que este era o único assunto em que ele conseguia mentir sem ser pego.

 - Então nos diga uma vez que você conseguiu mentir – Disse Nami se sentando em posição de índio, colocando as mãos em seus joelhos e se inclinando para frente, como se estivesse o desafiando.

- Houve uma vez em que eu falei para meu av- – Luffy arregalou os olhos ao perceber o que iria falar, ele não podia expor isso pois eles poderiam desconfiar.

Todos ali arquearam uma sobrancelha.

- Você falou para seu o que? – Perguntou Franky o olhando com os olhos semicerrados.

Merda, Luffy tinha falado demais.

 - Ah meu suco acabou, vou pegar mais na cozinha – Ele disse com um sorriso nervoso nos lábios enquanto tentava se levantar, apenas para ser parado por Carrot que o segurou pela gola.

 - Você não vai fugir Lara – Disse Carrot enquanto abraçava o pescoço dele.

- E-eu não posso falar – Luffy respondeu nervoso, olhando para qualquer lugar que não fosse para os olhos curiosos de seus amigos.

 - Por que você não pode contar para a gente Lara? – Perguntou Chopper enquanto se aproximava dela junto dos outros.

Merda, eles o cercaram.

 - É-é por que... – Luffy passou o dedo na própria gola de seu casaco enquanto tentava achar uma desculpa.

 - Oh, Lara-san tem um segredo? Yohoho quem diria. – Falou Brook parecendo divertido.

- Eu nunca achei que a Lara-chan pudesse ter segredos, ela costuma ser tão aberta e honesta – Falou Jinbe, as suas sobrancelhas estavam levantadas, mostrando que ele estava realmente surpreso com tal fato.

 A verdade é que Luffy iria contar da vez que acabou indo em uma loja para comprar um binder, isso ocorreu no último verão e ele estava de férias em outro estado, ele conseguiu usar a seu favor o fato que ninguém o conhecia para comprar um, no entanto seu avô acabou desconfiando e encontrou o binder no final de tudo, Luffy foi obrigado a mentir dizendo ser um top esportivo, mas o nervosismo em ser descoberto fez com que seu avô quase descobrisse que ele estava mentindo.

 Ele não poderia de jeito nenhum contar isso para alguém.

Muito menos para seus amigos.

 Agora todos eles estavam o cercando, ele ainda estava preso com Carrot abraçada em seu pescoço, então ele não poderia sair correndo dali.

 Perguntas e mais perguntas eram feitas, nenhum deles parecia perceber o desconforto de Luffy.

 Luffy sentia a palma das mãos suarem.

 Eles não podem descobrir.

Estava começando a ficar difícil de respirar,  Luffy sentia sua respiração ficar mais pesada a cada segundo.

 Eles não podem descobrir.

Seus olhos estavam começando a lacrimejar, Luffy queria sair dali, era como se houvesse uma pedra presa em sua garganta, impedindo ele de falar algo.

Eles não podem descobrir.

Seu estômago revirava, era como se tudo aquilo que ele comeu naquele dia tentasse escapar.

 Eles não podem descobrir.

O bile subiu pela sua garganta.


Eles não podem descobrir eles não podem descobrir eles não podem descobrir, eles não podem descobrir eles não podem descobrir eles não podem eles não podem eles não podem eles não podem eles não podem eles não podem eles não podem eles nã-

O som de um telefone tocando fez todos pararem com suas perguntas.

Estava vindo do bolso da calça de Luffy.

Luffy soltou um suspiro aliviado, antes de pegar o celular do bolso e olhar para a tela.

Vovô

Luffy franziu a testa, por que seu avô o estava ligando? Ele havia sido permitido ficar na casa de Vivi até as 22:00, e ainda eram 20:30.

- É meu avô – Disse Luffy para seus amigos – Eu preciso atender – Ele avisou.

 Carrot logo o soltou, e seus amigos o deram espaço para que ele passasse, todos ali sabiam o tipo de pessoa que Garp era, e não queriam arriscar que suas ações fizessem algum mal a amiga deles.

Luffy se levantou, e foi em direção a varanda na parte de trás da casa, e então ele atendeu.

- Alô? Vovô? Aconteceu alguma coisa? – Luffy perguntou, aproveitando o ar fresco daquela noite, olhando para as nuvens no céu, provavelmente choveria mais tarde.

- ...

Isso deixou Luffy confuso, seu avô não era um pessoa que costumava agir de forma tão quieta, a não ser que algo acontecesse.

- Vovô está tudo bem? Você precisa de al-

- Lara venha para casa. – A voz do homem mais velho estava séria.

- Vovô o que aconteceu? Ace e Sabo podem te aju-

- Estou dizendo para vir para casa Lara, quando você chegar conversaremos melhor – Ele disse a interrompendo, não dando explicações.

 - Mas vovô-

- EU DISSE PARA VIR PARA CASA MONKEY D. LARA, NÃO ME FAÇA REPETIR! SE VOCÊ NÃO ESTIVER AQUI EM ATÉ 20 MINUTOS EU MESMO IREI TE BUSCAR. – Luffy estremeceu, ele teve que retirar o celular de perto do ouvido com os gritos, ele sabia que seus amigos também ouviram.

- ... Okay vovô, logo estarei aí – Ele ouviu um barulho de compreensão do outro lado da linha antes da ligação cair, seu avô tinha desligado.

Luffy se sentiu nervoso, aquela mesma sensação ruim em seu estômago voltou, ele ainda não sabia o que tinha acontecido, mas seu avô estava bravo o suficiente para cogitar vir buscá-lo na casa de Vivi, então coisa boa não era.

Respirando fundo algumas vezes, Luffy guardou o celular no bolso da calça novamente antes de se virar e entrar novamente na casa, seus amigos ainda estavam reunidos na sala de estar, alguns sentados no chão, alguns no sofá e outros estavam de pé.

Ele estava certo no final, pelo silêncio e tensão no ar, era óbvio que eles tinham ouvido os gritos de seu avô, a varanda não era muito longe da sala de estar afinal.

- Pessoal, a festa foi divertida, eu realmente gostei muito, mas aconteceu alguma coisa em casa e eu tenho que voltar – Ele disse com um sorriso no rosto, ele não queria se mostrar abalado com aquilo.

- A-Ah, que bom que gostou Lara-san, foi realmente muito divertido, volte para casa em segurança – Disse Vivi se levantando do sofá e sorrindo nervoso para ele.

Luffy foi até a porta, e com um aceno final, ele saiu da casa de Vivi.

Enquanto caminhava, Luffy ficou pensando no que ocorreu na festa.

Ele apertou as mãos com força, ele não podia deixar de se sentir culpado.

Seus amigos estavam apenas curiosos, e mesmo assim ele agiu daquela maneira estúpida na frente de todos eles, Luffy sempre conseguiu manter a calma nesses momentos, então por que ele agiu daquele jeito?

Principalmente, como ele podia ficar daquele jeito com os seus amigos?

Seus amigos nunca iriam fazer algo propositalmente que o faria mal, ele sabia disso, e mesmo assim ele ainda quis fugir de seus próprios amigos, por causa da curiosidade deles.

- Eu sou um idiota. – Ele falou para si mesmo sentindo alguns respingos de chuva.

 Depois de alguns minutos ele finalmente chegou em casa, apenas as luzes do andar de baixo estavam acesas.

 A chuva estava aumentando gradualmente, então Luffy nem ao menos conseguiu se preparar e apenas foi em direção a casa para tentar não se molhar.

 Ele fechou a parte atrás de si e olhou ao redor, ele não viu seus irmãos e nem seu avô, onde eles estavam?

Luffy planejava olhar mais ao redor até ouvir o som da chaleira.

Ele rapidamente foi em direção a cozinha, pronto para ver o que estava acontecendo.

Ao chegar lá, não precisou nem olhar uma segunda vez para entender o motivo da raiva de seu avô.

De pé, ao lado do fogão, estava Sabo, ele estava mordendo o lábio e estava de braços cruzados.

Ace estava do outro lado, encostado no armário, sua boca estava em uma linha fina, ele estava com os braços apoiados no armário.

Mas o que deu calafrios a Luffy, não foi nenhum deles, mas sim a figura que estavam entre os dois.

Seu avô, Garp, estava sentado em frente a mesa, ambos os seus braços emcima dela e suas mãos estavam coladas uma nas outras, e a sua frente, uma pilha de roupas.

 A pilha de roupas que Luffy vinha comprando escondido durante todo esse tempo.

- Sente-se – Seu avô disse, e não foi um pedido, mas sim uma ordem.

 Receoso, Luffy foi em passos lentos e se sentou na cadeira do lado oposto que seu avô estava, de frente para o mesmo.

Vendo a forma como seus dois irmãos mais velhos estavam, ele sabia que eles não estavam bravos com ele, mas sim preocupados.

Afinal, todos ali sabiam como era Garp. 

Luffy se manteve em silêncio, ele não ousaria ser o primeiro a falar algo.

 - Eu perdi a minha carteira. – Começou Garp do nada, fazendo todos ali se assustarem com seu tom de voz.

 - Eu procurei pelo meu quarto e não achei, na cozinha e na sala, não estava em lugar nenhum – Ele disse casualmente, como se estivesse em uma conversa comum entre amigos.

- Foi quando eu lembrei de algo, qual dos meus netos tem um costume de roubar meu dinheiro e minha carteira? – Ele perguntou enquanto se encostava na cadeira.

- Ace e Sabo trabalham, ambos ganham seu próprio dinheiro, então só sobrava uma pessoa, Lara. – Ele disse olhando diretamente para Luffy.

Foi nesse momento que Luffy se lembrou.

Mais cedo, naquele dia,  Luffy guardou a carteira de seu avô em seu próprio guarda-roupa para usar o dinheiro depois, seu avô não se importava que ele pegasse algum dinheiro às vezes para comprar algo, então Luffy iria colocar no quarto dele logo depois de usar.

Mas Luffy esqueceu de guardar novamente.

Ele ficou animado com a festa na casa de Vivi, que mesmo depois de usar o dinheiro ele não guardou a carteira novamente e a deixou no guarda-roupa.

Ele apertou as mãos com força abaixo da mesa.

- Eu comecei a procurar, olhei a cômoda e não estava ali, vi as gavetas e também não estavam lá, foi quando resolvi olhar no armário – Ele soltou um suspiro.

- Eu abri o armário e procurei – Ele começou a mexer em seu bolso e jogou sua carteira na mesa – Eu achei ela, mas... achei tudo isso junto – Ele disse enquanto levantava os braços em direção às roupas que estavam na mesa.

 A maioria das roupas que estavam lá eram de marcas que vendiam apenas para o público masculino.

 - Agora Lara, você pode me explicar o que é isso? – Ele perguntou por fim.

Luffy não soube como responder.

 - Eu fui um avô bom sabe, criei você com todo o carinho mesmo depois do seu pai morrer de forma tão idiota – Luffy arregalou os olhos quando ouviu isso, seu pai não era alguém da qual ele gostava de falar, pois a dor de sua morte ainda estava lá mesmo depois de tanto tempo.

- Eu até mesmo deixei você ficar com o cabelo curto, mesmo sendo contra, por que você parecia mais feliz.

- Mas isso – Ele levantou e bateu as mãos com força na mesa – O QUE DIABOS É ISSO LARA? – Luffy se encolheu, ele se assustou com os gritos.

- Eu te criei para ser uma boa garota Lara, deixei você brincar com os meninos algumas vezes, deixei até mesmo você parar de usar saias e vestidos, AGORA ISSO, EU NÃO IREI DEIXAR – Ele disse completamente irritado.

 Sabo e Ace se manterem em silêncio, nenhum dos dois queria lidar com a fúria de Garp.

- QUER DIZER QUE TODO O DINHEIRO QUE EU DEIXEI VOCÊ GASTAR, VOCÊ GASTOU COM ISSO? – Ele saiu de onde estava sentado, dando a volta na mesa e apontando para a pilha de roupas – QUER DIZER QUE QUANDO NÃO ESTOU EM CASA VOCÊ USA ESSAS... ESSAS ROUPAS COMO SE FOSSE UMA SAPATÃO??

- Não me diga Lara, não me diga que você é essas coisas, eu não te criei assim – Ele falou ainda esperando uma resposta.

Luffy tremia, ele não conseguia responder.

 Garp deu outro tapa na mesa, este na frente de Luffy, que se assustou e pulou da cadeira.

- MONKEY D. LARA ME RESPONDA, EU NÃO VOU DEIXAR VOCÊ AGIR COMO ESSAS COISAS NOJENTAS – Ele empurrou a cadeira, se aproximando de Luffy.

- Eu.. Eu não sou vovô... – Ele falou baixo, quase em um sussurro.

- O que você disse??

 - Eu disse que não sou vovô!! É só que... eu prefiro me vestir assim, e-e eu sabia que você não gostaria que eu usasse essas roupas, e-então eu comprei escondid-

Um som de estralo pode ser ouvido por todo o cômodo.

Luffy caiu no chão, sentindo a sua bochecha formigar.

Sabo e Ace rapidamente se moveram, Ace foi até seu avô para tentar afasta-lo, enquanto Sabo foi até Luffy para ajudá-lo a levantar.

- VOCÊ É UMA IMUNDA LARA, IMUNDA! EU TINHA CERTEZA QUE AQUELAS SUAS AMIGAS NÃO ERAM BOA INFLUÊNCIA, ELAS ANDAM PARECENDO UMAS PROSTITUTAS, ELAS TE CORROMPERA-

- PARA DE FALAR ASSIM DELAS – Luffy gritou olhando-o irritado – MINHAS AMIGAS NÃO TEM MERDA NENHUMA A VER COM ISSO, E EU ME VISTO ASSIM POR QUE EU QUERO - Luffy gritou o olhando com olhos cheios de raiva.

 - Vovô vamos nos acalmar por fav- – Ace tentou falar com o homem apenas pra ser abruptamente empurrado para longe, caindo de bunda no chão.

 ‐ OLHA COMO VOCÊ FALA COMIGO – Garp gritou avançando para cima dela, apenas para ser parado por Sabo que se jogou na frente.

- EU IREI FALAR ASSIM ATÉ VOCÊ PARAR DE FALAR MAL DOS MEUS AMIGOS – Luffy gritou sentindo lágrimas começarem a escorrer de seus olhos.

- VOCÊ É UMA DECEPÇÃO LARA, VOCÊ DEVERIA TER IDO JUNTO COM SEU PAI NAQUELE ACIDENTE, ASSIM EU NÃO TERIA QUE LIDAR COM UMA SAPATONA NOJENTA QUE NEM VOCÊ- – Os olhos de Garp se arregalaram antes dele fechar a boca.

 Tanto Ace como Sabo olharam com olhos arregalados para o homem mais velho.

- N-não foi isso que eu quis dizer Lar- – Garp foi rápido em tentar se explicar

- Você me odeia tanto assim...? Você quer tanto que eu morra...? – Perguntou Luffy olhando para Garp, ele sentiu algo quebrar dentro de si, seu avô acabou de admitir que desejava sua morte.

 - Lara eu- – Luffy não terminou de ouvir o que seu avô tinha a dizer, antes de passar por todos os três na cozinha e ir em direção a porta da frente.

Ignorando tudo que sua família falava atrás de si, Luffy saiu de casa, uma grande chuva já tinha começado, mas ele não se importou, ele continuou andando sem se importar se fosse se molhar.

As lágrimas que escorriam do seu rosto eram camufladas com as gotas de chuva que caiam em seu rosto.

Se Luffy não fosse assim, nada disso iria acontecer.

Se Luffy não fosse essa aberração ele não teria que mentir constantemente para todos a sua volta, ele não teria que ter medo de ser uma decepção para seus irmãos mais velhos, ele não teria que ficar receoso com seus amigos com o medo de ser abandonado.

As palavras de seu avô rondavam a sua mente sem parar.

"VOCÊ É UMA IMUNDA."

"VOCÊ É UMA DECEPÇÃO"

"NOJENTA"

"VOCÊ DEVERIA TER IDO JUNTO COM SEU PAI NAQUELE ACIDENTE"

Luffy cambaleava, ele não estava conseguindo mais se manter em pé, ele olhou os seus arredores e percebeu que não reconhecia o local, ele não sabia dizer por quanto tempo andou, talvez por segundos ou horas, mas ele também não conseguia se importar.

Tinha várias árvores ao seu redor e alguns bancos, ele estava em um parque.

Dando mais alguns passos, Luffy finalmente caiu no chão, seu estômago revirava, sua visão estava turva, ele sentia seu corpo inteiro queimar.

O bile subiu pela sua garganta, e não aguentando mais segurar, Luffy soltou tudo, toda a comida que ele comeu naquele dia, sua garganta ardia, e as lágrimas nunca paravam de rolar.

Sua respiração estava desregulada, ele olhou para os restos do que em um momento foram as comidas que ele comeu, mas ele não se importou.

Ele não conseguia se importar com nada.

Luffy tentou se levantar, apenas para escorregar na grama molhada, ele não conseguia ver nada, sua visão estava embaçada.

Você é tão inútil que não consegue nem ao menos se levantar sozinho.

Luffy sentia uma textura estranha em casaco, apenas para ver que caiu emcima do próprio vômito.

 Você é um idiota, seu avô não mentiu quando te chamou de nojento.

Luffy apertou com força a grama, ele sentia a ponta de seus dedos doerem, ele mordeu seus lábios, sentindo o sangue escorrer pelo seu próprio queixo.

Luffy não aguentava mais.

Ele se odiava.

Ele queria morrer.

Um grito alto e quebrado pode ser ouvido, apenas para ser abafado pelo som da chuva.

Luffy gritou o máximo que podia, ele gritou até suas cordas vocais doerem, até não ter mais forças para ao menos dizer uma sílaba.

Com dificuldade, ele finalmente conseguiu se levantar, ignorando totalmente o vômito colado em seu casaco, ele continuou andando.

Saindo do parque, ele viu a rua vazia, as luzes dos postes estavam apagadas, era como se tudo estivesse contra ele naquele momento.

Luffy se sentia sozinho.

Continuando a andar, sem ter certeza para onde estava indo, Luffy apenas seguiu seu próprio instinto, ele não se importava se iria se perder.

As lágrimas haviam parado de cair, era como se seus olhos não tivessem mais lágrimas, como se ele tivesse gastado todas as lágrimas que tinha.

Embora fosse incomum, essa sensação de seus olhos arderem não era totalmente desconhecida.

Ele se lembra vagamente de chorar dessa mesma maneira quando descobriu da morte do seu pai.

 Ele chorou  assim também em seu velório, e nos próximos 3 meses adiante.

E mesmo não sendo igual antes, Luffy ainda chorava dessa maneira em alguns dias.

Olhando para cima ele pode ver uma conhecida ponte.

Luffy se lembrava vagamente desta ponte, a parte leste e oeste da sua cidade acabam sendo conectadas por essa única ponte, Luffy se lembra de passar algumas vezes de carro nela quando iria viajar no verão com sua família.

 Andando pela calçada que tinha ali, Luffy observava o rio abaixo dele, a água estava movimentada por causa da chuva, haviam várias ondas.

Se apoiando na pequena parede, Luffy percebeu que não tinha nenhuma grade que impedia de passar para o outro lado.

"VOCÊ DEVERIA TER IDO JUNTO COM SEU PAI NAQUELE ACIDENTE"

A respiração do Luffy estava trêmula, ele colocou suas duas mãos emcima do pequeno muro e então levantou seu corpo, passando sua perna esquerda para o outro lado.

Luffy sentia suas mãos tremerem, mas isso não o impediu, ele apoiou suas duas mãos no muro e com extremo cuidado se levantou, ficando completamente de pé emcima do muro.

Um único passo em falso poderia ser a sua morte.

Mas Luffy não conseguia se importar

Luffy não tinha que se preocupar em ser visto, aquela ponte costumava ficar vazia durante a noite, por causa da quantidade de acidentes que já aconteceram nela durante o horário noturno.

Olhando para baixo, Luffy sentiu um arrepio subir pela sua espinha, suas mãos tremiam mais e mais, ele sentia suas pernas fraquejarem, como se fossem gelatina.

A imagem de seus amigos, de sua família passavam como flash em sua mente.

Seu pai.

Luffy estaria se juntando a ele em breve.

Tirando seu chapéu de palha, Luffy olhou para ele, foi a única coisa que sobrou de seu pai depois que ele partiu, aquele era o mais bem precioso de Luffy.

Ele colocou em seu peito, e fechado os olhos, ele suspirou, ele finalmente iria fazer isso.

Colocando um pé para fora de borda, Luffy estava pronto para cair.

Ele estava pronto para abandonar tudo.

Embora pequena, Luffy não se arrependeu de nada em sua vida, todas as suas escolhas e decisões, todas as pessoas que conheceu, Luffy foi feliz, mesmo escondendo uma parte de si mesmo.


Ele mentalmente pediu desculpas a todos.

Mas então algo o impediu.

 Ele sentiu algo agarrar seu pulso e o puxar para trás, ele quase soltou seu chapéu de palha.

Luffy cambaleou para trás, quase caindo no chão no processo, mas foi impedido de cair quando bateu em algo, Luffy abriu os olhos surpreso, dando de cara com o peitoral de uma pessoa.

Ele sentiu duas mãos em seus ombros.

Olhando para cima ele deu de cara com dois olhos dourados e arregalados o encarando.

- QUE MERDA VOCÊ TÁ FAZENDO? – O homem desconhecido gritou, apertando com mais força os seus ombros.


Notas Finais


Aqui está mais um capítulo para vocês pessoal, espero que tenham gostado!!

Peço desculpas pela demora na atualização, tive algumas coisas para resolver e não tive oportunidade para atualiza-la.


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