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História Beware the frozen heart (Elsanna) - Convidados inesperados - História escrita por Virtugis - Spirit Fanfics e Histórias
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História Beware the frozen heart (Elsanna) - Convidados inesperados


Escrita por: Virtugis

Notas do Autor


Obrigada a quem está acompanhando *-*. Espero que gostem <3

Capítulo 2 - Convidados inesperados


Capítulo 2 – Convidados inesperados

 

[P.V.: ANNA]

Eu havia perdido tudo. Todos que eu amava e confiava, em apenas dois dias. Tudo o que havíamos encontrado de Elsa foi sua capa. Era um artefato inconfundível, parte da realeza, não poderia pertencer a mais ninguém. Não havia evidência de nenhum barco ter sido utilizado, o que corroborava com a ideia de ela ter entrado no lago, à pé. Uma ideia, no mínimo, fatal.

Alguns guardas relataram que ela havia partido com uma maleta, provavelmente na intenção de ir embora para sempre, mas ela jamais foi encontrada – assim como o corpo. Com a correnteza, era impossível dizer se um dia iríamos encontrá-la. Encontrar a própria capa já havia sido considerado um milagre.

Insisti que as buscas continuassem por uma semana. Tornei isso prioridade. Dividi os guardas em turnos, revezando nas buscas, para que ninguém ficasse sobrecarregado e todos pudessem trabalhar para que Elsa fosse encontrada o quanto antes. O problema é que... Isso nunca aconteceu. Até mesmo alguns moradores e pescadores se solidarizaram com a tragédia e ajudaram a procurar. Não havia o menor sinal dela em qualquer lugar.

Após uma semana e meia, decidi que procuraríamos para além do rio, mas qualquer evidência que tivesse ali – se ela existisse -, já havia sofrido alterações climáticas o suficiente, sem mencionar os animais presentes na região – que poderiam camuflar ou confundir as pegadas. Provavelmente, apagadas pelo tempo. Frustrada, cansada, de luto e desanimada, optei por tomar a decisão mais difícil da minha vida: encerrar as buscas. Todos os envolvidos me disseram que eu não precisava me sentir pressionada, que eles continuariam procurando por Elsa... Mas eu sabia, racionalmente falando, que não havia mais possibilidade de ela estar viva. Mesmo assim, desobedecendo minhas ordens, os guardas e a população continuaram as buscas até completar duas semanas, ao todo.

Pouco a pouco, a realidade foi tomando cada um dos habitantes de Arendelle. Eu era nova demais – tinha apenas quinze anos, mas teria que me virar e assumir a responsabilidade. Afinal, um reino não se governa sozinho. Segundo nossos registros, Elsa deveria assumir o trono quando completasse 21 anos, mas isso não aconteceria. Então, optamos por flexibilizar a lei e chegar em um consenso: quando eu completasse dezoito anos, me tornaria, oficialmente, a rainha de Arendelle. Até lá, tinha muito chão, pela frente.

Por enquanto, meus dias se resumiam em me forçar a comer alguma coisa, falhar quase que completamente, resolver algum assunto pendente do reino (porque, apesar de não ser oficialmente a rainha, eu era a princesa, e deveria decidir o que precisasse), conversar com o Olaf e me trancafiar no quarto de Elsa.

Olaf havia, aos poucos, se tornado um amigo. Peculiar, mas, ainda assim, um amigo. Para compor seu visual, o presenteei com um “nariz” feito de uma cenoura crua, que ele adorou. O mistério do quarto de Elsa jamais foi solucionado, e eu havia proibido os empregados de entrarem lá, ou tentarem remover o gelo. De alguma forma, isso me conectava à ela de formas que eu não era capaz de explicar racionalmente. Olaf era restrito ao quarto dela, também, por ser a única parte congelada do castelo. Nas raras vezes que ele havia se aventurado por outras partes, acabou quase derretendo, então ele optou por não tentar mais.

Depois de um exaustivo dia cheio de burocracias e atribuições, caminhei com pés arrastados até o quarto da minha irmã. Eu poderia muito bem chama-lo de meu, por nunca mais ter saído de lá após o desaparecimento de Elsa, mas não queria. Eu queria me prender àquela denominação, às lembranças. Se eu o chamasse de meu, significaria que Elsa jamais voltaria, e eu ainda não estava pronta para aceitar isso totalmente.

Como o quarto ainda estava totalmente congelado, levei umas de minhas cobertas para conseguir dormir tranquilamente, à noite. Assim que entrei, fechei a porta e respirei fundo. Ainda podia sentir o cheiro dela, sua presença, às vezes. É como se ela ainda estivesse viva, só não ali.

Andei lentamente até a cama, retirando minhas roupas com rapidez e jogando-as pelo caminho. Deitei na cama com um baque, tendo praticamente me jogado. Puxei as cobertas rapidamente para cima, até cobrir metade da minha cabeça, e puxei o travesseiro pra mais perto. Como será que havia sido para Elsa ficar ali sozinha esse tempo todo? Será que havia sido tão doloroso quanto havia sido para mim? Será que ela também chorava à noite, sozinha, na esperança de me ver, um dia?

Eu estive tão perto dela no ano passado... Tão perto de, finalmente, vê-la pessoalmente... Mas meu pai me descobriu, e me mandou de volta para a cama. Como será que teria sido? Será que foi por isso que ela foi embora? Por medo de mim? Não, não podia ser... Eu me recusava a acreditar nisso. Mas então... Por quê? Suspirei, como eu fazia frequentemente, agora. Senti a cama se afundar de um lado.

- Ah, oi, Olaf. – Eu disse, virando meu corpo de lado para olhar para ele.

- Oi, Anna. Como foi seu dia, hoje?

- O de sempre. E o seu?

- Também... – Olaf abaixou a cabeça e mexeu os pés de forma infantil. - É meio chato não poder sair desse quarto, principalmente se você não tá aqui, comigo.

- Eu sei... Me desculpa, Olaf. Mas é que eu preciso fazer essas coisas, senão...

- Ah, sim, você é uma princesa! – ele voltou a se animar, levantando a cabeça e dando pulinhos no chão. – É isso que princesas fazem!... Eu acho. – Não consegui evitar uma risada leve.

- Você é meio esquisitinho, sabia? – Perguntei, divertida.

- Obrigado! Você também. – Ri mais ainda, por sua percepção da palavra ser, digamos, peculiar.

- Sabe, Olaf. Eu acho que, às vezes, só queria entender o motivo pra essas coisas terem acontecido, comigo. Eu me sinto tão... Vazia.

- Eu sei como se sente. Antes de eu ter um nariz, sentia como se nada fosse bom o bastante. – Ele disse, orgulhoso – Mas, agora... Agora eu posso tudo que quiser!

Rimos bastante juntos. Há algum tempo eu não ria dessa forma. Eu era grata ao Olaf por aparecer na minha vida, independente de como isso aconteceu. Às vezes parecia que havia sido predestinado, que ele havia sido colocado ali de propósito.

- Boa noite, Olaf.

- Boa noite, princesa Anna.

Dei as costas para ele e voltei a olhar pela janela. Suspirei, antes de adormecer, novamente exausta.

 

~*~

 

[P.V.: ELSA]

 

Três semanas haviam se passado desde o que em que resolvi partir. Não posso dizer que eu sentia falta de casa, pois vivia trancada em meu próprio quarto... Mas, sentia falta de minha família. Meus falecidos pais, que me ajudavam a controlar meus poderes e mantê-los em segredo, apesar de tudo. Sentia falta de Anna... Como sempre. Não sabia como ela havia lidado com o meu desaparecimento, se havia mandado pessoas me procurarem ou não. A verdade é que eu não conhecia a Anna de agora, apenas a criança de cinco anos de idade que eu havia machucado.

Estar sozinha me dava total liberdade para experimentar meus poderes, sem ter medo de machucar qualquer outra pessoa novamente. Marshmallow me fazia companhia, e tornava meus dias mais fáceis. Claro, depois de um tempo, senti uma solidão. Especificamente, quando chegou o dia que eu sempre ia até o quarto de Anna para vê-la sorrateiramente através do buraco da fechadura. Acordei de madrugada e estava me preparando para ir até ela, quando me lembrei – não voltaria a vê-la.

Essa realidade me pegou desprevenida, de forma deveras cruel. Mas eu havia feito minha escolha, e não havia nada que eu pudesse fazer sobre isso. Eu viveria o resto dos meus dias em isolamento social, sendo livre. A parte ruim de tudo isso era não ter notícias sobre Anna. Como será que ela estava, depois de tudo isso?

De repente, ouvi um barulho lá fora. Parecia uma comoção, com lobos uivando e coisas sendo arremessadas. Mas o que diabos... Corri pelas escadas de gelo abaixo até chegar a um pequeno corredor que levava a mais um lance de escadas, passando pelo chafariz do primeiro piso e me dirigi até a entrada do meu castelo. Abri as grandes e pesadas portas e contemplei a iluminação potente da lua sobre o gelo, deixando todo o cenário deveras bonito. Foi então que vi, ao longe, um homem correndo, tentando puxar uma rena pelos chifres até as escadas que levavam até onde meu castelo fica. Ele estava tendo muita dificuldade, pois as patas da rena estavam escorregadias, e, logo atrás deles, uma alcateia se aproximava de forma feroz e cautelosa – como se já estivessem saboreando suas presas.

Marshmallow estava dormente, mas o desespero daquele homem ao proteger seu animal que parecia de estimação era tamanho que ele havia se posicionado atrás dele, em posição defensiva. Dessa distância, não pude distinguir as feições do homem, mas temendo a fatalidade dos eventos que estavam prestes a acontecer, me apressei escada abaixo, aproximando-me da rena – que estava desorientada. Ao me aproximar, percebi alguns destroços pelo caminho do que parecia ser um trenó – provavelmente usado como escudo ou defesa pelas duas almas indefesas à minha frente.

Rapidamente, com um movimento leve e sutil de minha mão direita, levantei uma muralha de gelo entre meus visitantes e os lobos, segundos antes de o primeiro colidir contra a parede recém-criada – se ela não estivesse ali, os dentes teriam acertado o homem, em seu lugar. Quando ele olhou para trás, assustado, pude finalmente perceber suas feições. Ele era alto – provavelmente em torno de 1,80, com um cabelo loiro médio, franja caindo em sua testa. Ele tinha algumas sardas e olhos castanhos apavorados.

- Quem é você?! – Ele caiu para trás, sem entender nada do que havia acontecido diante de seus olhos.

- Meu nome é... – Hesitei. Se eu falasse quem era, as outras pessoas poderia me encontrar... Anna iria me encontrar. – Rainha do Gelo.

- O-o que... O que você quer?! – Ele se levantou, tentando parecer valente e forte. – Eu não tenho dinheiro!

- Não quero nada de você, a não ser o seu nome. – Ele pareceu ser pego de surpresa e deixou a armadura interior cair, em surpresa.

 - M-meu... Nome é Kristoff. Kristoff Bjorgman.

- Você está ferido? – Perguntei, enquanto olhava para ele de cima abaixo.

- Sim, vossa alteza... Receio que sim. – Sua postura agora estava completamente diferente da anterior. Ele parecia ter entendido que eu não era uma ameaça.

- E sua rena?

- O nome dele é Sven. Ele só está apavorado. Ele... – Kristoff disse, olhando para Sven - Não conseguiu subir as escadas. – Sven pareceu envergonhado, olhando em outra direção com a cabeça abaixada.

- Bom, acho que eu posso dar um jeito nisso. Venham, subam aqui.

Lancei os dois braços no ar, fazendo dois jatos de gelo saírem e chegarem perto de onde meus mais novos convidados estavam, formando uma plataforma de gelo no espaço vazio ao lado da escada. Primeiro, eles hesitaram – claro.

- Garanto que é seguro. Além do mais, eu salvei suas vidas. – Disse, olhando com seriedade para Kristoff. Ele acenou com a cabeça e subiu.

Sven precisou de literalmente um empurrãozinho para subir, pois estava apavorado e descrente, ainda. Quando os dois estavam a bordo, com mais um movimento de minhas mãos, fiz corrimões de todos os lados e um pequeno portão de entrada articulado logo à frente deles, e os transportei lentamente até o outro lado do desfiladeiro. Assim que seus pés (e patas) tocaram o chão, Marshmallow acordou e se posicionou para atacar. Kristoff caiu para trás, assustado, e Sven se encolheu perto dele.

- Marshmallow! Tudo bem, eles estão comigo. – Ele olhou para eles, confuso, e apontou. – Sim, pois é... É uma longa história. – Ele deu de ombros e voltou para sua posição original... Não sem antes lançar um olhar desafiador em direção aos convidados. Contive um sorriso.

- Marshmallow? – Kristoff perguntou, se levantando com cautela.

- Sim. Ele é um doce. – Kristoff e Sven se entreolharam, incrédulos. – Comigo.

Os dois engoliram em seco e, dessa vez, não consegui conter uma risada discreta.

- Vamos, entrem. Vocês estarão seguros aqui.

Caminhei para dentro do palácio e eles me seguiram, lentamente. Sven, assim que entrou, deitou perto do chafariz e dormiu, quase que instantaneamente. Toda aquela adrenalina deve tê-lo deixado cansado. Parei de andar e sorri para ele. Kristoff chegou perto de mim e respirou fundo, colocando a mão direita sobre as costelas do lado esquerdo.

- Sabe... Não sei como te agradecer, Rainha do Gelo. Se não fosse por você... – Ele caiu com o joelho direito no chão, em sinal de fraqueza. Nós dois olhamos para onde sua mão estava e percebemos o sangue.

- Kristoff! Deite-se aqui. – Com meus poderes, criei rapidamente uma maca de gelo, reta, mas não desconfortável, ao lado dele.

- Eu... Ok.

Ele basicamente se arrastou para cima da maca, deixando uma mancha de sangue por onde subiu. Só então percebi que ele havia deixado um pequeno rastro por todo o caminho. Não era muito, mas o suficiente para deixa-lo fraco.

- Tire sua blusa.

- O que?! Mas tá frio!

- Vamos, Kristoff. Não temos muito tempo.

Relutantemente, ele aceitou, mas não conseguiu fazer isso sozinho. O ajudei com o que pude, e reparei que ele ficou levemente vermelho por causa do constrangimento. Quando sua pele foi finalmente exposta, a mordida de um lobo ficou evidente diante de nossos olhos. Profunda, cortante, mas não letal. Para sorte dele, o corte não aparentava ter acertado nenhum órgão, mas ainda assim precisaria de cuidados.

Sem me demorar, busquei por ferramentas que me auxiliariam a fazer uma fogueira perto do chafariz. Apesar de tudo ser gelo, minha magia ajudaria a fazer com que nada derretesse desnecessariamente. Uma vez de volta ao salão de entrada, acendi o fogo com poucas toras de madeira que eu tinha reservado para uma emergência, e coloquei uma pequena panela de metal para derreter o gelo próxima ao fogo. Enquanto isso acontecia, corri pelos dois lances de escada acima a fim de achar um pedaço de tecido limpo – precisaria de algo para estancar o sangue e limpar a ferida. Não demorou muito para que eu voltasse, novamente correndo.

Kristoff parecia ter adormecido também, e sua pele não mais estava arrepiada de frio – o fogo havia deixado-o aquecido o suficiente. Ao mesmo tempo, ele não parecia ter desmaiado pelos ferimentos, mas sim, de exaustão. Rapidamente o gelo virou água, e molhei um dos panos na água quente. Caminhei até Kristoff e comecei a limpar a ferida. O sangue estava parando de sair aos poucos, e, quando parecia não mais querer dar o ar da graça, peguei o outro pedaço de pano e enrolei no torso dele, para proteger o local.

Peguei as roupas manchadas de Kristoff para limpar, após me certificar que tanto ele quanto Sven estavam devidamente a salvo e estáveis. Subi lentamente as escadas, dessa vez, a fim de assimilar tudo o que havia acontecido. Não ter contato com alguém em duas semanas havia me feito esquecer como era conversar com outra pessoa. Ainda mais aliado ao fato de que eu nunca conhecia estranhos, por causa da imprevisibilidade do meu poder.

Assim que cheguei ao meu quarto, dois lances de escada acima, fui até a sacada e olhei ao redor. Os lobos haviam desistido de tentar atravessar a muralha de gelo, então partiram em retirada pouco tempo antes. As pegadas no chão indicavam que pelo menos 6 lobos os seguiram. Mas... O que Kristoff e Sven foram fazer ali? Será que conheciam o lugar? Acabei não tendo tempo de perguntar, mas tinha a sensação de que ainda iríamos conversar bastante.

Pouco tempo depois, me deitei em minha cama, olhando para o horizonte através da sacada. A lua parecia olhar diretamente para mim, e eu me perguntava se Anna poderia estar olhando para aquela mesma lua. Deus, como eu sentia falta dela.



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