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História Belas Criaturas (fanfic Lady Dimitrescu) - Fugindo - História escrita por Arwen_Nyah - Spirit Fanfics e Histórias
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História Belas Criaturas (fanfic Lady Dimitrescu) - Fugindo


Escrita por: Arwen_Nyah

Notas do Autor


Esses estão sendo os piores dias da minha vida. Não quero expor aqui, então por favor, entendam se eu precisar de uma pausa.

Como minha vida está uma confusão e estou vivendo cada dia como se fosse o último, não consegui revisar o cap, só queria atualizar pra vocês.

Depois eu volto corrigindo os errinhos, por favor, me perdoem por isso.

Por favor, comentem e me ajudem pq esse momento tá muito ruim e estou precisando de cada migalha pra me animar.

Boa leitura

Capítulo 58 - Fugindo


Toda a sua vida foi uma grande desventura, ou pelo menos foi o que Ava pensou ao observar o pequeno – e estranho – grupo de pessoas que a rodeava, mas as coisas escalaram rapidamente em questão de proporção e era como estar em um segundo nível do inferno.

Ava ainda não se sentia completamente no controle do próprio corpo, o veneno parecia percorrer suas veias tal qual uma serpente pronta para destruir tudo ao alcance das presas maléficas e ela pode senti-lo se espalhando, além disso, sua cabeça doía como há muito tempo não acontecia; uma memória antiga foi evocada das profundezas onde Ava fez questão de enterrá-la, a sensação de ser infectada em um laboratório da Umbrella foi mais brutal e dolorosa do qualquer coisa que um ser humano comum seria capaz de suportar; lembrou-se exatamente da dor, dos enjoos, da queda de cabelo e de como seus dentes pareciam moles na boca. Ainda assim teve sorte, outras crianças morreram após a primeira aplicação do vírus e essas foram ainda mais sortudas, outras desenvolveram pústulas que ao estourar espalhavam uma secreção fétida, inúmeras outras sofreram mutação e precisaram ser acorrentadas enquanto gritavam de dor.

Uma simples dor de cabeça não era tão ruim, e só podia imaginar que seu corpo (mais forte e perfeito, dissera o Dr. Isaacs), estava lutando com o invasor e logo o venceria.

Mesmo tendo certeza absoluta de que o veneno daquela porcaria de planta não seria o suficiente para derrubá-la, Ava não conseguiu deixar de se sentir um fracasso completo. Não tinha ideia de onde sua equipe estava, não havia o menor sinal dos outros e isso a deixou presa com aquelas pessoas que, sendo bastante sincera, não serviam de grande coisa; Alice, é claro, era uma exceção, e Claire já demonstra ser uma força que não podia ser simplesmente parada e se Ava fosse dar o braço a torcer, Jill Valentine parecia um soldado competente. Mas os outros dois? Uma piada completa e quanto antes se liberassem deles, melhor seria.

E Elyna. De todas as pessoas irritantes da face da terra, Ava acabou presa com a maior delas; estavam literalmente no meio de um inferno e Elyna parecia tirar piadas sem graça de uma cartola metafórica para usar a qualquer momento, também desenvolveu o hábito irritante de se colocar na frente de Ava como se ela não tivesse capacidade para se cuidar sozinha.

Pelo menos Elyna lhe deu um tempo ao sair em uma exploração pela loja já saqueada.

Um novo calafrio percorreu seu corpo e a fez estremecer. Estavam vindo com menos frequência agora, uma vez a cada cinco ou sete minutos pelo que pode observar, e logo acabariam de vez; Ava passou a mão pelo rosto coberto por uma fina camada de suor, e então pelos cabelos quase esperando que uma mecha se desprendesse do couro cabeludo e saísse por inteiro entre seus dedos, mas nada aconteceu.

Claire se aproximou a pousou a mão em sua testa, o toque gentil lhe causou sensações mistas e se por um lado sentiu um impulso de se afastar, por outro desejou se aproximar e apreciá-lo. No entanto, seu corpo pareceu decidir por ela e manteve-se rígido, sem saber se deveria ou não acreditar em um ato bondoso de uma pessoa que lhe era praticamente uma estranha. Claire parecia preocupada, ela era uma boa pessoa no fim das contas.

- Como está se sentindo?

- Melhor.

A ruiva assentiu e nada disse, pareceu entender que Ava precisava de espaço e lhe deu isso.

Durante seu tempo na Umbrella Alice lhe vendeu uma imagem de família feliz, algo pelo qual Ava era secretamente sedenta. Alguém em quem confiar, algo para desejar no horizonte distante de um futuro incerto, talvez algo que resgatasse uma memória há muito suprimida para sua sobrevivência, e agora que tinha isso não sabia como reagir.

Um pensamento estranho que não lhe pertencia propriamente, algo vindo da garotinha que um tinha havia sido e que atendia por outro nome, ocorreu-lhe de forma repentina após muitos anos silenciado: só quero ir pra casa.

Ava não sabia onde “casa” estava, ou se havia uma para começo de conversa. Droga, ela nem sabia se havia alguém esperando por ela em algum lugar, e tudo o que lhe restava era lutar para continuar sobrevivendo até que não pudesse mais.

Elyna veio dos fundos da loja com uma pequena pilha de itens nos braços e jogou tudo aos seus pés antes de se sentar ao lado de Ava.

- Encontrei bandagens e antisséptico – disse ao chutar os objetos para perto do policial ferido – Pode ficar com isso.

- Valeu.

Enquanto Terry, a jornalista, recolhia os itens médicos e ajudava Peyton a trocar as bandagens que cobriam a mordida em sua perna, Alice, Jill e Claire pareciam ter uma pequena reunião particular para discutir como sair dali. Elyna, que já não estava completamente feliz com o grupo que aumentara exponencialmente, soltou um muxoxo e estendeu uma pequena lata redonda para Ava.

- São pastilhas para enjôo, Félix me dava quando era criança e precisávamos usar o ônibus.

Ava negou.

- Não preciso.

- Por que dificulta tanto as coisas? Você é tão teimosa que deve ser de família! – Elyna reclamou com um sorriso e logo se arrependeu – Sinto muito.

- Tudo bem.

Tomou um gole de água e continuou ignorando Elyna que lhe estendia de modo insistente. Ela não era um estorvo completo, mas irritava Ava o fato de que lhe devia a vida por mais de uma vez; não tinha ideia de quem foi o cientista genial que achou que eles teriam uma chance do lado de fora apenas com o treinamento interno da Umbrella, eles poderiam criar quantos cenários realistas quisessem que isso jamais chegaria aos pés da intensidade do que era o mundo real, e eles nunca teriam a chance de completar uma missão que fosse. Se não fosse por Elyna, provavelmente já estaria morta e ela parecia ter consciência disso.

- O que está te chateando?

Como Ava permaneceu em silêncio, Elyna insistiu:

- É por que seus amigos desapareceram? Nós vamos encontrar...

- Eles não são meus amigos, são parte da minha equipe e eu era a responsável por eles.

Elyna agarrou sua mão e apertou, e por mais que ainda fosse irritante a forma como ela sentia necessidade de ser tátil Ava ainda sentiu algum conforto naquilo.

- Você ainda se importa.

- Só porque era minha responsabilidade. Só isso e nada mais.

- Nós vamos sair daqui e encontrar todos eles, vamos destruir a Umbrella e fazer cada um daqueles filhos da puta pagarem pelo que fizeram – Elyna prometeu em um murmúrio. A intensidade de suas palavras e tom deixavam claro que a vingança ainda era um sentimento latente – Mas antes disso, vou te tirar daqui viva e em um único pedaço, eu prometo.

- Não devia fazer promessas que não pode cumprir.

A expressão de raiva se desfez e Elyna voltou a sorrir, completamente convencida.

- Quem disse que não posso? Você ainda me subestima, mas vai acabar tendo que confiar em mim.

Jill, que estava espiando por uma fresta entre as duas prateleiras usadas como barricada, balançou a cabeça e murmurou para si mesma antes de verificar o pente da arma.

- Precisamos dar o fora daqui, acho que dá pra sair e se formos rápidos pra chegar na rua lateral vai dar pra chegar a uma via ampla e fugir.

Alguns zumbis ainda vagavam pela rua e Ava pode ouvir o lamento mortuário que escapava das gargantas sangrentas, nada devia parecer mais um cortejo sombrio do aquilo.

Porquanto Alice pareceu concordar com o plano, ou assim sua expressão deu a entender, o outro policial e a repórter negaram rapidamente.

- É uma péssima ideia – Peyton falou com dificuldade devido a respiração ofegante, seu corpo estava travando uma batalha já perdida contra o vírus e não faltava muito tempo agora – Vamos encontrar um prédio alto, com paredes grossas e esperar por ajuda.

Elyna riu, o que fez o homem a olhar como se tentasse entender a piada.

- Disse algo errado?

- Se não acha que a Umbrella vai dar um jeito de encobrir isso, está ficando louco ou é idiota.

Fazia sentido, é claro que fazia. Os guardas armados nas na ponte atirando contra civis inocentes era a maior prova de que Elyna estava certa em suas conjecturas, ela sabia muito bem o que deixava sua boca e Ava não duvidou da sua lógica.

Aproveitando o momento e a atenção que recebeu, Elyna explicou o plano que bolaram mais cedo, como até mesmo Claire concordou que seria a melhor opção para fugir de Raccon City que se transformou em um cemitério a céu aberto. Ava tinha que admitir o que plano tinha muitas falhas, o teleférico que servia para levar turistas para o alto das montanhas Arklay podia nem estar funcionando e acabariam encurralados mas era o único plano que tinha e que não envolvia esperar a intervenção divina com alguém descendo diretamente do céu.

Ao final da explicação Claire continuou do seu lado, Alice e Jill pareceram considerar a opção a elas apresentadas, enquanto os outros dois continuavam incertos e Peyton verbalizou isso.

- Vamos morrer antes de conseguir chegar à estação.

- Sem ofensas, mas você já não tem muito tempo de qualquer jeito – Elyna retrucou – Só vai nos atrasar ou servir de isca pros zumbis, e isso se não se transformar e atacar a gente primeiro – fez uma breve pausa e continuou – Vocês podem fazer o que quiser, mas Ava e eu vamos embora daqui; prometi cuidar dela e estava falando sério, mesmo que ela não precise assim de mim.

Peyton considerou por um momento e balançou a cabeça ao falar

- Está certa. Vou morrer e já aceitei isso, então vou ajudar no que puder e ganhar tempo pra vocês – se calou quando Jill deu um passo a frente e estendeu a mão para impedi-la de continuar – Não, Valentine, acabou pra mim. Você é uma ótima soldado, e precisa ajudar a destruir essa merda de corporação. Não deixa isso acontecer em outro lugar.

Com o rosto revestido de uma coragem que claramente não sentia, Jill assentiu em concordância e não tentou demovê-lo; não importava o quão leal fosse só amigo, precisava aceitar que a morte estava à espreita. Em silêncio, Elyna lhe estendeu as pastilhas para Ava que aceitou uma.

Alice pigarreou para chamar a atenção.

- É melhor ir andando, se estiverem certos não temos muito tempo.

 Todos começaram a recolher suas coisas enquanto reuniam coragem para pisar do lado de fora, saber que precisavam enfrentar uma batalha não a tornava mais fácil ou aceitável e Ava se pegou desejando um único lugar seguro para se esconder de tudo, um privilégio que nunca tivera na vida.

Ao seu lado, Elyna falou tão baixinho que apenas Ava pode ouvir.

- Também preciso de você pra sair daqui.

Ava assentiu e tentou demonstrar algum agradecimento pelas palavras, foi bom saber que Elyna também precisava dela para deixar aquele inferno para trás; foi bom ter alguém com quem contar, um tipo de equipe pequena e meio disfuncional com a qual poderia trabalhar em busca de um objetivo em comum, e começava a gostar da personalidade esfuziante da outra garota.

- Vamos conseguir – Ava prometeu.

Do lado de fora uma chuva fina começou a cair impiedosamente, como se tentasse lavar a cidade das criaturas que vagavam por ali e então carregar a doença para longe; Elyna ajeitou o boné dos Yankees sobre os cabelos escuros e Claire fez com que Ava vestisse uma jaqueta e puxasse o capuz para se proteger da melhor maneira possível, nenhum deles podia sair carregando um guarda-chuva.

Alice conferiu uma das pistolas mais uma vez e fez um gesto para Claire se aproximar.

- Talvez a chuva ajude a mascarar nosso cheiro, mas quero que fique perto.

- Sei me cuidar, Alice, você não gosta de mim só pela minha aparência.

- Mesmo assim – Alice desviou o olhar parecendo envergonhada pela repentina demonstração de sentimentos – E fique de olho nas duas garotas.

Ava quis zombar, mais fácil ficarem de olho no moribundo e na repórter que parecia prestes a molhar as calças, mas nada disse.

Tiraram a barricada das portas, apenas o suficiente para passarem através delas e evitar fazer ainda mais barulho; assim que as gotas atingiram o rosto de Ava foi difícil não olhar para cima, para o céu tempestuoso, e tentou absorver o máximo possível do cheiro da chuva contra a terra que por um momento conseguiu se sobrepor ao fedor dos mortos. Foi preciso que Elyna a puxasse pelo braço para lembrá-la que precisava andar e a seguiu sem fazer perguntas, o cheiro da chuva ajudou a mascarar seu cheiro assim como o dos mortos mas fez mais do que isso, para ouvidos desatentos seria difícil ouvir os passos daqueles que foram desanimados após a morte.

O pequeno grupo subiu a rua o mais rápido conseguiu enquanto ignorava os poucos mortos que vagavam do outro lado da rua, Alice e Jill lideraram o caminho com armas em punho e posturas determinadas de quem não estava pronto para desistir.

Ava segurou a mão de Elyna e a fez diminuir o ritmo para que Peyton e a repórter passassem à sua frente e pudessem proteger a retaguarda ao que Claire se juntou a elas de modo protetor.

Uma daquelas criaturas saiu do beco mais próximo, uma mulher cuja metade do rosto havia sido mastigada até que o osso fosse visível em meio a carne sangrenta que balançava de um lado para o outro de modo perturbador; Terry estava bem perto de gritar, em verdade esse pareceu ter sido seu primeiro instinto mas Peyton tampou sua boca para evitar que atraísse mais atenção do que queriam naquele momento. O zumbi arreganhou os dentes sujos e grunhiu antes de avançar em sua direção, cada passo desajeitado ressoou contra o chão molhado e pareceu antinatural de uma maneira que não poderia ser explicada; Jill Valentine tomou a faca de caça que estava presa junto ao coldre de Alice e praticamente saltou sobre a mulher morta enterrando a lâmina na lateral do crânio parcialmente exposto. O zumbi grunhiu uma última vez antes de cair, e mesmo após estar inerte no chão Jill lhe deu um pontapé com força o suficiente para que todos pudessem ouvir o estalo do pescoço.

Alice a olhou de modo curioso, ao que Jill apenas bufou.

- Me deixa em paz.

- Eu não disse nada.

Com a mesma raiva de antes Jill as fez continuar, seguiram pela rua em direção ao cruzamento e dobraram a esquina para subir. Se Elyna estivesse certa, e Ava não duvidava mais disso, a estação de trem não ficava longe dali e poderiam ir embora.

Ava caminhou ao lado de Elyna e vez ou outra suas mãos roçavam ao se esbarrarem, mas não fez qualquer movimento para segurá-la, o simples fato de ainda estarem juntas apesar das adversidades já lhe trazia algum conforto. Talvez separadamente já estariam mortas, mas juntas formavam uma boa dupla.

Duas quadras depois e a subida se nivelou e entraram no que parecia ser os arredores do centro comercial, as fachadas estavam em sua maioria quebradas e pelo menos três prédios estavam pegado fogo. Não havia sinal de outros sobreviventes, mas Ava desconfiava que eles estavam por ali esperando e rezando por uma ajuda que jamais viria para quem não se arriscasse do lado de fora.

As portas duplas do que parecia ser um restaurante se abriram com um estrondo e um homem saiu correndo, perseguido por uma pequena horda de zumbis famintos que o derrubaram menos de dois segundos depois de colocar os pés na rua; seus gritos de dor se misturaram ao som tenebroso das feras se alimentando enquanto arrancavam nacos de carne dos ossos e mastigavam. Ava contou pelo menos onze deles, poderia haver mais ou menos e era difícil dizer enquanto se amontavam uns sobre os outros; um dos zumbis, um homem vestido uma camisa branca empapada de sangue, rosnou ao ver seu pequeno grupo e abandonou a refeição muito disputada para caminhar em sua direção.

Peyton tirou a arma do coldre e verificou rapidamente a munição.

- Essa é a minha deixa, vou conseguir tempo pra vocês. Valentine, foi uma honra servir ao seu lado.

Os dois trocaram um aceno rápido e Peyton respirou fundo ao engatilhar a arma, atirou na perna do zumbi o que o fez perder o pouco equilíbrio e cambalear como um bêbado e o som alto fez com que os outros largassem o corpo sem vida e se voltarem para ele. Peyton correu o mais rápido que pode em direção a uma rua lateral, se enfiou em uma passagem estreita entre dois prédios e desapareceu na escuridão enquanto era perseguido pela horda de zumbis.

Jill fez com que todas a seguissem rua acima, e embora tivesse acabado de perder um amigo querido e, com exceção de Claire, estivesse cercada por pessoas que jamais vira antes na vida, manteve a expressão determinada e as guiou; ali estava um verdadeiro soldado, uma mulher capaz de enfrentar o mundo se isso significasse salvar uma vida, e que estava decidida a deixar os próprios sentimentos de lado para salvá-las.

Só diminuíram o ritmo quando estavam longe o bastante para que o último tiro disparado não passasse de um estampido oco, como o estalo de uma bombinha, e em momento algum ouviram gritos do homem o que fez Ava supor que havia atirado na própria cabeça antes de se tornar o prato principal da noite.

Se aproximaram de uma pequena praça com um coreto no meio, ali alguns zumbis vagavam mas estavam longe o suficiente para passarem despercebidas. Ava olhou com desconfiança para as árvores que pareciam inofensivas, nada a faria entrar no meio delas novamente se pudesse evitar.

- Ali – Elyna apontou para uma rua do outro lado da pequena praça – Mais quatro quadras acima e chegamos à estação, aí é só...

Foram interrompidas por um som estrondoso e o chão vibrou sob seus pés como se algo muito pesado tivesse caído não muito longe dali.

- S.T.A.R.S.!

A voz gutural fez com que todos os pelinhos do corpo de Ava se arrepiasse, parecia saída diretamente das profundezas do inferno. Virou-se lentamente e dessa vez ninguém tampou a boca de Terry para evitar o grito de medo, todas estavam igualmente aterrorizadas.

A criatura parecia ter pelo menos dois metros e meio de altura, talvez mais, e quase um de largura se contasse com o tórax largo, mas isso nem de longe era o pior; se aquilo foi humano um dia estava bem longe da sua aparência real, toda a pele que sóbria seu rosto parecia ter sido derretida em um incêndio e então voltado a se solidificar tempos depois, os olhos não passavam de rasgos quase insistirmos e a parte debaixo do rosto praticamente não existia mais; tanto os lábios como o nariz pareceram ter sido arrancados junto com a pele que devia estar aí redor, deixando apenas as gengivas expostas e metade do rosto em carne viva, além dos dentes pontiagudos e monstruosos. O corpo de grandes proporções estava vestido com um casaco preto e pesadas botas de combate, numa mistura bizarra de monstro e soldado.

Aquilo poderia ter saído diretamente de um pesadelo.

A criatura rugiu novamente, uma única palavra que parecia resumir seu parco vocabulário.

- S.T.A.R.S.!

Jill e Alice ergueram as armas e dispararam, mas as balas simplesmente perfuraram o corpo da criatura sem lhe causar qualquer dano aparente. Claire parecia indecisa sobre que fazer, e Elyna decidiu agarrar a mão de Ava e gritou a plenos pulmões.

- Vocês estão malucas?! Ele tem um lança foguetes!

Elyna estava completamente certa. O monstro ergueu a mão gigante e soltou o lança foguetes presos às suas costas, a arma era quase tão grande quanto ele e seria o suficiente para aniquilá-las da face da terra. Ava assistiu como que em câmera lenta a arma ser erguida, os disparos de bala ainda perfurando seu peito e pequenos pedaços de carne voando dos ferimentos que sequer parecia sentir, viu quando e ouviu o disparo e o projétil indo em direção a elas.

Foi empurrada por Elyna e caiu pesadamente no chão duro, o que espalhou uma onda de dor pelo lado direito do corpo ao cair de mau jeito sobre o braço, para completar a outra garota caiu sobre ela o que aumentou a força do impacto. O som da explosão fez seus ouvidos zumbirem e o ar foi tomado pelo cheiro de combustível queimando, fogo e pólvora.

Com Elyna sobre seu corpo Ava mais ouviu do que viu o que estava acontecendo, teve vaga consciência de que Claire tentava afastar Terry dali, mas um zumbi saiu de trás de um carro abandonado e mordeu o pescoço da jornalista e mastigou a carne enquanto o último grito morreu em sua garganta dilacerada; por sua vez, Jill e Alice se recuperavam com mais facilidade.

A criatura grunhiu novamente, tão alto quanto o rugido de um leão enjaulado que teve uma presa suculenta negada.

Alice correu e com o impulso subiu em um carro que escapou da explosão, dali saltou em direção ao monstro que a agarrou no ar como se não passasse de inseto insignificante e arremessou contra uma das paredes de concreto do prédio mais próximo, ao que caiu e permaneceu inerte.

Por sua vez, Jill, que ainda usava o uniforme dos S.T.A.R.S. e provavelmente era o alvo da criatura, arremessou uma pedra grande o suficiente em direção à cabeça deformada para chamar sua atenção.

- Você me quer? Vem pegar!

E correu em direção a um prédio em reforma, galgando os andaimes laterais para colocar alguma distância entre si e o monstro, ao que Alice se recuperou e a seguiu o mais rápido que pode.

De onde estava Ava assistiu enquanto aquela coisa rugia novamente e se colocava em uma perseguição, praticante ignorando sua existência como se nem mesmo estivessem ali; de qualquer forma, precisavam ajudar e fazer alguma coisa, qualquer coisa, para impedir que aquela coisa continuasse andando por aí.

- Elyna, sai de cima de mim! Não consigo mexer o braço direito com você aí!

Com alguma dificuldade conseguiu empurrar Elyna para o lado, ao que ela caiu de bruços no meio da rua, e notou que ela estava quieta demais. Com um aperto no coração, Ava se aproximou e virou-a da melhor forma que pode com o braço ainda formigando e quase gritou.

Uma barra de ferro de pelo menos trinta centímetros projetava-se do tórax de Elyna, parecia tão grossa quanto o pulso de Ava e a camiseta preta já estava empapada de sangue. A morena riu baixinho, meio fora de si, e olhou para Ava com os olhos semicerrados.

- Uma merda, né?

- Não. Não... Não não não não não – Ava murmurou, estava bem perto de um ataque de pânico – Você vai ficar bem. Precisa ficar bem... Calma... Calma...

Não sabia se estava falando com Elyna ou consigo mesma, nada mais fazia sentido; em seu treinamento, as instruções eram de que se um parceiro fosse mortalmente ferido deveria ser deixado para trás para não atrapalhar o resto da equipe, e ser empalada por uma barra de ferro se enquadrava em um ferimento mortal, mas Ava não podia simplesmente deixar Elyna ali para morrer no meio da rua.

Na verdade, não podia permitir que ela morresse.

Tentou se lembrar no que fazer, e a voz de Alice dizendo para sair do meio da rua e procurar abrigo soou tão claro em sua cabeça que ficou óbvio que estava em modo de sobrevivência ao agir apenas com o instinto, ou talvez estivesse enlouquecendo.

Agarrou Elyna da melhor forma que pode, duas pernas estavam bambas e todas as suas forças pareciam ter sido drenadas, puxou-a para seu colo e praticamente se arrastou em direção ao beco atrás delas; o chão áspero arranhou a palma da sua mão esquerda, a que usava como apoio para que pudesse usar as pernas para se impulsionar, enquanto segurava o corpo de Elyna com o braço direito.

Respirou fundo, estendeu mão em busca de apoio, posicionou os pés e se empurrou com todas as forças até que as pernas protestassem. Ava repetiu as ações vez após ou outra, arrastando-se pela calçada enquanto tudo a sua volta parecia queimar; cada vez que empurrava a sim mesma no chão, pedras e cacos de vidro cortavam seus braços e mão, mas não ligou pra isso, a dor só serviu para mantê-la consciente e o pânico longe.

Arrastou Elyna até uma grande lixeira entre os dois prédios que serviria de abrigo provisório, apoiou-se no muro de tijolos e fez com que deitasse a cabeça em suas pernas enquanto tentava encontrar um jeito de tirar aquela coisa dela.

- Fica com os olhos abertos, tá? Não dorme, Elyna! Olha, eu preciso de você pra sair daqui então é melhor ficar acordada!

Odiava admitir como precisava de Elyna e, ainda mais, que a queria por perto. Ela se tornou uma constante desde a colmeia, alguém que esteve lá para Ava e que estava disposta a fazer qualquer coisa para tirá-la de lá.

Elyna era irritante, convencida, não sabia a hora de calar a boca e se achava a super herói particular de Ava, e mesmo assim a queria de volta de forma tão desesperadora que estava disposta a fazer qualquer coisa.

Ava a puxou para mais perto, de forma a apoiar a cabeça de Elyna em seu peito e segurá-la ali quase como se estivesse embalando seu sono tranquilo; ela bem poderia estar dormindo não fosse o filete de sangue escapando por entre os lábios e a barra de ferro que a empalava. Mesmo nos momentos mais aterrorizantes, e inapropriados, Elyna parecia cheia de vida e disposta a lutar e agora jazia imóvel em seus braços, tão pálida quanto uma folha de papel.

- Elyna? Elyna, olha pra mim... Por favor, abre os olhos e fala comigo. Faço qualquer coisa se abrir os olhos agora, pode até dizer que somos amigas mas, por favor, abre os olhos...

Elyna continuou imóvel e silenciosa em seus braços, tão quieta que Ava sentiu vontade de repelir o toque antinatural; ao invés disso, limpou o rosto de Elyna com muito cuidado e voltou a abraçá-la contra o peito. Pela primeira vez em muitos anos de permitiu a sentir medo, voltou a ser aquela garotinha perdida em uma floresta escura que só existia em seus sonhos, chorando enquanto chamava por sua mamãe para salvá-la das pessoas más, e chorou como se fosse aquela menininha; deixou as lágrimas escorrerem por suas bochechas e elas também molharam o rosto de Elyna, e sentiu completamente sozinha e abandonada no mundo.

Em seus sonhos, mamãe jamais veio salvá-la e na realidade Elyna não acordou.

Com o sentimento de abandono, completamente desamparada, Ava não conseguiu pensar em mais nada, que o mundo acabasse então.

Já estava completamente fora de si, provavelmente enlouqueceria ali em um beco fedido, completamente encharcada pelo sangue da única pessoa que a colocou como prioridade desde que colocaram os pés em Raccon City.

Ava pressionou um beijo contra a testa de Elyna e então, agindo mais por instinto do que com qualquer pensamento racional, juntou seus lábios em um beijo de despedida. Não havia paixão ali, tampouco qualquer conotação sexual, era puro e totalmente o sentimento de mais uma perda que dilacerava seu coração já muito partido.

Segurou Elyna com mais força junto ao seu corpo e se permitiu chorar mais uma vez.

[...]

Alice conseguiu guardar o colar de volta ao seu lugar de origem antes do jantar, também colocou a adaga em seu cofre e então na parede, tomando muito cuidado para camuflá-la novamente; não tinha ideia do motivo de estar tão escondida, e porque sua mãe guardava segredo sobre aquilo mas parecia interessante demais para deixar passar.

Quando todas se reuniram na sala de jantar, teve a agradável surpresa de notar que Judy havia decidido lhes fazer companhia e isso lhe daria a oportunidade de conversar com ela sobre os eventos que ocorreram no final daquela tarde. Damian devia estar todo inchado, mas o idiota que se casou com Irma devia estar bem pior e Alice só podia torcer para que não resolvesse descontar nela como um tipo infundado de vingança contra alguém que não tinha culpa de nada.

Assim que Alice adentrou a sala de jantar, Ellla, que até então estiver entretida em uma conversa com Daniela, se aproximou e tocou seu rosto.

- Guardou meu colar.

Teve medo que, de algum modo, ela tivesse descoberto que havia desobedecido a única ordem que recebeu aquele dia; sua vida tendia a ficar muito mais difícil quando Ella não intermediação suas permissões para estar fora do castelo, por isso Alice costumava evitar fazer isso ou, o que também era bastante comum, se esforçava para encobrir seus erros e evitar uma represália.

- Claro, mãe. Está no lugar em que peguei, intacto e seguro.

Que sua mãe jamais descobrisse o que havia feito.

Ella voltou novamente a atenção para Daniela que em menos de trinta segundos conseguiu entrar em uma discussão com Cassandra, era assim desde que Alice se lembrava e não havia o menor sinal de que mudaria; o caos durante as refeições em família lhe traziam uma espécie de conforto estranho, pelo menos significava que estavam juntas.

Um bando de borboletas vermelhas passou Alice e ela apenas riu com a sensação que se espalhou por seus braços, as asas delicadas sempre lhe faziam cócegas e estava bastante acostumada.

- Agatha!

A ruiva se materializou e aplicou um beijo em seu rosto antes de piscar e se afastar em direção à esposa.

- Cassandra Dimitrescu, é melhor não estar gritando com sua irmã de novo!

Cassandra podia desobedecer as mães, brigar com as irmãs, mas jamais ousaria contradizer Agatha então tudo o que pode fazer foi revirar os olhos para Daniela e tomar seu lugar a mesa; no entanto, Dani também não pode retrucar porquanto Naomi a puxou para que se sentasse.

Às vezes Alice se perguntava quando é que suas irmãs se tronaram não domesticadas.

Se aquele conflito estava resolvido Bela não parecia dar a mínima, sua atenção foi depositada em Velaska que parecia contar sobre o que eles explodiram na fábrica aquela tarde.

Alice passou ao lado de Judy e murmurou um rápido “preciso falar com você mais tarde” antes de ir até Alcina e beijar seu rosto.

- O que foi isso? – Alcina perguntou parecendo desconfiada.

- Só queria te dar um beijo.

A mãe sorriu e segurou seu rosto com delicadeza para puxá-la para mais perto. Quando mais nova, Damian costumava perguntar como ela não machucava Alice, mas mãe nunca foi nada além de delicada ao tocá-la.

- Amanhã Duke estará aqui – Alcina lhe confidenciou: - Poderá escolher o que quiser.

Mesmo sentada sua mãe era colossal, incrível, uma força da natureza que não podia ser contida e Alice adorava isso nela. Lançou-se em sua direção e a abraçou com força para demonstrar sua felicidade, e Alcina riu baixinho ao notar que a havia agradado.

- Eu ouvi isso – Ella avisou – E ainda não concordo.

Judy brincou com sua taça e fingiu observar o vinho rodopiar lentamente lá dentro, e ao falar foi com falsa despretensiosidade.

- O que vai ser agora, outra coroa para a princesinha?

Alice zombou.

- Não é minha culpa ter te substituído como a princesinha da mamãe.

- Como se eu tivesse sido uma princesa – Judy riu e tomou um longo gole de vinho – Fui mais como uma discípula da Cassandra.

 Do outro lado da mesa, Daniela bufou baixinho.

- Um absurdo! Eu sempre fui a irmã mais legal, e olha como fui desprezada.

- Meu orgulho – Cassandra apontou para Judy – E de qualquer forma não faz diferença, Bela sempre foi e sempre será a preferida.

Bela assoprou um beijo em direção a Cassandra e sorriu, completamente convencida, por ser a preferida. A verdade é que do seu próprio jeito era a que mais se parecia com Alcina, sempre disposta a colocar as irmãs na linha e garantir que tudo estaria funcionando do jeito certo; talvez Alice tenha se tornado a princesinha da mamãe, mas Bela sempre seria aquela com uma ligação especial, assim como Theo tinha antes de desaparecer.

 No entanto, a provocação só deu mais munição para Cassandra usar.

- Lembra quando Ella chegou aqui e mãe tinha ciúmes? Se preocupou com todo mundo, menos com a Bela se apaixonando pela madrasta.

Alice fez uma careta e fingiu vomitar.

- Que nojo, Bela, ela é nossa mãe! Qual é o seu problema?

- É, Bela... – Velaska riu ao lado da esposa – Qual é o seu problema?

- Em minha defesa, ela não era minha mãe e foi apenas algo passageiro.

Ella colocou a mão no peito e fingiu estar tão indignada quanto Alice.

- Me respeita, eu sou sua mãe.

As risadas foram inevitáveis. Apenas mais uma noite agradável com toda a família reunida para o jantar, Alice teria preferido que tia Donna e Esmeralda estivessem lá, até mesmo Andy cuja pessoa preferida ainda era Judy; simplesmente adorava a tia e toda a aura de mistério que a cercava, bem como a beleza tão exótica quanto delicada, e sempre quis ser como ela. No entanto tia Donna era incomparável e jamais haveria alguém igual a ela, e mesmo em sua idade Alice já sabia que talvez fosse a única dos quatro lordes que Mãe Miranda realmente considerava como um adversário, e talvez Ella depois que lhe deu um belo soco (a história ainda fazia sucesso nos jantares em que Miranda não era convidada).

Mesmo entre as risadas, Velaska puxou Bela para um abraço desajeitado visto que estavam sentadas lado a lado.

- Primeiro Bela foi apaixonada pela tia, depois pela futura madrasta... Todos as paixões dela são sobre destruir a família. Por isso acho que ela só ficou comigo pra punir a mãe, de repente minha sogra negou algo pra filhinha de ouro e ela prometeu aparecer com algo pra se vingar.

 Apesar das risadas das outras mulheres, Alcina puxou Alice para perto e pressionou um beijo em sua têmpora direita.

- E é exatamente por isso que mamãe não vai te negar nada, não irei correr esse risco mais uma vez.

A ordem estava implícita em suas palavras, “não apareça com ninguém inadequado”. Lady Alcina Dimitrescu tinha padrões bastante elevados e ninguém – realmente ninguém – parecia adequado para suas filhas, então Alice duvidava que qualquer pretendente passaria em seus critérios; a única nora de quem Alcina realmente gostava, era Agatha. Do ponto de vista de sua mãe, Naomi era apenas tolerada desde o desaparecimento de Theodora, e Velaska ainda estava na família por ser a companheira de Bela – e Alice tinha certeza que muitas vezes sua mãe cogitava fazer algona respeito -; e no fim, apenas Agatha realmente a conquistou, o que deixava Cassandra bastante orgulhosa.

Sua mãe ordenou que as criadas servissem o jantar, e com o clima agradável as chances de uma represália eram menores e isso geralmente influenciava em sua postura.

Depois do jantar, Alice deixou as mães para trás e correu atrás de Judy para terem uma conversa muito necessária, acabou por convencê-la a ir até a biblioteca para tal. Assim que adentraram o cômodo, gotas de chuva tamborilaram contra o vidro da claraboia, anunciando uma nova tempestade de fim do outono; em breve começaria a nevar e todo o castelo já havia sido selado para a segurança de suas irmãs mais velhas, nenhuma janela seria aberta até que a primavera trouxesse o degelo.

Ao mencionar isso, Judy riu e se sentou em uma das poltronas, tomando um tempo para assistir a chuva que parecia cair em suas cabeças.

- Você vai dar um jeito de sair para ir ao vilarejo, se precisar de ajuda Daniela lhe dará cobertura sempre que quiser.

Alice cresceu ouvindo como Daniela não só acobertava Judy, mas também como lhe ensinava maneiras de desobedecer as regras.

- Quem disse que quero sair?

- Então não tem visitado Irma? Eu a vi há alguns dias, sei que faz isso de forma recorrente.

Se sentindo culpada, Alice desviou o olhar.

- Falando nela... Preciso contar uma coisa.

Narrou todos os acontecimentos recentes, o marido violento que agrediu Damian de forma injustificada, como perdeu o controle e colocou fogo em uma pilha de feno que devia estar bastante úmida e a surra que Klaus deu no homem. Durante todo o tempo Judy a ouviu em silêncio, vez ou outra fazendo uma careta de desgosto e esfregava o rosto.

- É por isso que você precisa ir lá! – Alice insistiu – E se aquele idiota agredir ela?

- Ele não vai fazer isso, só estava com ciúmes por me encontrar dentro da casa deles. Ela é uma mulher casada agora – disse com amargura – Não devia ter ido até lá.

- Então vamos deixar que ele bata nela? Você já foi melhor.

Judy a olhou de forma quase selvagem, deixando claro que Alice estava cutucando uma ferida bastante sensível.

- Isso não é da sua conta. As coisas mudaram, Irma decidiu se casar com ele e não posso correr pra interferir em cada briga de casal.

- Você pode ir lá e dar um soco nele se ele tiver batido nela.

Alice não estava entendendo qual a dificuldade em sua irmã entender algo tão simples assim, como se estivesse se esforçando para não ouvi-la. Talvez passar tanto tempo com Tio Karl e Velaska naquela fábrica enferrujada estivesse prejudicando seu juízo.

- Não podemos permitir que ele faça mal pra ela. Se você não for, então eu vou e vou dar uma lição nele! Posso muito bem chutar a bunda dele sozinha e ainda colocar fogo nas cuecas sujas dele.

Sua revolta pareceu divertir Judy, que riu.

- Alguém está passando muito tempo com a Cassandra. Ou isso é coisa da Ella?

Alice revirou os olhos.

- Não seja tão blasé. Se você não toma uma atitude, eu tomo.

- Vou dar uma olhada nela amanhã, mas farei isso de longe para saber se está bem.

Não era, nem de perto, o suficiente, mas não conseguiria nada além disso.

Por um breve momento Alice se concentrou na chuva tamborilando na claraboia acima delas, cada batidinha lembrava uma nota musical com um tom designado pela natureza; parecia selvagem, e quando se transformasse em uma tempestade seria uma força imparável a não ser por vontade própria.

Foi até que se viu dizendo:

- Encontrei uma coisa hoje.

Judy se levantou e caminhou até a estante mais próxima, não parecia lhe dar a devida atenção.

- O que é?

- Um tipo de adaga escondida no arsenal, estava dentro de um cofre na parede do fundo, é um tijolo falso, e precisei de uma chave especial para abrir – suas palavras fizeram Judy congelar onde estava e virou-se lentamente para encará-la – É a arma mais bonita que já vi.

Chamas pareceram bruxulear no olhar de Judy, como se ela fosse capaz de colocar fogo em Alice a qualquer momento e não o contrário.

- O que você fez?

- Nada, ainda está lá.

A raiva crescente no rosto de Judy a preocupou, sua irmã mais velha parecia cercá-la tal qual um predador.

- Tem ideia da merda que fez? Faz ideia de alguma coisa, princesinha? – Judy avançou em sua direção e a empurrou contra uma estante, só que agarrou a gola de sua camisa para mantê-la presa – Não devia sair mexendo no que não conhece! Como aquela adaga ainda está lá?

Alice engoliu em seco.

- Do que está falando?

- Quem colocou ela lá?!

- Eu não sei, mãe eu acho...

Não precisou explicar de qual mãe estava falando, Judy rosnou o nome de Ella com tanta raiva que parecia prestes a quebrar alguma coisa.

- Aquela coisa quase matou minha mãe e devia ter sido destruída! Onde a Ella está com a cabeça?! Onde você estava com a cabeça quando foi atrás daquela adaga?!

- Não sei, não é nada demais.

Judy deu um soco no livro ao lado da sua cabeça e aquilo foi demais para Alice, não era por ser mais velha que tinha o direito de fazer aquilo. Não gritou, sequer elevou a voz, apenas pousou a mão sobre a que ainda a mantinha presa contra a estante e aqueceu.

O calor irradiou dela como se viesse do fundo do seu ser,  queimando tudo dentro dela, e Alice o concentrou em Judy que a soltou com um grito de dor.

Alice a girou e prendeu-a contra a estante.

- Se colocar a mão em mim de novo, vou fazer bem mais do que te dar um susto – avisou.

- Você não tem ideia – Judy falou entredentes e então riu mas sem parecer achar graça alguma – Será que elas já perceberam?

- Perceberam o que?

- Que estragaram você. Se preocuparam tanto em te preparar para o futuro e pensaram tanto em te proteger depois que a Theodora desapareceu que estragaram você.

Suas palavras a deixaram sem reação e Judy continuou:

- Aquela adaga foi usada para tentar matar minha mãe e você não tem ideia de como foi... Eu passei horas deitada bem aqui – indicou o chão da biblioteca – Deitada ao lado do corpo dela enquanto rezava para que ela não morresse. Você não tem ideia do que é isso, e aí sai por aí procurando a única coisa que pode fazer mal a ela?!

- Eu não estava procurando essa arma.

- Mas a encontrou, não foi? Ella devia ter destruído a adaga, na verdade prometeu que tinha feito e isso e mentiu para todas nós. Eu vou....

Alice a bateu com força na estante.

- Você não vai fazer nada! E não fale assim da minha mãe, ela deve ter tido os motivos dela pra ter guardado aquilo – Alice respirou fundo – Está bem escondida, é preciso ter uma chave que só nossa mãe e eu sabemos qual é e não vou te contar.

- E quais motivos ela teria pra manter uma coisa que faria mal a minha mãe?

- Nossa mãe, não sua. Sei que mãe jamais faria qualquer coisa para ferir alguém dessa família, e sei também que ela sempre nos colocou em primeiro lugar, diferente de você que foi embora!

- Não ouse...

- Ouso, sim! Será que você não percebe como estragou a si mesma? Não venha despejar sua merda em mim e me chamar de princesinha mimada quando eu fiz muito mais do que você nesses últimos anos. Sim, eu achei a tal adaga mas a mantive lá e não vou me voltar contra a família, nem pretendo dar as costas como você fez.

Sentiu, sem nem mesmo precisar ver, algo que voou em sua direção e conseguiu segurar o objeto no ar para interromper sua trajetória. Um abridor de cartas de metal, bastante afiado até, e riu da tentativa fútil de sua irmã mais velha.

- Muito engraçado – Alice sorriu e balançou o abridor de cartas na frente do rosto de Judy – Impressionante, né? Ella me ensinou muito bem. Sabe o que é mais engraçado disso tudo? Já sabia que outras pessoas me subestimavam, mas não esperava isso de você.

Soltou Judy e voltou para o sofá sob a claraboia.

- Miranda sempre preferiu a Theo, acho que até mesmo ela gostava dessa atenção. Nossas mães também achavam que ela seria incrível, de nós duas ela era a forte e eu a princesinha. Perdi minha irmã, minha companheira, e nenhuma experiência de perda que você possa ter tido vai se comparar a isso.

Judy andou de um lado para o outro na sua frente tal qual um animal enjaulado.

- Miranda é uma desgraçada interesseira. Ela também já me fez pensar que era especial, tentou me virar contra a família.

- Mas nunca foi como com a Theo. Eu fui uma decepção para Miranda, mas posso jurar que já a vi olhar para Theo como se estivesse vendo sua própria filha, a santa e imaculada Eva. Sabe por que Miranda desistiu tão fácil de ter uma amostra de sangue? Ela não acredita em mim, acha que sou insuficiente... E espero que continue assim.

Aquilo chamou a atenção de sua irmã, que parou para olhá-la de forma atenta.

- Quer explicar?

- Se ela me subestima, vai ser mais fácil acabar com a raça dela.

- Você é mais parecida com a Ella do que imagina, tem o mesmo talento para procurar confusão.

- Vai chegar o dia em que a Miranda vai fazer um movimento em falso, e vou estar pronta pra ela.

Alice se levantou e caminhou para a saída da biblioteca, mas antes de alcançar a porta parou e voltou-se para Judy.

- Talvez Adam fique do lado dela, teremos que cuidar dele também. Até lá, espero que coloque a cabeça no lugar e faça alguma coisa.

E saiu, deixando uma Judy completamente atônita para trás.

[...]

Ava segurou o corpo inerte junto ao seu. Horas poderiam ter se passado, em verdade o tempo pareceu se arrastar quase como em um modo de tortura medieval; tentou a todo custo lidar com a confusão mental em que mergulhou, não sabia muito bem o que fazer ou aonde ir. Tinha a consciência de que precisava se levantar e seguir em frente, escapar daquele lugar o mais rápido possível, mas não conseguiu pensar para onde deveria ir.

O som de passos de aproximando tirou-a do torpor e Ava tateou o chão em busca da arma que imaginava ter caído por ali.

- Calma, sou eu.

Claire parou a alguns passos de distância e ergueu as mãos para demonstrar que estavam vazias.

- O que aconteceu com ela?

Como explicar que Elyna estava morta, empalada por uma barra de ferro que deveria ter ceifado a vida de Ava não fosse sua interferência.

Sem nada a dizer, apenas negou com um acenou breve e Claire pareceu engolir em seco.

- Precisamos ir.

Então era isso, Elyna se transformaria em mais um cadáver abandonado na fétida e moribunda Raccon City, uma prova de todos os crimes da Umbrella e que seria rapidamente aniquilada como todo o resto.

Apesar de não desejar deixar uma aliada para trás, não havia outra coisa a ser feita. Agradeceu Elyna como faria a um soldado que cometera o ato heroico de maior prestígio, e estava prestes a colocá-la no chão quando sentiu seu corpo mexer-se em um espasmo; a razão lhe disse que não passava de um movimento involuntário, apenas os músculos se contraindo e que isso era comum após a morte, mas não pode deixar de ter um pingo de esperança e Claire percebeu.

- É só um espasmo involuntário.

Ava sabia, não tinha como ser outra coisa, mas então Elyna suspirou profundamente, o ar pareceu arranhar a garganta seca tal qual o gemido dos mortos e tudo o que pode fazer foi deixá-la escorregar para o chão para evitar ser mordida caso se transformasse. Afastou-se alguns passos sem tirar os olhos de Elyna, assistiu com horror a mão direita se abrir completamente e mover os dedos no que definitivamente não era um espasmo involuntário; o tronco se contorceu, movendo-se de uma forma antinatural em uma convulsão horrível.

Afastou-se até que suas costas estavam pressionadas na parede atrás de si, onde parou e resignou-se a assistir o show macabro que se desenrolava diante dos seus olhos. Elyna debateu-se violentamente, a cada vez que os braços se moviam o tronco saltava pelo menos cinco centímetros antes de acertar o concreto mais uma vez; parecia uma marionete cujo titereiro havia enlouquecido ou tivesse decidido que deveria punir aquela a quem controlava de modo tão impiedoso, foi um show protesto para dizer o mínimo. Durou alguns segundos, não mais do que isso, mas assim como antes pareceu se estender por muito mais tempo; até que Elyna sentou-se no chão com o tronco caído para frente com os cabelos jogados sobre o rosto como se as cordas que prendesse seus membros tivessem sido cortadas, agarrou a barra de ferro que ainda a atravessava e puxou com força até que saísse completamente com um som que deixou Ava enjoada.

Dois segundos depois Elyna se levantou, respirou fundo algumas vezes, e ergueu a cabeça para olhar para Ava com um grande sorriso estampado na cara como se tivesse realizado o maior truque de mágica da sua vida.

- Tô de volta!

Nem Claire, nem Ava, moveram-se a princípio.

Ava foi a primeira a despertar do torpor e se aproximou de Elyna que abriu os braços esperando por um abraço que jamais veio, ao invés disso lhe acertou um tapa forte no rosto.

- Sua idiota! Maluca! Filha da puta!

A cada palavra foi pontuada com um tapa, acertou os braços de Elyna, o tronco e até mesmo na cabeça; bateu em todos os lugares que conseguiu alcançar, e a outra nada fez para impedi-la, apenas se encolheu e aceitou a punição.

- Tem ideia do que me fez passar? Filha da puta egoísta!

Queria matar Elyna e garantir que permaneceria morta.

Claire tentou segurá-la, mas Ava a afastou com um safanão e voltou para Elyna.

- Eu vou te matar!

Elyna a segurou, agarrou seus braços e praticamente a prendeu em um abraço de urso para impedir o ataque.

- Está tudo bem, estou aqui – Elyna prometeu em seu ouvido – Não é tão fácil assim me matar, e eu prometi te proteger, não foi? Agora vou te soltar e você não vai me bater.

Assim que Elyna afrouxou o abraço, Ava a empurrou para longe e bufou.

- Como não consigo te fazer calar a boca, mas não encontra cinco segundos pra me contar que consegue se regenerar?!

Elyna piscou e sorriu.

- Todo dia uma novidade.

- Estou feliz que esteja viva – Claire se aproximou e pousou a mão no ombro de Elyna – Está realmente bem?

- Melhor impossível.

- Então vamos indo, precisamos chegar ao teleférico antes que Alice e Jill cheguem lá.

Ava não discutiria com Claire e assim que saíram do beco escuro, segura-a pelo braço para conseguir atenção.

- Como sabe que elas vão pra lá?

- Não conheço duas mulheres mais teimosas no mundo, acredite em mim, elas estarão lá.

Correram rua acima, ignorando um ou outro morto que por ventura saísse dos becos ou portas escancaradas, vez ou outra ouviram gritos ou tiros, às vezes os dois, e ainda assim não olharam para trás; precisaram saltar alguns carros em um cruzamento, o acidente com o caminhão pareceu não ser o único aquela noite, e quando alcançaram uma subida íngreme uma lua no horizonte anunciou o nascer do sol.

Ainda não havia sinal de Alice ou Jill quando chegaram à antiga estação, mas Claire estava confiante que chegariam a tempo.

O lugar estava uma bagunça, havia materiais de construção espalhados por todos os lados e grandes blocos de concreto espalhados pelo chão, ainda assim um único t permanecia na estação e parecia em ótimas condições. Bastou uma rápida checagem para descobrirem que os controles não estavam respondendo.

- Cortaram a energia – Claire concluiu – Vou religar.

Não lhes deu tempo de falar qualquer coisa e saiu em dispara em direção a um quadro de energia preso na parede.

Elyna agarrou o braço de Ava e a puxou, praticamente a arrastando pela pequena estação até uma pilha de grandes barris vermelhos.

- Me ajuda aqui, vamos usar isso pra bloquear a passagem.

Cada barril tinha capacidade de cem litros, a cor vermelha parecia gritar em meio aquele caos e o adesivo indicando “material inflamável” deu a Ava uma ideia.

Trabalharam enquanto Claire mexia em vários cabos elétricos, um deles faiscou ao ser plugado no cabo de energia e puderam ouvir um estampido alto; o motor rosnou algumas vezes, estalou como se tivesse engasgado com algo e depois de alguns segundos de apreensão começou a funcionar.

Quase como se fosse um anúncio, ao passo que o motor finalmente ligou, Alice e Jill apareceram ao longe, correndo como se suas vidas dependessem disso; mesmo àquela distância Ava notou que estavam cobertas de sangue e os braços de Alice pareciam ter passado por um ralador, e Jill não estava em melhor estado.

- Rápido, me ajuda aqui!

O bom de ter Elyna era que peso jamais seria um problema, ela pegou o último barril como se não fosse nada e fez uma trilha de gasolina que ia da barricada que construíram com os outros barris até a mini entrada da estação onde estavam escondidas; Ava tentou acenar para demonstrar que estavam lá, mas não ousou gritar para não chamar atenção indesejada e arriscar se tornar um alvo ainda mais fácil. Tinham pouca munição e Elyna ainda estava vagando por aí usando uma camiseta com um buraco do tamanho de um pulso no meio da barriga, e Ava ainda não a havia perdoado por isso.

- Meninas, venham!

A voz de Claire soou algum lugar atrás delas, no entanto, Ava só conseguiu manter o foco no monstro que simplesmente saltou do telhado do prédio logo atrás de Alice e Jill. Se parecia com o de antes, mas diferente de alguma forma, com tentáculos que se agitavam como cobras saindo de suas costas e definitivamente estava mais rápido ao perseguir suas presas. Um dos tentáculos serpenteou pelo asfalto molhado e agarrou Alice pelo tornozelo, derrubando-a pesadamente no chão, ao que Jill rapidamente avançou e o golpeou repetidamente com uma faca de caça até cortá-lo ao meio.

A criatura rugiu, ergueu as mãos em direção ao céu e mostrou os dentes que pareciam ainda maiores. Estava definitivamente furiosa.

- Aqui! – Elyna gritou – Estamos aqui!

Alice se levantou rapidamente e seguiu Jill pela rua, ambas correndo com todas as suas forças para chegar à plataforma e saltaram a poça de gasolina que se formou ali.

Foi preciso que Elyna praticamente arrastasse Ava em direção ao teleférico que começava a se mover e a jogasse lá dentro, e tirou um isqueiro do bolso assim que as outras duas mulheres adentraram a estação; tentou acendê-lo algumas vezes, mas tudo o que conseguiu foi algumas faíscas que não conseguiriam completar o trabalho. Fraca como ainda estava, Ava gemeu ao atingir o solo do vagão e teve uma visão turva do que estava acontecendo e se deu conta que Alice e Jill saltaram para dentro assim que começavam a ganhar altitude.

O teleférico  deu uma guinada forte e tudo balançou, Elyna caiu por cima de Ava e o isqueiro se perdeu em algum lugar; Jill mal conseguiu se segurar em uma das cadeiras e Alice balançou perigosamente perto da porta aberta.

- Claire! – Ava gritou.

- Não fui eu!

Outro tentáculo maior que o outro agarrou o teleférico  e o envolveu como se não passasse de um brinquedo, e o estava puxando de volta através dos cabos para que voltasse à plataforma.

- Os barris! – Elyna gritou – Vai explodir tudo!

Alice praticamente se dependurou na porta e descarregou a arma no mostro, mas as balas sequer fizeram cócegas em seu corpo imenso. O teleférico  deu outra guinada forte, praticamente puderam ouvir o chiado proveniente da força das roldanas tentando deslizar sobre os cabos enquanto uma força ainda maior as puxava para trás, fazendo com que voltassem pouco a pouco. Jill conseguiu recuperar o equilíbrio, ergueu-se e tateou os bolsos e coldres até que seus olhos se arregalaram de surpresa.

Mais do que rápido, Jill praticamente se jogou para frente e agarrou-se em Alice para manter-se de pé, mordeu o pino da granada e o cuspiu no chão.

O arremesso foi perfeito. Assistiram como que em câmera lenta a granada rodopiar no ar em direção ao monstro; Alice empurrou Jill para dentro do teleférico  e caíram no chão, ambas protegeram instintivamente a cabeça, e Claire se encolheu da melhor maneira que pode junto ao painel de controle; foi a última coisa que Ava viu antes de Elyna se jogar sobre ela, esmagando-a contra o piso e quase quebrando o seu nariz no processo.

A explosão fez o teleférico  balançar violentamente, todas foram jogadas de um lado para o outro e Ava mal conseguiu se segurar em um dos bancos e agarrar a mão de Elyna para impedi-la de sair voando pela porta. Seus ouvidos zumbiram, parecia ter um apito alto e insistente no cérebro, e sua noção do que era em cima e embaixo estava bastante prejudicada, só podia imaginar como as outras estavam.

Quando tudo se acalmou, notou que pelo menos ninguém havia sido arremessada para fora.

Alice ofegou, uma mistura de suspiro e um gemido esganiçado, e ao levantar a mão Ava notou que o dedo anelar estava virado completamente para cima em um ângulo doloroso de 90 graus. A mulher respirou fundo e o empurrou de volta pro lugar, soltando o ar em seguida.

Elyna engatinhou até a borda e olhou para baixo enquanto voltavam a ganhar altitude.

- Caralho, aquela coisa virou um monte de tripas! O que era?

- Uma arma criada pela Umbrella – Alice respondeu simplesmente – O programa Nêmesis, programado para caçar e matar membros dos STARS.

- Caralho...

Com alguma dificuldade, Ava conseguiu se ajeitar e sentar-se forma mais digna no chão e Jill se arrastou para ficar ao seu lado.

- Depois de sair daqui, quero tomar um banho de três dias.

Não sabia se a policial estava ou não sendo sarcástica, mas estar coberta de sangue após ser perseguida por um monstro como aqueles realmente a fazia precisar de um bom banho e por isso concordou.

Alice cambaleou até Claire, que continuava controlando manualmente o teleférico para levá-las em segurança, e segurou seu rosto entre as mãos.

- Você está bem?

As palavras saíram meio emboladas, quase gritadas, e Claire apenas agitou a cabeça em resposta.

Todas estavam meio surdas, com exceção de Elyna que já parecia recuperada (filha da puta arrogante!) e que voltou a pairar de forma protetora ao redor de Ava, então a comunicação entre Alice e Claire se deu principalmente com olhares. Ambas pareciam querer se certificar que estavam bem, que haviam conseguido mais uma vez e que logo estariam seguras, mas, o mais importante, uma queria saber se a outra não tinha ferimentos graves. Alice pressionou um beijo na testa de Claire e abraçou como conseguiu, meio de lado, desajeitada, mas foi visível como a ruiva relaxou no abraço e Ava imaginou como seria amar alguém a esse ponto.

 De alguma forma conseguiram chegar à montanhas Arklay em um único pedaço, a descida não foi tão suave e tiveram que lidar com uma pequena queda na estação no meio da mata.

No exato momento em que colocaram os pés em solo firme, mísseis teleguiados cruzaram o céu já iluminado pelo sol nascente.

E dali assistiram a total destruição de Raccon City com o extermínio de milhares de vidas em uma tentativa da Umbrella em encobrir seus crimes.


Notas Finais


É isso, pessoas. Me desculpe se não teve muito romance nesse capítulo, eu realmente queria incluir uma cena da Donna e da Esmeralda aqui mas não consegui escrever, e não queria atrasar mais.

No próximo teremos Donna e eu prometo u.u

Por favor, comentem e ajudem essa escritora que tá no pior dia da vida dela.


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