P.O.V: Dipper.
Eu acordei, pra ser sincero, eu ainda estava dormindo. Reconheci isso porque por alguns momentos eu não pude sentir nada, não pude sentir nem mesmo minha respiração, mas... Aquilo por algum motivo não era desesperador. Eu comecei então a tentar reconhecer o ambiente, eu estava no meu apartamento, eu acho. Mesmo com tantas coisas para me preocupar naquele momento, eu me dei o prazer de olhar, mesmo que à distância, a grande janela gigantesca que tinha no quarto; era um dia bonito, a neve caía fazendo montinhos em alguns cantos, era um ótimo dia pra sair com Bill. Obviamente era um dia frio, mas esse frio não entra na sua casa quando está tudo fechado e você está coberto e bem agasalhado como eu me encontro aqui, porém, senti como se ele tivesse entrado e invadido meu corpo, o arrepio subiu por toda espinha, era um sentimento cortante, mas não era desconfortável.
Quando eu de fato acordei pude sentir o impacto da realidade, as dores que brincavam de vai-e-vem por todo meu corpo, e a interminável agonia de gritos de desespero que ecoavam na minha cabeça, trazendo uma dor infernal, eu sentia que uma nevasca havia se instalado em meu corpo e mesmo assim eu soava, com calor. Tudo era desconfortável. Eu saboreava o gosto de menta na minha língua pra tentar esquecer o gosto de vômito na minha garganta.
Milhares de perguntas preoucupadas brincavam na minha cabeça, me deixando cada vez mais dolorido.
Ouço o barulho da porta ranger, minha cabeça queima.
-Dipper... Você finalmente acordou, que bom! Eu fiz sopa, você deve estar com fome. - Era a minha salvação de cada dia, Bill Cypher com um prato de sopa, aparentemente quente, em mãos cobertas por luvas de cozinha.
Eu singelamente, tentando não transparecer um fudido com tudo, respondi:
-Sem fome. -Me sentei devagar na cama, encostando às costas na cabeceira da cama de casal. - O que aconteceu? Sabe? Ontem...
Bill se sentou na cama antes de começar a explicar, deixando a sopa no criado-mudo.
-Bem... Do que se lembra?
- Eu saí do banheiro meio estranho, bravo, eu acho e então a partir dali as cenas foram desaparecendo e aparecendo de novo. Não me lembro de atravessar o corredor mas me lembro de cair do lado de fora da Cabana. Cara, meus tivôs deve estar putos pra caralho. - Eu disse dando umas risadinhas com tons desesperadores.
- Quando você saiu do banheiro, eu e Mabel ficamos sem entender bem o que você fez ali e resolvemos entrar num acordo de paz, eu e você não estivemos naquele banheiro naquela noite e nem Mabel e Pacífica estiveram naquele banheiro aquela noite. Voltando... Eu saí do banheiro pra procurar você, o que foi uma missão fracassada, acho que é impossível encontrar um gnomo que nem você no meio daquele monte de gente pra ser sincero. Quando fui lá fora pra tomar um ar você tava sentado num degrau conversando com a Wendy, bebendo mais, eu ia falar com você, mas meu ciúme disse pra esperar que algo acontecesse pra eu chegar lá gritando, o que não aconteceu. Você levantou uma hora e caiu que nem um pedaço de bosta no chão, daí eu peguei tu e levei aqui pra casa, quando chegamos você VOMITOU EM MIM. Eu tive que te dar banho e te trocar, cobrir e cuidar de você até você dormir. FIM.
- Valeu por cuidar de mi- PARO, PARO, PARO! VOCÊ ME DEU BANHO?!- Eu o olhei com um olhar assassino.
-Toma logo sua sopa e fica queto. - Ele enfiou a colher de sopa na minha boca, ela estava morna, graças a Deus.
Eu não insisti em brigar, seria ingratidão da minha parte, sei que estou bem melhor hoje do que estava ontem e isso é por causa dele. Eu ainda estou confuso e com medo mas admito, eu amo esse Dorito pra caralho, ou talvez eu só esteja um tantin bêbado. Ele sorriu, se ele disser que também me ama eu tiro forças do além só pra dar um soco na boca dele, como já diria um velho sábio "nada que um soco na boca não resolva".
P.O.V: Escritora.
Bill cuidou de Dipper a tarde toda, o que não foi tão trabalhoso quanto no dia anterior, pois agora Dipper estava pelo menos consciente.
•Dipper teve de faltar o trabalho e teria de recompensar trabalhando no próximo domingo usando o horário da semana. (O horário normal para os íntimos).
Bill estava terminando um dos livros de sua saga, ele queria um final fantástico, algo que o leitor esperou durante todo o percurso literário e no fim, acabou optando pela simplicidade, o livro acabou de uma forma poeticamente romântica e realista dependendo de seu ponto-de-vista.
-"Cuidar não passava de mais um de seus deveres. Sem um sorriso como gratidão, ele largou sua mão. Procura de realizar seu segundo sonho, pois o primeiro ele teve de deixar ir."-.
E o livro acaba, sem uma explicação, ele apenas acaba.
Bill faz a janta e eles comem em silêncio, era como se os gestos falassem por eles, Dipper queria evitar a todo custo uma conversa entre eles, sabia muito bem onde ela acabaria. Ele ainda se sentia sonâmbulo, parcialmente por conseguir deixar de lado algo tão importante para vida de ambos, juntos e separados. Quando estava para anoitecer, Bill da a ideia de assistir algum filme, algo que distraía Dipper daqueles pensamentos confusos e bagunçados, ele não disse isso, mas foi o que pensou. Meia hora depois do começo do filme Bill já estava dormindo, não era de se admirar, mas sabe? Ele deu a ideia de assistir um filme e ainda escolheu qual. Dipper não conseguiria levar o princeso de 87k no colo até a cama, então só o cobre; era um gesto simples, mas até mesmo ele sabia que aquele gesto simples era algo crucial. Ele espera o filme acabar pra sentir sono, apaga as luzes porque ninguém ali trabalhava na Eletropaulo e desliga a TV, o último ato antes de cair no sono, apoiando a cabeça no ombro de Bill.Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
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