Em frente a uma ameaça monstruosa, Naruto não hesitou em enfrentá-lo. Ele já havia gastado até sua última gota de suas reservas de chakra, mas sua teimosia o impedia de desistir. Vendo a situação, Minato decide doar uma parcela de seu chakra, para que ele efetivasse um último Rasengan. A união de chakras tão similares formou uma nova esfera espiritual, o verde do “sósia” do Yondaime se uniu ao azul de seu futuro filho, um azul turquesa predominou a bola giratória nas mãos de Naruto. -
Taikyoku Rasengan!
O chakra de cor turquesa, logo transformou seu corpo em um míssil giratório que rasgou as mãos da marionete gigante e pulverizou completamente o Mukade, com seu corpo parecido com uma aranha.
Apesar de tudo, Naruto sabia que Rōran se fora. A cidade acima deles estava desmoronando, o terremoto gerado pelo descontrole do poder de Ryūmyaku no subterrâneo cavernoso despertou a ira daquela terra, provocada pela luta.
— Sāra!
Seu grito foi quase inaudível quando outro tremor fez as pedras choverem do teto. A jovem rainha estava correndo para longe do templo que abrigava o Ryūmyaku depois de selar a maior parte. Indo em direção a ela, Naruto quase tropeçou quando a ponte desabou.
— Pegue minha mão!
Ela olhava fixamente para frente, não querendo enxergar o destino que lhe restaria caso caísse naquela energia fervente como lava, a esperança brilhou em seus olhos ao enxergar Naruto correndo em desespero para salvá-la. Então a passagem em seus pés desmoronou, Sāra tombou, tudo o que ela podia fazer era estender a mão e confiar sua vida ao seu herói loiro.
Ele era muito lento. O líquido corrompido e fervente a baixo queimaria Sāra.
E Naruto, não podia deixar isso acontecer.
Embora seu chakra tivesse sumindo e a exaustão assumindo, o Uzumaki saltou atrás dela, suas sandálias ninjas deslizaram pela beira da ponte rachada.
Foi uma fração de segundo. Seus pés seguraram a plataforma quando ele pegou o braço dela. A força exercida sobre a ponte foi o suficiente para que o resto dela desabasse, mas rapidamente a jogou em direção a Minato, que corria atrás dele. O homem a pegou, pulando para trás. A ligação de chakra entre ambos foi cortada e Naruto caiu.
— Naruto! - Sāra gritou. Ele sorriu para ela, fechando os olhos enquanto levantava o punho com o polegar erguido em sua direção.
Ele colidiu com inúmeros paralelepípedos de madeira que vieram em seu resgate, gemeu de com a dor que a kunai que Minato lhe deu, esfaqueando suas costelas.
— Cheguei a tempo! - O sorriso de Naruto aumentou com as palavras de Yamato.
— Yamato-Taichou!
O jinchuuriki se levantou, pegando a kunai do coldre em seu dorso enquanto Yamato levantava a plataforma. Segurando as costas pela grande incomodo que sentia no corte, o jovem tentou e falhou ao tentar ficar de pé.
— Obrigado por sua ajuda, Capitão! Eu pensei que ia mor-
Ele foi interrompido por um soco no estômago, fazendo-o cair, sua barriga revirou ficando a ponto de vomitar. Antes que pudesse reclamar, braços calorosos o envolveram.
— Você é suicida?
A pergunta lhe causou mais impacto do que a raiva do soco. Sāra estava tremendo, o medo de perdê-lo, a raiva de seu ato e a felicidade de o ver bem, entraram em conflito. Lentamente ele a abraçou, levantou a cabeça e sua expressão era de alguém confuso com a situação. Yamato e Minato não pareciam saber o que dizer para ajudá-lo, então ele apenas continuou a mantendo em seus braços.
— Eu sinto Muito? - Naruto tentou, ele realmente era péssimo nisso.
Ela lançou um olhar repreendedor que o deixou quieto.
— Naruto. - Disse Minato. - Me dê a kunai, eu selarei Ryūmyaku para sempre.
Naruto assentiu, entregando o objeto. O sangue nele quase não era visível pela iluminação rubra da estrutura arruinada. Então, quando Minato se aproximou ao centro do templo, ninguém poderia culpá-lo por não perceber o líquido a vermelhado no aço, considerando a situação estressante e a exaustiva.
Apunhalando a kunai na plataforma, o comandante Anbu começou o processo de selagem. Feixes de luz escarlate surgiram e desapareceram em finos fios de energia. Naruto começou a brilhar. Sāra deu um passo para trás, e avistaram os shinobi que salvaram sua vida, suas mãos estavam juntas em sinal de fé.
— A linha do tempo está sendo restaurada. – Conclui, descendo as escadas. - Obrigado por sua ajuda... Capitão? Er... Como poso te chamar?
— Ah, é uma honra! - Yamato falou, curvando-se. Minato coçou a nuca nervosamente. - Eu sou conhecido como Yamato. O capitão de Naruto em nosso time.
— Receio que o tempo de vocês aqui não se prolongará mais, Naruto, Yamato. – Avisou o Anbu de Konoha. Sāra mordia o lábio inferior, com um olhar distante, incapaz de encontrar os olhos de Naruto. Ela abriu a boca para tentar dizer algo, mas Minato continuou sem perder o ritmo. - Eu deveria selar as memórias de todos os envolvidos, para evitarmos atrapalhar a linha do tempo. Seria desastroso-
— De jeito nenhum. - Naruto respondeu de imediato. - Você disse que tinha algo para me contar!
— Um dia. - Sorriu. - Tenho certeza que vamos nos encontrar novamente.
A nobre moça que vestia quase um trapo de roupa balançou negativamente a cabeça.
— Também não quero perder minhas memórias. Você... Você realmente é do futuro, não é?
Naruto assentiu com seus lábios lacrados em silêncio, ele sabia o que ocorreria com Rōran na Terceira Grande Guerra Ninja. Então mais uma vez Minato preparava um selo. Um barulho alto os interrompeu. A luz vermelha apareceu novamente e o Ryūmyaku começou a vazar, criando um pilar de energia que rasgava o teto e dissipava as nuvens do céu.
Os olhos de Minato se arregalaram e se virou, tentando conter o selo. O intenso brilho ao redor dos Mirai Shinobi quebrou como se fosse vidro, enviando faíscas por toda parte. Quando as mãos de Minato tocaram o chakra de Ryūmyaku, ele não se dissipou.
Em vez disso, o rosto de uma raposa apareceu das manchas de sangue que estavam na lamina de três pontas. Rugindo em direção ao céu, o demônio levou o fluxo de chakra em direção ao céu e explodiu em uma chuva de um bilhão de cores.
— O... Ryūmyaku está vazio? - Minato perguntou. - Isso é impossível! Por que a Kyuubi está aqui? O que aconteceu?
Yamato olhou para Naruto, que estava olhando em volta. O jovem ninja não sabia dizer o que havia acontecido.
— Kyuubi... - O usurário de Mokuton sussurrou para com sigo. - Algo pode ter acontecido com o selo. Naruto levante a camisa.
— O que? - Naruto perguntou, mas seguiu sua ordem. - Por quê?
Minato franziu a testa quando viu selo no estômago do jovem ninja, aparecer. A feição de seu capitão ficou séria, assentindo.
— Parece estar intacto. Algo mais deve ter acontecido. O que devemos fazer Minato-sama? - Perguntou, voltando-se para o futuro Hokage de Konoha. Foi um reflexo, mas ninguém além dele tinha o conhecimento necessário para ajudá-los de qualquer maneira, mas não foi o caso.
— Eu não sei. - Admitiu. Yamato suspirou.
— O que houve? - Naruto perguntou. Eles se voltaram para ele quando Sāra o segurou. -Pessoal?
— Parece que a linha do tempo já tenha se auto conserto, talvez tenhamos chegado tarde demais, ou o seu selo tenha entrado em conflito com o meu. – Disse o “sósia” do Yondaime. Naruto piscou ainda incapaz de compreender verdadeiramente a situação. - Você está preso aqui. Acho que não posso mandá-lo novamente para o futuro.
O fato de que o futuro de onde eles estavam se foi não precisava ser mencionado.
De forma nojenta, Naruto sentiu um horrível gosto de bile em sua boca quando caiu de joelhos. Sāra seguiu seu gesto, se ajoelhando e o abraçando.
A tensão finalmente se tornou demais, ele não podia voltar mais para seu futuro?! E agora o passado era seu novo presente. Tudo era confuso e estressante de mais para lidar no seu estado atual. Logo o cansaço pela falta de chakra dominou-o por completo e finalmente Naruto havia desmaiado.
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Quando Naruto acordou, a primeira coisa que viu foi à ponta angular de uma barraca. Seu corpo não estava pesado como antes, pelo contrário estava leve e pronto para ação, sua reserva de chakra, tinha sido recuperada. Sentando-se, ele olhou em volta, sem encontrar nada fora do comum. Era uma simples tenda verde escura. Como qualquer outra, pequena, mas confortável.
Rastejando para fora da tenda, como um morcego, estreitou os olhos para a forte e repentina luz do sol. As cores escuras da barraca evitaram lhe informar aviso sobre o intenso sol de meio dia lá fora e resmungou sozinho enquanto cambaleava.
Tudo o que ele podia ver eram ruínas. Torres que costumavam perfurar o céu com sua altura decomporão em poeira e detritos e logo se tornaram areia no deserto. O País do Vento foi nomeado apropriadamente, degradando pedras ao longo dos anos para criar essa paisagem. Embora Naruto nunca tenha sido muito atencioso na aula, à quantidade de detenções que ele o forçou a escolher algo para se distrair. Geografia não era uma matéria muito interessante até você adicionar a quantidade de pontos turísticos criados por incríveis ninjas. O Vale do Fim era um grande exemplo.
Agora ele era um daqueles ninjas impressionantes, admirando escombros e ruínas que de sua responsabilidade. Se ele tivesse parado aquele imbecil antes de chegar ao passado, tudo isso não teria sido evitado e Naruto ainda estaria com seus amigos.
— Naruto! - Alguém chamou seu nome. Ele se virou, só agora notando as centenas de cidadãos de Rōran a suas costas, enormes tendas montadas em torno da cidade em ruínas. Yamato veio até ele, colocando a mão em seu ombro. - Naruto, você está bem?
Naruto balançou a cabeça.
— Eu... A culpa é toda minha. Capitão.
— O que você quer dizer? - Perguntou. O ninja mais velho sentiu algo de... estranho. Ele não podia dizer exatamente que estava se sentindo triste ou com raiva. Pelo contrário, o fato de ele poder voltar para casa e encontrar pessoas como o Sandaime novamente o fez de certa forma feliz e curiosa, com a situação.
— A Kyuubi estragou o selo, certo? Nós não podemos ir para casa, então Sai e Sakura... Eles... Eles se foram?
Naruto não era estúpido. Incrivelmente simplório e emotivo, sim. Mas estúpido? Não. A estupidez poderia simplesmente o levar à morte no início de sua carreira.
— Ele queria apagar nossas memórias. - disse Naruto. – Para que nada mudasse. Mas mudou certo?
— Naruto... - Yamato começou, mas Naruto o interrompeu. O ninja loiro apertou o colar que Tsunade lhe deu.
— E por permanecemos no passado, esse futuro se foi? Certo? - Naruto perguntou em um tom que fez seu coração partir. Yamato o quanto ele queria que mentisse, dizer que o futuro de onde vieram está lá, apenas sem a presença deles, para que seus amigos ainda tivessem pelo menos a sua memória.
— Não. - Respondeu. Ele tinha de ser honesto, porque mentiras só lhe dariam esperança. O único que poderia realizar era o futuro Yondaime, que já havia informado a Yamato da improbabilidade eminente. Naruto sentiu-se fraco, mas compreendeu.
— Então... Podemos ir a atual Konoha? - Questionou. Seu tom demonstrava esperança.
— Minato-sama decidiu ir em frente e discutir, a possibilidade de levar os refugiados de Rōran para Sunagakure. - explicou Yamato. - Se o Kazekage se recusar, podemos levá-los conosco para Konoha até que os preparativos para a reconstrução do império possam ser feitos. Além dos que estavam na missão e o Hokage, ninguém deve saber de nossas origens.
— O que você quer dizer? - Perguntou, coçando a bochecha em confusão.
— Isso significa que não chegaremos como Shinobis em Konoha, mas como refugiados. – Disse. - Somente o Sandaime vai saber de nós-
— O velhote?! – A euforia era explicita em sua voz, seus olhos chegaram a brilhar de felicidade. - Ele está... Ele ainda está vivo! Sim! Podemos ir avisá-lo que Orochimaru vai-
— Negativo. O ataque irá acontecer daqui a quase vinte anos. - Interrompeu. - Não podemos arriscar mudar tudo, a ponto da história se tornar incerta. Minato-sama concordou. Nossas lealdades estão com o Hokage e será o único que vou informar sobre a situação.
—Isso é... Isso não é justo. - Disse Naruto, apertando o punho. - Então, quando vamos partir?
— Quando Minato-sama voltar. Se Sunagakure recusar, ele imediatamente irá avisar Konoha e voltar. Pode demorar um pouco.
— Então jogamos o jogo de espera até lá?
— Jogaremos o jogo da espera.
Naruto suspirou, chutando a areia sob os sapatos.
— Eu odeio o jogo de espera.
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Se há algo que poderia fazer Naruto esquecer todas as preocupações, por pelo menos algum tempo, seria comida. O cheiro de um rango caseiro se espalhava pela área, emanando de enormes vasos no meio do campo.
Tendo passado a maior parte do dia descansando, o ninja esfomeado e dorminhoco ainda não havia conversado com nenhum cidadão. Caminhando até eles, Naruto foi recebido com sorrisos e aplausos. As crianças se amontoaram nele, agarrando-o pelos braços e arrastando-o para as fogueiras.
— Naruto-sama! - Uma das crianças disse. – Vem, vem!
Naruto ficou um pouco envergonhado com o honorífico da criança que parecia ter pouco mais de seis anos. Quando eles finalmente o arrastaram a meio caminho das panelas, ele acabou sendo forçado a se sentar em um macio e detalhado cobertor, o mau jeito para se estabilizar fez com que caísse para trás. Sua mão repousou em algo macio e virou sua cabeça à direita, viu Sāra lá, dormindo. A mão dele estava nos ruivos e sedosos cabelos dela.
— Ela se recusou a dormir em uma barraca. - Comentou uma senhora. Uma mulher idosa segurando uma colher de pau. – As barracas não eram suficientes para todos nós e não conseguimos convencê-la de que as noites seriam muito frias, então preparamos uma fogueira aqui.
— Ah. - disse Naruto. Ela parecia desgastada, com bolsas embaixo dos olhos. A nova rainha de Rōran poderia ter pegado sua barraca, ele não precisava dela de qualquer maneira.
— Você poderia acordá-la? – A velha pediu. - Estamos quase terminando, ela não come nada desde ontem.
— Claro. - Assentiu. Ele colocou a mão no ombro da esbelta moça, sacudindo-a ligeiramente. Ela resmungou algo incoerente antes de se virar, como se estivesse tentando ignorar Naruto. Ele chacoalhou um pouco mais forte até que ela finalmente abriu os olhos.
Com os olhos turvos e ainda meio adormecidos, Sāra pegou a primeira coisa em sua vizinhança. A manga de seu casaco preto e alaranjado se esticou um pouco quando ela se sentou com sua ajuda, quase arrastando Naruto em sua direção. Novamente murmurou outra coisa enquanto se apoiava contra seu ombro, balançando a cabeça até finalmente acordar. Quando ela finalmente se despertou a primeira coisa que viu foi o rosto com três peculiares riscos, na frente dela. Então gritou.
— Naruto! - Surpreendentemente, ela não estava com raiva dele, como Sakura teria ficado e rapidamente tentou procurando por feridas em seu rosto. - Você está bem? Você não deveria estar descansando? Seu capitão me disse que você acordou mais cedo-
— Sara. Não se preocupe. – Cortou sua fala. - Eu estou bem. Eu me curo bem rápido!
Tentando garantir isso, Naruto bateu a mão sobre o bíceps e apenas estremeceu um pouco com a dor em seus músculos. Ela parou de se preocupar e suspirou, olhando para longe.
Naruto abriu seu famoso sorriso para a ruiva quando ela desviou o olhar com o rosto vermelho, o rosnado alto que seu estômago produziu provavelmente era reação ao cheiro delicioso no ar.
— Você não deveria ouvir isso...
— Eu não ouvi nada. – Deu uma pequena e sorrateira risada. - A comida está pronta, você deve comer.
— Eu não tenho que fome. - Disse Sāra, cruzando os braços. – Hmph!
— Talvez não, mas eu sei que não devo dizer não a uma refeição grátis. Eles me disseram para te acordar para o jantar.
— Obrigado, Naruto.
— De nada.
— Não. - Sāra balançando a cabeça. Ela ainda não olhava em seus olhos cerúleos. - Quero dizer... obrigada, por tudo que você fez. E me desculpe.
— Para quê?
— Por minha causa, tudo deu errado... – Falou de forma triste fitando o chão. - Se eu não fosse uma rainha tão fraca, isso não teria acontecido e você ainda pode estar de volta em casa com seus amigos.
— Não é sua culpa. – Sua voz assumindo um tom de seriedade. - Eu não quero que você se culpe. Yamato me disse que há muitas coisas que podem ter dado errado, mas Mukade não era de sua responsabilidade.
— Ainda sim, me sinto responsável. A cidade está em ruínas por causa dos meus erros.
Uma colher de pau bateu na cabeça de Sāra antes de encontrar a de Naruto também. A senhora idosa de agora a pouco, estava franzindo o cenho para eles. Sem respeito pela realeza de seu país, a cozinheira acabou de dizendo. - Nenhuma culpa se mexe na mesa de jantar. Rainha Sāra, coma.
Ela enfiou uma tigela nas mãos de jovem, a sopa fumegante dentro cheia de carne e legumes. Sua resposta foi não a contrariar, nem estômago, quando começou a comer. Naruto recebeu a sua em seguida, percebendo sua fome naquele momento. Colher após colher cheia descia rapidamente pela garganta, aquecendo-o ainda mais do que a fogueira. Um vento frio soprava na noite do deserto, fazendo Sāra tremer.
Tirando a jaqueta, o adolescente loiro a colocou ao redor dela, tremendo apenas um pouco com o frio. Ela se virou para ele, franzindo a testa.
— Você ainda está machucado, eu não preciso disso.
Naruto balançou a cabeça.
— Você precisa se pretende dormir aqui fora. Enfim, você não deveria dormir aqui e sim em uma das tendas! Não quer que fique doente!
— Não há tendas suficientes até Minato-san trazer algumas com ele, é minha responsabilidade que meus súditos estejam quentes e confortáveis-.
— Eu não sou o seu súdito, então pegue minha barraca. - Disse Naruto. - Alguém precisa vigiar a noite de qualquer maneira.
— Eu não vou deixar a pessoa que me salvou dormir lá fora.
Naruto, tão teimoso, cruzou os braços enquanto a olhava, a tigela quase vazia em suas mãos manchando sua camisa levemente enquanto gotas de sopa caíam.
— Boa sorte me forçando a entrar, então. Acho que ficará vazia a noite toda.
— Eu acho que sim! - Sara disse. Ambos estavam fazendo beicinho.
— Por que vocês não compartilham? - Disse à criança que trouxe Naruto até Sāra, anteriormente. O jovem teimoso coçou a bochecha.
— Não há espaço suficiente lá-
— Isso é indecente! - Sāra disse, seu rosto avermelhado em vergonha era confundível com a cor de seus cabelos. Naruto piscou antes de perceber seu erro.
— Ah sim! – Se tocou, batendo na palma da mão com um punho. - Estava em um dos livros de Ero-sannin, então não pode significar nada de bom.
A criança parecia confusa, Sāra parecia um pimentão. Naruto sem noção. Tudo está certo no mundo.
— O capitão Yamato pode ser capaz de fazer uma casa de madeira, hum... - Naruto murmurou enquanto fechava os olhos, pensando seriamente. - "Mas havia algo sobre o deserto e a madeira seca que ele mencionou, havendo uma razão para que os edifícios fossem feitos de pedra ou de pano que não fosse facilmente queimado”.
Seu capitão falou com sabedoria. Naruto aceitou sem pensar duas vezes. Suspirando, ele apenas se deixou cair de costas no cobertor e olhou para o céu cheio de estrelas. Ele não estava cansado. O tempo que ele não passou descansando, ele passou pensando.
Isso foi... Há 20 anos. Ele ainda não nasceu. As pessoas que se tornariam seus pais, o velhote, Ero-sannin, estavam todos vivos. Todo mundo ainda estava bem. Yamato disse que eles não deveriam mudar muito, mas não havia nenhuma maneira no inferno de Naruto permitir que alguém os machucasse. Não havia como ele aceitar que algo acontecesse com seus camaradas.
— Naruto. – Chamou Sāra deitada ao lado dele, seu olhar seguia o dele ao céu. Ele virou a cabeça para ela. - Se ficarmos em Sunagakure, você... Vai nos visitar?
Naruto nem sequer pensou em sua resposta.
— Claro! – Rapidamente a respondeu. - Por que não iria?
— Porque você estaria em casa. - disse Sara. - E eu sei que os ninjas têm todos os tipos de missões para concluir...
— Ah... – Falou vagamente. - Casa.
Ele franziu a testa. Essa era realmente sua casa? As pessoas que ele chamou de amigos ainda não nasceram. Os professores de suas equipes eram todas crianças, mais jovens que ele, mas a guerra era iminente.
— Eu não tenho certeza se é a mesma casa que eu lembro. - disse Naruto. - Mas vou tentar tirar o melhor proveito disso. Se possível, vou escrever para você, embora minha letra não esteja realmente legível...
Isso foi um eufemismo. Naruto nunca pensou muito em caligrafia.
— Então... Por que você não fica conosco? Quero dizer, se você quiser, podemos precisar da proteção, podemos pagar! É claro...
Ele colocou a mão no braço dela, impedindo-a de continuar tagarelando. Ela tremendo com o frio que sentia, Naruto apenas balançou a cabeça.
— Eu nunca faria você me pagar se precisar da minha ajuda. – Afirmou. - Se é minha missão, eu protegeria você e todos aqui pelo tempo que for necessário, não há mais ninguém esperando por mim.
A multidão ao redor deles passou quase despercebida. Os cidadãos estavam comendo juntos, felizes e tristes, alguns ouvindo a conversa, outros mais reclusos.
— Como agora?
— Não tenho certeza se posso tomar essa decisão agora. Vou perguntar ao capitão Yamato.
Simples e impulsivo, mas nunca completamente desobediente. Em vez fazer por respeito a seu superior, no entanto, Naruto fez isso por respeito a seus amigos.
— E se ele disser sim? - Indagou. Ela estava mordendo o lábio inferior com força.
— Eu vou ficar enquanto você precisar de mim. - Prometeu.
Sāra levantou o braço das mãos dele e colocou a mão na dele, apertando-a. Naruto parecia perdido no que fazer, então decidiu deixá-la fazer o que queria.
— Obrigado, Naruto. - Murmurou. O resto da noite foi passado em silêncio até que ela finalmente adormeceu novamente. Naruto ficou acordado vigiando.
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— O Daimayō do Vento declarou que os cidadãos de Rōran são uma ameaça ao país. - Disse Minato, de pé em uma tenda de comandante, a maior na beira do campo. Sāra suspirou. - As mãos do Kazekage estão atadas, ele não pode lhes oferecer refúgio.
Naruto rangeu os dentes.
— Isso é ridículo! Eles são seus compatriotas! Sua responsabilidade-
— Ele decidiu que a presença do Ryūmyaku é muito perigosa, apesar das minhas garantias de que estava vazio, o Kazekage apoiou o Daimayō. - Minato conclui o cortando, cruzou os braços e olhou para o mapa em cima da mesa. - Infelizmente, se eu não estivesse lá, pensaria o mesmo. O Ryūmyaku não pode ser simplesmente esvaziado, mas explicar a situação sobre a aparição do chakra da Kyuubi certamente o deixaria mais desconfiado.
— Ah... - Naruto disse, sem saber o que falar. A jovem rainha, que não parou de usar a jaqueta de seu herói nos últimos dias, deu um passo à frente.
— Vamos para Konoha então? - Questionou. Minato assentiu rapidamente, assim ela pode suspirar aliviada. - Talvez isso seja o melhor. Se... O País do Vento se recusar a nos ajudar a reconstruir nossa cidade, não há outro lugar para onde possamos ir além de Konohagakure.
Ela curvou-se em gratidão, os cabelos balançaram para frente, caíram. Minato parecia um pouco constrangido.
— Obrigado, Minato-san. – Reconheceu sua generosidade, suas palavras cheias de emoção. A sensação de traição de seu próprio país ficou clara, o Daimayō do Vento tinha mais razões do que apenas os Ryūmyaku. A família real de Rōran e a família real do país em que residi, nunca tiveram uma boa relação. Apenas a cobrança do tributo das terras ocupadas fez o relacionamento funcionar. - Eu não sei como lhe retribuir.
— Você não precisa, a partir de hoje, você está sob nossa proteção-.
— Ah, Minato-san. – Falou Naruto. - Eu falei com meu capitão sobre isso. Há... Algo que eu quero discutir com você.
Formalidade não se encaixava, de maneira alguma, em Naruto. O fato de ele finalmente ter confirmado por Yamato que Minato era o homem que se tornaria o Yondaime e a pessoa que selaria a Raposa Demônio nele, o deixou nervoso.
O Namikaze piscou com a interrupção antes de assentir, saindo da tenda com o jinchuuriki quando Sāra começou a falar com Yamato, que estava checando o mapa.
— Tem algo em sua mente? – O loiro de costeletas perguntou. Naruto engoliu a seco.
— Bem... Você sabe o que eu sou certo? - Naruto perguntou e seu sósia adulto assentiu. A pergunta poderia ter dois significados, se ele estivesse ciente de sua família, mas considerando o selo em seu estômago, provavelmente era o fato de ele ser o receptáculo de uma besta de cauda. - E você não limpou nenhuma lembrança, então sabe que você...
— Eu preferiria me surpreender. – Respondeu. - Mas sim, um dia me tronarei o Yondaime.
— E você vai morrer. – Com um tom triste e decepcionado continuou. - Selando a raposa.
Minato respirou fundo.
— Eu perguntei ao capitão. - Naruto respondeu à pergunta deixada no ar. - Ele disse que se eu estivesse bem, eu poderia lhe dizer, porque eventualmente eu seria um ninja sob seu comando, mas... Eu nem ao mesmo sei, se continuarei nesse passado.
— O que você quer dizer?
— Eu nunca vou nascer. - disse Naruto. - Isso pode me fazer desaparecer, é o que o capitão Yamato me disse. Eu poderia... Apenas...
Minato colocou a mão no seu ombro. Em vez de deixá-lo falar garantias sobre o que pode ocorrer, Naruto balançou a cabeça.
— Eu quero conhecê-los. - Naruto disse, parecendo preocupado. - As pessoas que se tornariam meus pais e o velho Hokage, eu quero ver Jiraiya. Mesmo que isso mude muitas coisas, mesmo que eu desapareça, mesmo que isso pareça egoísta-.
A mão apertou o ombro de Naruto e o jovem levantou a cabeça.
— Não há nada de egoísta em querer conhecer os pais. Porém, devo garantir que o efeito do chakra do Ryūmyaku provavelmente o manterá fixo aqui. Por menor que seja a misericórdia, você não vai desaparecer.
Naruto suspirou aliviado. Em resposta, Minato deu um tapinha no ombro algumas vezes.
— E... Acho que posso saber quem são seus pais. - Os olhos de Naruto se iluminaram. - Você provavelmente já teve suas suspeitas.
— Sim. - Cruzando os braços. -Eu realmente não sou o cara mais inteligente, mas até eu sabia que algo estava acontecendo conosco.
— Eu entendo, é claro. Suponho que possa chocar... – Riu.
— Eu realmente quero dar um soco em você. - Revelou. - Mas você não é o cara que morreu selando uma raposa em mim.
A revelação foi anticlimática. Naruto, com os poderes de observação de uma tartaruga de duzentos anos, sentiu raiva e alívio. O homem, a lenda, o Yondaime. O seu pai. Ele cresceu ouvindo histórias, ele cresceu ouvindo sobre os milhares de feitos heroicos que esse homem havia feito. Mas em pé na frente dele havia um homem como ele. Um shinobi de Konoha. Alguém que parecia tão perdido quanto ele.
Denso, direto e impulsivo. Mas empático, no entanto. Naruto deu um passo à frente, levantando a mão. Quando ele abriu a boca para fazer uma pergunta, percebeu que as palavras fugiam de sua boca, Minato também deu um passo à frente e passou os braços em volta do filho.
— Sinto muito. – Pediu perdão com toda sinceridade que tinha se sentindo culpado com o que aconteceu a ele, mesmo sabendo que nada ainda havia ocorrido. — Eu deixei você com um fardo pesado demais. Deixei você sem seus pais.
A visão de Naruto ficou embaçada pelas lágrimas em seus olhos quando ele sufocou um soluço. As emoções e suspeitas que ele estava sentindo nos últimos dias borbulharam dentro dele, deixando-o tremendo nervosamente. Não era assim que ele imaginava conhecer seus pais. Em sua mente, Naruto sempre pensou em conhecê-los depois de viver uma vida inteira, contando tudo sobre as aventuras que ele teve. Mesmo que ele não soubesse quem eram seus pais, o órfão se sentia satisfeito com as garantias de que eles o amavam e que ele os encontraria um dia.
E hoje seria o dia mais inesperado sua vida, mas também o mais bem-vindo. Quando Naruto finalmente se acalmou, ele enxugou as lágrimas com o braço.
— Eu vou ficar com eles. - Disse Naruto. - Prometi a Sāra que a protegeria se formos a Konoha. Yamato-Taichou concordou comigo.
— Bem, tecnicamente você não é um cidadão de Konoha ou shinobi. – Afirmou. - Então, acho que está tudo bem. Rōran não será reconstruído, para que eles possam ficar em Konoha indefinidamente.
Naruto não sabia exatamente o porquê, mas seu coração estava pulando de alegria com a declaração. Agora, além de Yamato, Sāra era a única coisa que o mantinha feliz.
— Ah, Minato-san. – Chamou, mas o futuro Hokage balançou negativamente sua cabeça.
— Apenas Minato está bem, eu posso não ser o homem que se tornou seu pai, mas acho que deveríamos estar um pouco mais perto do que isso, hein, Naruto?
— Sim! - Concordou. - Minato, como é minha mãe?
Minato começou a tossir quando, de repente se engasgou. Ele não tinha se recordado mencionar Naruto quando fez uma rápida visita a ela antes de informar o Hokage sobre a situação. Ela o mataria. O mataria e o ressuscitaria apenas para matar ele de novo. Kushina não gostava nada de surpresas.
— Ela é... Uma pessoa divertida. – Respondeu, suando frio. — Se há algo que eu sei, é que você está mais perto dela em personalidade do que eu.
— Escandalosa e agressiva? - Naruto tentou.
Minato riu, acenando com a cabeça para o resumo certeiro.
— Também é muito gentil, alguém que pode se tornar amigo de todos.
Naruto sorriu. Sim, claro, o grande ninja camarada Naruto, era ele.
— Eu não deveria estar tão nervoso. - Suas mãos trêmulas escondidas atrás das mãos. — Mas... E se ela não gostar de mim?
— Acho que nunca conheci uma pessoa que pudesse fazer Kushina não gostar dela na primeira vez que eles se conheceram – Disse, tentando ao animar.
Naruto sorriu. Kushina. Ele tinha um nome para ela agora.
— Não se preocupe, escute, ela provavelmente vai me odiar por não contar a ela sobre você mais cedo.
— Boa sorte?
— Obrigado. – Agradeceu e falou seriamente. - Eu vou precisar.
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Naruto estava se sentindo sobrecarregado. No começo, ele pensou que o motivo da presença constante de Sāra ao seu redor era porque ela não estava se sentindo segura, mas parecia tratá-lo como ele costumava tratar Sakura.
Quando ele conversou com Yamato sobre essas preocupações, o homem simplesmente acenou com um sorriso e disse-lhe para deixá-la. Naruto não se importava de “deixá-la”, mas ele ainda não estava se sentindo totalmente confortável com a atenção.
A jornada pelo deserto foi difícil com a velocidade dos civis. Em vez de se apressarem, eles tiveram que continuar andando por dias apenas para alcançar a visão das muralhas de Sunagakure, e depois caminhar mais um pouco para alcançar a fronteira.
Todas as noites, eles faziam um acampamento e preparavam comida. Enquanto a cidade desmoronava, as pessoas conseguiram salvar a maioria de suas coisas e, com os selos fornecidos por Minato e usados por Yamato, eles puderam armazenar muito suprimentos neles.
Sāra decidiu passar todas as refeições com Naruto. Minato achou engraçado por algum motivo, como se já se essa cena se repetisse. Quando ela começou a tentar alimentá-lo, Naruto não se importou, embora ele ainda achasse estranho. Era como um dos romances de Jiraiya, só que sem a parte erótica.
— Mesmo que seja o passado. – Sāra tentou puxar um assunto. - Você conhece Konoha, certo?
— Sim. - Naruto respondeu. - Você quer que eu te mostre?
— Adoraria. - Sorrindo. - Eu quero ver os lugares que você gosta.
— Talvez não os lugares altos, para que você não caia novamente. – Brincou e riu. Ela mostrou a língua. - Como você está se sentindo?
— Hum?
— Sobre deixar Rōran para trás e não a reconstruir. - Ela fechou os olhos. - Me desculpe se pareceu insensível-
— Não, está tudo bem, eu acho que nós apenas... - Sāra começou, balançando a cabeça. - Nós dois perdemos algo, não é? Você perdeu sua casa e eu perdi a minha. Mas... minha casa não é simplesmente minha cidade, é meu povo, eu ainda os tenho aqui. E você ainda terá o seu certo?
— Certo. - Naruto assentiu e coçou seus olhos. - Eu... Eu aprendi sobre meus pais a partir deste momento. Finalmente eu os conheci e verei novamente todas as outras pessoas que morreram. Então... Mesmo que eu tenha perdido tudo, eu ganhei um pouco de volta.
— Naruto? - Sāra o viu enxugar os olhos. Envolvendo um braço em volta dele, ela colocou a cabeça no ombro dele. - Está tudo bem.
— Talvez esteja... – Falou da boca pra fora com seus olhos vermelhos. - Mas eu não quero esquecê-los. As pessoas que me ensinaram. Meus amigos.
— Você não vai! - Disse Sāra. - Você os encontrará novamente um dia. Tenho certeza disso.
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