Bruno Bummer POV
-Não existe passagem de nenhuma Michelle Johnson por toda a costa leste e oeste. Quer que eu procure pelas costas sul e norte? –Alexssander invadiu meu escritório e pôs um mapa em cima da mesa na qual meus pés descansavam.
-Não adianta você só vai perder seu tempo. Se Michelle estivesse no país já teríamos a encontrado. –falei brincando com a caneta em meus dedos, pensando aonde que essa garota se meteu.
Alex largou a caneta vermelha em cima do mapa e se jogou na cadeira em frente à mesa.
-Quer contatar com os caras de fora? –perguntou-me.
-Já contatei, mas deu na mesma coisa que às buscas pelas costas laterais. –larguei a caneta igual como Alex fez.
-Então não sabemos mais aonde procurar... –falou novamente algo que eu já sabia.
Apoiei minha cabeça em minha mão e perdi o foco do olhar. Eu precisava encontrar ela.
-E os caras da A?
-Cala boca Alex! –falei num tom mais alto. –Eu duvido que eles não estejam envolvidos nisso já. Se Ohama está, eles também estão.
-Você tem razão. –disse por fim. –Nunca queria que Charlotte tivesse se envolvido com esses caras. –disse depois de uns instantes em silencio.
-Não é culpa dela. Ela precisava de alguém para protegê-la. –me levantei da cadeira e fui até o mini bar encontrado no canto de meu escritório e pus um pouco de meu uísque favorito no pequeno copo de cristal.
-Esse alguém podia ser eu. –resmungou baixo, porem pude ouvi-lo nitidamente.
-Lembre-se que você era um merda igual a mim naquela época.
-Vou contata-la.
-Ela irá contar para o Black, não faça isso!
-Então o que faremos? –se levantou da cadeira e andou até em minha direção. –Michelle pode estar morrendo e ainda não fizemos nada! Continuamos na mesma casa nesse caralho de jogo que nem sabemos como entramos! –Alex falou de um jeito que parecia que eu não havia feito nada para ajuda-la.
-Não precisa repetir isso toda vez que conversamos! –falei num tom mais alto assim como ele. –Eu já tenho em mente o que vamos fazer, e ah Alex... –fiz uma pausa. –Algo me diz que isso vai ser a jogada que precisamos. –coloquei o copo na pequena mesa e andei até o meu telefone, disquei o numero e esperei até ela atender.
-Não tenho novidades ainda Bummer. –a ouvi falar assim que atendeu.
-Tudo bem Nicole, mas eu tenho.
Nicole Black POV
Bummer só podia estar de brincadeira comigo! Esse plano que ele me disse é uma grande bosta e prevejo que só dará em mais bosta ainda.
Larguei meu telefone no sofá branco em minha frente e virei-me para encarar a bela vista de Los Angeles.
-Nicole? –ouvi alguém bater na porta e logo entrar. Meu pai era o único que tinha essa permissão, e como ele quase nunca vinha em minha sala, olhei para ele ao mesmo instante que ouvi a fechadura da porta abrir. –Está ocupada?
-Está me vendo ocupada? –abri os braços em pleno desleixo.
Ele me deu uma encarada e logo me entregou alguns papéis que estavam em suas mãos.
-O que é isso? –juntei as sobrancelhas e dei uma rápida olhada pelas folhas.
-Documentos. –deu de ombros.
-De minha mãe?
-Não. –fez uma pausa, me fazendo o encarar. –São documentos de sua entrada na A.
Fiz uma longa pausa e olhei mais uma vez os papeis, agora podendo ver com mais calma todos os regulamentos que ali estavam escritos.
-Mas eu nunca pedi para entrar nisto. –larguei-os no sofá junto com o telefone e cruzei meus braços. –Você não pode me colocar em uma facção onde eu nunca quis entrar!
-Nicole, pense! A A. será o seu escudo, a sua proteção! Você não pode negar uma dadiva dessas não é? –a sintonia que ele colocava em suas palavras me davam nojo. Como ele pode me tratar como ele trata esses jovens perdidos? –Você será a luz daquele lugar, a luz que eu preciso...
-Exatamente pai. –o cortei. –Isso é o que você precisa, o que você quer! Porque, sério, me diga uma vez que o senhor ouviu da minha boca as palavras “Quero. Entrar. Anonymus” numa mesma frase, completando os sentidos. –lhe dei um minuto para pensar. Ele me olhava nos olhos, como sempre fez desde quando eu era um bebê, me intimidando. –Isso mesmo, nenhuma. –balancei meu dedo indicador em negação junto com minha fala. –Se você quer que sua filha entre para essa perdição para tentar dar “luz” –fiz aspas com as mãos. –para um inferno que você criou... Nesse caso, é melhor você fazer outra filha!
Peguei meu telefone de cima do sofá, onde deixei toda a papelada cair no chão já que atrapalhava no meu objetivo, e me dirigi para fora de minha sala. Podia ser minha, mas eu sabia que ele não iria sair de lá até eu sair.
-Bom dia senhorita Black. –ouvi ao meu lado um ser qualquer me cumprimentando, mas como sempre ignorei.
Virei no próximo corredor, na parte da administração, e puxei Garry da cadeira, o deixando na altura perfeita para eu poder sussurrar em seu ouvido.
-Preciso de você.
Minha sorte foi que ninguém me viu entrar, caso contraria, todos parariam seu trabalho e esperaria até eu me pronunciar.
-O-oi senhorita Black...
-Não temos tempo para isso. –continuei o puxar pelo corredor até chegarmos ao outro que estava completamente vazio, pois era o horário de almoço das pessoas que trabalhavam nesse bloco. O larguei e dei uma pequena arrumada em minha roupa e em meu cabelo.
Garry era o cara mais inteligente desse andar, embora eu nunca tivesse pedido um favor a ele, eu sabia que ele iria me atender, até porque eu sou a filha de seu querido patrão e poderia o conceber um aumento ou até um cargo maior do que contador de gastos.
-Você consegue invadir sistemas? –fui direta ao ponto.
-O que-e? –gaguejou. Típico.
-Olha Garry, preciso muito de sua ajuda. Preciso invadir o sistema de um pequeno grupo, e tem que ser o mais rápido possível.
-Mas porque eu faria isso? Eu apenas conto os gastos de seu pai...
-Eu sei, mas isso pode mudar. Posso falar com ele e logo você estará no sétimo andar. –coloquei uma mecha de meu cabelo para trás.
Para quem não sabe o sétimo andar é o andar mais importante. Quem sai de lá, sai rico.
Ele torceu a boca, parecendo não acreditar muito em minha palavra.
-Não fiz referencia a isto. –oh, isso me surpreendeu. –Mas já que eu posso ter algo em troca... –fez uma pequena pausa.
Arqueei as sobrancelhas esperando por sua resposta. Um sorriso nasceu em seus lábios, me fazendo compreender completamente o que ele queria.
Para a minha sorte, ele era nerd porem bonito. Olhos verdes e cabelos loiros... Até que dava para o gasto.
Peguei em sua nuca e o trouxe até a mim, senti sua respiração ficar lenta –completamente diferente do que eu esperava –e ele pegou em minha bunda, me trazendo para si e me beijando logo em seguida. Sua língua invadiu sem dó minha boca, como até se estivesse preparado para aquilo ou que esperava muito por esse beijo, eu realmente não sei, apenas posso dizer uma palavra sobre esse beijo: surpreendente.
-Nossa... –falei assim que separei nossas bocas. –Você me surpreendeu garoto. –bati em seu ombro brincando e arrumei meu cabelo.
Ele deu de ombros e abriu um sorriso amarelo em minha direção.
-Vai fazer? –arqueei as sobrancelhas esperando finalmente pela resposta.
-Claro, mas só se repetirmos isso outras vezes.
Já que eu não podia negar agora, pois ele ainda não havia mexido nem um dedo sobre isso, apenas afirmei com a cabeça e forcei um pequeno sorriso.
-Amanhã em minha casa, às 14:00. –comecei a me retirar, mas ele me impediu.
-Eu vou estar trabalhando... –me fez parar no meio do trajeto. Ele só podia estar brincando.
-Garry, acho que você se esqueceu de quem eu sou... –molhei meus lábios e sorri logo em seguida. –Nicole Balck, não se esqueça desse nome. –pisquei em sua direção e voltei a andar.
Meus passos eram calmos e seguros, como se nada tivesse acontecido.
Olhei um pouco mais adiante e enxerguei John sorrindo cinicamente para mim. Droga jura que eu teria que passar por ele? Arrumei meu blazer e fiz minha postura de sempre.
-Bom dia senhorita batom borrado. –sussurrou em meu ouvido com sua voz raspando pela garganta assim que passou por mim.
Arregalei os olhos e esqueci completamente desse detalhe. Peguei meu mini espelho de dentro do blazer e vi que o batom estava completamente fosco em meus lábios e ao redor de minha boca havia uma mancha de rosa nude.
-Droga! –resmunguei e comecei a passar o dedo. Tinha que ser ali e agora, não importava como, mas tinha que sair.
-Tudo bem Black. –sua voz saiu alta e grossa como sempre. –Eu guardo esse segredo, até por que... –olhei para sua direção e pude o ver abrir os braços em desleixo e sorrir em tom de brincadeira. –Eu sei bem quando se trata do seu batom.
Revirei os olhos e voltei a passar o dedo no borrado, que já havia saído faz tempo com a ajuda do meu dedo que começou a raspar mais forte por conta da raiva que eu sentia por esse homem, embora que eu quisesse ter mais uns pegas na sala quatro do bloco D com ele.
Ai Deus, eu até conseguia me aguentar com a presença dele, mas fazendo essas indiretas... Era completamente impossível.
Michelle Johnson POV
Ouvi o sininho tocar me fazendo olhar para Sthefany. Eu não queria estar aqui com ela, mas não era eu quem escolhia.
-Minha vez? –perguntei.
-Obvio. –deu de ombros e continuou a lixar suas unhas, o que era engraçado, pois quando cheguei aqui ela estava completamente acabada e suja. Muito diferente de agora.
Revirei os olhos pela sua grosseria e me levantei do chão, peguei a bandeja e coloquei mais dois copos de uísque além do que já estavam nela. Me direcionei para a porta e comecei a ouvir meus saltos se chocarem contra o piso de granito, que logo acabou numa madeira mais pura que a virgindade de uma garota de dezoito anos.
-Os negócios estão andando mais do que esperado senhor. –ouvi Chace falar para um homem que parecia ser de uma grande importância para esse lugar.
Continuei a andar e parei ao lado de uma moça ruiva que tinha seu cabelo preso por um coque e que anotava tudo o que eles falavam.
-Espero mesmo Chace, as coisas não estão fáceis em LA e creio que aqui também começara a atingir. –o senhor disse.
A partir do momento que ele disse LA, comecei a prestar bem mais atenção na conversa.
Passei em cada homem que estava ali presente, muitos deles até fizeram uma gracinha com olhar, porem respeitaram enquanto aquele homem conversava com Chace. Parei no senhor e ofereci um copo a ele.
-Obrigada. –disse simples e olhou rapidamente para mim, porem voltou seu olhar para o meu crachá. –MJ?
-Sim senhor. –falei e abri um pequeno sorriso.
-Interessante. –disse ríspido e voltou a conversar com Crawford.
Me retirei da sala e ouvi os seguranças fecharem as portas logo atrás de mim, voltando para o piso de granito. Deixei a bandeja em cima da mesa e andei novamente até a porta, na qual pude ouvir muita pouca coisa já que elas foram exclusivamente feitas para não sair nenhuma informação que possa os comprometer.
-Muita gente está atrás dessa nova garota que vocês trouxeram, e como sempre, eu te avisei Chace. Se ela trouxer problemas demais para mim, eu faço a requisição.
-Precisamos de dinheiro, tivemos que aceitar. Mas tudo bem Ohama, daremos um jeito nela.
-Assim feito. –houve-se uma pausa longa. –Alias, o corpo de Roger foi encontrado.
-Fiquei sabendo, já adicionei em minha lista de morte. –e essa foi a ultima coisa que ouvi.
Que estranho, ao falarem de Roger me lembrei de meu padrasto. Saudades dele, porem não mais do que eu sentia por minha mãe.
-Sthefany... –a chamei assim que peguei uma distancia segura da porta. Ela me olhou com tedio e arqueou uma sobrancelha. –Você sempre limpa o escritório de Chace né? –ela afirmou que sim com a cabeça e pediu continuação. –Sabe de uma tal de “lista de morte”?
-Como é que eu iria saber? Eu só limpo as coisas dele, não reviro as gavetas...
Antes mesmo de ela terminar, arqueei as sobrancelhas em pura ironia, que me rendeu os olhos dela revirados.
-Ok Johnson, para que você quer esta tal de lista?
-Não te interessa só me diz onde posso encontra-la.
Ela me encarou por um breve momento, mas logo cedeu.
-Tudo bem. –guardou sua lixa no elástico do short. –Me segue.
Ela se retirou da pequena cozinha, e me senti na obrigação de segui-la. Acho que não aconteceria nada se deixasse aqui sozinho, até porque, eu já havia colocado uma grande quantidade de uísque em todos os copos e se bebessem mais do que já havia, o amanhã deles não seria muito bom.
-Como Chace está nessa reunião que eles fazem a cada mês, provavelmente deixou o seu escritório aberto... –disse à medida que nos aproximávamos da porta que daria na grande sala. –Espero que você tenha mais uma vez sorte. –chegou à porta e me encarou, colocou a mão na maçaneta e a abriu, que logo nos deu a linda vista da praia de mar azul a apenas uns quilômetros daqui.
Sthefany pegou uma chave de fenda da sola de seu sapato e colocou na fechadura de uma das gavetas da mesa de madeira maciça dele, a qual logo já estava aberta.
-Se não me engano é isto aqui. –disse com um notebook na mão.
-Eu jurava que era uma lista em papel. –falei me aproximando, mas sem antes de dar mais uma olhada pelo corredor.
-De qualquer jeito, veja logo o que você quer pois a reunião já está acabando. –olhou no relógio em seu pulso. –Se é que já não acabou...
Ignorei seu drama e abri o notebook, que logo a tela preta virou uma lista enorme, cheia de nomes de pessoas que são famosas nesse mundo de trafico ou até mesmo no cotidiano de pessoas normais. Senti Sthefany atrás de mim dando uma pequena espiada, mas logo se retirou e foi até à porta para verificar nossa segurança.
Fui à aba de pesquisa e coloquei “Roger”, que logo apareceu uns vinte nomes. Comecei a ver um por um, e logo encontrei um que chamou a minha atenção.
Não podia ser.
-Vamos logo, estou ouvindo passos. –apressou-me.
-Já estou indo. –falei rápida e cliquei no nome, que agora aparecia todos os dados de sua morte, que inclui data, horário, local, o porquê, até um espaço para dizer se foi assassinato, matança ou qualquer coisa desse tipo. Nesse nome dizia que havia sido assassinato, e até dizia o nome de quem havia feito isso com ele.
Justin Bieber.
Justin Bieber havia matado Roger, meu padrasto.
-Vamos Michelle, tem alguém vindo! –falou e logo vi uma agitação na porta.
-Relaxa Michelle, já estamos aqui. –ouvi a voz daquele senhor que estava na mesa, junto com Chace e Michael. –Eu só quero mais uísque. –levantou suas mãos em ironia como se estivesse se rendendo.
Olhei para o rosto de Sthefany prevendo uma grande merda pela frente.
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