Julie Bieber POV
Completamente perdida.
Era assim que eu me encontrava, não conseguia me mover, sentia o chão tremer debaixo dos meus pés.
No que acreditar?
Como aquilo era possível?
De início eu não tive reação, travei. Quase não respirava, então ela começou a falar e falar.
Não dava tempo para que eu perguntasse nada, ela já dava as respostas. Como se lesse minha mente. Depois de me entregar alguns papéis que ela intitulou de provas virou as costas e foi embora.
Minha mãe tinha uma irmã gêmea e nem sabia.
Como meu pai nunca descobriu isso?
A emoção fala mais alto, eu estava atordoada. Queria pelo menos ter a abraçado, sentir seu perfume. Ter certeza que não é a minha mãe.
Mais é claro que o abraço só me deixaria com mais duvidas.
E se eu acabei de ficar frente a frente com a minha mãe e não a abracei e ainda a deixei ir.
Não.
Impossível.
Minha mãe nunca faria algo assim, ela nos amava, tenho certeza disso.
Não conseguia pensar muito e a única coisa que consegui fazer foi discar o número do Mike.
Não queria chamar nem o Cams e nem o Charles. Eles fariam muitas perguntas e eu também não quero enfrentar nenhum dos dois, sem falar na minha confusão tinha aquela conversa que eu li. Não sei até que ponto posso confiar neles.
Mike atendeu rápido, disse que estava perto e que chegaria em dois minutos. Os dois minutos mais longos da minha vida, comecei a pensar se deveria falar para o meu pai, eu não queria fazer nada que esoantasse a Alana de perto, ou melhor. Nada que pudesse a afastar.
Passei os olhos pelo lugar e senti um calafrio. O medo começou a me cutucar, só me dei conta que estava sozinha em um lugar desconhecido agora.
Se antes o chão tremia agora ele nem existia mais.
Segurei os papéis contra o meu peito e os apertei forte. Tomara que eu encontre todos as respostas que quero aqui.
Meu corpo reclamou de dor, estava sem dormir e ainda depois da noite que tive ontem, não sei como ainda conseguia me manter em pé.
Me virei com cuidado e caminhei até a saída. Suspirei fundo e coloquei os pés para fora daquele lugar. Assim que saí o ar parecia estar mais puro.
O que está acontecendo na minha vida?
Vi o carro do Mike se aproximando.
Ele encostou devagar, se esticou e abriu a porta para mim.
- Entra - fala - O que aconteceu? O que está fazendo aqui? O que é isso?
Entro ignorando o interrogatório.
- Julie, o que está acontecendo? - pergunta novamente.
Era muito claro que ele também não tinha dormido, provavelmente tinha virado a noite em alguma festa.
- Alguém te machucou? - questiona novamente.
- Só… - suspiro - Só, me leva para casa.
- E você acha que eu vou te deixar assim? Quieta. A gente não vai sair daqui até você começar a falar.
Desliga o carro.
- Por favor Mike - imploro - Eu prometo que conto tudo assim que descansar um pouco.
Ele torce o bico e finalmente da partida.
O vento vindo da janela bateu forte no meu rosto piorando a situação de segurar as lágrimas, uma ou duas insistiram tanto que acabaram rolando pela minha bochecha.
Eu preciso descobrir uma maneira de descobrir se essa é realmente a minha mãe.
Mas se fosse, por que ela não teria voltado para gente? Por que ela estaria fazendo isso?
Se essa não for mesmo a minha mãe, o que está mulher quer? Por que só aparecer agora?
Ainda tinha a conversa que eu queria ter com o meu pai sobre as mensagens do Cameron com o Charles.
Fechei os olhos por um momento e desejei estar dormindo, que tudo fosse um sonho. Tentando não me importar com tudo.
Ignorar o fato de que minha vida ficou bagunçada da noite para o dia.
- Na festa, ontem, a Sara veio falar comigo - Mike fala meio para baixo.
Me viro com uma interrogação no rosto.
- O que ela disse? - pergunto.
- Que eu não tenho chances - solta - Fez questão de ficar com o Charles na minha frente.
O que?
- O QUE?
- Pois é, eu também me assustei, afinal eles foram criados como irmão e do nada eles se beijam e tal, acha que eles estão juntos a muito tempo?
- Não pode ser - resmungo - Filha de uma puta!
Mike me da uma olhada rápida e solta um sorrisinho de lado.
- Isso é ciúmes senhorita Julie? - brinca.
- Não seu idiota, ela é praticamente irmã dele. Aposto que o tio Ryan não sabe, quem o Charles pensa que é? Que cafajeste.
- Não estou te entendendo Julie - Mike diz franzindo as sombrancelhas - Você está com raiva da Sara ou do Charles? Se for olhar bem você não tem muito haver com a vida deles… A não ser qu…
- CALA A DROGA DA BOCA.
- Ok, isso definitivamente ciúmes. Você gosta do Charles.
- Para o carro, vou andando - ameaço abrir a porta, sem muito sucesso.
- Calma Julie, só estava brincando. Já estamos chegando, você vai subir, descansar e me contar tudo. Vou ficar esperando sua ligação.
- Não posso prometer muito - digo colocando um fim na conversa.
Depois disso não demorou muito até chegarmos em casa, desci do carro e nem ao menos disse obrigado.
Entrei praticamente correndo, queria que o Charles ainda estivesse deitado no sofá, para poder matar ele assim mesmo.
Mas ele estava jogando videogame com o Louis.
- Louis, o papai já chegou? - pergunto chamando a atenção dos dois.
- Não - ele responde.
Passei reto depois disso é comecei a subir as escadas, por mais que eu quisesse esganar o Charles eu não tenho nem motivo, nós não temos nada.
- Juls! - ele me chama.
- Que? - respondo.
- Onde você estava? O seu pai ligou umas trinta vezes e eu acho que ele foi procurar você.
- Eu ligo para ele - volto a subir.
- Eu perguntei onde você estava.
- E eu não respondi.
- Eu estava responsável por você - diz tão seguro de si.
- Ah, coitado - ri.
Ignorei o que ele disse depois e fui para o meu quarto, fechei as janelas, tranquei a porta e coloquei os papéis em cima da minha escrivaninha e senti na cadeira.
Tentei começar a ler mas alguma coisa em mim me impedia.
Comecei a encarar aquilo com medo.
Eu preciso fazer isso.
Não só por mim, pelo meu pai e pelo Lou.
Eu tenho que enfrentar isso.
Passei a primeira folha.
Eram os resitros de uma maternidade bem antiga, muito antiga mesmo.
Era o nome da minha avó por parte de mãe.
Estava escrito que ela tinha tido gêmeas.
Continuei lendo compulsivamente.
Em seguida tinha alguns links estranhos, fiquei com medo de digitar aqui mas acabei fazendo de qualquer jeito.
A tela do meu computador ficou toda escura e em seguida apareceram alguns vídeos.
Um homem velho começou a falar.
- Ninguém se esquece do primeiro tráfico de bebês, e a filha do Hudson então, como iria esquecer? O próprio pai quis vender a filha, ele tinha duas iguais, por que ficar com as duas? - ele ri - O casal que comprou a criança era da Rússia, eles eram pessoas legais. Legais, ricas e desesperadas. Pagaram muito pela menina. Não sei o que houve depois disso.
- Você sabe.
O moço levanta a cabeça para quem tinha falado, estava atrás da câmera não dava para ver.
- Não. Sei.
- Tire um dedo - ordena quem estava por trás da câmera.
Não acreditei que realmente iam arrancar o dedo do homem, logo três caras mascarados se aproximaram, dois seguraram e o outro tirou uma lâmina afiada do bolso.
Virei o rosto e só pude ouvir os gritos começarem.
Me atrevi a olhar. Tinha muito sangue e eles ainda não tinham parado de cortar, senti ânsia. Meu estômago se revirou e deu um impulso para frente.
A voz atrás da câmera soou novamente.
- Você sabe de mais alguma coisa?
Pergunta em um tom irônico.
O homem suspirando forte e gemendo de dor começou a falar novamente.
- Na compra da bebê eu acabei matando o casal russo, peguei o dinheiro, peguei a bebê e ganhei mais dinheiro em cima dela. Cheguei a faturar meio milhão com ela.
- Para quem vendeu?
- O irmão do Hudson, ele soube o que estava acontecendo e decidiu que estaria ajudando o irmão assim… acabou se apegando a criança e então fugiu do país, forjou a própria morte e nunca mais ouvi falar nele.
O vídeo se encerra aí.
Tentei clicar nos outros mais estavam bloqueados.
Fechei aquela página e comecei a referir. Tinha acabado de ver um homem ser torturado.
Não tinha como estar bem.
Descobri que tenho uma tia.
Meu avô traficou a própria filha.
Quem é afinal Alana Hudson? Será que ela quer vingança por ter sido vendida?
Será que isso tudo não é uma invenção?
Ainda preciso de uma prova.
Me assusto com duas batidas fortes na porta.
- Julie! - era o meu pai.
Escondi tudo e fui abrir a porta.
Não dava para esconder que eu estava abalada.
- Filha… - ele me abraça.
Encosto a cabeça em seu peito e deixo as lágrimas caírem.
Eu literalmente não consegui me segurar em pé, meu corpo parecia ter sido tirado de mim restando somente a pele.
- O que a abelha rainha desta casa tem? - ele me guia até a cama.
Não consigo falar nada.
Meu pai era um bom amigo, sempre foi. Queria poder contar tudo para ele.
- Eu não sou a abelha rainha pai - começo - a princesa talvez… a rainha está desaparecida - choro - Onde ela está, pai? Por que ela não volta para nós?
- Eu não sei minha pequena, eu realmente não sei. Mas eu sei que a sua mãe jamais iria querer te ver chorando, ela jamais iria querer que você desistisse e foi exatamente isso que você fez, quando nem mais eu acreditava, você continuou batendo na mesma tecla e agora… Agora não parei um segundo até achar a sua mãe, eu juro filha. A abelha rainha vai voltar para comeia o mais rápido possível.
- Eu estou com medo pai - soluço - Como eu nunca estive antes.
- Eu também, mas eu não deixo que isso me coloque para baixo. Eu luto contra isso.
Me veio a mente falar sobre o Charles e o Cameron ou até mesmo da Alana mas meu pai também parecia mexido com essa história, achei melhor não.
Paro de chorar e limpo os olhos.
- Ela também limpa as lágrimas desse mesmo jeitinho, vocês são tão parecidas…
- Ela é doce, gentil, ela era no geral boa e eu sou uma ovelha negra pai - falo...
- Isso é você quem diz, sua mãe brava é pior que um furacão, junto com um tornado.
Ele ri.
- Pai, a mamãe tem alguma marca de nascença que dê para identificar?
Ele demora um pouco e ponta para o meu braço esquerdo.
- A marca no seu braço, igualzinha a da sua mãe.
[…]
Eu já tinha uma ideia do que fazer, tenho que ter certeza que não é a minha mãe ou se tem alguém
Voltei para os papéis, ainda tinha muita coisa.
A conversa com o meu pai ajudou bastante também, ele teve que ir trabalhar, disse que de lá também pode procurar a mamãe. Lou estava com o Charles ainda e eu trancafiada no quarto olhando tudo aquilo.
Tinha tanta coisa.
Por último algumas fotos, eram fotos da Alana, eu acho.
Olhei bem para elas, todas com uma cara maldosa.
Abaixei mais os olhos, em uma foto tirada sem que ela percebesse de costas, dava para ver uma marca no braço. Meu coração acelerou.
Não pode ser.
Christian Beadles POV
Estava descendo do avião quando recebi uma mensagem.
Pelo número eu já sabia que poderia ser problema, logo agora que o plano seguia perfeitamente.
“Ela fugiu”
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