O som suave de sinos ecoava pelo pequeno salão do Dawn Grape’s Paradise, acompanhando o barulho constante das xícaras tilintando e o murmúrio das conversas descontraídas. Aquele café não era apenas um refúgio da vida caótica na agitada cidade de Mondstadt; era um santuário. Suas paredes, decoradas com tons pastéis e enfeitadas com uvas artificiais que pendiam delicadamente do teto, contrastavam com as roupas chamativas das atendentes que desfilavam pelo local, como empregadas. Todos com um sorriso encantador no rosto, prontos para atender seus clientes com um carinho que beirava o exagero.
Venti, o favorito de muitos, navegava pela sala com sua usual graça quase etérea, recebendo elogios e palavras doces de ambos os sexos. Seu apelido, "O Anjo de Preto", não era dado à toa. Sempre que ele passava, uma aura encantadora parecia tomar conta do ambiente, fazendo os clientes se sentirem abençoados com seu sorriso — nem que fosse por um breve momento em suas vidas ordinárias. Diferente de Mona, onde seu charme era unicamente em receber todos com uma expressão de desgosto na cara, ainda assim, fazia um bom trabalho em chamar atenção com sua beleza mística. A prova disso era sua cliente favorita, Fischl. Uma menina loira e aparentemente muito rica, sempre gastando seu dinheiro com fotos particulares, ou simplesmente dando toda gorjeta entre os peitos de Mona.
Ao fundo, Lisa observava da cozinha, um sorriso malicioso brincando em seus lábios enquanto preparava um pedido especial. “Movimentado para uma terça-feira”, murmurou para si mesma, satisfeita com o fluxo constante de demandas. Ela sabia que, apesar de todos os funcionários talentosos, o que fazia um Maid café tão especial era a dedicação coletiva. Sua atenção foi atraída quando ouviu uma voz masculina no salão, pedindo que a empregada Bárbara cantasse uma canção. A loira era uma graça, com sua fofura extraterrestre, concordou hesitante, mas todos sabiam que sua voz angelical era uma das atrações mais esperadas de qualquer dia.
Na entrada, Jean, a responsável pelo caixa e a ordem no local, observava com atenção a sua irmã mais nova, garantindo que nenhum espertinho tirasse vantagem dela. Ela era a figura de autoridade, sempre pronta para resolver qualquer problema com um sorriso calmo e assertivo. Ao ver Noelle tropeçar levemente ao receber um novo cliente, Jean apenas balançou a cabeça, contendo o riso. “Cuidado”, ela pensou, sabendo que a garota se recuperaria rapidamente. Sucrose, mais ao fundo, parecia aliviada por um detalhe que passou despercebido pela maioria, mas não para a segurança. Jean sabia sobre o cliente de olhos azuis e cabelos loiros, que fazia o coração da esverdeada disparar e seu rosto corar, ele não tinha aparecido hoje. Talvez por isso, seu dia estava indo sem grandes desastres.
Porém, entre todos os clientes, havia uma presença que sempre fazia o ambiente mudar drasticamente. Quando Kaeya atravessou a porta naquela tarde, era fato de que, o dono do estabelecimento viria à loucura. Quando passou pela entrada, o homem alto de pele morena, sorriso malicioso e olhos que pareciam ver além do óbvio, não passou despercebido por ninguém com seu usual blazer azul e calça slim marcada, dando um acentual no decote da camisa branca por baixo. Diluc sentiu um calafrio familiar percorrer sua espinha. Ele estava ao lado de Jean, contando o lucro da manhã, quando viu seu karma entrar, cumprimentando-o com um sorriso charmoso demais para aquele bairro humilde.
— Boa tarde, senhor Diluc — disse Kaeya, em um tom que, para qualquer outra pessoa, soaria educado, mas que para o dono do café tinha um subtexto provocador. Diluc apenas arqueou uma sobrancelha, sua mão inconscientemente apertando a caneta que segurava.
Kaeya Alberich era um cliente peculiar, não apenas por ter sido criado como irmão adotivo do Ragnvindr, como também por ter desaparecido depois que se formou, passando mais de dez anos no exterior ganhando o mundo, mas agora voltando para seus dias onde ver Diluc, era o ponto alto da sua rotina. Frequentava o café quase todos os dias, mas nunca se importou em ser atendido pelas empregadas, que colocavam tanto esforço no trabalho. Ele sempre se sentava em um canto, com seu notebook à frente, trabalhando em silêncio. Mas havia um detalhe irritante nas suas ações, pois Kaeya só aceitava fazer pedidos se fosse Diluc quem o atendesse.
— Ele é ridículo — pensava alto, toda vez que precisava deixar seu trabalho original, para caminhar até a mesa de Kaeya e anotar um simples e maldito café. Hoje, ao vê-lo sentar-se no canto de sempre, Diluc sentiu um impulso desconfortável. Poderia fingir que não o viu, deixar que Jean ou qualquer outro funcionário lidasse com a arrogância, ou simplesmente o expulsasse de vez. Mas sabia que isso apenas alimentaria o jogo que o desgraçado parecia tanto gostar.
O ruivo respirou fundo, tentando controlar o irritante aperto no peito que surgia sempre que o via. Ele não podia negar que Kaeya tinha um carisma que atraía a atenção geral, mas a forma como ele se inseriu no café era provocante até demais, sorrindo com os olhos, mexendo nos dedos com uma falsa inocência, cruzando as pernas em realce da coxa malhada, isso tudo o deixava pensativo sobre as intenções do desgraçado.
— Posso ajudá-lo, senhor Kaeya? — perguntou, aproximando-se da mesa com seu rosto rígido. — Ou só vai utilizar meu local de graça?
— Ah, Diluc, você está adorável hoje — Kaeya sorriu de lado, largando o notebook e olhando para ele com uma felicidade que o incomodava. — Pensei que não fosse me notar, sabe como me entristece quando você me ignora. Já estava achando que teria que chamar um dos outros atendentes. Não que isso fosse ruim, claro. Mas, com você, a comida ganha um... sabor diferente.
Diluc travou a mandíbula.
— O de sempre, imagino? — perguntou, ignorando a insinuação perigosa. Em sua cabeça, não se pode dar palco para malucos.
Kaeya fingiu pensar por um momento, antes de responder com uma voz arrastada.
— Na verdade, que tal você escolher algo pra mim hoje? Confio no seu bom gosto. — piscou o olho visível, sorrindo bobo com a própria frase.
Aquilo fez o sangue de Diluc ferver. Ele sabia que qualquer resposta, só alimentaria alguma provocação futura. Mas antes que pudesse responder, percebeu algo curioso. Os outros clientes e até alguns funcionários, observavam a interação inusitada com sorrisos divertidos. Aquilo estava se tornando uma espécie de piada interna entre todos – menos para ele. Suspirou, não acreditando na infantilidade alheia.
— Então, café puro? — Diluc cortou seco, decidindo que dar corda para Kaeya seria a única opção, afinal, jogar uma cadeira na cara de um cliente pegaria muito mal para sua imagem.
Kaeya deu um riso leve, como se esperasse aquela frase.
— Perfeito, Diluc. Você sempre sabe o que eu preciso. Se bem que… vi um anúncio de sobremesas novas, talvez eu queria alguma delas.
Kaeya cruzou os braços com um sorriso travesso, observando o ruivo terminar de anotar o que ele sempre pedia. Mas, dessa vez, decidiu que não existe momento certo para mostrar o motivo de estar ali, decidindo impedir o Ragnvindr de ir embora apressadamente.
— Espere um momento, Diluc. — o empresário inclinou-se levemente sobre a mesa, retirando da sua bolsa um pacote de presente cuidadosamente embalado. Ele o entregou com uma expressão teatralmente inocente. — Antes de me servir, quero que aceite isso. Fiz especialmente para você, gostaria que usasse pra mim enquanto estou aqui.
Diluc travou com desconfiança, a mão pairando sobre o pacote enquanto desejava inútilmente ser algo normal. Os olhos azuis brilhavam de antecipação, observando cuidadosamente o perigo em sua frente, enquanto esconde o próprio sorriso por trás das falanges. O ruivo pegou o presente, obviamente hesitante, e começou a abrir, atraindo a atenção dos curiosos mais próximos. Ao desembrulhar o conteúdo, ficou imóvel. Seus olhos se arregalaram em um misto de perplexidade e indignação, perguntando-se onde errou na vida.
Era um traje de empregada, feito sob medida — apenas — para ele.
Por cima do tecido havia um bilhete escrito em letras elegantes que ele conhecia muito bem.
"Se você usar o traje por apenas um turno e me servir, prometo que nunca mais o incomodarei… pelo menos no café."
Diluc fechou os olhos por um instante, lutando contra o impulso de jogar a porcaria da roupa na cara de Kaeya. Mas havia algo na proposta que o intrigava profundamente, apenas pela ideia de que poderia ser manipulado tão facilmente por um jogo infantil. E, ao mesmo tempo, a oportunidade de se livrar definitivamente daquele cliente irritante, ao que parecia tentadora demais.
Com um suspiro pesado, ele apertou o traje nas mãos, bufando de irritação.
— Você acha que isso vai me envergonhar? — perguntou com a voz firme, arqueando uma sobrancelha e sentindo as pupilas afiadas fixos nele.
Kaeya apenas deu de ombros, com seu sorriso transbordando um cinismo irritante.
— Não saberemos até você tentar, não é?
O orgulho de Diluc falou mais alto que sua razão. Se isso encerraria as provocações ridículas do estupido pavão, então valia o preço. Ele virou o calcanhar, andando em direção ao vestiário sem dizer mais uma palavra, mas sentiu o olhar curioso de Jean e os sussurros abafados dos outros funcionários se perguntando o que aconteceria.
Alguns minutos depois, o salão inteiro mergulhou em um silêncio tenso quando o dono do estabelecimento saiu do vestiário. Ele vestia o traje de empregada completo, um avental branco impecavelmente passado, a saia longa revelando suas panturrilhas fortes e a meia-calça que mal cobria seus joelhos. O adereço de cabelo dava um toque final irônico à sua figura, normalmente carrancuda e encapetada. Mas, em vez de parecer ridículo, Diluc... estava impressionantemente bem, seu rosto sério tinha um leve rubor, enquanto as mãos ajustavam o laço de trás para que ficasse certinho. Um homem metódico, apesar de qualquer humilhação grátis.
Lisa, que estava perto da cozinha, soltou uma risada baixa, balançando a cabeça pela cena. Jean, por outro lado, ficou completamente boquiaberta, segurando a boca atrás do balcão para ninguém notar a gaitada que ela deu. Os clientes não sabiam se riam ou admiravam a visão inesperada, já que todo o público feminino estava quase caindo das cadeiras de tanta beleza exposta.
Kaeya, que sempre manteve o controle em suas provocações, por um breve momento quase soltou uma chuva de elogios, reprimindo a velha vontade de enaltecer a perfeição em forma de Diluc Ragnvindr. Seus olhos, levemente arregalados, examinavam a figura dos pés à cabeça. Os cabelos ruivos foram puxados para trás em um rabo de cavalo, enquanto uma confiança inabalável surgiu nas íris carmesins. Talvez porque conseguiu tirar uma reação cômica do azulado, que sempre está seguro de si, mas que ficou visivelmente vermelho, como se tivesse acabado de testemunhar algo inusitadamente celestial. Traduzindo, seu coração poderia não aguentar até o fim da tarde.
Diluc caminhou na direção de antes com passos firmes, sua expressão tão impassível quanto gostaria de demonstrar, mas os lábios franzidos davam um disfarce óbvio do desagrado. Parando diante de Kaeya, ele se inclinou ligeiramente e, com uma formalidade forçada, disse em um tom que beirava a ironia.
— Mestre, qual será o seu pedido de hoje? — indagou, apertando a caneta entre os dedos.
— S-Sim?
Ele engoliu em seco, incapaz de manter o flerte desenfreado que tanto o caracterizava. O ar faltou, sentindo a boca ressecar e o calor subir pela orelha. Numa tentativa falha de espantar o nervosismo, apanhou o cardápio amarelo em cima da mesa, abrindo e se deparando com um menu de cabeça pra baixo. Xingou-se mentalmente antes de consertar seu erro, passando os olhos entre as opções antes de responder à primeira que veio em mente.
— Eu... eu aceito o especial sundae da casa, haha… — respondeu finalmente, tentando recuperar o fôlego e a compostura, mas era evidente que estava lutando para não desmoronar ali mesmo. As mãos suavam, os dentes mordiam a carne por dentro e os pés não paravam de balançar. Poderia cair um meteoro ali mesmo e, ainda assim, ele morreria feliz sem precedentes.
Diluc ergueu uma sobrancelha, satisfeito com o desconcerto de Kaeya, e saiu para a cozinha, onde Lisa o aguardava com um sorriso de pura diversão.
— Você realmente se superou, chefe. — comentou, rindo enquanto preparava a sobremesa. — Quem diria que você ficaria tão... unicamente fofo?
Diluc apenas bufou, cruzando os braços enquanto esperava.
— Isso não é sobre mim, sua bruxa. — respondeu ele, um toque de irritação em sua voz. — É sobre acabar com essa brincadeira de uma vez por todas, não aguento mais ele vindo aqui, não consigo me concentrar em nada… — sussurrou a última parte, verificando se alguém o escutou.
Lisa apenas riu de canto a canto, por fim, entregando o pedido na pequena janela entre eles.
— Bem, seja o que for, parece que você finalmente tem a vantagem.
— Espero.
Diluc voltou à mesa de Kaeya, carregando o sundae numa bandeja com a mesma postura implicante de antes, um leve sorriso adornando seus lábios enquanto os olhos ameaçavam qualquer um de morte. Ele estava, pela primeira vez, jogando o jogo de volta. Ao colocar a sobremesa no espaço vazio, inclinou-se novamente e, com uma voz rouca, fez questão que somente o empresário escutasse.
— Espero que esteja do seu agrado, mestre.
Kaeya abriu a boca algumas vezes, mas nada saiu. Ele olhou a textura do gelado, admirando as linhas da calda de morango em formato de coração por toda parte, perguntando-se o que seria proposital ou não. Novamente levantou a cabeça, o suficiente para admirar a visão de um peitoral quase exposto, os ombros largos expandindo o tecido da manga curta, dando brilho ao músculo. Arfou em conjunto, desviando sua atenção para qualquer canto que não fosse os lábios chamativos, provavelmente tão quentes quanto seu baixo ventre nesse momento.
— Sabe, Diluc... — Kaeya finalmente murmurou, pegando a colher com uma mão visivelmente trêmula. — Você realmente sabe como virar o jogo, não é? Digo… quer tanto assim que eu pare de ver você? — A voz saiu tão fraca, que era possível visualizar orelhas de gato para trás, como se estivesse realmente triste.
O ruivo cruzou os braços, com o uniforme de empregada balançando levemente com o movimento. Ele pensou na resposta mais viável, já que eles poderiam se ver todo santo dia no apartamento que dividiam. O que custava respeitar o espaço pessoal de trabalho?
— Talvez você devesse pensar melhor antes de fazer uma proposta sem vantagens, Kaeya. — respondeu ele, com um sorriso malicioso nos lábios. — Agora aproveite sua sobremesa. Este pode ser seu último pedido aqui.
Kaeya engoliu seu ego, ainda desacreditado pela atitude inflexível do outro. E ele gostava dessa sensação, enquanto saboreava lentamente o sabor de caramelo, sentindo a garganta refrescar ao passo que seus olhos miravam com interesse nas mãos ocupadas de Diluc. Imaginou ambas passeando em seu corpo. O homem permanecia ao seu lado, impassível, buscando não enlouquecer com a visão de baixo, Kaeya lambuzava os lábios de sorvete, claramente provocador, enquanto os dedos rebeldes tocavam nos babados da saia que o ruivo vestia. A satisfação que sentia era palpável; ele tinha imaginado aquela cena repetidas vezes em seu quarto nas últimas semanas.
Diluc, cruzando os braços, ergueu uma sobrancelha.
— Está gostoso? — ele perguntou, tentando manter a seriedade.
Kaeya, com um sorriso que exalava desejo mal contido, respondeu manhoso.
— Você está.
Diluc rosnou, sua paciência se esgotando.
— Eu estou falando do doce que você está comendo.
— E eu estou falando, do quanto fica lindo com as roupas que escolho pra você.
Kaeya ficou visivelmente envergonhado com a própria frase, um rubor charmoso colorindo suas bochechas, junto a tosse que deu. Ele se apressou em dar outra colherada no sundae, desviando o olhar da expressão vulcânica em erupção.
Eles permaneceram em silêncio até que o turno chegasse ao fim, e Kaeya, ainda um pouco abalado por acabar seu café por último, se levantou para pagar a conta no balcão, Jean sempre era um amor consigo, fazendo um joinha com a mão por ter conseguido um avanço bom depois de meses. Com certeza não era fácil ter a atenção que desejava, quando a fonte de carinho vem de um homem ocupado demais e que chega tarde em casa.
Ao caminhar em direção à saída, algo mudou no semblante quando notou Diluc o acompanhando até a porta. Mais sério do que nunca, ele se aproximou do ruivo, com seus olhos brilhando ao ficarem sozinhos por alguns segundos.
— Acho que vou ter que arranjar outra desculpa para você se vestir assim, não é? Ou quem sabe, ainda posso aparecer uma vez na semana?
Diluc olhou ao redor, certificando-se de que ninguém estivesse prestando atenção neles. Ele se inclinou ligeiramente para que apenas Kaeya pudesse ouvir e, com um sorriso ladino, murmurou roucamente.
— Vamos ver se você consegue ser mais criativo da próxima vez. Mas por hoje… estarei atrás da loja te esperando, ainda não terminei meu serviço com você.
Kaeya tinha o coração acelerado e não pensou duas vezes, saindo em disparada daquela rua com seu carro, deixando Diluc em uma mistura de colapso nervoso e uma sensação inesperada de antecipação. Ele não conseguia negar que algo dentro dele o impulsionava para ver até onde essa tensão entre eles poderia ir, culpando a falta de tempo que tiveram para ficarem juntos na última semana.
Quando Diluc foi até os fundos para "jogar o lixo fora", ainda vestindo o traje de empregada, ele mal teve tempo de se livrar da sacola antes de sentir uma mão firme deslizando sob sua saia. Ele se virou bruscamente, apenas para se deparar com Kaeya, que segurava sua cintura e o puxava para mais perto. O beco estava vazio, isolado dos olhares curiosos.
— Kaeya, o que você pensa que está-? — Diluc tentou falar, mas foi interrompido pela proximidade repentina dos narizes se encostando, antes do empresário apoiar a cabeça em seu ombro, respirando pesadamente.
— Você está tão lindo, Luc. Deuses, como você é perfeito — Kaeya murmurou contra a pele exposta, os olhos azuis semicerrados, fixos na curvatura do pescoço grosso. Ele se aproximou mais, seus dedos pressionando o pomo de Adão enquanto a outra se enroscava na saia, permitindo seu corpo de ficar pressionado contra o do ruivo.
Diluc olhou de lado, seu olhar se perdendo no único olho visível de Kaeya, parcialmente coberto pelos cabelos. Um desejo que ele mal controlava começou a surgir. Queria deslizar os dedos por entre aqueles fios azuis, mas foi surpreendido pela impulsividade de Kaeya, que o empurrou gentilmente contra uma parede de tijolos. Antes que pudesse protestar, decidiu trocar de posição e o ergueu facilmente, fazendo com que as pernas envolvessem sua cintura.
— Kaeya… — Diluc sussurrou contra o queixo moreno, com seu tom de rosnado.
Os olhos azuis estavam nublados enquanto ele se inclinava para roubar um beijo. Não um simples toque de lábios, mas um impacto intenso, profundo, que fez Diluc ofegar contra os primeiros segundos. A língua de Kaeya explorava a boca alheia, contra todas as reservas e espaço que tinha.
O ruivo logo sentiu os dedos finos cravarem em seus ombros, deixando o movimento de lábios retribuírem com urgência. A mistura de calor e desejo era esmagadora, e Diluc sentia o corpo inteiro tremer com a intensidade da troca.
— Luc… Volte comigo, não me deixe sozinho naquela cama, por favor… — suplicava ao conseguir respirar.
Kaeya arfou com o aperto em sua cintura, mal conseguindo conter um gemido satisfatório. O impulso de descer e levar Diluc até seu carro naquele estado, era quase incontrolável. Mas ele se forçou a parar antes que algo mais intenso pudesse acontecer, principalmente por causa do local e da hora. Ele sabia que qualquer coisa ali poderia ser... mal interpretada.
Diluc, um pouco mais ofegante, afastou suas cabeças por um breve momento, mordendo a própria boca internamente, com o olhar de quem não sabia o que fazer. Kaeya sentiu que poderia perder o controle naquele mesmo instante, mas foi interrompido pelo som da porta dos fundos se abrindo.
— Diluc, você esqueceu de levar as duas sacolas. — Lisa apareceu na porta dos fundos, carregando outro lixo nas mãos. Seu olhar caiu sobre a cena, com seu chefe ainda segurando o cliente contra a parede. Ela abriu a boca antes de fechar novamente, sua expressão misturando diversão e espanto. — Ah, agora entendi tudo. — Ela riu e jogou a sacola no lixo onde deveria, virando-se casualmente. — Tire o resto do dia de folga, senhor. Parece que você está precisando. — a mulher piscou e desapareceu por onde veio, deixando os dois vermelhos demais para reagirem.
Kaeya riu nervosamente enquanto descia do colo confortável, enquanto Diluc, visivelmente constrangido, afastou-se, ajustando as roupas. O olhar do empresário, no entanto, se voltou para seu carro, estacionado na frente do beco. Ele inclinou a cabeça levemente, com um sorriso malicioso brincando em seus lábios.
— Acho que deveríamos terminar isso em outro lugar, não? — sugeriu amistoso, sua voz enchendo de expectativa.
Diluc bufou pela pergunta previsível, revirando os olhos em resposta. Apesar disso, havia um brilho de aceitação em suas orbes carmesins. Sem dizer nada, ele andou até o estúpido Porsche azul, e Kaeya rapidamente abriu a porta para ele.
— Você sabe que eu tenho duas mãos e sei usar, certo? — comentou, subindo no veículo luxuoso.
— Claro que sei. Mas onde estaria a graça em tratar uma adorável Maid desta forma, se eu posso agradá-la? — Kaeya respondeu com uma piscadela, fechando a porta suavemente.
Enquanto dava a volta para entrar no carro, Diluc cruzou os braços, olhando sempre para a frente, sentindo o coração disparar freneticamente, apenas por ouvir a voz grave do maldito pavão ao seu lado. Estava levemente ansioso, ainda por se recuperar do beijo na parede e do pequeno flagra da Lisa. Ele com certeza iria fechar a boca da bruxa com o que ela quisesse no dia seguinte, nem que fosse um aumento no salário.
{...}
No dia seguinte, todos os funcionários estavam sabendo do ocorrido por trás das paredes.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.