Nós estávamos conversando na cabine, sobre coisas aleatórias, apenas para passar o tempo, e descobri que anjos também gostam de se divertir quando estão no Plano humano.
- Se todos os humanos tem um anjo protetor, como nesse navio não tem nenhum?
- É claro que tem, – disse Alex – só que nenhum deles deve estar sabendo sobre você.
- Eu não vi nenhum anjo.
- Você sabe diferenciar? – Alex perguntou erguendo uma sobrancelha, fiquei em silencio, qualquer um ali poderia ser humano, ou anjo – Foi o que pensei – ele sorriu.
*
Finalmente chegamos no Reino Unido, nós três fomos os primeiros a desembarcar, Max e Alex estavam mais alertas agora, é aqui a cidade atual dos anjos, então eles estão por todos os lados. Entramos em um taxi, pedi ao motorista que fosse ao centro de Londres. Eu observava tudo com atenção, o lugar era bem bonito, e bem movimentado.
- Você precisa de roupas, se não vai congelar – disse Max esfregando as mãos em meus braços.
Nós entramos em uma loja, eu estava olhando duas blusas de frio, e me decidindo entre elas, quando senti alguém tocar em minhas têmporas, me virei para trás e não reconheci a garota, minha visão foi ficando turva, as minhas pernas perderam as forças, e a ultima coisa que me lembro é um homem me segurando antes que eu caísse no chão.
Senti minha cabeça bater em algo duro, aos pouco consegui abrir os olhos, tentei me mexer mas não consegui, olhei para meu corpo, minhas mãos estavam amarradas e meus pés também, droga.
- A bela adormecida acordou. – a garota no banco do carona sorriu – Olá Mia Avery.
- Que...Quem são vocês?
- Eu sou Kira, e este é o Markus. – ela sorriu.
Olhei bem para ela, seus olhos eram azul marinho, e seu cabelo castanho bem claro, ela estava bem maquiada.
- O que vocês querem comigo?
- O mesmo que todos os anjos. – disse o homem, ele me olhou pelo canto do olho – Levar você aos Arcanjos.
- De novo isso. – revirei os olhos.
- Lembre-me de agradecer aos seus anjos, eles me pouparam todo o caminho até aqui, – Kira disse se virando para me observar. – agora quem vai leva-la aos Arcanjos somos nós. – ela deu um tapinha animado no ombro de Markus.
- Eles não iam me levar aos Arcanjos. – suspirei – Onde eles estão?
- Provavelmente desesperados atrás de você. – ela riu. – eles são tão idiotas, todos os anjos atrás de você, e eles a deixam sozinha, ainda mais aqui em Londres.
- Você sabe o que os Arcanjos querem comigo?
- Não, e na verdade isso não me importa, eu só quero a recompensa.
- Que ótimo. – disse fechando os olhos novamente.
Ao fundo tocava um rock dos anos oitenta, Kira murmurava a letra da musica no ritmo.
- Eu estou com fome. – disse – A comida no navio era horrível.
- Não vamos parar em lugar nenhum.
- Vocês são o que afinal? Anjos caçadores de recompensas?
- Claro que não, – ela revirou os olhos, como se eu tivesse dito algo ridículo – eu sou um anjo protetor, e ele é um anjo da morte.
- Você não deveria, hum, não sei, estar protegendo alguém? – fui irônica e a encarei nos olhos.
- Meu protegido morreu. – ela pareceu triste – Alexander o levou.
- Alex? – murmurei comigo mesma.
- Sim, cerca de uma semana atrás, agora estou do que vocês humanos chamam de férias, até encontrarem outro protegido para mim.
- Uma semana? Ele estava comigo a uma semana.
- Mia ele é um anjo da morte, ele não pode deixar de fazer seu trabalho porque está ocupado, e falando nisso, se eles não estavam te levando para os Arcanjos, para onde estavam te levando?
- Não sei. – Alex disse que a missão para Shane era secreta, e eu quero resgatar a minha mãe, não posso botar tudo a perder.
- Sei. – ela me olhou desconfiada.
Markus dirigia apressado, e de repente parou bruscamente, eu quase cai do banco, era irritante não poder ver o que estava acontecendo. Os dois saíram do carro irritados.
- Como vocês nos acharam? – disse Kira irritada.
- Só tem um caminho até o Big Ben. – ouvi a voz de tédio de Alex.
- Vocês não vão pega-la, sinto muito.
- Kira nós temos coisas mais importantes a fazer do que ficar aqui discutindo. – a voz irritada de Max chegou aos meus ouvidos, meu corpo relaxou.
- Vocês vão ter que passar por nós dois para pega-la.
- Não seja ridícula. – Alex disse irritado.
- Pelo Tommy eu não pude lutar Alex, por ela eu posso.
- Tommy se foi porque era a hora dele, eu fui até legal, pois estava com pressa, Mia não tem nada ver com isso.
- Não vou deixar você levar mais nada meu. – ela gritou.
- Ela não é sua Kira – ele gritou de volta, não sei porque, mas acho que essa briga foi levada para um lado pessoal.
- Já chega. – gritou Max – Anda Kira, desista, nós vamos levar a Mia.
- Não, vocês não vão.
As vozes abaixaram, e eu não pude mais ouvir o que eles diziam, tentei soltar as cordas da minha mão, mas estavam muito apertadas. Ouvi alguns gritos de dor lá fora, e não soube reconhecer de quem era, meu coração se apertou, e fiz uma prece baixa para que não fosse Max ou Alex.
- Oi Mia. – Alex entrou no banco do motorista, ele estava com um sorrisinho animado e vitorioso, acelerou um pouco e então Max entrou no banco do carona.
Alex acelerou muito, ambos olhando para trás, me perguntei o que havia acontecido com Kira e Markus.
- Você está bem? – Max tirou um canivete do bolço da calça jeans e cortou as cordas que seguravam minhas mãos, e repetiu o processo nas pernas.
- Eu estou bem. – me sentei no banco – O que aconteceu com eles?
- Nada demais, – Alex deu de ombros – só ganhamos algum tempo.
- Acha que eles virão atrás de nós?
- Provavelmente, mas nós já estamos chegando.
Ficamos os três em silêncio, cerca de dez minutos depois Alex parou em frente a um prédio, aparentemente abandonado.
- É aqui. – Alex disse saindo do carro.
- Aqui? – Max perguntou encarando o edifício – você está de brincadeira, não é?
- O que? Achou que seria no Big Ben? Na central? – ele riu. - Aqui é o apartamento do Shane.
Eu desci do carro, encarei o edifício enorme a minha frente, respirei fundo, finalmente estou aqui.
- Se ele tentar machucar a Mia, fique sabendo que vou matar ele, e você Alex. – Max murmurou.
- Agora não se importa mais tanto com o seu trabalho de protetor? – Alex riu.
- Eu me importo muito mais com a Mia.
- Se prefere ir por este caminho. – Alex disse fazendo um U ao contrário com os lábios – Nós três sabemos o que aconteceu da ultima vez.
Max trincou a mandíbula e olhou com os olhos semicerrados para Alex, que olhou para o topo do edifício.
O que ele quis dizer? Será que ele estava se referindo á minha mãe e meu pai? Será que ele acha que Max gosta de mim assim? Isso é impossível.
- Vamos logo. – Alex pegou a minha mão, e me puxou para seu lado.
Max fez o mesmo, e Alex me soltou com uma risada irônica, revirei os olhos. Nós fomos caminhando até o elevador, que por milagre estava funcionando. Haviam vinte andares, Alex apertou o numero vinte, e o elevador começou a subir, fazendo um barulho irritante de ferro raspando em ferro.
Não sei definir meu estado de espirito, eu estava nervosa, ansiosa, com medo, e queria ver logo a minha mãe, observei bem o lugar lá em baixo, procurando saídas, terei que bolar um bom plano para sairmos daqui com a minha mãe, mas para isso preciso conhecer o lugar.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.