Me aconcheguei um pouco mais naqueles braços que me seguram carinhosamente, fechando meus olhos sutilmente. Deitados em nossa cama de casal, Andrew havia pegado no sono enquanto conversávamos sobre a série que havíamos assistido durante o jantar. Ele devia estar bem cansado por conta de seu importante cargo na empresa de seu pai, principalmente por que os Hambridge são extremamente perfeccionistas sobre suas coisas, apesar de o moreno cozinhar realmente mal, talvez essa seja uma das únicas coisas que o homem não saber fazer. Lembrar de seu omelete queimado e sem sal fez com que eu segurasse um riso com medo de acorda-lo. Na verdade tanto ele quanto eu somos horríveis na cozinha, por isso sempre a Janette nossa doméstica, que faz as refeições, no entanto hoje ela estava ocupada com a escola de seu filho e não pôde comparecer. Pelo menos assim eu pude vê a expressão envergonhada de Andrew ao provar seu próprio omelete e perceber o quão ruim estava, bom, pelo menos ovos eu sei fazer sem ficar um completo desastre, já Andrew realmente é inútil nisso. Deixei um sorriso singelo surgir em meu rosto, ergui meu rosto para observar o moreno, como está escuro, não dá muito bem para enxergar, mesmo assim fui capaz de vê um fio de saliva escorrendo sobre sua boca durante o sonhar.
Eu queria conseguir dormir logo, pois tinha que acordar cedo para ir a biblioteca estudar para um simulado, entretanto o assunto “ faculdade” que eu tanto estava tentando evitar surgiu em minha cabeça. Acabei soltando um sorriso envergonhado ao lembrar de minha nova professora de química. Ah, aquela Diana mesmo, quem diria que se tornaria professora antes mesmo de eu me formar na faculdade. Me senti um pouco frustrada ao lembrar disso, mas não há muito o que fazer. Depois que eu conclui o ensino médio, optei por não continuar os estudos e sim focar em meu trabalho em uma loja do centro da cidade. Não por escolha realmente e sim por sobrevivência, eu simplesmente precisava morar sozinha e de forma independente, sem precisar mais depender de minha irmã, mesmo que isso tenha atrasado completamente minha formação, eu não me arrependo de nada. Mas eu estaria mentindo se dissesse que não me incomodou vê como a vida de todos andou mais rápida que a minha. Deixei um longo suspiro escapar. Mas eu estou feliz por Diana, ela se tornou uma professora maravilhosa e, querendo ou não, a mulher fica realmente sexy de óculos de leitura. Segurei o riso sobre isso, a pose de “sabe tudo” ela sempre teve.
Okay, eu queria não ficar pensando tanto em como a Cavendish está bonita, mas que mal isso tem? Na verdade ela sempre foi um arraso de linda, chegava a iludir todos os garotos na escola, por ter aquela típica pose de menina rica, loira e de olhos azuis. Mas Diana nunca deu bola para os garotos, mesmo os mais populares, a verdade é que a professora é lésbica. Na época de escola só eu sabia desse fato, isso de alguma forma me alegrava, afinal ela confiava somente em mim para contar isso, mas acredito que hoje em dia ela seja assumida, presumo ao menos. Eu verdadeiramente não estava sabendo nada sobre a mulher até o momento. Quando Diana foi embora, ela simplesmente sumiu, não respondia minhas mensagens ou sequer manteve suas redes sociais ativas por muito tempo. Talvez eu tivesse feito algo que a fez me odiar.
Por isso, quando vi a loira entrar na sala de aula tranquilamente, com toda sua pose de aristocrata, cabeça erguida, salto alto, óculos de médico e cachos soltos sobre seus ombros, senti um arrepio gigantesco sobre todo o meu corpo. Mal pude acreditar no que estava vendo. Imaginei que ela fosse me evitar, talvez, mas quem poderia imaginar que algo assim ocorreria após tantos anos sem se ver.
Flash back on
Era uma terça-feira nublada e levemente congelante, as nuvens cobriam o sol por completo tornado o clima agradável, isso se não congelasse a ponta dos meus dedos e deixasse meu nariz vermelho. No auditório, eu estava sentada na última fileira ao lado da parede, mais ou menos no meio, não muito na frente nem atrás. Normalmente eu evitava sentar na parede, por que a parede gelada facilitava para eu sentir sono, e acabar dormindo na aula. Detesto acordar cedo, essa é a verdade. Porém, naquele dia, por incrível que pareça, eu não senti um pingo de sono, pois algo surpreendente aconteceu.
A aula de física havia chegado ao fim e eu só conseguia obrigar minhas pálpebra de não se fecharem por mais alguns minutos. Isso graças ao fato de querer saber quem é o novo professor, para poder dá uma boa impressão em seu primeiro dia e não parecer uma pessoa descuidada. Depois disso poderia dormir o resto do horário.
Porém quando ouvi o salto alto tocando ao chão, de forma suave resultando em um som não tão alto, porém bastante uniforme se aproximar, e por fim entrar na sala calmamente. No mesmo segundo meus olhos se arregalaram, meus ombros e queixo caíram consequentemente. Aqueles cachos balançando ao andar, cabeça erguida, olhos brilhantes como cristais e pele clara como porcelana. Não havia dúvidas, era Diana Cavendish em pessoa, minha melhor amiga de infância que eu não via há simplesmente anos. Não havia como não reconhece-la logo de cara, a mulher sempre teve uma aparência e aura marcante, mas vê-la adulta e madura é sem dúvidas surpreendente. Não precisei fazer muito esforço para ouvir os comentários baixos de meus colegas, todos surpresos com a beleza alucinante da mulher. Parecia mais uma aluna transferida do que uma professora, essa era a verdade.
Vários questionamentos surgiram em minha cabeça sobre aquela situação, mas eu só pude conter todo meu entusiasmo apertando os punhos e torcendo para ela olhar em minha direção. Somente para que notasse meu olhar de desespero e que eu pudesse admirar melhor seu rosto maduro.
Diana colocou sua bolsa sobre a mesa calmamente e então ergueu a cabeça, fitando todos superficialmente, não olhando diretamente para mim em nenhum momento, mas um sorriso singelo enfeitava seu rosto pálido.
— Bom dia, senhoras e senhores. Bom como vocês já devem saber, sou a nova professora de Química, Diana Cavendish. — ela estava com um leve sotaque britânico ao falar. — Gostaria que nos déssemos bem, não precisam me ver como uma grande autoridade. Só alguém que gostaria de leciona-los e ajuda-los a concluir seu curso. Eu tampouco pretendo reprimi-los por algo que tenham feito, todos aqui são adultos. — Gesticulou com as mãos, por fim levando uma mecha de seu cabelo para trás da orelha. — Quando quiserem atender o celular, ir no banheiro ou qualquer coisa que não seja referente a minha aula, é só levantar de sua cadeira e sair da sala. Não há necessidade de chamar minha atenção para esses assuntos triviais e acredito que vocês já estejam acostumados com esse método. — eu mal conseguia conter a euforia de observa-la, estava muito confusa, mas acima de tudo entusiasmada, isso era completamente surpreendente para mim. Apesar disso, tinha uma pontinha de medo da reação dela quando me visse, tanto por ter parado de falar comigo, como se me odiasse, e segundo por eu ser sua aluna quando tenho literalmente a mesma idade que ela. Não duvidaria se ela tivesse pulado algum ano, Diana sempre foi um gênio.
Novamente os olhos dela caminharam sobre os universitários. — Vamos fazer uma introdução básica. Preciso saber o nome de vocês e por isso farei a chamada agora, qualquer dúvida sobre como será nossa carga horária, só perguntar para mim sem medo. Como todos já se conhecem, não há necessidade d...— Diana cortou sua frase de repente, e eu não pude conter o sorriso ao vê-la com seus olhos completamente focados em mim, os mesmos estando arregalados e sua surpresa no olhar era palpável. A mesma me olhou de cima abaixo, ainda sem reação e eu só consegui sorrir largo e então enviar um aceno para a professora.
— Srta. Cavendish, você tá bem? — Questionou um de meus colegas, provavelmente não estava realmente preocupado, só queria se agarrar na chance de dar uma boa impressão para a jovem professora britânica e gata.
Diana parecia não conseguir desviar o olhar de mim. Mas mesmo a contragosto, olhou na direção do rapaz que havia lhe chamado. Ela estava claramente sem graça, um pouco constrangida, mas logo recobrou seu ar inteligente e aristocrata. Ela limpou a garganta ficando em postura.
— Ah, sinto muito. Bom, continuando. Como estamos no meio do semestre, acredito que não há necessidade de apresentações mais detalhadas. Só gostaria que cada um respondesse a chamada que farei agora, e se quiser falar alguma coisa. Sinta-se livre. Após um curto tempo, garanto que gravarei o nome de cada um. — Completou umedecendo seus lábios rachados com a língua. Talvez o clima daqui não esteja lhe fazendo muito bem, ela provavelmente ainda não se acostumou.
Sua reação me deixou inquieta, mas acho que era de se esperar, Diana sempre manteve uma pose de séria e madura quando estava na frente de outras pessoas além de mim. Ela abriu sua bolsa e retirou uma pasta de lá, logo encostando-se em sua mesa, de frente para o auditório, que parecia admira-la calmamente.
— Bom vamos lá, começando em ordem alfabética.
E assim a professora fez sua chamada calmamente, como se seu horário fosse infinito. Mas eu via claramente que meus colegas estavam realmente interessados na jovem professora, a ponto de realmente falarem de si após responder a chamada. Com comentários descontraídos, alguns até mesmo sobre a aparência da loira, e ela parecia se divertir com os mesmos, rindo gentilmente e então indo para o próximo nome.
E eu nunca havia esperado tão ansiosamente alguém chamar meu nome. E assim que chegou minha vez na chamada, vi a voz da loira falhar um pouco. Antes mesmo de falar o nome a professora já estava olhando em minha direção, ela deixou um sorriso descontraído se formar. Igual a mim, ela parecia não saber lidar bem com essa estranha coincidência.
— Atsuko Kagari. — Chamou com sua voz melódica e suave. Eu tinha pensado em tantas coisas que poderia falar, perguntar, ou brincar. Mas a única coisa que conseguia foi falar “ presente” e então vê-la voltar sua atenção para seu caderno, logo chamando pelo próximo nome.
Quis afundar meu rosto contra o livro por ter perdido essa chance. E logo a minha amiga ao meu lado notou meu humor frustrado.
— O que você tem, Akko? Tá toda chatinha hoje, nem tirou sarro da professora ou falou algo. Pensei que quando chegasse sua vez, você iria falar que nem uma matraca como sempre. — Murmurou Amanda com uma carranca mal humorada, parecia ser uma das únicas pessoas ali que estava entediada e não admirando Diana. Bem a cara de Amanda.
Suspirei e então virei meu rosto para fitar a ruiva, ela nem sequer estava olhando para mim e sim fazendo um desenho esquisito e desleixado em uma página de seu caderno de química.
— A professora, eu conheço ela. — Admiti demostrando um humor tão entediado quanto o da pessoa distraída ao meu lado.
Ela parou de desenhar e então ergueu seu olhar para fitar Diana novamente, como se finalmente prestasse atenção de fato da britânica. — Ah, entendi. Ela é amiga do Andrew ou algo assim? — Indagou, voltando sua atenção para o desenho. Me senti ofendida, era como se ela estivesse dizendo que eu não seria capaz de conhecer uma mulher de classe como Diana por mim mesma, mas somente ignorei e suspirei.
— Uma amiga do ensino fundamental.. — Murmurei admirando-a, enquanto a mesma conclui a chamada e guarda sua pasta, retirando seu notebook de bolsa em seguida.
— hmmm. — Amanda parecia avaliar a situação. — Isso pode ser interessante.
— Mas porque?
— Vai poder pedir cola para a gente com ela. — fez um sinal de “ok” com a mão direita, piscando para mim. E me senti uma idiota por ter achado a ideia verdadeiramente interessante. Mas acabei rindo com a ruiva.
Diana começou a falar sobre seus métodos de ensino e assuntos que teríamos no semestre. E antes que pudéssemos perceber, a aula acabou. Logo meus colegas foram descendo as escadarias do auditório, com seus matérias em mãos, caminhando na direção da saída com euforia e pressa. Ainda sentada em minha cadeira, observei alguns universitários chamarem a atenção da professora, e pude ouvir baixinho que estavam falando sobre o trabalho que a mulher tinha dado para nós, atividade que iria ser usada como um pré-conceito sobre nosso conhecimento atual sobre sua matéria. E Diana realmente parecia adulta, respondia cada dúvida com um sorriso maduro e gentil no rosto, na hora eu me senti nostálgica e surpresa ao mesmo tempo. Era óbvio, afinal Diana realmente é uma adulta agora, assim como eu, mesmo assim é estranho vê-la.
De repente senti Amanda cutucar meu ombro, tirando-me de meu devaneio.
—Eai, bochechão? Vai querer sair com a Lotte e eu hoje? — Questionou a desleixada mulher, já em pé e colocando sua bolsa alça longa de atravessado em seu ombro. Seus fios ruivos estavam bagunçados como de costume, destacando seu charme rebelde. E assim que troquei olhares com Diana Cavendish, não precisei pensar muito para ter uma resposta.
— Não, não. Não estou afim de segurar vela de novo. — respondi despojadamente. Na realidade não me importava de segurar vela ou algo assim, até porque sou tão tagarela que me incapacita de ficar constrangida. Amanda sabe disso. Ela deu um sorriso de canto colocado sua caneta que havia esquecido de guardar na mochila, em sua orelha direita.
— Não tenho culpa se o Sr. Hambridge nunca tem tempo para sair conosco. — Murmurou de forma provocante. — Difícil essa vida de gente rica, né? — A ruiva deu de ombros já começando a caminhar para longe.
— Vai se foder, Mandy. — dei um sorriso travesso ao soltar o apelido que Amanda tanto odiava que outra pessoa além de Lotte falasse. Sei que ela se envergonha porque que ele quebra sua famosa pose de “bandida”. Somente vi ela me enviar um dedo de meio e então descer o auditório entre passos rápidos.
— Me manda uma mensagem se mudar de ideia!! — A ruiva berra já na porta da sala. Confesso que me assustei com seu grito que ecoou pela sala vazia, e segurei a risada quando vi Diana se assustar também, enviando um olhar curioso e surpreso para Amanda. Essa que somente encolheu os ombros e então se desculpou com a loira rapidamente, antes de sair de meu campo de visão.
Ao olhar ao redor, logo vi que não havia mais ninguém no auditório, além de Diana, dois alunos que conversavam com ela e eu.
Me levantei levando minha mochila ao ombro. Confesso que estava sentindo um sentimento forte de ansiedade a cada degrau que descia daquele auditório.
E assim que vi os dois homens saírem da sala juntos, parei de descer em câmera lenta as escadas, e sorri largo quando vi a loira focar toda sua atenção em mim.
Ativando completamente “meu modo” Atsuko Kagari idiota que tanto me alertam, corri na direção de Diana envolvendo meus braços em sua cintura consequentemente. — Diana! — Exclamei com um longo sorriso, apertando mais o abraço unilateral. Pude ver de relance seus olhos azuis arregalados antes de afundar meu rosto em seu ombro, sentindo um cheiro caramelizado forte invadir minhas narinas. Antes que pudesse me embriagar no aroma um pouco mais, afastei meu corpo do da mulher encontrando sua esperada feição surpresa.
Separei-me do abraço e segurei suas mãos gentilmente. — Há quanto tempo!— Exclamei mostrando uma felicidade genuína. E de fato eu estava, naquele momento tinha esquecido completamente o medo que tinha mais cedo da loira me odiar.
Diana olhou de relance para minhas mãos que seguravam as suas. Ela parecia estar raciocinando a situação, mas após alguns segundos, logo vi um sorriso nostálgico e sereno se formar em seus lábios finos e atraentes.
— De fato. Mal posso acreditar, Ak... Kagari. — Ela desviou o olhar incerta sobre como me chamar agora. — Quem diria que isso fosse acontecer, não é mesmo? — Ela fechou seus olhos e sorriu, destacando seus cílios longos e sua bochecha naturalmente corada. E não pude conter meu olhar de admiração ao observa-la agora de tão perto. Que mulher linda. Diana sempre foi encantadora como uma princesa, mas agora sua beleza estava... Eu não conseguia explicar, somente que olhar para ela faz parecer que um brilho natural vem de sua feição.
— Que linda! — Acabei soltando a frase que tanto passava por minha cabeça, e no mesmo segundo soltei as mãos da professora e deixei um sorriso constrangido e amarelo se formar. Foi fácil notar a surpresa e a vermelhidão mais intensa em sua pálida face.
Levei minha mão direita a nuca, eu era mesmo uma idiota. — Você não mudou nada, Diana! Continua belíssima... C-como uma princesa! E...
Antes que eu pudesse concluir meu raciocínio, ouvimos batidas na porta ao lado, e consequentemente Diana deu um passo para trás, se afastando de mim um pouco, enviando seu olhar na direção da saída. Vendo uma senhora baixinha e óculos redondos, segurando alguns papéis.
— Com licença, Professora Cavendish. Mas poderia vim em minha sala por um momento? — Ela perguntou gentilmente, com um sorriso que destacava sua feição idosa.
Diana intercalou seu olhar entre mim e ela. A loira parecia querer ficar, mas essa impressão não durou muito, logo vi a mesma pegar sua bola em cima da mesa, e então coloca-la em seu ombro.
Mas quando pensei que a britânica fosse me deixar falando sozinha. Ela discretamente aproximou seu rosto do meu ouvido e sussurrou:
— Se possível, me espere na biblioteca da universidade para terminarmos essa conversa. — Falou rapidamente, antes de virar-se de costas para mim e então acompanhar a idosa para fora da sala.
Flash Back off
Segurei um sorriso em lembrar da cena. Encontrar-me com Diane foi sem dúvidas incrível. Abracei Andrew um pouco mais, aconchegando-me naqueles braços fortes e quentes de meu noivo, simplesmente não conseguindo tirar a professora da minha cabeça. Será que agora poderemos voltar a ser o que éramos antes? Lembro que quando estávamos do fundamental, eu tinha sugerido para a britânica ser a madrinha de meu casamento um dia, seria simplesmente incrível se ela realmente fosse uma de minhas madrinhas. Mesmo depois de tanto tempo... Senti meu peito apertar um pouco ao pensar nisso.
Será que... Ela ainda deseja ser minha amiga? Soltei uma expressão levemente tristonha ao pensar na possibilidade de a loira não querer.
Pois bem! Seria muito bom se ela conhecesse minhas novas amigas também. Espero que não fique um clima estranho entre nós duas. E afundando-me nesses pensamentos, nem percebi quando cai no sono.
[ . . . ]
Senti alguém cutucando minhas bochechas suavemente, de forma irritante por ser tão insistente. Logo fui abrindo meus olhos sonolentos, encontrando logo a minha frente um sorriso travesso e gentil, que com ele, acompanha um olhar sereno daquelas duas esmeraldas.
O rapaz estava em pé ao lado de nossa cama, com seu terno perfeitamente ajustado ao seu pescoço. Ele levou sua mão ao meu rosto, deslizando a mesma em minha testa, provavelmente penteando com os dedos minha franja que deveria estar realmente bagunçada por conta da noite de sono.
— Bom dia, coelhinha. — Murmurou gentilmente, após ajeitar minha franja como gostaria. O moreno sorriu e então aproximou o rosto, beijando suavemente minha testa, arrancando-me um sorriso infantil.
— Bom dia, pinguim. — Murmurei esticando meus braços, ainda deitada no intuito de me espreguiçar. Logo vi o homem fazer uma suave carranca sobre seu odiado apelido. Ele gostava de me chamar de coelhinha porque no nosso primeiro beijo, eu quase quebrei nossos dentes ao bater meu rosto contra o dele de forma muito desajeitada e constrangedora. E também porque eu sou um pouco dentuça, não posso negar. Antes ele usava o apelido para me irritar, mas atualmente é como se fosse uma forma carinhosa de falar comigo.
Agora o apelido que eu dei para ele “pinguim” é realmente fácil de entender. O chamo assim somente pelo fato de o rapaz estar sempre usando terno. Como moramos juntos, hoje em dia eu vejo ele sem tento frequentemente. Mas na época que o apelidei assim, estávamos somente saindo e não importava a ocasião, ele estava de terno. O que era bem engraçado.
Andrew suspirou e passou a mão sobre seu cabelo, já coberto de gel importado. — Como você já sabe, voltarei um pouco mais tarde hoje. — Logo ele viu minha expressão levemente emburrada, o rapaz sorriu e caminhou na direção da porta. — Não precisa se preocupar, volto para assistir série com você no jantar. — Concluiu o mesmo abrindo a porta, ele olhou em minha direção e então mandou um beijo no ar.
Somente mostrei língua para o rapaz, o que o fez rir e então saiu do aposento.
Fitando o teto ainda com um pouco de sono, deixei um longo bocejo sair, fiquei em posição fetal, olhando para a janela. A cortina estava entreaberta, algo que permitia que um pouco de luz solar entrasse. E após alguns minutos deitada ali, me permiti deixar de procrastinar e me levantar
[ . . . ]
Estava na biblioteca do centro da cidade, eram por volta de 10 da manhã de uma quarta-feira ensolarada. Lutando constantemente contra a vontade de parar de ler aquele livro chato sobre a matéria de publicidade. E muitas vezes quase sentia minhas pálpebras se fecharem, tamanho era meu tédio.
O lugar estava vazio e como de costume, silencioso. Com somente uma música clássica baixa tocando ao fundo, junto com o aroma de café que invade minhas narinas. Suspirei apoiando meu rosto contra minha mão, sentindo meus óculos de leitura deslizarem um pouco em meu nariz por conta do movimento, logo os ajeitando em meu rosto com minha mão livre.
E enquanto me distraia com as infinitas letras e tópicos no livro publicitário. Ouvi o som dos guizos da porta balançarem, esses que faziam um sutil e doce som quando alguém abria a porta do estabelecimento. Ergui meu olhar somente pela curiosidade, mas logo afastei meu rosto de minha mão, quando vi Diana entrando no local calmamente.
É constrangedor pensar isso, mas tenho certeza que se eu fosse um cãozinho, estaria com meu rabo balançando enlouquecidamente ao vê-la ali.
Ela passou seu olhar rapidamente pelo local , como se fosse sua primeira vez ali, e talvez realmente fosse. Diana sorriu para a moça do caixa de forma gentil, caminhando calmamente na direção das prateleiras de livros universitários. Confesso que fiquei levemente frustrada de justo hoje, Lotte não estar em seu horário de trabalho ali na biblioteca.
Assim que perdi a professora de visão, enviei meu olhar ao livro na mesa. Eu realmente só estava querendo um dedinho para abandonar meu estudo entediante. Por isso somente fechei o mesmo, com meu marcador na página que havia parado.
Levantei-me da cadeira, deixando minha bolsa ali pendurada na mesma, levando comigo somente meu celular e carteira no bolso.
Corri na direção dos corredores de forma eufórica, não demorou e avistei a loira de frente para uma alta prateleira, olhando sugestivamente para alguns livros ali, mas por incrível que pareça, eles não eram universitários como havia imaginado, e sim várias sagas de livros românticos.
— Diana!— Chamei em um tom não muito elevado, por motivos óbvios.
Ela pareceu se assustar e então olhar em minha direção. A mulher arqueou a sobrancelha e ficou em postura, virando-se em minha direção.
— Ah, olá, Atsuko. — Ela sorriu, e por um segundo senti que havia visto um anjo. Como que ela conseguia ser tão linda?
— Nós nem conversamos direito ontem. Você gostaria de tomar um café na cafeteria aqui da biblioteca comigo? — Murmurei sorridente. Diana olhou na direção da prateleira, como se estivesse decidindo qual era a melhor opção, ler ou conversar comigo.
A mesma logo voltou sua atenção para mim, deixando um sorriso materno enfeitar seu rosto maduro.
— Podemos sim. Vai na frente que eu já estou indo logo atrás. — Sugeriu a loira. Logo um longo sorriso surgiu em meu rosto. Mal podia esperar para conversar com minha antiga melhor amiga novamente. Balancei a cabeça positivamente como uma criança que havia ganhado um doce, e então virei-me de costas para a maior, seguindo em direção a cafeteria.
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