Sete da manhã em ponto, horário oficial do trabalho. Não importa onde estivesse e não importa onde trabalhasse, essa era a hora de estar exercendo o seu posto, e em Gotham não era diferente.
Mesmo que a cidade fosse divida entre os muito ricos e os muitos pobres, todos já estavam a caminho de seu trabalho, inclusive aqueles que não tinha trabalhos tão agradáveis assim.
O amigável zelador do cemitério da cidade era um homem com um psicológico muito forte. Todo dia, levava mortos de todas as idades e via muitas despedidas. Fosse de um grupo de amigos se despedindo de um dos colegas, de netos se despedindo dos avós, ou dos filhos se despedindo dos pais. Já viu muita coisa naquele lugar, e desde as tão aclamadas sete da manhã, era obrigado a guiar pessoas chorosas até os túmulos de seus entes queridos, lhe querendo fazer uma última visita.
- Fique calma, já estamos quase chegando ao túmulo dele, senhora...
- Grayson. Judith Grayson.
Judith não conseguia parar de chorar. As sete da manhã de ontem havia visto no jornal a notícia do "Voo da Morte", onde reconheceu o corpo de seu sobrinho, John, naquela imagem dele e de Mary mortos no chão, enquanto o filho do casal entrava em desespero ao lado dos corpos dos pais. Ela ficou muito sentida, afinal havia perdido o irmão à pouco tempo, e agora o sobrinho também havia morrido. Então, como uma boa tia, resolveu ir fazer uma vista a John, e levar uns antigos conhecidos junto.
- Aqui está, senhora Judith - Começou o zelador, parando de andar ao chegar as lápides dos Grayson, uma família quase completa - Eu vou deixá-los a sós. Se me dão licença..
Após o zelador sair, Judith permitiu-se se abaixar e tocar a lápide de seu sobrinho, e não segurou mais lágrimas. Colocou uma rosa sob os túmulos do casal, lendo silenciosamente as frases escritas nas lápides.
"John Joseph Grayson; amado filho, amado homem e amado pai" "Mary Llyod Grayson; amada filha, amada mulher e amada mãe" e por fim, a mais triste de todas, "Elizabeth Mary Grayson; amada filha, amada menina e amada irmã". Sua pobre sobrinha-neta nem ao menos pôde nascer.
Enquanto Judith chorava, seus outros dois companheiros encapuzados apenas observavam a cena. Um deles tirou seu capuz, revelando seu rosto coberto pela máscara branca da coruja. Se abaixou e pegou um dos presentes deixados para John e Mary, um quadro, mas um bem especial.
Se levantou e entregou para seu amigo, também mascarado, que pegou o quadro para vê-lo melhor. Era tão simples e adorável, um desenho de criança tão puro quanto a mesma. Ele sorriu por debaixo da máscara, o filho de John poderia até continuar com algum respingo de pureza mesmo depois de tudo, mas eles dariam um jeito naquilo logo logo.
- É adorável, o desenho. O menino de John é deveras talentoso - Começou, observando seu amigo mascarado. Logo os dois observaram Judith, que ainda estava em prantos.
- Sabe de algo do garoto, Judith? - Questionou o outro homem.
- Não.. - Começou a mulher, ainda com a voz chorosa - A última vez que vi Richard ele tinha só quatro anos. Foi na Véspera de Natal, foi a primeira vez que a família dele passou o Natal fora do circo. Ele estava tão feliz por comemorar o Natal "normalmente" - Ela pôs-se a chorar novamente, lembrando daquela memória - Óh céus, pobre menino..
- Não chore, Judith - Começou um dos homens, se abaixando e entregando um lenço para a mulher - Logo logo o garoto estará com sua família de verdade, novamente. Isso se, você cooperar conosco.
- É claro que vou - Respondeu, mais calma - Irei descobrir onde está o garoto e irei pedir a guarda dele.
- Esperamos - Disse o outro homem, abaixando-se e devolvendo o pequeno quadro para onde estava - Mas, é bem provável que o achemos primeiro, mas isso não é uma competição. Não importa qual de nós encontre o garoto primeiro, ele acabará indo parar no mesmo ninho..
Talvez aquele homem estivesse sorrindo por debaixo da máscara, mas isso ninguém nunca iria descobrir. Após mais alguns minutos, os três foram embora do cemitério, deixando rosas para os mortos e desejando que, ao menos desta vez, John descansasse em paz.
Eram corujas, estavam por todo canto e por toda a parte e fariam de tudo para encontrar o pequeno Robin perdido e trazê-lo para um ninho mais confortável. Tinham as mais diversas maneiras de encontrar o garoto, investigação, depoimentos, fotos, invasão de privacidade. Pareciam até mesmo serem corujas jornalistas, embora não se precisasse ser uma coruja para ser um jornalista. Você só precisava ser insuportavelmente persistente.
- Não interessa o quê Mário disse! Isso é muito mais importante do quê cobrir um acidente de carro e qualquer um pode ir no meu lugar fazer isso!
- M-mas, você sempre diz que ninguém é como você..
- É não é mesmo! Mas, agora qualquer um pode ser como eu nesse requisito, até mesmo você! Saia com qualquer um daqui e me deixe em paz!
Charles recuou, arrumando seus óculos azuis ao receber um esporro de sua amada chefinha em plenas sete da manhã.
Assim como qualquer começo de dia, um acidente de carro já tinha acontecido para transtornar a vida de todo mundo. Mário havia pedido para Vicki e Charles irem fazer a cobertura do acidente, mas, o jovem Charles estava começando a perceber que sua chefinha não sairia da frente do computador tão cedo.
Talvez, por já ter se passado uma semana desde o assassinato dos Graysons e também por saber que Richard estava desfrutando de todo o conforto da Mansão Wayne, Vicki Vale havia deixado seu sentimentalismo de lado e voltado a sua, personalidade normal. Insuportavelmente persistente e talvez um pouco, grossa.
Essa era a personalidade por qual todos a conheciam, por exceção de Richie, obviamente, que conhecia apenas seu lado carinhoso. Mas, ela não estava conseguindo ser carinhosa sabendo que haviam corujas lunáticas provavelmente, vindo atrás do amorzinho da sua vida.
- Não adianta me olhar assim, Charles. Eu não saio daqui até encontrar o quê quero.
Vicki ignorou o seu assistente e sua cara de perdido, voltando a focar seus olhos verdes na tela do computador onde buscava informações sorrateiramente sobre a Corte das Corujas naquela tal de, internet. Iria até mesmo até aquele tal conto da Deep Web se fosse para proteger seu pequeno Richie.
Odiava admitir que Bruce tinha certas razões por apelidá-la de "mamãe ursa" em seus primeiros dias de maternidade, mas, Dickie havia passado por um baque muito grande com pouca idade, e ela como ciente de toda a história de Bruce Wayne, queria que tudo fosse diferente com Richard.
Mordeu seu lábio com seu, belíssimo, batom vermelho ao ver que não encontrava nada de relevante em sua pesquisa, o máximo que encontrou foi a cantiga das corujas que cantavam para os pequenos Gothamites. Decidiu então deixar seu lado sorrateiro de lado por um único instante, já que estava começando a ficar sem paciência e simplesmente, jogar o nome "Grayson" na barra de pesquisa. Incrivelmente, havia encontrado resultados mais relevantes sobre a família biológica de Dickie.
- Olha só o quê temos aqui.. - Começou, já pegando seu bloquinho de anotações e anotando o máximo de informações que conseguisse. Talvez fosse desnecessário investigar os mais diversos antepassados de Dickie, mas, ela não queria deixar nada passar. Não eram informações tão diretas assim, eram apenas registros de Graysons que já haviam pisado nesta Terra, mas, para uma jornalista tudo era uma informação relevante.
- V-Vicki, a-acho que nós..
- Silêncio, Charles! - Exclamou, se o garoto falasse mais alguma coisa era capaz dela voar nele. Continuou sua busca pelos Graysons, até encontrar um nome de reportagem que havia ganhado-lhe a atenção.
"Conheça Madeline Grayson; a mais nova socialite de Metrópolis!"
- Madeline? - Sussurrou, e decidiu usar de sua nova estratégia de ser direta e simplesmente, jogar aquele nome da barra de pesquisa. Vicki se deparou com fotos de uma jovem moça, nas mais diversas festas de gala nas quais Bruce deveria frequentar todo dia.
Aquilo intrigou sua cabeça ruiva, afinal, como uma moça tão jovem haveria tanto reconhecimento em festas como aquela?
Mas, Vicki era jornalista e morava em Gotham City, já estava cansada de descobrir o quão podres eram as festas de gala. E estava mais cansada ainda de ter que se infiltrar em todas elas. Mas, o quê ela não faria pelo seu pequeno?
- Ótimo, era tudo o quê eu precisava! - Vale exclamou a si, anotando o nome da moça em seu caderninho e planejando ir atrás de informações, ignorando Charles e seus conselhos de estagiário. Mas, Vicki foi impedida de sair após trombar com a pessoa que menos queria naquela manhã.
- Posso saber o quê ainda fazem aqui?! - Perguntou Mário, observando os dois funcionários parados sem fazer nada em plenas sete da manhã - Que eu saiba, pedi para que cobrissem um acidente!
- Acidentes ocorrem a qualquer hora, Mário - Começou Vicki, encarando seu chefe que ainda tinha um batom roxo, não tão belíssimo, nos lábios - Pode mandar outra pessoa para lá!
- Poder eu posso, mas pedi que vocês fossem - Repudiou o chefe, já se estressando.
- O Charles pode ir sozinho, eu tenho o quê fazer - Disse Vicki, pretendendo sair do prédio mas foi impedida pelo seu chefe, que já havia perdido a paciência com ela.
- Você está aqui para trabalhar, Vicki, não pra fazer anotações pessoais. E mais uma coisa, sei quê você é a queridinha da Gazeta mas não esqueça que foi rebaixada - Mário pegou na ferida, fazendo só assim Vale parar para escutá-lo - Lembra o quê é agora? É uma repórter e não jornalista! Então se estou te pedindo para ir lá fora cobrir um acidente, você vai lá fora cobrir o acidente.
- M-mas..
- Ah, e mais uma coisa, você é a queridinha daqui mas eu posso te demitir se você continuar agindo assim. Então, é melhor que pare de ser egoísta e pense no menino que você tem de sustentar, chérie - Curto e direto, Mário deu a ordem, fazendo só assim a ruiva em sua frente se aquietar - Estamos entendidos?
- Sim, Mário - Vicki concordou, bufando, pensando internamente em jogar tudo para o alto mas, Mário tinha razão, ela tinha que pensar em Richard, seu filho - Vamos, Charles.
Charles suspirou aliviado ao ver que não perderia seu emprego, hoje. Ele e Vicki desceram pelo elevador em direção à saída do prédio, com a jornalista bufando em raiva por sua pesquisa, que era muito mais importante do quê cobrir um acidente se carro, ter sido interrompida. Sua preocupação com aqueles lunáticos vindo atrás de Dickie estava à mil mas parecia que ninguém compreendia aquilo, pobre mamãe.
Finalmente, os dois haviam chego ao andar térreo do prédio. Vicki seguiu à passos pesados e com sua persistência fervendo em sua cabeça, se tivesse de entrar ao vivo provavelmente causaria uma explosão naquela rodovia. Ela e Charles saíram do prédio, planejando pegar o primeiro ônibus em direção ao local do acidente, mas para cooperar com o campo minado que estava a sua cabeça de fogo, Vicki teve de esbarrar em alguém no meio do caminho.
- Ei! Olha por onde anda! - Exclamou, irritada, ao ver que seu bloco de anotações e outros equipamentos haviam caído ao chão. Olhou para cima, vendo o homem com quem trombou nem se manifestar - Está olhando o quê?!
- Ah, me dá licença! - Disse o homem, ríspido, passando por Vicki e ainda cutucando seu ombro, a deixando mais irritada - Vadia de Gotham.
- Está tudo bem? - Perguntou Charles, ajudando sua chefinha a se levantar.
- Está, Charles. Obrigada..
- Você não, vai fazer nada?
- Adoraria, mas, não quero arrumar confusão a essa hora da manhã por conta de um empurrão..
- Não é por isso.. - Charles desviou o olhar, ganhando a atenção da ruiva - É porque aquele homem te chamou de..
- Vadia de Gotham? - Vale ergueu a sobrancelha, ainda com um sorriso irônico no rosto - Parabéns, Charles. Acabou de descobrir como sua chefinha é conhecida nessa cidade - Estendeu a mão para a ele, o deixando ainda mais confuso - Muito prazer, eu sou a Vadia de Gotham.
Vadia de Gotham, aquele era seu nome do meio.
O jovem Charles não precisou raciocinar muito para compreender porque as pessoas chamavam Vicki assim, sabendo que ela na maioria das vezes se envolvia com seus entrevistados para lhe tirar informações bem mais de uma vez, abusava de sua beleza exterior para conseguir o quê queria e o mais importante, não respeitava a privacidade de ninguém já quê seu esporte favorito era escalar portões, principalmente o da Mansão Wayne. Não demorou para Vicki Vale ficasse conhecida como vadia pela cidade, e ela não parecia ser importar muito com esse título.
Quer dizer, isso até Richie perguntar para ela o quê era uma vadia.
- Você não, se importa de ser chamada assim? - Charles continuou a questionar, enquanto carregava vários equipamentos e corria em direção ao ônibus.
- No começo eu fiquei sentida mas, depois eu nem liguei. Afinal, eu sei quê sou uma vadia - A ruiva deu de ombros, entrando no ônibus junto com o colega - Agora chega de perguntas, Charles, vai fazer minha cabeça explodir antes do combinado.
- Sim, senhora.
Charles cedeu, sentando-se ao lado da chefinha sem nem ao menos dizer uma palavra.
Mesmo indignada por não poder continuar a sua pesquisa num lugar mais silencioso do quê em um ônibus as sete da manhã, Vicki não parou a sua pesquisa. De certo que sempre foi muito persistente em todos as suas buscas, mas naquela estava sendo muito mais, afinal, ninguém mexeria com o filho da Vadia de Gotham.
A jornalista pegou seu bloco de notas, voltando seus olhos verdes para o nome "Madeline Grayson". Na internet não havia mais nada sobre ela além das festas de gala as quais frequentava, cercada de velhos e velhas poderosos. Vicki leu o nome da matéria novamente, querendo pensar em alguma maneira de conseguir mais informações sobre Madeline. Até que, seus olhos verdes arregalaram ao notar algo que ela provavelmente, se questionaria o resto da vida como não notou de primeira.
"Conheça Madeline Grayson; a mais nova socialite de Metrópolis"
Metrópolis. Planeta Diário.
- Lois! - Exclamou, assustando Charles que optou por não questionar nada. Vicki pegou o seu telefone e discando para a amiga, não dando a mínima se ela estava em horário de trabalho, afinal eram naquelas horas que a fofoca boa rolava.
- Você quer minha ajuda pra quê mesmo?!
- Pra encontrar essa garota aqui, Madeline Grayson. Vi que ela é uma socialite daí de Metrópolis e preciso descobrir mais dessa família! Por favor, Lou, é pelo bem do Richie.
- Eu ainda não entendi como isso afeta o menino, Vicki.
- A história é longa, mas prometo te explicar assim que possível. Vai fazer isso por mim, não vai, Lulú?
- Contanto que nunca mais me chame assim, posso tentar - Lois suspirou – Olha, vou ter que desligar, se Perry me vê no telefone me põe no olho da rua. Te ligo se descobrir algo.
- Tudo bem, obrigada Lois.
- Amigas são pra isso, cabeça de fogo - Disse Lois, desligando o telefone e dando uma longa bufada. Se jogou no assento da cadeira e se perguntou, por quê, por quê simplesmente não foi antissocial na faculdade - Bom, ao trabalho!
Lois se auto-encorajou, sabendo que teria um dia duro pela frente. Ser uma jornalista, sair com Jimmy na rua, fazer favores a Vicki e ainda aturar o novo estagiário não era pra qualquer um; e era por isso que ela era a Super-Repórter Lois Lane.
Aproveitando que Perry gritava com os demais funcionários para começar bem o dia, Lois decidiu fazer a pesquisa para a sua amiga e descobrir se havia motivos para Vicki estar mais surtada do quê o normal. Pesquisou o nome "Madeline Grayson" na ala de informações sobre os cidadãos mais importantes de Metrópolis e admitiu-se ficar um pouco surpresa ao ver que realmente haviam registros sobre ela.
Fotos em festas, amizades com pessoas importantes e até mesmo foto de capa de algumas revistas, sempre com alguma roupa curta, querendo mostrar a tatuagem de coruja em suas costas. Madeline era uma jovem popular quê ninguém nunca havia ouvido falar. Lois anotou tudo o quê pôde sobre aquela garota, agora ela havia ficado curiosa sobre ela também.
- Parabéns, Vicki - Começou a morena, fechando a aba de pesquisa antes que Perry passasse do lado dela - Agora você também me deixou curiosa..
- Curiosa sobre o quê?
- Jimmy! - Lois exclamou, se virando na cadeira giratória até encontrar com seu aprendiz adolescente, Jimmy Olsen, que nada mais era do quê um ruivinho sardento e muito curioso - Porra, quer me matar do coração?!
- Não, na verdade.. - Ele deu de ombros - Só, ouvi você falando sozinha e pensei que estivesse precisando de ajuda.
- Ajuda. Estou precisando de ajuda - Ela concordou com si mesma, e arrancou uma folha de seu bloco de anotações, escrevendo algumas coisas e entregando para Jimmy - Toma! Me descobre tudo o quê conseguir sobre essa moça!
- Madeline Grayson.. - Repetiu o ruivo, já vendo quê aquilo não iria dar muito certo - O quê Perry quer com ela?
- Perry nada, mas eu quero - Lois olhou para os lados, e quando viu que ninguém a observava, puxou Jimmy pelo braço - Olha só, Jimmy, isso é assunto nosso, eu e você. Você entendeu?
- Sim, senhora! - O jovem concordou, fazendo um sinal de sargento.
- Ótimo, agora vá! - Lane exclamou, e Jimmy assim que viu Perry voltar a sua sala, saiu correndo do prédio. A jornalista bufou, sentia que aquilo não iria dar certo mas sabia quê contrariar Vicki não era opção, era coisa de jornalista - Ah, meu pai... Eu precisava de um café.
- Alguém disse, café?!
Novamente, Lois se assustou com aqueles seus colegas de trabalho barulhentos, mas desta vez era um em específico, o novo funcionário.
Ela se virou, se deparando com um copo de café que era segurado pelo sorridente Clark Kent, ou Smallvile como ela havia apelidado. Se questionava como Clark conseguia sorrir em plenas sete da manhã com Perry gritando com Deus e o mundo, mas, lá estava ele, aquela muralha sorridente de óculos que insistia em andar atrás dela.
- Ah, obrigada Smallvile - Ela agradeceu, pegando o copo de café e o bebendo - Salvou o meu dia.
- Estou aqui para isso - Sorriu tímido Clark, e vendo que já havia entregado café para todos, sentou-se em sua mesa para trabalhar, que era ao lado da de Lois - Então, como está o seu dia?
- Bom, até agora Perry não gritou comigo e isso torna o meu dia muito bom. E você, Smallvile?
- Bom, também. Tenho de escrever sobre o jogo de beisebol que vi ontem. Pra um começo de emprego, me sinto até bem tranquilo.
- Só não vá se acostumando, quando se achar confiante, Perry virá e acabará contigo - Lois brincou, fazendo o Kent rir de nervoso - Bom, agora vamos ao trabalho, não é mesmo? Vamos ver o quê separaram para mim, hoje - Lane mexeu em seu computador, vendo sobre o quê escreveria na sua coluna do jornal no dia de hoje - Merda..
- Algum problema? - Perguntou Clark, num tom gentil.
- Não é nada demais, é que tenho de escrever sobre Gotham e, não gosto muito de lá..
- Você já morou lá um tempo, não?
- Sim, e digo que a melhor coisa que fiz foi ter me mudado na primeira oportunidade - Lois bufou, e voltou a olhar em seu computador - Eu saí de Gotham, mas Gotham não saiu de mim. E lá vou escrever sobre nosso amado Brucie Wayne novamente..
- Bruce? - Repetiu Clark, se aproximando da colega ao ter sua atenção conquistada por aquele nome - O-o quê ele anda fazendo?
- Boas ações, e desta vez das grandes - Ela a encarou - Ficou sabendo do "Voo da Morte"?
- Ah, não..
- Poxa, Smallvile. Que tipo de jornalista é você que não se atenta as notícias?!
- Eu sou muito ocupado, Lois.. - O Kent desviou o olhar.
- É claro que é. Mas, resumindo... - Ela voltou ao computador - Um casal de acrobatas estava fazendo uma apresentação no circo, mas alguns bandidos haviam sabotado a corda e ela se rompeu no meio do espetáculo. O casal caiu e morreu na hora, o filho deles estava lá e viu tudo, o menino tem sete anos.
- Meu Deus... - Comentou Clark, meio horrorizado - E o quê Bruce Wayne tem haver com isso?
- Ele adotou o menino - Lois foi direta, nem ao menos percebendo a feição surpresa que se formou em Clark - Ele e a jornalista Vicki Vale estavam lá na hora e acolheram o garotinho, três dias depois entraram em consenso e ganharam a guarda dele. E agora todos os jornais estão malucos com a notícia de quê duas das figuras mais populares de Gotham tem um filho, e lá vou escrever a minha opinião sobre isso tudo.. - Terminou, sua vontade era de escrever que apoiaria a sua amiga, mas ninguém dali sabia da sua amizade secreta com a jornalista de Gotham.
- Bruce tem um filho... - Sussurrou Clark, torcendo para que ninguém o ouvisse. Aquela sim era uma notícia que merecia a sua atenção - E, qual sua opinião sobre isso, Lois?
- Já está querendo saber demais, Smallvile; espere a coluna sair e descobrirá..
- Tudo bem.. - Clark cedeu, ainda preso naquela informação de quê Bruce Wayne havia se tornado pai tão repentinamente.
Sem dúvidas, era algo de se querer entender, e muito. E é óbvio que ele como jornalista e melhor amigo do bilionário iria tirar essa história à limpo. Afinal de contas, aquele menino era filho de seu amigo, o quê queria dizer que era seu sobrinho! E mais importante do quê ser filho do Batman, era ser o sobrinho do Superman.
°°°°
Bruce ainda estava em casa, mesmo que já estivesse pronto para ir trabalhar, visto que já havia faltado no dia anterior. A noite foi longa, depois de socar muitos bandidos, chegar em casa e ter que lidar com outra crise de choro de Richard e dormir por talvez duas horas seguidas, o bilionário, finalmente, teve tempo de fazer algo que ansiava fazer desde que adotou o pequeno Richard.
Ele caminhava pelo enorme jardim da Mansão, com seus olhos azuis cheios de olheiras tanto pela patrulha tanto por passar quase a noite toda em claro com Richie. O moreno carregava consigo duas rosas, haveria de entregá-las as duas pessoas bem especiais; aos "novos avós" do pequeno Dickie.
- Mãe. Pai. Tenho novidades para vocês.
Wayne começou, observando os túmulos de Thomas e Martha, que estavam enterrados no jardim da Mansão, dando a impressão de quê nunca saíram de casa.
Bruce apenas visitava os túmulos dos pais em ocasiões especiais, e aquela era uma, querendo ou não. Ele se abaixou e colocou as rosas sob o túmulo de Thomas, e logo após no de Martha. Seu cérebro projetou a imagem de como a mãe ficaria feliz ao saber que era avó. Era incrível como Bruce não conseguia ter um pensamento bom por mais de cinco segundos.
- Eu.. - Ele começou, estranhamente não sabia como falar aquilo aos pais, mesmo que não estivessem mais ali - Eu, trouxe um, pequeno homem para casa... Um menino! Eu trouxe um menino pra casa - Respirou, odiava se embolar nas palavras - O nome dele é Dickie, e passou pela mesma coisa quê eu, perdeu os pais muito cedo e, está totalmente perdido.. Eu resolvi acolhê-lo, não só eu mas o Alfred também, e a Vicki, claro. Sei quê só eu posso entender o quê o menino está passando e quero guiá-lo pelo caminho certo, o da justiça.. - Bruce olhou novamente para os túmulos, sendo incapaz de pensar qual reação eles teriam - Eu, eu vou cuidar bem do Dickie, irão se orgulhar de mim.
Bruce detestava aquilo ainda mexer com eles, do fato de quê não ter os pais por perto em momentos importantes da sua vida ainda lhe deixar "para baixo". Toda vez que olhava para Martha e Thomas, desejava que ainda estivessem com ele, quê vissem o homem que ele se tornou, que conhecessem Richard e que lhe amassem como amaram ele.
Bruce não negava que sentia falta dos pais, mas sabia quê sem a morte deles, Batman não existiria e Gotham estaria um caos maior do quê já é. Bruce e Batman não podiam existir no mesmo espaço, um tinha quê estar morto para o outro sobreviver.
Mas, saindo de seus pensamentos, porque se dependesse dele passaria o dia todo observando as lápides dos pais, Bruce voltou a caminhar lentamente até a Mansão, pegar algo para comer e ir para o trabalho.
Chegou até adentro da Mansão, agradecendo pelo silêncio quê havia lá, queria dizer que Dickie ainda estava dormindo. Caminhando mais, o bilionário chegou até a sala de jantar e se deparou com Alfred colocando a mesa do café, um tanto quanto, doce. Havia bolo de chocolate, frutas e cereal.
- Alfred, o quê é essa doçura toda logo cedo? - Questionou o homem, observando o mordomo que não dava a mínima para o quê ele dizia e continuava plenamente com seu serviço.
- Café para o Mestre Richard, Patrão - Respondeu direto o mordomo, arrumando os talheres a mesa.
- Não serão todos assim, não é? Digo, é açúcar demais logo cedo para um menino da idade dele.. - Comentou Bruce, ganhando uma encarada de Alfred - Eu, vi isso nos livros de paternidade.
- Fico feliz que esteja aprendendo, Patrão - Alfred disse, voltando a pôr a mesa - Mas, não se preocupe, não mimarei o Mestre Richard, isso é só um agrado já quê será o primeiro dia dele aqui só comigo. Afinal, o senhor e a senhorita Vale tem um dia cheio hoje.
- A Vicki não vem vê-lo, hoje?
- Não, ela ligou mais cedo. Disse estar numa, "investigação" e que provavelmente não terá tempo de vir até aqui.
- Ela está é investigando o passado dos Graysons na Corte das Corujas - Bruce logo matou a charada. Ligou os pontos da jornalista já ter mencionado que faria essa investigação, com o de ela ser totalmente impulsiva, além de ser uma, como ele apelidou, "mamãe ursa" - Eu falei pra ela não se meter nisso, que investigaríamos isso com calma mas ela é teimosa, não escuta ninguém.
- Senhorita Vale tem uma personalidade muito forte, mestre Bruce, sempre foi muito protetora com aquilo que era "seu". Me lembro de quando namoravam, das brigas que ela arranjava que o senhor comentava comigo - Alfred riu, e Mestre Bruce revirou os olhos - De certo que ela será muito protetora com o pequeno Dickie, investigando tudo o que puder sobre essa, Corte.
- E esse é o problema, Alfie, ela acha que sabe com está se metendo mas não sabe nem da metade. Mas, não serei eu quem vai convencê-la a parar - Bruce bufou, observando a mesa do café e vendo uma torrada "chamando seu nome". Não resistiu e pegou para comê-la - Bom, eu já estou indo para o trabalho, Alfred. Até mais tarde.
- Até vê-lo, Patrão - Despediu-se Alfred.
- Bruce..
Bruce parou de caminhar ao ouvir aquela vozinha manhosa e infantil chamar o seu nome. Bufou, seu plano de sair de casa antes de Dickie acordar havia ido por água abaixo.
Se virou e se deparou com a pequena criança de pijama azul, e acompanhado da amiga elefantinha, caminhar até ele com as mãoszinhas coçando os olhos. Ele caminhou até o pequeno vendo que ele estava no ritmo de uma tartaruga e o pegou no colo, dando um pequeno sorriso ao ver aqueles olhinhos azuis sonolentos o encararem curioso. Bruce se impressionou consigo mesmo ao ver quê não resistiu a dar um beijinho na bochecha do pequeno, deixando até Alfred impressionado.
- Bom dia, dorminhoco - Ele começou, instintivamente balançando seu corpo lentamente enquanto tinha o menino em seu colo - Como vai? Não está muito cedo pra você acordar?
- Não tô com sono.. - Richie começou, coçando os olhos e olhando a Bruce, vendo como ele estava bem arrumado - Você vai sair, Bruce?
- Eu vou pro trabalho, amigão - Respondeu, ainda calmo.
- Mas, você não trabalha em casa? - Ele perguntou, já meio tristonho.
- Não, bebê, ontem eu trabalhei em casa porque você estava doente, mas você já está melhor, não está? - Bruce perguntou, já vendo que Dickie inventaria alguma coisa para tê-lo por perto.
- Eu ainda tô doente! - O pequeno exclamou, e colocou a mão do homem sob a sua testa - Olha como eu estou quente! Devo estar com febre..
- Richard, você está quente por causa do pijama, não está doente - O Wayne respondeu, já num tom sério, aquietando o menino - Vai ter que se acostumar a não me ter por perto toda hora, amigão, eu sou bem ocupado - Ele disse, direto, vendo Dickie se entristecer.
- Mas, eu não quero ficar sozinho.. - Disse, manhoso.
- Enquanto a mim, Mestre Dickie? - Perguntou Alfred, se aproximando do menino - Eu estarei aqui com você.
- Eu sei, Alfred, mas você sempre está cuidando da casa.. - Richard brincou com os dedos, tímido, e olhou novamente para Bruce - A Vicki vem?
- Não, Richard. Ela está tão ocupada quanto eu - Bruce respondeu, vendo o pequeno ficar ainda mais desconfortável. Não queria usar aquela arma logo cedo, mas, se viu encurralado - Mas, caso você queira companhia, aposto que o Ace vai adorar brincar com você.
- Ace? - O menino perguntou, olhando para Alfred, que tinha uma mão sob a testa - Quem é Ace?
- É meu cachorro - Bruce respondeu, e viu como a palavra "cachorro" despertou uma alegria e um sorriso adorável no pequeno - Ele está lá no jardim atrás da cozinha, aposto que você vai adorar brincar com ele.
- Eu quero brincar com ele! - Dickie exclamou, já contente e pulou do colo de Bruce num pequeno movimento acrobata, correndo em direção a cozinha. Mas antes de passar pelo corredor, se virou para o homem e acenou para ele - Tchau, Bruce!
- Tchau, Dickie - O bilionário acenou para o menino, aliviado ao vê-lo mais contente. Logo, olhou para Alfred, que o encarava com reprovação - O quê?
- Agora o Mestre Richard se sujará todo e nem ao menos tomou o seu café da manhã - Alfie bufou, aquilo seria mais difícil do quê aparentava - É melhor o senhor ir trabalhar logo, Patrão.
- Tem toda razão, Alfie - Concordou o bilionário, vendo Alfred ir de encontro com o menino Richard e já podendo ouvir os latidos de Ace e as risadas do pequeno. Agora que o menino estava mais calmo, era a hora de ir ao trabalho.
Pela, terceira vez, Bruce Wayne tentou sair de sua casa para ir trabalhar, mas sentia que daquela vez também seria interrompido. Abriu a porta da Mansão e permitiu que seus olhos azuis cansados se arregalassem ao ver aquela, purrfeita, pessoa à sua frente, com aquele seu batom preto que ele havia lhe presenteado, com o intuito de tê-lo todo por seu rosto.
- Bat.
- Cat.
Não demorou para quê o batom preto dos lábios de Selina Kyle atacassem os lábios secos de Bruce, os dando um pouco de vida. Ele admitiu, aquilo melhorou muito o seu dia. Envolveu suas mãos fortes na cintura fina dela, enquanto ela envolvia os braços em seu pescoço. Ainda era cedo, mas, fazia tempo que não se viam pessoalmente.
- Você anda tão sumido, tive que vir atrás de você.. - Ela sussurrou em seu ouvido, lhe dando um beijo na bochecha logo após, deixando sua marca naquela pele branca - Preto combina com você, Brucie.
- Eu sei disso, Cat - Concordou, a puxando para mais perto - Mas, você chegou numa hora ruim, tenho de ir para o trabalho.
- E quem disse que vim ver você? - Selina soltou, sorrindo, fazendo Bruce arquear as sobrancelhas - Eu vim conhecer seu gatinho... Quer dizer, isso se a perturbada da mãe dele não estiver aí.. - Ela revirou os olhos ao lembrar-se da jornalista ruiva - Nunca vou esquecer da vez que aquela maluca invadiu o restaurante enquanto jantávamos..
- É o trabalho dela, mas às vezes ela passa dos limites...
- Às vezes?
- Tá, ela sempre passa dos limites. Mas, fique tranquila, ela não virá hoje - Bruce se aproximou mais da parceira - Mas, eu disse para você que marcaria algo para nós e o menino quando desse..
- Você não manda em mim, Brucie. Além do mais sei que você esqueceria disso - Ela colocou o dedo sob o lábio dele - Só espero que não se esqueça do nosso jantar Sábado.
- É claro quê não. Gotham's Fancy, às vinte, e assumindo nosso namoro para a imprensa - O moreno sorriu, se aproximando do pescoço da mulher, enfeitado com joias que ela provavelmente roubou, não resistindo a beijar aquela região - Admito quê, estou ansioso.
- Eu também, mas acho que não é só pelo jantar - Selina brincou, puxando o rosto de Bruce para de frente ao seu e dando um selinho nele - Mas, agora você precisa trabalhar, não é? E eu vou conhecer o meu enteado.
- Tudo bem. Só peço que tenha paciência com ele. Ele se tornou bem inseguro depois do trauma e está muito tímido..
- Posso lidar com isso, Brucie. Vou me dar bem com esse menino, mesmo querendo esganar a mãe dele - Selina sorriu, dando outro beijo no parceiro, deixando ele com gosto de "quero mais" - Bom trabalho, Brucie...
Selina acenou para o parceiro, entrando na Mansão e fechando a porta na cara de Bruce e em sua feição indignada, adorava caçoar do Cavaleiro das Trevas e de toda sua "pomposidade".
A mais nova socialite de Gotham City caminhou lentamente pelos corredores daquela enorme Mansão, sorrindo para toda aquela riqueza que havia em cada canto da casa, faziam seus olhos brilharem como os de um gatinho. Pretendia encontrar Alfred e perguntar do menino, mas não se conteve a seguir seu rumo ao ver um belo vaso chinês antigo bem ali, na sua frente. Aquilo não faria falta para Bruce, ele nem colocava flores nos vasos, mesmo.
- Vouilá.
Colocou discretamente o vaso em sua bolsa, já com outras jóias, e lindamente, voltou a seguir o seu caminho, como uma bela e perspicaz gatinha má.
Selina logo ouviu barulhos vindos da cozinha, múrmuros de um mordomo, latidos de cachorro e risadas de criança. Virou o rosto e sorriu ao ver que havia chego aonde queria. Foi até a cozinha e passou pela porta que dava acesso ao jardim de trás da casa, vendo de longe o cachorro Ace levando uma bola em sua boca até um menininho, idêntico a Bruce, enquanto Alfred apenas observava com aquela sua feição julgante.
Riu com a situação, namorar com o bilionário Bruce Wayne trazia mais fardos do quê ela pensava.
- Alfred. Bom dia - Selina começou, se aproximando do mordomo, que já havia percebido a sua presença.
- Senhorita Kyle, bom dia - Cumprimentou o mordomo, como um bom Inglês, mesmo já tendo certas dúvidas que possivelmente algum vaso da casa havia sumido - Deveria perguntar por qual porta entrou aqui?
- Pela da frente, Alfie, ainda é cedo para pular de prédio em prédio - Ela arqueou uma das sobrancelhas.
- Certamente, senhorita - Ele suspirou - Mas, temo em dizer que o Patrão Bruce já foi trabalhar - Disse Alfred, enquanto observava o pequeno Dickie brincar com o cachorro, sem nem perceber a presença da mulher.
- Eu não vim ver o Bruce, Alfred, não agora - Ela se aproximou do mordomo, e passou a observar o menininho - Vim conhecer melhor o meu enteado..
- Claro - Soltou Alfred - Só peço para não xingar a senhorita Vale na frente do menino, senhorita. Ele gosta muito dela e sem dúvidas se sentirá entristecido caso isso ocorra.
- Eu vou tentar, Alfie.
- Mestre Richard! - O mordomo chamou, ganhando a atenção do menino, que agora havia percebido a presença de Selina - Venha até aqui, tem alguém querendo lhe conhecer.
Alfred chamou o pequeno, que foi caminhando até o mordomo lentamente e meio desconfiado com aquela moça que havia chego. Dickie escondeu-se atrás das pernas de Alfred enquanto analisava aquela mulher em sua frente, quase toda de preto, que o encarava com um sorriso. Selina teve de admitir a si que aquele era um gatinho muito adorável.
- Mestre Dickie, essa é a senhorita Selina Kyle. A mais recente parceira do Mestre Bruce - Alfred informou, observando o menino que estava todo tímido atrás dele.
- Olá, gatinho.. - Selina o cumprimentou, se aproximando do menino e o percebendo recuar mais as pernas de Alfred - Como vai você? – Ela perguntou, vendo o menino murmurar. Dickie não gostava de ficar tímido, na verdade adorava conhecer gente nova, porém o pequeno não estava nos seus melhores dias.
- Mestre Dickie, diga algo, não falte com respeito a moça - O mordomo o repreendeu, dando um empurrãozinho no menino.
- Oi... - Richie acenou para a mulher, e desprendendo-se um pouco de Alfred, se aproximou um pouco de Selina. Ela nãoparecia querer fazê-lo algum mal - Você é a namorada do Bruce?
- Não oficialmente, mas podemos dizer que sim - Ela brincou, observando o gatinho que lhe encarava - E você é Dickie Grayson, o filho do meu namorado..
- Bruce não é o meu tai.. - O pequeno a corrigiu, ganhando a atenção da mulher - O meu tai é o John, mas ele.. - Ele se entristeceu, e olhou para baixo - Ele morreu..
- Foi só um jeito de dizer, gatinho. O Bruce me contou a sua história - Selina abaixou-se, podendo encarar melhor o garoto - Olha eu, sinto muito pelo seus pais, foi mesmo uma tragédia. Mas, nós precisamos seguir em frente, não precisamos? - Ela começou, levando a mão até os cabelos dele.
- Mas é muito difícil... - Ele respondeu, encarando o chão - É muito difícil ficar sem a mamãe e o tatai.
- Eu sei que é, mas pense que você é como um gato. Não importa quantas vezes caía, sempre cairá de pé.. - A morena recitou, arrancando um sorrisinho do mais novo. Ficou feliz ao fazê-lo sorrir.
- Você gosta muito de gatos, né? - Ele riu, com a mãozinha tapando a boca.
- São a minha maior paixão. Alfred até me apelidou de Mulher-Gato. Não é mesmo, Alfred?
- É verdade, senhorita - Alfred sorriu, mas logo olhou o pequeno Dickie, percebendo que já havia passado da hora de seu café matinal - Mestre Richard, já passou da hora do senhor tomar seu café da manhã.
- Mas, eu queria continuar brincando com o Ace, Alfred.. - Richard pediu, apontando para Ace, que já estava deitado no chão, cochilando.
- Não, nada disso - Selina interviu, ganhando a atenção dos dois a sua frente - Não pode brincar se não tiver forças, gatinho. E não seja maluco de desobedecer ao Alfred - Ela informou, fazendo o pequeno observar o mordomo, que tinha uma feição séria - Então?
- Acho, que eu tô mesmo com fome.. - Richie balançou o corpinho, vendo a feição do mordomo, que era igual a de sua mãe quando ele não a obedecia - Você vai tomar café com a gente, Selina?
- Não é uma má idéia, gatinho - Ela disse, e se permitiu sorrir ao ver o pequeno segurar a sua mão e guiá-la em direção a cozinha. Alfred seguiu os dois, sorrindo aliviado ao ver que o pequeno havia ganhado outra companhia - Então, quais seus planos para hoje?
- Acho que nada.. Eu, não tenho vontade de fazer nada - Richard respondeu, voltando a ter a feição entristecida - Além disso, a Doutora Leslie me pediu repouso, acho que vou só esperar o Bruce chegar e, e sentir saudade da mamãe e do tatai..
- Uma rotina um pouco melancólica a sua, Richard. Mas, eu pensei que poderia me ajudar com algo, se você quiser... - Selina semeou a curiosidade no menino, que o encarou curioso com seus olhinhos azuis, até mesmo Alfred se mostrou curioso.
- Com o quê?! - Ele exclamou, já curioso.
- Pensei que me ajudaria a escolher o melhor colar para um evento especial. Tenho um jantar com o Bruce no Sábado, mas tenho tantos colares - Ela fez um pouco de drama - Você me parece de muito bom gosto, pensei que pudesse me ajudar a escolher o melhor deles.
- Eu tenho mesmo muito bom gosto - O pequeno concordou com ela, arrancando uma risada da mesma - A Vicki diz que eu sou um menino muito esperto!
- É claro que é... - A morena sorriu com o sorriso de janelinha dele - Vem, vamos tomar café.
Os três seguiram até a sala de jantar, onde a mesa ainda estava intacta e os pratos ainda cheiravam muito bem. O mordomo Alfred voltou a cozinha para passar o café novamente, visto que já havia esfriado, e Selina sentou-se a mesa junto a Richard, que parecia encantado com toda aquela comida ainda no café da manhã.
- Quanta comida.. - O pequeno falou, com os olhinhos azuis brilhando - Acho que não via tanta comida desde o Natal!
- Somos dois, gatinho - Selina riu com o menino, vendo que ele ainda tinha raízes humildes assim como ela - Quer que eu corte o bolo para você, Dickie?
- Sim, por favor.. - O pequeno disse, vendo a moça se aproximar dele e lhe cortar um pedaço de bolo. Ele logo viu Alfred voltar com o café e lhe servir um pouco misturado à leite. Mas, o quê ganhou a atenção de Dickie mesmo foi aquele vaso brilhante que estava da bolsa de Selina - Puxa, que vaso bonito você comprou, Selina!
- Comprou, é? - Alfred disse, arqueando uma das sobrancelhas e observando a mulher, que tinha um sorriso de ladra no rosto - Talvez eu esteja ficando velho, mas, me recordo de termos um vaso idêntico a esse aqui em casa. É muita coincidência, não, senhorita?
- É sim, Alfred, muita - Selina concordou com o velhinho, servindo o pedaço de bolo para o pequeno X9 ao seu lado. Seu enteado era deveras adorável, mas ela teria de ensiná-lo a guardar segredos, e não apenas o do vaso.
°°°°
Haviam se passado mais sete horas desde a sete da manhã, agora eram duas da tarde, a hora oficial do trabalhador ir almoçar. E na Mansão Wayne não estava sendo diferente, já que o único trabalhador da casa estava se deliciando na cozinha com um frango assado que ele mesmo havia preparado para o almoço, enquanto observava o olhar pidão do cachorro Ace sob seu alimento.
Alfred já havia servido o almoço para o Mestre Dickie e para a Senhorita Kyle - só depois dela devolver o vaso - há tempos, afinal o pequeno estava doidinho para conhecer melhor a madrasta e não queria perder o seu tempo comendo.
- Alfred.
Alfred se virou ao ouvir a senhorita Kyle o chamar, e se deparou com ela se aproximando dele, com Richie nos braços, dormindo. Ficou meramente mexido com a feição doce de Selina carregando o menininho, pelo o que viu no dia de hoje, os dois estavam se dando bem, já que o pequeno havia ajudado a moça a escolher uma bela jóia para seu jantar além de que assistiram o desenho das "Aristogatas" juntos, por escolha da moça.
- O gatinho dormiu - Disse a morena, se aproximando do mordomo, com o pequenino aninhado a seu pescoço - Vocês burgueses adoram sonecas da tarde, não?
- Mestre Richard não dorme muito bem à noite, e precisa de sonecas da tarde para compor suas necessidades de descanso - Recitou o mordomo, deixando seu prato sob a bancada e se aproximando da moça.
- Puxou ao pai dele - Ela riu, observando Dickie em sua profunda soneca - É um bom menino, nos demos melhor do quê pensei..
- Mestre Richard sente muita falta da mãe, e acho que ter o afeto da senhorita Vale e o seu o deixa mais confortável.. - Disse Alfred.
- Só espero que ele não faça um jantar com nós duas - A morena riu - Onde posso deixá-lo, Al?
- Deixe-o no sofá, mesmo. Logo logo ele irá acordar.
Selina não o questionou, apenas voltou a sala de estar e sentou-se sob o sofá, deitando o pequeno nele e fazendo com que sua cabecinha ficasse em suas pernas enquanto ela acariciava seus cabelinhos, despertando um pouco de seus olhinhos azuis cansados. Ela sorriu para o pequeno quando ele a encarou, ainda cheio de sono
- Selina..? - Ele a chamou, lentamente, ainda dando um bocejo - Você, não vai embora, né? - Ele coçou os olhos.
- Não, gatinho. Pode dormir tranquilo.. - Ela sorriu, fazendo com o menino lhe devolvesse o sorriso e voltasse a dormir em suas pernas. Já era para ela realmente ter ido embora, mas, achava que podia paparicar um pouco mais o filho de Bruce.
E falando em Bruce, seu telefone começou a tocar; e quem mais poderia ser, não é mesmo?
- Olá, Bruce - Ela começou, já quê não podia chamar o namorado de "Bat" na frente do menino. Manteria esse segredo à salvo, pelo menos por agora - E antes que me interrogue, não se preocupe, seu menino está bem. Está dormindo.
- Então, se deram bem?
- Ah sim, ele é um gatinho adorável, e de muito bom gosto, me ajudou a escolher um colar para nosso jantar - Ela colocou a mão sob o pescoço, onde estava a jóia que o pequeno sugeriu que ela usasse no jantar.
- Fico feliz, irá facilitar as coisas..
- Contanto quê a mamãe dele não estrague tudo, é claro que sim - Selina riu - Nosso encontro à noite ainda está de pé, não?
- Claro que sim, preciso de mais tempo com você, ando meio atarefado demais.
- Não diga, Bruce - Ela ironizou.
- É, não digo. Bom, Seli, eu vou desligar agora, tenho coisas pra fazer. Só queria saber como estavam as coisas com o Dickie.
- Tudo bem, Brucie. Cuidarei do seu gatinho até lá.
- Eu agradeço.
Bruce permitiu-se sorrir trancado em sua sala, desligando seu telefone. Ficava feliz por Selina e Dickie estarem se dando bem, só aquilo para melhorar o seu dia. Aquilo era algo doce demais que fazia qualquer um sorrir, até mesmo Bruce.
Mas, Bruce ainda estava muito atarefado. Por ter faltado no dia anterior, teve trabalho em dobro: papéis de um lado, reuniões de outro, além das futricações sobre sua vida e a adoção do menino. Lembrava-se de Lucius lhe parabenizando pela chegada do menino lhe contando a história de como seu filho, Luke, riscou todas as paredes de casa com canetinha colorida.
É, Bruce teria de manter canetas longe de Richard.
Logo, ele voltou a sua realidade pelo cheiro de seu almoço que havia chego, não chegava nem aos pés do de Alfred, mas, era o quê tinha. Sentou-se na sua mesa para comer - porque ele era o chefe e podia fazer aquilo - e resolveu ligar a TV enquanto comia, não para se distrair, mas para ver o quê a mãe de seu filho estava aprontando.
O Wayne ligou a televisão, colocando no canal da Gotham News, e surpreendeu-se ao ver quê Vicki não apresentava o jornal, como de costume. Aquilo só lhe levantou mais suspeitas. Bufou, aquilo não soava bem.
Afinal, o quê estaria ela fazendo?
- Me venha com uma torta de baunilha, e bem grande. Eu vou almoçar doce hoje, não quero saber.
A jovem funcionária do café que ficava ao lado do prédio da Gazeta de Gotham apenas anotou o pedido e seguiu a cozinha. Conhecia muito bem aquela cabeça ruiva e sabia que se não trouxesse o quê ela queria, uma explosão poderia ocorrer. O plano de Vicki era simples, ela iria comer uma torta de baunilha inteira sozinha e ter um ataque de diabetes antes que tivesse um de ansiedade, o quê não demoraria muito a ocorrer.
Seu dia de jornalista rebaixada não foi muito agradável a sua pessoa, além de cobrir os acidentes das ruas, não conseguiu mais nenhuma informação sobre Madeline Grayson ou porra alguma daquela família, e aquilo estava lhe enlouquecendo. Talvez por ter sua persistência jornalística atingida, mas também por estar morrendo de preocupações com Richard. Agora, a única coisa que ela queria fazer era encher-se de doce, para ver se as coisas melhoravam.
- Aqui está, senhorita - Disse a garçonete, trazendo uma torta inteira nas mãos e um copo d'água - Vai precisar..
- Eu preferia champagne, mas obrigado mesmo assim, garota - Ela agradeceu, olhando maravilhada para aquela bela torta de baunilha em sua frente. Só açúcar para deixá-la feliz - Você é adorável, tortinha. Eu vou acabar com você inteira.
- Me chamou até aqui para te ver conversando com a torta? É por isso que não gosto de Gotham.
- Boa tarde pra você também, Lois.
Vale sorriu para a sua amiga, depois de praticamente forçá-la a vir até Gotham para ajudá-la com seu caso. Gotham e Metrópolis eram praticamente vizinhas, nada que um passeio de ônibus não levasse um cidadão da cidade feliz até o inferno industrial. Mesmo assim, Lois não estava feliz de voltar àquela cidade.
- Obrigada por ter vindo - A ruiva começou, comendo mais um pedaço de sua torta - Está me ajudando muito.
- Acho que ouvir você falando obrigado já é o suficiente - A morena sorriu, tirando de sua bolsa algumas fotos, que ganharam a atenção de Vicki - Vou te dar o quê descobri, mas antes quero contexto!
- Tudo bem - Ela cedeu, do mesmo jeito que era inútil discutir com Vicki Vale, era inútil discutir com Lois Lane - Bruce e eu descobrimos que o pai biológico do Richard e a família dele fizeram parte da... - Ela se aproximou da amiga, sussurrando em seu ouvido - Corte das Corujas..
- A seita de Gotham? - Lois questionou, e Vicki concordou - Continue..
- E bom, de acordo com o Wayne, existe uma pequena chance deles virem atrás do Richie, mesmo que ele esteja órfão - A jornalista começou, já mudando seu tom de voz para um preocupado - Então, eu quero descobrir o máximo deles para proteger o Richard. Ele já tem muito com o quê lidar e não quero esse tipo de problema em cima dele.
- Compreendo. Mas, o quê interessa a Bruce Wayne saber dessas coisas?
- Paranóia - Vicki soltou, mas Lois não engoliu - Então, vai me mostrar o quê descobriu?
- Nada de muita relevância - A Super-Repórter disse, entregando para a amiga as fotos que Jimmy havia conseguido, enquanto roubava um pedaço de sua torta - Apenas que essa tal de Madeline é uma pessoa popular quê ninguém nunca ouviu falar.
- Isso é muito estranho.. - A ruiva disse, analisando as fotos. Logo, seus olhos arregalaram-se ao ver uma em especial - Sabia!
- O quê?!
- Olha! - Ela mostrou uma das fotos a colega, uma em quê a Madeline estava de costas, exibindo sua tatuagem de coruja - Essa tatuagem! Não pode ser coincidência!
- Não mesmo - Lane disse, pegando a foto e a observando mais atentamente - Espera, eu conheço esse lugar. É o prédio da Lex Corporathion, onde ocorre o...
- The Eagle Green's Gala! - Vicki exclamou, animada - Óbvio! Um baile cheio de ricos e socialites, é óbvio quê ela frequenta esse tipo de evento! - Ela encarou a amiga - Você sabe quando ocorre?
- Daqui há um tempo, não muito - Disse Lois, arqueando uma das sobrancelhas, se mostrando desconfiada - Olha só, Vicki, você é minha amiga e posso te ajudar com pesquisas e até indo nessa festa contigo, mas, é o meu máximo. Não quero me meter com essa gente. Embora não pareça, eu também tenho os meus podres de Metrópolis para cuidar.
- Eu sei, Lois, e agradeço por sua ajuda - Vicki bufou - Esse assunto é meu, talvez do Wayne também mas, quem irá até o fundo disso serei eu mesma. Não vou deixar que toquem no meu menino..
- Seu menino? - Lois questionou, sorrindo - Ainda não passaram nem um dia todo juntos e ele já é seu menininho?
- Não questione meu sentimentalismo, Lane.
- Claro, só acho quê você está se adiantando muito. Digo, vai demorar até que o garoto te veja como uma mãe... Não vá achando que será imediato.
- Eu sei que devo estar sendo boba, mas, eu não consigo não pensar assim. O Richie passou por muito e agora que ele tem um lar novamente, quero que ele continue sendo criança - A ruiva falou, confundindo a repórter do Planeta Diário já quê ela sabia que sua amiga não gostava muito de crianças - Ele é um menino doce, tá legal? Ele conseguiu se manter assim mesmo depois de tudo e não vou deixar que tirem isso dele. Não vou deixar ninguém tomar a infância do Richard.
- Você está doce demais, isso me assusta - Lois sorriu, passando o dedo pela cobertura da torta - Mas, é melhor do quê ouvir você dizendo "vá se foder" há cada cinco segundos.
- Vá se foder, Lane.
- Vadia.
Xingaram-se, mas riram logo após. Era mais ou menos assim que funcionava a amizade de duas moças jornalistas.
Uma pena que estavam se divertindo tanto em seu momento de folga que Vicki e Lois nem ao menos perceberam aquela garçonete futriqueira, que prestava atenção em tudo o quê elas comentavam.
Era como dizia a cantiga, eles estavam em todo o lugar.
°°°°
Sete da noite, agora era de encerrar o dia. Os cidadãos Gothamites já estavam para encerrar os seus turnos e voltarem para casa, verem a família ou lamentar a ausência dela.
Selina ainda estava na Mansão Wayne. Deveria ter ido embora assim que o gatinho adormeceu mas acabou jogando conversa fora com Alfred até o pequeno acordar, e ele, adoravelmente, a impediu de ir embora. Ela não costumava ceder tão fácil, mas levando a situação em que o menininho estava, não gostaria de causar um sorriso triste nele.
Agora, ela estava sentada no jardim observando as estrelas, esperando o pequeno voltar do banho pois ele havia comentado quê mostraria uma surpresa para ela, e bem, não era muito difícil despertar curiosidade em Selina.
- Senhorita Kyle - A moça virou-se ao ouvir a voz de Alfred, que caminhava até ela junto de Dickie, que usava um pijama felpudo com um morcego vermelho no peito - Seu acompanhante agora está pronto.
- Percebo - Ela sorriu, vendo o pequeno caminhar até ela com aquele sorriso de janelinha - Que pijama bonito o seu, gatinho.
- Obrigada - Ele agradeceu, observando a roupa em seu corpo - Foi a tia Kate que me mandou, ela me mandou um monte de pijamas!
- Kate já está te mimando é? Que bom que ela mora longe.. - Selina riu, arrumando os fios molhados de cabelo do menino enquanto via Alfred se afastar dos dois - Então, o quê queria mostrar?
- Isso! - Ele ergueu os braços e se sentou ao chão - As estrelas! Sabe que uma vez eu vi uma estrela verde? O Bruce falou que não era de verdade, mas eu ainda acho que ela era de verdade!
- Bom, eu também nunca vi uma, mas elas devem ser bem bonitas. Você, gosta das estrelas?
- Sim, só que mais daquelas ali - Dickie apoiou-se no ombro da moça, e apontou para as três estrelas mais brilhantes do céu - São os meus pais e minha irmã, eles aparecem toda noite pra mim!
- Seus pais moram lá?
- Sim, lá em cima, nas nuvens. O Alfie falou que lá em cima é um lugar tão legal, que se pode tomar sorvete no jantar. Quer dizer, menos a Liz, porque ela não tem dente. Agora eles são os Graysons Voadores de verdade - Dickie disse, e se sentou novamente ao chão, meio entristecido. Selina percebeu.
- Tudo bem, gatinho? - A ladra perguntou, e o menino negou com a cabeça. Selina bufou - Está com saudades, não é?
- Muito.. - Ele a encarou - Sabe, Selina, passar o dia com você foi muito legal e eu gostei muito, mas eu ainda tô bem triste. Eu continuo querendo a mami e o tatai mesmo sabendo que eles estão no céu, acho que vai ser pra sempre assim...
- Olha, Dickie, talvez essa dor demore mesmo para passar, e talvez nunca passe. Nunca se sabe.. - Selina começou, ganhando a atenção do menino - Mas, você não está sozinho, gatinho. Muita gente aqui gosta de você, inclusive eu - Ela tocou o narizinho dele, fazendo-o sorrir - Pode sempre contar comigo, ok?
- Ok.. - Ele sorriu, mais aliviado com o apoio de sua "madrasta".
- Mestre Richard - Alfred chamou o menino, ganhando tanto a atenção dele quanto da socialite - O senhor tem visita.
- Pra mim? - O pequeno indagou, e logo se inclinou para ver quem era, dando um enorme sorriso de janelinha após descobrir quem era a sua visita secreta - Vicki!
Dickie se levantou e correu até a jornalista, dando um apertado abraço em suas pernas enquanto sentia a moça o pegar no colo e lhe dar um beijo gostoso na bochecha, ele deixou uma gargalhadinha escapar ao sentir ser apertado pela ruiva.
Selina se levantou com aquela presença nada agradável a sua frente, mas admitiu achar estranho aquela doçura toda vinda de Vicki Vale pra cima de seu enteado. Bruce realmente havia dito que Dickie conseguiu despertar o lado bom dela, e Kyle não queria acreditar, até agora.
Já Alfred, ele saiu dali na primeira oportunidade que teve.
- Você demorou pra vir, Vicki! Senti sua falta.. - O pequeno reclamou, se grudando ao pescoço da jornalista, arrancando uma risada dela.
- Desculpe, querido, mas eu estava bem atarefada hoje - Vale desculpou-se, dando outro beijo no menino e se sentindo um pouco aliviada ao ver que ele estava bem, suas pesquisas ainda lhe perturbavam. Mas, logo ela percebeu que o pequeno não estava sozinho, e fez a sua melhor feição para a, possível madrasta de seu filho - Mas, parece que você tinha companhia, não, Dickie?
- Sim! A Selina passou o dia todo comigo! - Ele apontou para a moça - Ela é bem legal!
- É mesmo? - Vicki indagou, olhando com desdém a moça - Não sabia disto.
- Engraçado, pensei que soubesse tudo de mim. Afinal, você adora estragar os meus jantares com o Bruce.. - Selina arqueou a sobrancelha, sorrindo ao provocar a moça. Logo, Selina caminhou até o menino para se despedir dele, vendo que tinha classe demais para trocar farpas com Vicki na frente da criança - Bom, agora quê você tem companhia, eu já vou indo, gatinho.
- Quando você volta, Selina?
- Em breve, eu prometo - Ela sorriu, se aproximando para beijar a testa de seu enteado - Até mais, Dickie - Sorriu, mas logo o desfez a olhar para a ruiva - Vicki. Espero que não apareça no meu próximo jantar com o Bruce.
- Eu adoraria quê você me dissesse onde é.
- Pois vai ficar com sua curiosidade, chérie - Selina soltou, encarando a ruiva e logo saindo do jardim, deixando Vicki e Dickie a sós, e o menino já havia percebido a tensão entre as duas moças.
- Porque as mães e as madrastas não se dão bem? - O pequeno perguntou, encarando os olhos verdes da mulher.
- Algumas se dão sim, mas é como dizem no meu trabalho; "se não há confusão, não há diversão" - A jornalista disse, sorrindo para a criaturinha aninhada ao seu colo. Logo, a ergueu em seu colo, dando um beijinho em seu nariz e encarando aqueles olhinhos azuis brilhantes - Então, como foi o dia desse menino lindo?
Selina ainda podia escutar a conversa dos dois mesmo que já estivesse fora da Mansão, tinha a audição de um felino. Não gostava de Vicki, mas ela era gentil com o pequeno então, não era tão ruim. Mas, o quê realmente importava a morena naquele momento era vestir os seus lindos óculos laranjas transparentes, porque estava na hora dela ir passear.
Já era noite, os ratos burgueses estavam trancafiados em casa e era hora dos gatos fazerem a festa. Já vestida com seu traje purrfeito, ela pulou pelo lado de fora da Mansão até o telhado da mesma, acenando para Alfred que a observava pela porta da frente.
Enfim, a Mulher-Gato havia chego ao telhado da casa, se deparando com a vista do céu escuro e as estrelas brilhantes que seu enteado tanto gostava de ver. Ela poderia passar a noite toda só vendo as estrelas, mas, tinha algo mais legal para fazer. Brincar de pique-esconde.
- Bat.
Ela murmurou, virando-se ao ver a enorme figura do morcego a sua frente. Grande parte da população tinha medo dele, mas ela achava aquele morcegão até que bem careta. Sorriu para ele, sabendo que se ele fosse o empresário teria sorrido a ela também, mas como estava no cosplay da noite, o Batman não poderia sorrir. Nem mesmo para a sua parceira.
- Sabe quê eu ouvi? Ouvi dizer que a joalheria do Shopping está com um sistema de segurança bem ruinzinho... Acho, que vou dar uma passadinha lá.
Selina o provocou, meio irritada por ele não ter reação, mas sabia que aquilo não duraria por muito tempo. Pulou em direção a outro prédio, vendo o morcego a perseguir. Ela adorava aquele joguinho, e sabia que ele também gostava, esmo quê não durasse muito tempo, já que para Batman o bem-estar de Gotham sempre estava em primeiro lugar; e para ela, assaltar lojas era mais divertido.
Mas, enquanto ninguém tocava o terror em Gotham, a Mulher-Gato era a maior diversão que Batman tinha.
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