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História BirdieBoy - O Espetacular Voo de Dick Grayson - História escrita por _xu - Spirit Fanfics e Histórias
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História BirdieBoy - O Espetacular Voo de Dick Grayson


Escrita por: _xu

Notas do Autor


último capítulo galeris 🥺💙 segurem o coração.

ah, a música usada no capítulo é "7 Years" do Lucas Graham. vou escrever aqui pq as notas finais estão cheias, vão lá ler 👍🏻

boa e última leitura ⚘️❤️‍🩹

Capítulo 59 - O Espetacular Voo de Dick Grayson


Quando eu tinha sete anos, minha mãe me disse.

Seja forte, pois não estarei aqui 'pra sempre.

Quando eu tinha sete anos.

Era um mundo muito grande, e eu estava só nele.

Numa limusine de um ricaço e de uma jornalista.

Quando já tinha onze, tantos irmãos que mal me cabiam.

E tantas coisas sob mim que me faziam cair.

Dezesseis Anos Depois 

2040 - Blüdhaven - Apartamento dos Graysons

Dezesseis anos depois, um mundo inteiro havia mudado. A tecnologia imersiva dos anos neo já tomava conta de cada parte do mundo, e os carros já até mesmo voavam. E mesmo assim, depois de tantas histórias e tantos problemas, algumas coisas continuavam as mesmas; como sempre foram. 

Koriande'r estava na cozinha de seu apartamento, dando o seu máximo logo pela manhã para assar seu famoso bolo de morango com cobertura de mostarda. Mesmo já entrando na casa dos quarenta, a ruiva alienígena que estava há vinte anos da Terra continuava com sua aparência jovial e esplendora, mesmo com as coisas da casa lhe estressando diariamente. 

Ela e Dick estavam há dezenove anos casados e mais felizes do que poderiam imaginar, com suas filhas crescidas e todos com saúde - mental, inclusive - os Graysons só tinham motivos para comemorar. Inclusive, comemorar o aniversário do Grayson pai. Aquele dia era o aniversário de Dick, e Kori preparava seu famoso bolo para a festa surpresa que preparariam na Mansão Wayne para o homem. Dick estava no trabalho, o quê dava mais liberdade para a ruiva prosseguir com calma com seu trabalho, isso até, ser interrompida por algo se agarrar à sua perna. 

Se virou para baixo, sorrindo ao se deparar com a figurinha da garotinha negra de cabelos crespos cor-de-rosa, com seus olhos azuis brilhantes herdados do pai quase fechados, pois havia acabado de acordar, inclusive, ainda com seu pijama temático do Robin. Kori riu para sua caçula, de apenas nove anos, acariciando seus cabelos enquanto ela despertava.

- Bom dia, Khanorf'ca - A garotinha bocejou, e finalmente desperta, ergueu o olhar até sua mãe, lhe dando um sorriso.

- Bom dia, Sakura - Kori sorriu para a filha, olhando seus olhos que eram idênticos aos do pai. Por terem duas filhas ainda na juventude, Dick e Kori pensaram que sua fábrica estava fechada, até Sakura aparecer depois de uma noite das crianças na Mansão do vovô. Sua garotinha doce de nome de flor japonesa era a única das irmãs que não tinha gene alienígena, mas, era determinada a mudar o mundo por si mesma - Quer me ajudar a confeitar o bolo do seu pai?

- Sim! - Sakura exclamou, despertando de sua preguiça e escalando até a bancada com os movimentos acrobatas que o pai havia lhe ensinado. Se sentou na bancada, pegando alguns granulados para ajudar a mãe a decorar o bolo - O papai já viu o bolo, mamãe?

- Ainda não, pequena bungorf. Seu pai saiu cedo para o trabalho e isso nos dá mais deixa para decorar o bolo e ir correndo para a Mansão antes dele voltar - Kori respondeu, sujando o narizinho da filha com mostarda, até as duas serem interrompidas por barulhos de coisas caindo pela casa - X'hal! MENINAS!

A mulher gritou, já sabendo do que se tratava aquela bagunça logo cedo. Logo, apareceram pela sala duas adolescentes com embrulhos nas mãos dando tapinhas uma na outra; uma com seus cabelos curtos roxos e sua jaqueta de couro, e outra, de longos cabelos ruivos e regata listrada. 

Kori bufou, quando teve Athena e Ruby achou uma graça as duas poderem crescer juntas, mas, agora ela tinha de aturar duas adolescentes de dezoito e de dezesseis se matando dentro de casa todo santo dia.

- Meninas, chega! Por X'hal! - A mãe gritou, fazendo as duas se aquietarem e entreolharem uma a outra - Olha o exemplo para a irmã de vocês! Expliquem essa briga agora! 

- Não esquenta, mamãe, eu já acostumei - Sakura soltou, sem surpresa, lambendo a colher de cobertura de mostarda. 

- Athena quer dar o presente dela para o papai primeiro, mas eu darei o meu primeiro! - Ruby se manifestou, erguendo seu embrulho e apontando para ele - Eu mesmo que construí, e é muito especial que o seu!

- "Ah, me desculpa se você é uma gêniazinha, RubyNooby, mas o meu foi comprado com meu próprio dinheiro! Pelo meu esforço!" - Athena se defendeu, erguendo seu presente em mãos - "Do quê adianta você construir isso se o papai acaba pagando do mesmo jeito?!"

- É?! E do quê adianta você comprar mais um bastão de treino sendo que ele já tem dezenas desse?! 

- Já chega! Nenhuma das duas vai dar o presente primeiro! - Kori gritou, impaciente, dando um basta naquela briga logo pela manhã - Sakura que irá presentear o pai de vocês, primeiro! 

- Ha! Se deram mal, suas briguentas! - Sakura deu um riso das feições raivosas de suas irmãs mais velhas, até se tocar de algo - Espera, mas eu nem tenho um presente para o papai, ainda.

- "Essa família é um caos" - Athena reclamou, se sentando em frente à bancada da cozinha e roubando a colher de mostarda de sua irmãzinha. 

- Isso porque a gente nem foi 'pra Mansão, ainda - Ruby soltou, cedida, e logo ouviu o telefone tocar - Eu atendo!

- X'hal, e eu ainda tenho de terminar o bolo para irmos a Mansão! - Kori suspirou, acelerando seu processo e colocando o bolo no forno - Logo seu pai chega, e nós ainda estamos aqui!

- Ih, mãe, relaxa, porque a festa ainda vai demorar para começar... - Ruby começou, voltando para a sala com o telefone em mãos, e ganhando a atenção da mãe - A tia Steph ligou, disse que vão demorar mais um pouco para arrumar a casa porque os vôs foram até a penitenciária juvenil buscar ê delinquente do mês.

- Ruby! - Kori repreendeu a filha - Não fale assim dê su prime! 

- O quê? Mas é a verdade! - A garota exclamou - Elu é ume delinquente, e por isso está na cadeia!

- "Na verdade não é uma cadeia, é uma detenção juvenil" - Athena corrigiu a irmã - "E foi só por dois meses." 

- Dois meses esse ano, e mais dois no ano passado, e no retrasado!

- O quê é detenção juvenil? - Sakura perguntou, confusa com aquela conversa.

- Chega de conversa! - Kori exclamou, querendo encerrar aquele papo e terminar suas coisas antes da festa - Se ê prime de vocês fez algo errado, isso será resolvido entre elu e os pais delu. Agora, levantem daí e vão me ajudar com as coisas da festa! 

A ruiva ordenou, com seus olhos verdes brilhando, fazendo as filhas saltarem de seus lugares e irem ajudá-la. Bufou, cansada com os fardos que era ser da família Wayne-Kent e ainda, preparar um bolo à tempo do aniversário de seu marido. 

Mas, por Dick ela faria aqueles sacrifícios, e esperava que os outros membros da familía também fizessem alguns. 

°°°° 

Penitenciária Juvenil - Neo-Gotham

Quando eu tinha onze anos, meu pai me ensinou.

Ame muito sua esposa, mas não a traía como eu traio.

Quando eu tinha onze anos.

Enquanto isso, em frente a Penitenciária Juvenil de Neo-Gotham, um velho carro de ainda rodas redondas estava parado em frente ao prédio, e dentro dele, havia um casal de velhinhos. Um casal de velhinhos que estava decepcionado com su filhe. 

Dentro de carro, os dois velhinhos observavam pela janela indo - mais uma vez - buscar su filhe da detenção. Clark estava dirigindo, com seus poucos fios de cabelo brancos, observando o marido, que já com o cabelo todo esbranquiçado e o rostinho velho, e sua bengala, mal tinha palavras para proferir. 

Os dois estavam casados há dezesseis anos, e viveram amáveis anos como maridos, podendo desfrutar de seu amor com tranquilidade e se tornando um casal adorável de dois idosos. Mas, durante aquele tempo, também criaram seu filho, Terry. Quer dizer, su filhe. O garotinho que foi desejado e que foi um bebê tão adorável lhes foi a maior felicidade da vida, até começar a crescer, e mostrar que não seria tudo tão fácil assim. 

Terry nunca foi uma criança fácil, e muito menos era ume adolescente fácil. Tudo foi uma maravilha aos seus pais até ele começar a frequentar a pré-escola, e começar a sofrer bullying das outras crianças, e até de alguns pais, por ter dois pais. Quando souberam disso, Clark e Bruce imaginavam que a única reação do filho de na época, três anos, seria vir chorando aos pais ou simplesmente não querer ir à escola; mas o casal foi surpreendido quando recebeu uma ligação da escola, dizendo que seu filho, seu menininho precioso, havia batido em uma das crianças que lhe havia feito bullying. Mesmo surpresos, os dois repreenderam seu filho e imaginavam que aquilo bastaria, até Terry começar a bater em mais crianças e seus professores não conseguirem mais controlar sua raiva. Com quatro anos, ele foi expulso da creche. 

Ainda surpresos, Clark e Bruce tentaram não despejar raiva em cima do filho, sabendo que aquilo só pioraria seu comportamento agressivo. O levaram num psicólogo, numa psiquiatra, e quando pareceu que Terry estava finalmente aprendendo a controlar sua raiva, o ensino fundamental chegou. Aos seis anos, na primeira série, Terry fez amigos, ou melhor, amigas. Amigas que ele carregava até os dias atuais consigo por aí, com seus esmaltes e acessórios que ele sempre quis usar, e seus pais não viam problemas naquilo, apenas torciam para que seu filho não sofresse mais bullying e não tivesse mais acessos de raiva. Porém, em um dia, quando uma de suas amigas fez um aniversário temático de princesas, ele também quis ir fantasiado. 

De príncipe? Não, de princesa, é claro. 

Seus pais não viram problemas naquilo, e nunca veriam, não até ele chegar da festa e começar a dizer que era uma garota. 

Por sua trajetória de medos e incertezas, Bruce e Clark temiam que as mesmas coisas que lhe atingiam pudessem atingir seu filho, que tinha só seis anos. Seis anos, depois sete, oito, até ele começar a crescer e não saber mais o quê era. 

Terry trocou seus acessos de raiva por crises de disforia de gênero, e lá foram seus pais se preocuparem com ele mais uma vez. Os dois sempre estiveram lá por seu filho, o relembrando a cada momento que ele sempre seria amado por eles, e isso o ajudou a descobrir quem realmente era. Quando tinha catorze anos, ele encontrou sua identidade como a de uma pessoa não-binária, se mostrando sentir feminino e masculino ao mesmo tempo, e inclusive, trocando seus pronomes de masculino para neutros. Por um momento, Clark e Bruce se amenizaram ao achar que as coisas finalmente se acalmariam com ê filhe; mas eles se enganaram, de novo. 

Terry cresceu, e com isso, vieram os problemas da adolescência. A puberdade que mexia com sua disforia, os problemas de escola, alguns colegas que caçoavam delu, tudo contribuiu para que seus acessos de raiva voltassem, e desta vez, piores. Clark e Bruce perderam as contas de quantas brigas tiveram com ê filhe pelas notas baixas, sumidas inexplicáveis, entre outras. E Terry, se sentindo menosprezade pelos pais, não demorou a se meter com gente errada. Elu saía na rua, as escondidas, com uma gangue de pessoas que vivia fazendo bagunça pela cidade. Faziam bagunça pela cidade até serem pegos pela polícia, uma, duas, três vezes. Já era a terceira vez que Terry tinha ido à detenção, e desta vez por um motivo maior do que só fazer bagunça nas ruas. Elu havia brigado com um garoto na frente de um muro malfeito de uma casa, e havia o derrubado, quase soterrando uma criança que brincava no quintal da casa. E agora, pela terceira vez prese, seus pais haviam ido buscá-le por mais uma vez.

- Bem, é melhor terminarmos logo com isso. Daqui há pouco é a festa do Dick, e não quero perder o aniversário do meu filho - O velho Bruce suspirou, saindo da janela e olhando para o marido, que tinha um olhar distante - Kal? Tudo bem, meu amor?

- E-Eu, eu não posso mais fazer isso, Bruce - Clark soltou, passando a mão pelo rosto, e olhando chateado para seu parceiro - Meu Rao do céu, Bruce, já é a terceira vez, terceira vez que viemos buscá-le aqui!

- Sei que é difícil, Kal - Bruce colocou sua mão sob a do parceiro, tentando acalmá-lo - Mas, elu é nosse filhe, meu amor.

- Mesmo assim, eu não posso mais suportar isso. Primeiro foi uma briga, depois uma confusão na rua, agora elu quase matou uma criança, Brucie... - Clark soltou, decepcionado, se apoiando no volante do carro - Eu ê amo, ê amo mais do que tudo mas, não sei mais o quê fazer. Será que, você pode buscá-le lá dentro dessa vez? 

- Sim, amor. Eu cuido disto - Bruce beijou o ombro do marido, tentando acalmá-lo. Pegou sua bengala e abriu a porta do carro, indo buscar ê filhe da detenção.

O velho Bruce saiu do carro, caminhando com sua bengala lentamente até a portaria do grande prédio da detenção. O encarou, vendo aquele lugar enorme onde su filhe estava escondide. Mas, Bruce não tinha tempo para lamúrias, pois ainda tinha o aniversário de Dick para comemorar, e não deixaria que as encrencas que Terry arranjava estragassem aquilo. 

Chegou até o segurança da detenção, que deu um riso ao rever o senhor Wayne-Kent pela terceira vez ali.

- Senhor Wayne, estava demorando para o senhor aparecer aqui... - O homem deu um riso, mas não tirou nada da carranca rabugenta do velho Bruce - Sei que já é tradição mas, preciso que me diga quem veio buscar aqui.

- Mi filhe, senhor - Bruce bufou, já cansado daquele dilema - Tae-El Thomas Wayne-Kent. 

- Que nome grande, senhor Wayne, nunca tinha o ouvido por completo! - O segurança caçoou mais uma vez, pegando seu radinho e indo pedir a liberação dê herdeire Wayne - Liberem ê Wayne-Kent! 

Bruce se afastou, observando o portão da detenção se abrir aos poucos, e de lá, sair su filhe. Ainda com o famoso traje alaranjado da detenção, Bruce se forçou a ficar sério quando finalmente, viu su caçula depois de meses. 

Sua feição decepcionada, com algumas marcas de brigas, os olhinhos azuis que antes eram tão curiosos agora estavam tristes, e os cabelos que o pai adorava arrumar estavam todos bagunçados. Bruce não segurou mais a sua feição entristecida quando viu Terry daquele jeito. Ele amava su filhe, e só queria que ele tomasse jeito naquela vida delu.

- Oi, pai - Ê garote murmurou, arrastando sua mochila, enxergando seu velho pai Bruce. Queria um abraço dele mas, sabia que aquela não era a melhor hora para isso.

- Para dentro do carro, Tae-El. E sem nenhuma palavra - Bruce soltou, direto e firme, decepcionado com ê garote. 

Terry apenas assentiu, seguindo seu pai até o carro, sabendo que ele e seu pa estariam decepcionados com elu, afinal, elu também estava decepcionade consigo mesmo. 

Elu não queria ter feito nada daquilo, não queria ter arranjado briga com aqueles caras e ter derrubado aquele muro, quase matando aquela criança, mas elu não pôde evitar. Esteve descontrolade e sentindo uma força que sempre sentia quando tinha raiva, mas não queria simplesmente voltar para casa e ouvir um sermão de seus pais ou de seus irmãos, e acabou deixando aquela raiva tomar conta delu. Agora, estava ali, se sentindo mais uma vez, a decepção da família.

- Oi, pa - Terry murmurou, entrando no carro e se sentando no banco de trás, podendo ver seu pa Clark pelo retrovisor do carro. Bruce estava bravo com elu, mas Clark estava triste, e isso era bem pior.

- Oi, mi filhe - Clark ê cumprimentou, esperando o marido entrar no carro. Com os três em silêncio, ele se virou para su garotinhe, segurando sua mão, querendo entender tudo o que estava acontecendo - Terry, meu amor, nós precisamos conversar. Precisamos entender o quê está acontecendo, queride, para ajudarmos você! 

- Eu não tenho nenhum problema, pa! - Terry abraçou seu corpo, chateade, tentando conter suas emoções. 

- Não estou dizendo isso, filhe, e-eu só quero entender o quê está acontecendo, meu bem - Clark prosseguiu, tocando o rosto dê garote. Bruce permanecia em silêncio - Tae-El não é normal um adolescente da sua idade ir para a detenção tantas vezes, mi filhe. Eu e seu pai só queremos entender o quê você está sentindo, porque está tendo essa raiva toda, andando com essa gente, e prejudicando sua própria vida, meu amor?!

- N-Não vão entender - Ê adolescente se virou, se encolhendo e se reprimindo mais uma vez. Não queria arranjar mais discussões com os pais, só queria ir embora dali - Podemos ir, agora?

- Não, não vamos à lugar nenhum sem esclarecer isso tudo! - Bruce se manifestou, já tendo sua paciência idosa terminada - Tae-El, seu pai e eu queremos entender o quê está acontecendo porque essa situação que você causa não abala só a você! Nós, seus irmãos, seu avô, todos ficam mexidos com isso e já está se tornando rotina você arrumar problemas e vir parar aqui! 

- Bom, então porque não me largam aqui de uma vez?! - Elu exclamou, irritade, sentindo um calor percorrer o seu corpo. 

- Porque você é mi filhe! Mi filhe e eu tenho que cuidar de você, mesmo que você seja ume mal agradecide!

- Sou ume mal agradecide porque eu sujo o nome da sua família?! É isso, senhor Wayne?! 

- Já chega! - Clark gritou, querendo conter os ânimos do marido e dê filhe - Já estamos numa situação muito desconfortável aqui e eu não preciso de vocês dois brigando! - Ele pôs um fim naquela confusão, até seus ouvidos sensíveis captarem fungos de choro. Clark se virou para trás, podendo ver su filhe escondendo o próprio rosto, enquanto chorava escondido dos pais - Terry...

- Não, Clark! - Bruce o interrompeu, irritado, segurando sua mão - Você não vai fazer isso! 

- Bruce, o-o quê está fazendo, querido?! 

- Sempre é assim! Elu sempre faz algo errado e você sempre passa a mão na cabeça delu! É por isso que estamos nessa situação, agora! 

- Eu só quero ajudar nosse filhe, Bruce! Diferente de você que só sabe apontar o dedo para elu!

- Eu estou tentando mostrar que elu está errado! Mas vai ser difícil com você passando a mãozinha nelu toda hora!

Terry tentava conter suas emoções dentro do carro mas, era completamente impossível com seus pais discutindo, e por conta delu. Colocou suas mãos sob a cabeça, mas não conseguia deixar de ouvir seu pa e seu pai brigando por causa delu, de como elu era uma decepção para a família e como todos estavam decepcionados com elu. Elu não queria ser assim, não queria que nada daquilo tivesse acontecido mas, elu não soube como se segurar; do mesmo jeito que soube que não seguraria quando sentiu aquele mesmo calor percorrer seu corpo. Aquele mesmo calor que sentiu quando brigou com aquele cara e derrubou aquele muro, quase matando aquela criança. Terry tentou se controlar, mas não conseguia com a briga dos pais. 

Elu iria explodir, de novo. 

- E é só por isso que nós estamos nessa situação e- - O velho Bruce pausou sua discussão com o marido quando sentiu o carro balançar. Se virou para trás, e percebeu que su filhe não estava mais lá - Terry?!

- Tae-El?! - Clark se desesperou com o sumiço dê filhe, já imaginando que elu pudesse se meter em mais alguma encrenca. Saiu do carro, e não o viu em nenhum arredor por perto - Bruce, elu sumiu! 

Logo, os dois pais se entreolharam, vendo que haviam perdido su amade filhe mais uma vez. Os dois amavam Terry, ê amavam mais do que tudo e só queriam entender o quê estava acontecendo com elu. Mas, parecia que nem ê próprie garote sabia mais o que estava acontecendo em sua vida. 

°°°°

Nova-Metrópolis

Eu sempre quis uma família, igual ao que meu pai traía.

Então fugi dele, fugi da asa de minha mãe.

E no meio de uma rua, achei a minha gente.

Que e em pouco tempo viraram a família que eu precisava.

Enquanto isso, na Metrópolis futurista cheia de grandes prédios e outdoors sorridentes espalhados por aí, os ventos e os carros voadores andavam bem mais calmos do quê em outros lugares.

Dentro do apartamento dos Lane, que agora ficava em Nova-Metrópolis, as coisas também andavam meramente calmas. A senhorita Lane, já na sua velha guarda e sentada atrás dos diversos prêmios que havia ganho ao longo de sua carreira, estava sentada no sofá com o console de videogame em mãos, pausada numa partida contra seus filhos, mas que foi interrompida quando Jonathan foi atender o namorado no celular, porque agora ele tinha um namorado. 

Com isso, Lois pensava em como sua vida havia mudado. Ali, aposentada, conseguindo retornar para Metrópolis - já que ela detestava Gotham - e com seus filhos crescidos, Lois tinha finalmente tudo o que desejou na vida. Se tornou uma das maiores jornalistas de Metrópolis, Jon e Lara estavam crescidos e quase à postos para tomarem os postos de Superman e Supergirl, Conner estava noivo de Timothy e logo casaria, e Kara salvava o mundo por aí, mas havia ido dar uma força na festa surpresa de Dick. Tudo ao seu redor mudou, e Lois ficava feliz de ter aproveitado aquilo, diferente de outros, como sua ex-sogra. 

A velha Martha havia falecido há onze anos, sem nenhum contato com o filho, com Kon, ou ê nete. Mas, não eram todos que poderiam desfrutar daquela família. 

- Pronto, voltei! - Mas, logo Lois saiu de suas lembranças quando o filho retornou à sala, se sentando entre a mãe e a irmã - Então, prontas para perderem, garotas?!

- Do jeito que você pausa 'pra ficar de papinho com seu namorado, você quem vai perder primeiro, Jonno - Lara o provocou, pronta para a partida. 

- Nada disso, os dois saem primeiro, porque a mamãe ainda está no pique - A Lane provocou, relembrando os filhos de que nunca havia perdido em nenhum jogo - Vamos lá! 

Lois se sentiu uma idosa empolgada, pegando o console e se preparando para uma partida épica com os filhos. Mas, mãe e filhos foram interrompidos quando ouviram um forte estrondo de algo caindo no apartamento. Jon e Lara se levantaram no mesmo segundo, podendo ouvir um batimento vindo de um dos quartos, e se entreolharam sabendo que havia mais alguém em casa. 

- C-Crianças, q-que barulho foi esse?! - Lois se assustou com o estrondo, ainda mais quando notou as feições preocupadas dos filhos.

- Fique aqui, mãe - Lara colocou a mão na frente da mão, a impedindo de se levantar - Tem alguém aqui.

- A-Alguém?! Como assim, alguém?!

- Espere aqui, mãe - Jon pediu, já de punhos cerrados - Nós já vamos resolver isso. 

Jonathan deu um sinal a sua irmã, e preparados, os dois seguiram até onde ouviam o quarto batimento da casa; do quarto de visitas. Já com seus olhos vermelhos e punhos cerrados, os dois super-irmãos abriram a porta do quarto aos poucos, podendo notar a cama quebrada e vários objetos espalhados pelo chão. 

Jon foi o primeiro a entrar, podendo ouvir o batimento se tornar mais rápido e forte, e logo percebeu que seja lá o quê estivesse lá, estava debaixo da cama quebrada.

- No três - Ele sussurrou para a irmã, que se abaixou e ficou ao seu lado. Após a contagem, os dois irmãos seguraram a cama e a levantaram, podendo descobrir o quê havia invadido sua casa de maneira tão brusca.

- Ah, meu... - Lara murmurou, surpresa, e tão quanto estava seu irmão - MÃE! 

- O quê foi?! Vocês se machucaram ou- - Lois correu quando ouviu o grito da filha, mas parou de falar quando viu o que haviam encontrado. Ela parou, bufando, e negando com a cabeça - Acho, que é melhor chamar o pai de vocês, não?

- É - Os irmãos concordaram, vendo o pequeno foco cintilante debaixo da cama - É melhor, mesmo.

Lois bufou, pegando seu celular e ligando para Smallville, vendo que até quando estavam separados, Clark conseguia lhe meter nas piores encrencas. 

°°°°

Neo-Gotham


Quando eu tinha vinte anos, as coisas mudaram.

Quando o sol nascia, quando a vida era sozinha.

Quando eu tinha vinte anos.

E naquele mesmo segundo, em Neo-Gotham, os dois pais mais famosos da cidade permaneciam parados no mesmo lugar, sem entender nada do quê havia acontecido.

Clark e Bruce estavam há minutos parados em frente ao carro, no meio da rua, tentando entender o que havia acabado de acontecer. Su filhe simplesmente havia sumido do carro e o Superman mal podia ouvir os batimentos dê su garotinhe por perto. 

Eles não queriam ter assustado Terry daquele jeito, sabiam que elu se sentia mal por estar naquela situação toda mas, os pais não puderam evitar uma briga e agora, su filhe havia sumido, e eles temiam o que elu poderia estar fazendo.

- Elu não atende o celular... - Clark soltou, se apoiando no carro, preocupado com seu bebê - Meu Rao, Bruce, o-o quê fazemos?! E-Elu simplesmente sumiu da nossa vista!

- Isso está tão estranho, Kal... - Bruce se apoiou na carro, analisando os fatos e tentando chegar à alguma conclusão - F-Foi como se, e-elu tivesse se teletransportado daqui. Mas isso é impossível... Há não ser.

- Há não ser o quê, Brucie? - Clark ergueu o olhar até o parceiro, estranhando sua feição analítica - Meu Rao, amor, diga algo!

- Que elu tenha poderes! S-Seus poderes! - Bruce soltou sua hipótese, pasmo, mas sendo a única coisa que lhe via à mente. 

- M-Meus poderes?! Não, isso é impossível - O Kent deu um riso, tentando assimilar aquilo - Foi você quem fez a doação de esperma, Bruce, e fez exatamente para nosse filhe não ter de passar por isso! É impossível que elu tenha meu DNA dentro delu!

- Então me dê outra explicação, Clark, porque essa é a única plausível - O Wayne persistiu em sua teoria, preocupado com su caçula, mas foi interrompido quando o celular do marido tocou. 

- É a Lois - Clark atendeu o telefone, preocupado com a ligação, agora - Alô? Oi, sou eu... O-O quê?! T-Tudo bem, estou indo aí agora!

- O quê foi, querido? - O velho Bruce perguntou, notando a energia que havia ficado seu marido após a ligação. 

- É ê Terry, querido. E-Elu, foi parar em Metrópolis! - Clark exclamou, preocupado, odiando em ceder as hipóteses do marido - Lois disse que ouviu um estrondo forte e as crianças ê acharam debaixo da cama, como se elu tivesse se-

- Teletransportado? - Bruce completou, arqueando uma sombrancelha, e entrando no carro ao ver que mais uma vez, ele tinha razão - Vamos logo, Kal. Vamos até nosse filhe.

O velho murmurou, vendo o marido entrar no carro e dirigir apressadamente até Nova-Metrópolis, indo resgatar Terry ou ao menos, entender o quê estava acontecendo com ê pobre garote. 

°°°°

Nova-Metrópolis

Eu via minhas conquistas, com a sensação de falha.

Pois as pequenas vozes, tornavam tudo muito grande.

Tinha todos comigo, tanta gente ao meu redor.

Eu se não os ver agora, os vejo mais tarde. 

Novamente em Metrópolis, toda a calmaria e sessão de videogame que havia antes já tinha sido interrompida. Mais uma vez.

Clark e Bruce haviam acabado de chegar no apartamento de Lois, os dois mais preocupados do que qualquer coisa com su garotinhe. Adentraram no apartamento já em busca de algo, com o velho Bruce quase tendo um ataque do coração e Clark olhando de um lado para o outro em busca de seu bebê. 

Vendo o desespero dos dois, Lois tocou o ombro do ex-marido, querendo que ele se acalmasse.

- Smallville, eu não tenho a menor ideia de como su filhe veio parar aqui na minha casa mas, elu não parece nada bem - A Lane começou, ganhando a atenção dos dois homens - As crianças estão no quarto com elu porque, e-elu está exatamente do mesmo jeito que Jon e Lara ficaram quando os poderes despertaram... Os olhos brilhando, a sensação de incerteza, o medo...

- Oh, meu Rao - Clark murmurou, preocupado ao ver que, provavelmente, Bruce tinha razão em sua hipótese. E falando em seu marido, ele saiu com sua bengala em direção ao quarto, indo resgatar su filhe.

- Eu preciso ver mi garote! - O velho Bruce exclamou, impaciente e caminhando até onde su filhe, que ele acreditava que agora, tinha poderes. 

Logo, os dois pais preocupados chegaram até o quarto de visitas, que com a porta aberta, puderam ver Jon e Lara sentados na cama quebrada, com su irmêzinhe caçula que parecia ter chorado de monte, e respirava fundo tentando se controlar. Não demorou até que Terry avistasse seus pais, e sentiu seus impulsos aumentarem mais até suas pupilas ficarem avermelhadas como estavam antes, do jeito que elu não sabia controlar. Sentiu sua irmã e seu irmão seguraram suas mãos, tentando acalmá-le, pois sabiam que aquele momento não era muito fácil.

- Se acalme, twip, seus pais vão saber o quê fazer - Jon deu um tapinha no ombro dê irmê, lhe dando um sorriso antes de sair do quarto com a irmã, e deixá-le a sós com os pais. 

Se vendo sós com su filhe, os velhos Clark e Bruce não hesitaram em adentrar o mais rápido possível no quarto, agora com a certeza de que, por alguma razão, Terry havia poderes e eles estavam despertando. 

Clark foi o primeiro a se aproximar de su garotinhe, já vivendo aquele momento com os outros filhos mas, sabendo que com eles aquele momento iria chegar, e não sendo pego de surpresa como estava sendo, agora. Ele ficou de frente a su filhe, su garotinhe, vendo seus olhos avermelhados e ê vendo recuar, se sentindo como um monstro. A única reação que o pai teve foi de se sentar ao lado dê filhe, delicadamente, ê puxando para seu colo até que elu estivesse em seus braços. O abraçou, sentindo elu se esconder em suas mãos e começar a chorar novamente. 

De longe, Bruce estava apenas observando, mas não tardou até ir em seus passinhos de idoso até su menininhe que chorava. A hipótese de Terry ter poderes não era boa para ninguém em qualquer momento, já que ele e o marido planejaram para aquilo não acontecesse. Mas, Bruce sabia que aquilo estava assustando su filhe, e não queria que elu se sentisse como uma aberração por não ser o que os outros esperavam. 

Se sentou ao lado do marido, tocando o ombro de su garote enquanto elu chorava nos braços do pa, com aquela mesma sensação de não saber mais quem era de verdade. 

- Mi filhe... - Clark inclinou o rosto para que pudesse ver Terry, ê vendo abrir os olhos e vê-los sem o brilho vermelho, mas, com o mesmo medo de antes - Meu amor, quando isso aconteceu?

- Há dois meses, a-antes, antes de eu ir 'pra detenção... - Ê garote respondeu, fungando e tentando conter as emoções, antes que acabasse explodindo novamente - F-Foi quando, eu briguei com aquele cara, e o empurrei no muro. E-Era 'pra ser só um empurrão mas, eu senti meu corpo ficar quente e minhas mãos formigarem e quando eu o empurrei, foi com tanta força que o muro acabou caindo. E-Eu não queria que aquilo tivesse acontecido, pais, eu juro!

- Shhh, queride, seu pa e eu acreditamos em você - Bruce acariciou os cabelos dê filhe, ê ajudando a se acalmar enquanto ele teorizava em sua mente - E você estava há esse tempo todo escondendo isso de nós, Tae-El? 

- Quando aconteceu, eu logo já fui prese, pai. E além disso, eu não queria mais arrumar confusão com ninguém na detenção - Terry ergueu seu rosto, se apoiando em seu pa e notando suas mãos formigarem novamente, e pequenos pontos de luz verdes saltitarem sob ela - O-Olhe, viu! Está acontecendo de novo! 

- Me deixe ver - Clark segurou a mão dê filhe, observando os pontos de luz saltitantes em suas mãos. Realmente, eram do mesmo jeito de quando os poderes do próprio Superman despertaram. Vendo como ê garote estava assustade, a melhor reação do pai foi pegar a mão de su filhe, e lhe dar um beijo - Não precisa temer, meu amor. Não há nada de errado com você, é só que... Terry, talvez, você tenha meus poderes.

- S-Seus poderes?! - Elu exclamou, confuse e entreolhando entre os pais - M-Mas, isso é impossível! F-Foi o papai quem fez a doação, não?!

- Sim, mi filhe. M-Mas por algum motivo, isso está acontecendo. Mas não se preocupe, que eu e seu pa iremos descobrir - Bruce disse, incerto, tocando o rosto de Terry e se aproximando para abraçá-le, querendo que elu se acalmasse - Seu pa e eu te amamos, e nunca se esqueça disso.

- Ainda me acha, inschiscrível, p-papai?

- Sim, mi filhe - Bruce sorriu com as palavras inventadas, segurando o rosto de su menininhe e lhe dando um beijo na testa, seguido de um abraço - Você é inschiscrível. 

O velho Wayne soltou, ainda abraçado a seu marido, os dois protegendo su garotinhe e sem nem saber que rumo tomar com aquele novo obstáculo. Terry já era impulsive o suficiente e poderes não deixariam nada fácil, mas, seus pais não queriam que elu se sentisse mal novamente, e queriam estar pelo seu bebê. 

E ainda, chegar à tempo para o aniversário de Dick.

°°°°

Mansão Wayne - Neo-Gotham

Quando eu tinha vinte anos, todos tiveram de ouvir minha história.

Só do lado que nunca haviam escutado.

Quando eu tinha vinte anos.

Na Mansão - agora, Wayne-Kent - os ânimos melhoraram conforme o tempo passava. A Mansão estava mais cheia, mais calorosa, e consequentemente, muito mais caótica.

Aniversários sempre eram motivos de algazarra na Mansão, ainda mais aquele, que seria o aniversário de quarenta e um anos do irmão mais velho de todos. O tempo havia passado para todos os irmãos, e na maioria das vezes, nenhum deles acreditava o quanto haviam crescido. 

Dick já estava com quarenta e um anos, Jason com trinta e nove e a fama de solteirão maluco, Cass com a mesma idade e prestes a assumir o manto de Batman, Stephanie com trinta e oito e tomando a decisão mais importante de sua vida, Duke também com trinta e oito e já sendo CEO das empresas Wayne-Powers, assim como Tim, de trinta e seis anos. Damian já estava com vinte e nove anos e preparado para qualquer situação, Helena com vinte e cinco e exercendo o posto de princesa da família e por fim, Terry, ê caçulinha da família, tinha dezesseis anos de pura teimosia. O clã-dos-morcegos cresceu, e afiava seus laços cada dia mais.

Mas, laços não eram a única coisa a ser afiada ali. Dentro de um dos quartos, um jovem casal se aproveitava um pouco antes de cederem a ajudar nas festividades do dia. Tim e Conner davam alguns amassos debaixo dos cobertores antes de cederem sua boa vontade para ajudar a decorar a casa, afinal, os dois estavam noivos e logo casariam. Nem acreditava que após tantos obstáculos, os dois finalmente estavam juntos. 

Pareciam até mesmo já terem ouvido essa história, antes.

- Kon, agora chega - Tim deu um riso, segurando o rosto do noivo enquanto tentava sair da cama - Temos de sair e ajudar os outros com a festa!

- Não, eu quero ficar com meu noivo! - Conner agarrou seu noivo num abraço, cobrindo seu rosto de beijos. Deveria ser o mais ansioso dos dois para o casamento - Vamos, Tim. Sua família é enorme, eles podem se virar sem a gente.

- PUTARIA 'TÁ BOA, NÉ?! - Logo, os dois noivos foram surpreendidos por um chute na porta. Tim deu um grito e caiu para trás, ao ver Jason com as mãos na cintura, parecendo indignado ao ver dois nos amores - Aí, Lane, tira as mãos do meu irmãozinho que vocês ainda não são casados! Anda, tira!

- Seu "irmãozinho" já tem trinta e seis anos, Jason - Conner bufou, saindo da cama com Tim e olhando para cara feia que Jason lhe fazia.

- Foda-se, vai ser meu pivetinho 'pra sempre - O Todd grunhiu, bagunçando os cabelos de Timothy enquanto ele se arrastava tristemente por ter seu momento interrompido - Agora os dois, vão ajudar com a festa, seus preguiçosos safados! 

Jason os intimou, saindo do quarto com os dois pombinhos e enquanto desciam as escadas, já podiam ver a sala-de-estar sendo organizada. Kara havia vindo dar uma ajuda, junto as amigas de Selina, as agora idosas Harley e Pamela e sua filha já adulta, Lucy. Mas, quem estava mesmo se empenhando eram, além dos irmãos, Selina e Alfred. 

A senhorita Kyle de já sessenta anos estava sentada no sofá, tomando um chá com seus cabelos brancos e o velho Alfred. O mordomo da família já estava com noventa e três anos, em sua cadeira de rodas motorizada do futuro, e já aposentado da mordomia há anos. Todos ficavam muito felizes de ainda terem o mordomo em suas vidas e ele, extremamente feliz de acompanhar sua família por tanto, principalmente os seus netinhos.

- Oh, mãe. Óh lá, mãe - Jason começou, descendo as escadas com os dois meliantes e ganhando a atenção da mãe - A gente aqui se matando para fazer a festa, e os dois só nos love lá em cima.

- Deixe os noivos aproveitarem, senhor - Alfred deu um sorriso velho para os meninos, os vendo já tão crescidos - A vida passa tão rápido, é bom que aproveitem mesmo.

- Obrigada por ser a voz da razão, Alfie - Tim segurou a mão do mordomo, lhe dando um sorriso cúmplice, e notando suas irmãs aparecerem com fitas em mãos, e um Damian cheio de purpurina no rosto - Céus, demônio, saiu do armário também, foi?

- Silêncio, Drake - Damian murmurou, com sua voz agora grossa e impondo uma parcela de respeito em seus irmãos mais velhos - E isto foi um acidente, eu espero. 

- Claro, Dami; foi um acidente eu ter derramado toda a purpurina da festa em cima de você - Helena retrucou, abraçada ao ombro do irmão. Damian bufou, ao ver que seus irmãos mais novos lhe faziam de gato e sapato. 

- Só você para fazer essas coisas com ele, Helena - Cass deu um riso, ajudando Stephanie a se sentar no sofá, perto da mãe, que já veio sorridente para elas. 

- Ah, olha só minha netinha! Já está tão grande! - Selina comemorou, passando a mão pela barriga da loira, que estava mais feliz do que nunca antes - Já decidiu um nome, gatinha? 

- Ainda não, mamma. Mas preciso ser rápida, antes que Brucester comece a chamá-la de Martha - Stephanie deu um riso, passando a mão por sua esperada filhinha. Depois de anos com o trauma de ter dado seu filho, e mais alguns cuidando de su irmêzinhe caçula, a loira finalmente se sentiu pronta para ser mãe, novamente. Após uma inseminação, a loira engravidou de sua esperada filha, que já amava muito - E falando nisso, onde está Brucester? 

- Foi buscar ê pivete do... - Jason começou, mas engoliu suas palavras ao se lembrar que o velho Alfred não sabia que Terry tinha ido prese - D-Do intercâmbio! É, ele e tio Super já devem voltar - O Todd deu um riso nervoso, e logo notou os dois velhos e su filhe caminhando pelos corredores, chegando até a sala - E falando nos velhos.

- Desculpem a demora, é que nos tivemos uns, problemas, no meio do caminho - Clark começou, tomando voz, notando o marido e ê filhe ainda abalados com tudo o quê havia acontecido. Mas, logo a incerteza de Terry se passou ao enxergar a pessoa que elu mais amava na vida. 

- Vovô! - Terry sentiu toda sua incerteza passar por um milésimo de segundo quando viu seu avô Alfred. Correu até ele e lhe deu o abraço mais cheio de saudade que pôde sentir de seu vovô naqueles últimos dois meses. 

- Oh, mi pequene Terry, que saudades eu estava de você! - Alfred deu um riso ao sentir su netinhe lhe abraçar, depois de tanto sem vê-le. Não negaria que tinha criado fortes laços com su nete caçula, e os dois foram meramente inseparáveis durante todo aquele tempo - Como foi seu intercâmbio, minha criança? 

- I-Intercâmbio? - Ê garote repetiu, entreolhando e percebendo seus parentes lhe reforçando a seguir naquela conversa - É-É, foi legal! Foi, bem legal... 

- Que bom que voltou há tempo da festa, gatinhe. Mas, seu avô precisa tomar um sol lá fora antes do Dick chegar... - Selina deu um riso, levando o velho Alfred para dar uma volta no jardim e espairecer a mente do idoso.

- Ahn, eu deveria perguntar que "intercâmbio" é esse? - Terry perguntou, confuse, sentindo sua irmã Stephanie lhe dar um abraço de lado. 

- Seus pais disseram ao Alfie que você foi a um intercâmbio, TerryBerry, pois ficamos com medo de dizer a verdade a ele e, você sabe, o susto ser muito grande... - A loira ressaltou, ouvindo um suspiro dê irmêzinhe. 

- Ótimo - Ê garote resmungou, logo recebendo uma almofadada no rosto vinda de longe - JASON!

- Isso é 'pra ver se você se aquieta, pivete. Além do mais, você não vai roubar meu lugar de presidiário da casa - Jason deu sua bronca, vendo ê irmê lhe devolver a almofadada. 

- Não esquenta. Agora que os pais descobriram a causa dos meus problemas, eu não vou mais prese - Terry soltou, esperançose, ao menos, sendo acolhide por Stephanie - Pelo menos, não por agora.

- Descobriram, é? - Tim repetiu, curioso - Descobriram a fórmula da calmaria? Aproveitem e deem ao Damian, também. 

- Na verdade, nós precisamos de testes ainda mas, creio que descobrirmos como acalmar nosse caçulinhe - Bruce se aproximou dê filhe, lhe tocando o ombro - Enquanto ao Dick? Não chegou, ainda? 

- Ainda não, pai. Mas, isso nos dá mais deixa para comprarmos mais coisas para a festa, já que a Lena derrubou toda a purpurina no Damian - Cass deu um riso, pegando as chaves de casa, se preparando para sair com os irmãos, o cunhado, e os agregados - Voltamos logo!

- Até breve, crianças - Clark acenou sorridente para os convidados, mas, logo acariciou os cabelos de su filhe, querendo tirar essa história de poderes à limpo - Então, vamos tirar essa história à limpo, meu bem? 

- E como vão fazer isso, pa? - Terry perguntou, confuse e ainda receose. 

- Vamos te examinar, queride. Vamos ver como andam seus genes - Bruce segurou na mão dê filhe, e guiando até a Caverna junto com o marido, os dois pais preocupados com o diagnóstico que tirariam dê filhe. 

Antes que a festa começasse, os dois idosos da casa desceram com su filhe recém-chegade da detenção até a Caverna, onde ê examinariam melhor. E mesmo com o tempo passando, a velha Caverna continuava a mesma; agora com mais quadros de família, pois o Bruce estava envelhecendo e ficando mole. 

Logo, Clark e Bruce chegaram até o pátio da Caverna, onde o Wayne já ligou seu bat-computador - levemente desatualizado -, enquanto Clark pegava o kit de primeiros-socorros que Alfred deixava lá embaixo, por motivos mais do quê óbvios.

- Vamos analisar seu sangue, Tae-El. Vamos ver se realmente há gene Kriptoniano em você - Bruce começou, se virando para trás depois de arrumar o computador, vendo Clark fazer uma cerimônia para tirar o sangue dê filhe - Clark, por favor, se apresse com isso, querido.

- E-Eu já estou indo, Brucie! - Clark exclamou, tão preocupado e ainda tão receoso em furar ê próprie filhe. Bruce ainda se lembrava que o marido chorava em todas as vacinas que ê garote tomou até um ano de idade - Vai ser só um furinho, amor.

- Pa, eu tenho dezesseis anos, e já fui prese - Terry enfatizou, revirando os olhos até seu pa conseguir tirar um mísero tubo de sangue de suas veias - Só vamos terminar com isso, logo.

- Com a lerdeza do seu pa não iremos longe - Bruce resmungou, pegando o tubo de sangue quando Clark finalmente conseguiu tirá-lo. O colocou sob o computador, esperando a análise.

- Ah, me desculpe se me preocupo com mi filhe! - O velho Kent grunhiu, colocando um curativo sorridente no braço de Terry, antes de voltar a focar nas análises - Então, a-apareceu alguma coisa, amor?

- O computador está analisando... - O velho Bruce se afastou, indo ficar ao lado do marido, segurando sua mão, e os dois chocados quando viram o resultado da análise - Essa não... 

Terry até mesmo arregalou seus olhos, se aproximando do computador para ler melhor o quê a análise do seu sangue lhe dizia. 

Genótipo Kriptoniano, 25% encontrado. 

Então, todos aqueles sentimentos descontrolados dentro delu haviam motivo, ele tinha sangue de alienígena, e que tinha acabado de despertar dentro delu. Terry era ume híbride, mesmo que aquilo fosse totalmente impossível ao ver de seus pais.

- Eu sou, híbride? - Elu soltou, encarando seus pais, sem saber exatamente o que sentir - Eu sou ume híbride, pais?! - Elu riu, saltitante e empolgade - Isso é inshiscrível!

- Não, isso não é inshiscrível! - Bruce caminhou até o computador, pasmado, refazendo as análises e as vendo dar o mesmo resultado. Colocou a mão sob a cabeça, incrédulo - Céus, como isso foi acontecer?! E-Eu cuidei de tudo para que isso não acontecesse!

- Amor, se acalme! Está tudo bem - Clark caminhou até seu marido, tocando seu ombro e querendo que ele se acalmasse. Sua mania de controle só piorava conforme ele ficava mais velho - Não há como reverter isso, Brucie, m-mas está tudo bem! E-Eu ajudarei nosse filhe com tudo o que elu precisar. 

- Mesmo assim, eu não entendo, Kal... - O velho Bruce se sentou em sua cadeira, tentando processar aquilo tudo - Como seu gene foi parar na minha doação?! E-E por que os poderes delu só despertaram agora?!

- Bem, amor, o gene Kriptoniano é bem, "pegajoso" - Clark coçou a nuca, desviando o olhar, constrangido - Talvez alguns vestígios dele tenham ficado na sua doação, nas vezes em que nós-

- PAIS! - Mas, os dois idosos aventureiros tiveram suas memórias interrompidas pele filhe, que deu um grito envergonhado que ecoou por toda a Caverna - EU NÃO QUERO SABER DISTO!

- Talvez você tenha razão, Kal. Até porque, nos divertíamos muito naquela época - Bruce deu um riso, segurando a mão do marido e ignorando o resmungo alto de Terry - Mas, isso não explica o porque dos poderes dê Terry terem despertado só agora.

- Como elu tem só uma fração do meu gene, suponho que ele demorou mais para despertar por ser em pouca quantidade, mas não descartaria a opção dele ser meio "descontrolado" - Clark começou, se aproximando dê filhe e segurando suas mãos, ainda vendo os pontos brilhantes saltitarem sob ela - Por exemplo, Jonathan tem metade do meu gene mas já provou ser mais forte do que eu. Não sabemos a força de seus poderes, Terry, mas eu sei que eles despertaram pelos seus sentimentos.

- Então, entramos numa fria bem grande, não, pa? - Ê garote ironizou, vendo seu pai segurar suas mãos até os brilhos se cessarem. 

- Você disse que sentiu essas sensações pela primeira vez quando derrubou aquele muro, quando sentiu aquela raiva por estar naquela briga. Talvez, tenha sido sua raiva que fez com que seus poderes despertassem, mas se realmente for isso, vamos ter que aprender a canalizá-la de algum jeito, mi filhe - Clark encerrou, soltando as mãos dê garote, olhando para seus olhos que eram como os dele - Poderes são algo muito grande, Terry, e vão lhe exigir muita responsabilidade para usá-los do jeito certo. 

- E como vou fazer isso, pa? - Ê Wayne-Kent perguntou, receose, afinal, elu não era a melhor pessoa do mundo para se canalizar uma raiva - N-Não é muita coisa?

- É sim, meu amor, mas estarei aqui do seu lado para te ajudar - Clark deu um sorriso para ê filhe, lhe dando um beijo na testa e tentando acalmá-le. Seria realmente uma grande coisa "adestrar" os poderes de Terry mas, elu sabia que seus pais estariam lá por elu - Primeiro, temos de saber quais são seus poderes. Vamos aproveitar que todo mundo saiu e dar uma treinadinha no jardim.

- Só não podemos destruir as plantas do vovô, senão ele mata todos nós. Ele é o ser mais poderoso dessa casa - Ê garote enfatizou, olhando para seu pai antes se ir com seu pa para fora da Caverna - Vai ficar bem sozinho, papai?

- Sim, solzinho. Irei desligar esse computador antes que eu enfarte e me arrumar para o aniversário do seu irmão. Enquanto isso, divirta-se com seu pa - Bruce forçou um sorriso para su filhe, dando um longo resmungo quando elu e o marido saíram da Caverna. Todo dia, um problema novo lhe aparecia.

O velho Bruce respirou fundo, pegando sua bengala e querendo ir se arrumar para a festa de Richard antes que algo mais ocorresse. Sabia que ter ume filhe com Superman já não seria a coisa mais fácil do mundo, e agora, saber que elu também tinha os poderes do pa eram mais dor de cabeça ao velho. Esperava que pudessem dar um jeito nos impulsos de Terry, pois Bruce não tinha mais forças para reerguer a casa caso mais uma de suas crianças a destruísse. 

Mas, as preocupações do velho Wayne foram interrompidas quando seu cachorro, Ace II, começou a latir. Ele se virou, mal notando a presença do animal ali, já que Damian raramente o trazia à Mansão - afinal, ele foi o único de seus bichinhos que restou. Bruce caminhou até o cachorro, o vendo latir para a porta dos fundos da Caverna, e logo podendo ouvir alguns barulhos ecoarem por lá. Parou, já posicionando sua bengala, pois seu instinto de morcego estava apitando.

- Clark? - Ele chamou seu marido, esperando alguma resposta. Recebendo silêncio e mais latidos de Ace, Bruce cerrou os punhos, pronto para o que viesse - Tae-El?

Bruce se afirmou mais em sua bengala, ao ver que o marido e ê filhe não estavam lá. Quando Ace começou a latir de novo, o velho se virou, sentindo seu coração dar um salto ao ver que uma figura havia invadido a Caverna.

Uma figura de altura média, de moletom, óculos-escuros grandes demais para sua pessoa e com uma máscara cobrindo seu nariz e sua boca, e a figura ainda permanecia parada encarando o velho Bruce. Já o Wayne, recuava de leve, sabendo que não estava à postos para lutar já há muitos anos, mesmo que não excitasse caso a criatura quisesse tirar uma lasquinha de seus golpes.

- Senhor Wayne. 

Aquela foi a única que a figura soltou, antes de correr e pular em cima do velho, que lhe atingiu com um golpe de bengala. Levemente tonto pelo golpe, a figura não desistiu e tentou ir atrás do velho Bruce, que tentava fugir de seus golpes joviais, mas foi impedido pelo cachorro que pulou em suas costas, tentando defender o seu dono. 

- Droga - Bruce resmungou com a invasão repentina, e enquanto Ace lhe dava cobertura, se apoiou na mesa do computador para acionar o botão de emergência da Caverna. Com uma luz forte ecoando sob o local, Bruce gemeu quando se sentiu ser jogado ao chão, com a figura invasora sob si, e com seu moletom cheio de mordidas de cachorro.

- Sua conta chegou, senhor Wayne - A figura murmurou, fechando seus punhos e pronta para dar um golpe no velho, e apagá-lo de vez.

Bruce fechou os seus olhos, temendo que sua hora tivesse chego, mas os abriu quando sentiu o peso daquela pessoa sair de cima de si. Abriu os olhos, apoiando seus cotovelos no chão e vendo que su filhe havia pulado em cima da figura, a imobilizando no chão e enchendo seu rosto de socos, enquanto suas mãos brilhavam e seus olhos ficavam cada vez mais vermelhos. Logo, Clark correu até seu marido, o ajudando a se levantar e assustado ao ver que quase haviam o pego. Mas, o Kent se assustou mais quando viu a raiva que estava Tae-El contra o agressor de seu pai. 

- Kal, elu irá matá-lo! - Bruce exclamou ao marido, querendo que ele fizesse algo, pois aquela pessoa não poderia morrer não se antes ter a identidade revelada.

- Tae-El, chega! Você irá matá-lo! - O velho Kent voou até su filhe, segurando seu braço e o fazendo parar com sua onda de raiva. Viu Terry se virar para encará-lo, e aos poucos, seus olhos perderem o brilho vermelho - Se acalme, mi filhe. Seja lá quem for, você colocou para dormir. 

Vendo Terry cessar seu ataque, Clark se levantou, notando a figura desacordada sob o chão, com o rosto cheio de sangue pelos socos que havia levado dê garote. Bruce se aproximou do marido e dê filhe, olhando o invasor desacordado, querendo entender o que ele queria com sua pessoa, ou com sua família. 

Céus, e o pobre Bruce só queria poder se arrumar para o aniversário de seu filho. 

°°°°

JML's Circus

Logo terei trinta anos, logo minhas filhas estarão grandes.

Terei as visto crescer, como meus pais não puderam.

Logo terei trinta anos.

Afastados dos prédios chiques de Neo-Gotham, em um canto afastado da cidade, aonde o mato nem crescia mais, alguns sonhos ainda continuavam vivos. 

Em um daqueles lugares estava o JML's Circus, um dia, chamado de Haly's Circus. Mesmo com a chegada dos anos futurísticos, o circo continuava o mesmo, com sua tenda vermelha e branca chamando a atenção de quem passasse, mas ainda sim, algumas coisas haviam mudado. Não haviam mais animais no circo, agora tudo era pelos hologramas. A segurança havia sido investida com mais pesar e acidentes se tornaram raros, e tudo isso, graças ao seu novo dono e melhor acrobata, o senhor Richard John Grayson Vale-Wayne.

Dick jamais pensou que voltaria ao circo tão cedo, ou que sequer pisaria num circo depois de tudo o que aconteceu em sua vida, mas, quando soube que o sobrinho de Haly, atual dono do circo, iria vendê-lo, o Grayson não pôde deixar que aquela sua memória se partisse. Ele nasceu e foi criado no circo, e uma parte de sua vida ele devia àquele lugar. 

Comprou o circo, virando seu dono e trocando seu nome para uma homenagem aos falecidos pais e sua irmãzinha, que continuava criança, mesmo depois de quarenta anos. Trabalhou com seus antigos amigos até onde pôde e agora, com eles aposentados, novas atrações vieram e inclusive o próprio senhor Grayson saltitava por aí de vez em quando. Sempre levava sua esposa e filhas ao trabalho, querendo lhe dar boas memórias no lugar onde cresceu e morou, e Dick sabia, que em um algum lugar, seus pais sentiriam orgulho do que ele havia se tornado.

- Pequeno Grayson? - Mas, o novo dono do circo saiu de suas memórias ao ser chamado. Riu quando foi chamado de "pequeno", sabendo que era seu velho amigo Moscou vindo lhe ver.

- Moscou, eu não sou mais tão pequeno assim - O homem riu, vendo o já idoso entrar em sua sala, ainda sim, com o mesmo sorriso.

- Para mim sempre será, pequeno Grayson - Moscou enfatizou, vendo como seu velho amiguinho já era um homem feito - Inclusive, feliz aniversário, está um aninho mais velho. 

- Obrigada, Moscou. Estou com quarenta e um, agora - Dick riu, observando a si mesmo pelo espelho. Um homem feito, de barba e até mesmo já alguns fios brancos por aí - Dá para acreditar nisso, Moscou? Quarenta e um anos, quarenta e um anos de vida.

- Eu estava lá quando você nasceu, pequeno Grayson. Acredite, o choque maior é meu - Moscou riu, tirando um sorriso de seu chefe - Seus pais teriam muito orgulho do senhor, pequeno Grayson.

- Eu espero que sim, Moscou - Dick soltou, ajeitando uma das várias fotos que ele havia em sua mesa. Mais especificamente, uma dele com seus pais, um dia antes deles serem mortos - Inclusive, você veio aqui me dizer algo? 

- Ah, sim. O senhor tem visita - O velho Moscou sorriu - É sua mãe.

- Deixe ela entrar, isto é, se ela já não entrou por si mesma - Dick deu um riso, vendo o amigo sair de sua salinha e logo, uma velha mulher de cabelos curtos brancos e óculos verdes quadrado adentrar, de braços abertos para ele - Oi, mãe!

- Oi, meu amor! - A velha e idosa Vicki correu até seu menininho, o abraçando, mesmo ele já sendo bem maior do que ela. Mesmo já na velha guarda e seu filho com quase cinquenta anos, ele ainda seria o garotinho da mamãe - Feliz aniversário, meu bem. 

- Obrigado, mamãe - Dick abraçou a mãe de lado, lhe dando um beijo na testa. A vendo ali, como estava velhinha, o fazia se lembrar de como o tempo estava passando rápido - Ei, e meu presente?

- Você já está meio grandinho para presentes, Dickie. Mas não para um abraço da mamãe - Vicki deu mais um abraço em seu filho, querendo despistar sua atenção da festa surpresa que estavam preparando para ele - Vim te visitar porque, mal me lembro a última vez que você apareceu lá em casa.

- Desculpe, mãe, mas é que a vida de dono de circo também é muito corrida - O Grayson riu, se sentando em sua mesinha enquanto observava os quadros sob ela, com seus pais biológicos, sua família adotiva, sua esposa e filhas, e mais várias outras famílias que ele havia ganho - Sabe como é? Organizar tudo, garantir que não falte nada a ninguém.

- Eu imagino, Dickie. E prefiro um milhão de vezes você nessa correria do que naquela vida de vigilante - Vicki resmungou, tirando um riso do filho. Ela se aproximou, tocando o rosto de seu filho, vendo o homem que ela havia criado - Tenho tanto orgulho de você, meu filho, do homem que você virou... E tenho certeza que seus pais também estariam muito orgulhos de você.

- Obrigado, mãe. Já a segunda vez que me dizem isso, estou começando a pensar que seja um sinal do destino - O moreno riu, segurando a mão da mãe. Mas, logo os dois foram interrompidos por uma outra pessoa que adentrou na tenda, uma jovem moça. 

- Com licença, senhor Grayson - Logo, uma jovem moça adentrou na tenda. De pele negra, cabelos marrons presos em duas tranças e um vestido roxo de bailarina, sua figura recuou quando viu que seu chefe estava com companhia - M-Me desculpe, senhor Grayson, não vi que estava com visita.

- Está tudo bem, Antônia, ela é minha mãe - Dick se levantou para receber a funcionária, caminhando até o lado dela - Mãe, essa é Antônia, uma das nossas melhores bailarinas daqui do circo. 

- Bom, é um prazer conhecê-la, Antônia - Vicki cumprimentou a moça - Para meu filho estar lhe elogiando, é porque deve ser boa, mesmo. Afinal, ele também é um ótimo bailarino.

- Obrigada, senhora - Antônia sorriu, cumprimentando a mãe do chefe, mas logo deu seu olhar para ele - Senhor Grayson, sei que seu expediente já está quase no fim, ainda mais hoje que é seu aniversário, mas, e-eu preciso muito te mostrar uma coisa!

- Puxa, e o quê seria, Antônia? - Dick perguntou, curioso, assim como sua mãe também ficou. 

- O senhor precisa ver pessoalmente! - A bailarina exclamou, sorridente. Segurou a mão do chefe, o puxando para fora da tenda - Venha ver! 

Dick foi puxado pela funcionária até fora da tenda, e Vicki o seguiu, os dois sem nem ao menos saberem para onde Antônia estava os levando. Dick suspirou, vendo que teria mais surpresas de aniversário do que imaginava. 

°°°°

Mansão Wayne-Kent


Continuo aprendendo sobre a vida.

Com minha esposa e filhas.

As conto histórias da minha vida.

As boas, e as ruins.

Meus irmãos estão comigo.

Alguns ainda estão crescendo.

Mas tive que deixar coisas para trás.

Pequeno Robin, eu sinto muito.

 

Enquanto isso, na Mansão Wayne-Kent, as turbulências pareciam nunca terminar, nem mesmo antes de festa começar.

Na sala-de-jantares da Mansão, Bruce estava sentado tentando se recuperar do ataque de mais cedo, segurando sua bengala caso algo mais acontecesse e observando seriamente a figura amarrada na cadeira à sua frente, esperando que ela acordasse para que pudessem revelar sua identidade, e descobrir o que ela queria ali. Ao seu lado, estavam seu marido e su filhe, os dois à postos para caso a figura tentasse algo quando acordasse. Figura que o velho Bruce mal tinha noção de quem poderia ser.

Bruce tinha muitos inimigos, aquilo era fato. Mas, ele não tinha noção alguma de quem poderia ser aquele invasor misterioso. Seus inimigos de antigamente ou estavam em casas de repouso, ou simplesmente mortos; e aquela juventude de agora mal o conhecia, e ele não conseguia ter ideia de quem era aquela pessoa, mas sabia que tinha dívidas com ele. E esperava que pudesse pagá-las antes de Dick chegar. 

- Olhe, está acordando - Clark murmurou, em postos para defender o marido quando viu aquele jovem acordar, um jovem rapaz ruivo. Assim que ele abriu os olhos, Terry voou em seu pescoço antes que os pais pudessem fazer algo.

- Quem é você, mascarado?! E o quê quer com ele?! - Ê morene exclamou, raivose, segurando os ombros do outro garoto.

- Vai ser mais fácil dizer se você sair de cima de mim, cintilante - O rapaz exclamou, vendo o outro homem velho puxar ê filhe para longe dele - Obrigado.

- Quem é você, rapaz? E por que tentou invadir minha casa?! - Bruce perguntou, impaciente, vendo o rapaz abaixar a cabeça em rendição. Parecia arrependido.

- Eu sou Matt. Matt McGinnis - Matt, um rapaz quase adulto, respondeu aos dois idosos, que pareciam perplexos. Terry continuava confuse. 

- A-Ah, meu Deus... - Clark entreolhou o marido, os dois se sentindo perseguidos pelo passado. Depois de tanto tempo, a culpa pela morte de Mary voltou os assombrar - V-Você é o Matty, f-filho da Mary, não é?!

- É, sou - Matt sorriu ao mencionarem sua mãe, mas logo abaixou a cabeça, novamente - E você é o Clark, Clark Wayne-Kent; o melhor amigo da minha mãe e que causou a morte dela.

- Matthew, não diga isso - Bruce se levantou, perturbado, caminhando até o jovem e tocando seu ombro. Podia entender a raiva de Matt, afinal, ele era muito novo quando sua mãe faleceu - Olhe, rapaz, eu sei o quanto você deve ter raiva disto, afinal, você tinha só três anos quando tudo aconteceu. Mas, por favor, eu meu marido não fomos responsáveis pela morte de sua mãe.

- Ahn, será que alguém pode explicar o quê está acontecendo? - Terry os interrompeu, perdide. Viu seu pa se aproximar delu, e lhe tocar o ombro, aflito. 

- Terry, o Matt ele, e-ele é filho de Mary McGinnis, minha amiga, e a mulher que se ofereceu para te gerar. E ela, infelizmente, acabou morrendo no parto... - Clark contou, pela primeira vez, aquilo a su filhe. Terry pareceu ainda mais confuse, e ainda mais perturbade. 

- Foi uma hemorragia - Matt os cortou, desta vez, olhando para Terry. Ê garote que sua mãe deu a vida para salvar, ao menos agora, ele sabia quem era - Eu me lembro até hoje. Ela e meu pai brigaram, ela sentiu dores e eu quem liguei para emergência, e horas depois ela morreu. Anos depois, meu pai me contou a história, me contou que o médico disse que só poderia salvar uma vida, e ela escolheu salvar a sua.

- E-Eu, não sabia disso - Terry soltou, abraçado ao seu corpo. Por um momento, se sentiu culpado pelas besteiras que havia feito durante a vida - Pais, por que não me contaram nada?!

- Porque pensávamos que essa história tivesse se encerrado mas, parece que ela ainda deixou rastros - Bruce murmurou, puxando uma cadeira e se sentando em frente a Matthew, o encarando - Matthew, eu sei que você deve ter uma tremenda raiva de mim e de meu marido mas, por favor, não sinta raiva de nosse filhe. Elu não é culpado disto, nem nós dois somos. Sei que deve ter vindo aqui em busca de vingança pela sua mãe mas, conhecendo ela, sei que ela não iria querer isso.

- Não ia, mesmo. Mas eu precisa, eu precisava ao menos saber quem era vocês, quem era aquele bebê que minha mãe deu a vida para salvar - Matt pareceu envergonhado, e olhou o velho Bruce, se lembrando de sua mãe nas poucas memórias que tinha dela - Sabe, senhor Wayne, minha vida não foi pior depois que minha mãe morreu. Eu tinha três anos quando ela morreu, eu não me lembro de nada dela que não sejam por fotos, mas eu me lembro da mudança que minha vida sofreu depois daquilo. Eu e meu pai nos mudamos para Manhattan, para ficar perto dos meus avós, e uns meses depois, meu pai conseguiu um emprego como cientista na área dele. Ele ficou feliz, parou de beber, e conheceu a Lia, que é esposa dele atualmente e minha madrasta. E ela é incrível! Me ajudou a lidar com meu luto me levando para o judô e me ajudando com ciências, e graças à isso, estou quase ganhando uma bolsa na faculdade. E-E eu também tenho duas irmãs, a Lilia e a Mackeila; elas são umas pirralhas mas, eu amo elas. Eu amo eles, amo minha nova família e minha vida... 

- Puxa, Matthew... E-Eu realmente fico feliz de ouvir isso - Clark forçou um sorriso ao rapaz, indo ficar ao lado de seu marido - Fico feliz em saber que seu pai parou com a bebida, e que vocês estão bem. A-A sua mãe iria adorar saber disso, querido.

- Ia sim. Ela só não ia gostar de saber que eu estou aqui, desse jeito - Matt esticou-se, olhando para a corda que prendia suas mãos atrás da cadeira - Eu não quero machucar nenhum de vocês. Eu só, queria saber quem vocês eram.

- Eu entendo, Matthew. Mesmo você sendo um ótimo lutador, é bom que não mexa conosco novamente - Bruce suspirou, se levantando e indo soltar o garoto. Respirou fundo, agora, olhando para su filhe - Tae-El, por que não leva o Matt 'pra tomar uma água? Seu pa e eu precisamos conversar. Ah e, não tente matá-lo.

- Eu vou tentar - Ê garote não prometeu nada, saindo de cena com o garoto invasor, deixando que seus pais conversassem a sós. 

- Céus, Brucie, mas que coisa, não? - Clark se sentou novamente, pasmo com o que havia acontecido - Dezesseis anos depois, o filho da Mary nos aparece aqui, já praticamente um homem... Ela teria tanto orgulho em vê-lo crescido.

- Isso só mostra o quanto somos perturbados, Kal - Bruce se virou para o marido, com a mão na cabeça, tentando raciocinar as coisas - Clark, o dia que nosse filhe nasceu foi o dia mais importante da minha vida, mas mesmo assim uma parte de mim sempre se sentiu culpada pela morte de Mary. E agora, esse menino nos aparece.

- Eu também estou surpreso, Brucie; mas Matt já confirmou que não quer nada conosco e que não há motivos para nos preocuparmos - Clark se levantou, caminhando até seu marido e segurando seu rosto, com um sorriso - Você precisa aprender a baixar sua guarda, meu véio.

- E você precisa aprender a ter uma, Kent - Bruce riu, se esticando para dar um beijo no parceiro, até os dois ouvirem o barulho da porta se abrindo.

- Que coisa linda, o amor de velhos. O cheiro da naftalina está no ar - Jason debochou, balançando a cabeça em negação enquanto entrava em casa com os demais. Agora, também com Kori, as filhas, Cyborg, Ravena, Mutano, e su filhe, Charlie - É isso que vocês fazem enquanto a gente se mata para colocar essa festa de pé. Tá porra, viu. 

- Baba, está tudo bem? - Damian perguntou, notando a feição monótona do pai enquanto ele se abraçava no marido - Parece preocupado.

- Nada fora do normal, filho, não se preocupe - Bruce deu um riso irônico, se desgrudando do marido e indo ajudar os filhos com as sacolas - Agora vamos, vamos arrumar essa festa antes que o irmão de vocês chegue. 

Afastados dos preparativos para a festa, na cozinha da Mansão, Terry encarava Matt enquanto o mais velho bebia uma água depois de invadir sua casa e ser feito de prisioneiro. Ê garote ainda estava sem acreditar naquela história, que o filho da mulher que ê gerou havia retornado em busca de "vingança". Nada fora do normal para sua família mas, elu ainda estava surprese.

- Puxa, sua casa é gigantesca - Matt observava cada canto daquela Mansão enorme, enquanto terminava de beber sua água - Deve ter sido bem legar ser criado aqui, nesse luxo, com dois pais que gostam de você...

- Não é tão divertido quando você é o mais novo de nove irmãos mas, até que foi bem legal - Terry sentou-se na bancada, olhando o ruivo, ainda levemente culpade pelo seu histórico depois de saber que a mãe dele havia morrido à favor da sua vida - Eu sinto muito que sua mãe tenha morrido, Matt. Meus pais nunca me falaram dessa história...

- Não é a melhor coisa para se contar a um filho, que alguém morreu para salvá-lo. Mas, seus pais têm razão, não foi culpa sua - Ele sorriu para ê garote, logo notando outras figuras adolescentes caminharem até eles.

- Olha só, ê delinquente do mês retornou! - Ruby começou, debochando de su prime - Até quantos mais dias 'pra você retornar, filhote de morcego?

- Quieta, água de salsicha! - Terry virou o rosto, insultado por sua prima - Ao menos eu não tenho esse mal gosto 'pra roupas que você tem! 

- Mas a festa nem começou e você dois já estão se matando - Charlie deu um riso, feliz por ser convidade para aquela festa. Ê outre garote de pele arroxeada e olhos vermelhos costumava ser na delu na maioria das vezes, mas, as vezes gostava de um pouco de confusão - Não liga 'pra ela, zero dois, a gente sabe que dessa vez, você veio para ficar.

- Obrigade pelo apoio, zero zero - Terry agradeceu su amigue pelos seus codinomes de "dupla não-binária". Terry, ê garote bigênero, era zero dois, e Charlie, ê garote agênero, era zero zero.

- "E seu amigo, não vai apresentar?" - Athena apontou para o rapaz ruivo, que acenava para a maioria.

- Ah, esse é o Matt. Ele invadiu a casa mais cedo mas, já são águas passadas - Terry apresentou o garoto, com simplicidade.

- Mais um dia normal na nossa família - Ruby deu de ombros, já acostumada.

- Aí, gente, venham ver isso! - Mas, a maioria saiu daquele assunto quando Charlie os chamou para ver uma matéria que o velho Alfred e a velha Selina assistiam na TV. 

- Últimas notícias! Um assalto à banco está ocorrendo nesse exato momento na cidade de Neo-Gotham! Há vários reféns e o que tudo indica, nenhum herói para nos salvar. 

- Um assalto à banco, Charlie? Estamos em Gotham, isso acontece todo dia - Ruby informou, nem um pouco surpresa.

- É mas, você não ouviu? Não tem nenhum herói para salvar aquelas pessoas - Ê garote retrucou - Estão todos velhos! Deveríamos fazer alguma coisa, sabe? Afinal, somos todos sucessores de heróis!

- Até que não é má ideia, Charlie. Ainda mais agora, que essas coisinhas apareceram - Terry levantou-se, fechando suas mãos com os pontos brilhantes saltitando sob elas.

- E-Espera, v-vocês têm poderes?! - Matt exclamou, surpreso com tanta informação.

- "É uma longa história, cabalero. Mas, se querem mesmo fazer algo, temos de ir logo, antes que a festa comece." - Athena empolgou-se, mas logo se tocando de algo - "Ah e, vamos precisar de disfarces."

- Nada que umas máscaras antigas do papai e do vovô não resolvam - Ruby já havia resolvido aquele problema, indo atrás das antigas máscaras do pai, e o antigo gorro de morcego do avô. Terry de longe pegou o gorro do pai, mas percebeu que era grande demais para elu. 

- Ah, este é muito grande 'pra mim. Matt, esse fica para você - Elu entregou o gorro para o rapaz, que o pegou, logo notando ser o gorro do próprio mito antigo, o Batman. 

- É-É o gorro do Batman! O verdadeiro! - O rapaz ficou em choque, percebendo agora quem era aquele velho caduca com quem havia lutado contra - S-Seu pai é o Batman?! Você é filhe do Batman?! 

- Olha, Matt, não é? Se tivermos que explicar tudo para você, vamos ficar horas aqui então, é melhor agirmos logo! - Ruby decretou, convencendo o garoto a vestir aquele gorro, antes que a festa de Dick começasse - Vocês três vão, Charlie e eu vamos ficar e garantir que tenha gente aqui caso perguntem.

- Bom, então vamos logo! A cidade precisa de nós! - Matthew exclamou, empolgado em entrar em ação com o gorro do próprio morcego em mãos. Ele, Terry e Athena saíram pela janela, enquanto os outros dois jovens ficaram à escanteio.


- Acha, que devemos falar alguma coisa? - Selina soltou, apenas observando os adolescentes saírem em busca de aventura. 

- Não, vamos deixar eles se divertirem... - Alfred deu um riso, deixando os jovens viverem. Isso até, seus pais descobrirem daquilo tudo. 

°°°°

Subúrbio de Neo-Gotham

Logo eu terei sessenta anos, meu pai está com sessenta e oito.

Lembrando da vida e como ela melhorou.

Eu o fiz feliz quando segui seus desejos.

Eu espero que minhas filhas sigam os sonhos delas, e não os meus.

 

No subúrbio da cidade, com a noite quase a cair, surpresas chegavam até mesmo antes da festa. 

Dick e sua mãe andavam atrás de Antônia, que insistia em ter um presente especial para seu chefe. Os três haviam chego até um pequeno vilarejo no subúrbio da cidade, com pequenas casinhas e uma vasta variedade de verde pelo local. Mas, logo Antônia correu em direção até uma velha mulher que a abraçou, e que aparentava ser sua mãe. Dick e Vicki apenas ficaram parados no local, esperando que algo acontecesse.

- Senhor Grayson, antes de mostrar a surpresa, quero que conheça minha mãe! - Antônia puxou a mãe até o homem e a outra idosa parados, querendo os apresentar - Mãe, este é o senhor Grayson e a mãe dele. Senhor Grayson, senhora Vicki, essa é a Dulce, minha mãe.

- No precisa de apresentações, Antônia. Yo já conheço o senhor Grayson de outros ares - Dulce se aproximou do homem, segurando sua mão e tocando seu rosto - Díos, você cresceu tanto, pequeno Dickie Grayson... 

- C-Céus, e-eu sei quem é você! - Dick exclamou, surpreso ao reconhecer a mulher - V-Você é aquela mulher que doou sangue para minha mãe quando ela tomou um tiro! Nossa, já tem tanto tempo... 

- Ah, si, você era só um rapazinho quando me veio chorando pedindo para ajudar su mamá. E vejo que deu certo, no? - Ela se virou para Vicki, lhe dando um sorriso.

- Mas eu jamais poderia imaginar que você era mãe da Antônia. Que coincidência, não? - Dick deu um riso - Era a sua surpresa, Antônia? 

- Na verdade não, senhor Grayson - A jovem negou - Foi minha mãe que insistiu que eu o trouxesse aqui! 

- Sim, pois preciso que veja isso, pequeno Grayson.

Dulce segurou na mão do homem e o levou com sua mãe até uma área mais afastada da comunidade, uma área que foi capaz de encher os olhos de Dick e Vicki. 

Um enorme jardim, cheio de flores de pétalas roxas, que ficava em frente a uma escola e uma maternidade públicas, com crianças correndo de um lado para o outro e se divertindo com as belas flores. Dick sorriu ao ver aquilo, sem nenhuma explicação aparente, mas sentindo uma enorme paz em seu coração ao ver aquelas flores roxas, sentir seu cheiro, se lembrar de coisas que ele já nem lembrava mais. Afinal, tudo já tinha tanto tempo. 

- Pequeno Dickie, eu preciso te contar algo - Dulce segurou na mão do homem, lhe dando um sorriso sincero quando ele a olhou - Eu fui casada com Anthony Zucco, e ele inclusive é o pai da Antônia. 

- A-Anthony Zucco?! O homem que matou os pais dele?! - Vicki exclamou, perplexa, assim como ficou seu filho ao saber daquilo.

- Sim, senhora. Quando me casei com ele, não sabia de seus feitos, e só fui descobrir depois que ele foi preso pelo assassinato de seus pais, e meses antes dele ir a cadeira elétrica - Dulce deu uma pausa, entreolhando entre o jardim e Dick - Mas, antes de morrer, ele me deu uma flor, Richard, uma flor de pétalas lilases. Ele me disse que foi você quem a deu, depois de tê-lo perdoado e ter dito que confiava que ele poderia ser uma pessoa melhor. Ele cuidou daquela florzinha até o último segundo, e depois, a me deu antes de morrer, pedindo que eu cuidasse dela e que ensinasse o caminho certo para nossa filha, que nem havia nascido. Então, eu me mudei para cá, tive a Antônia, e plantarmos a florzinha nesse jardim; e depois veio mais uma, e mais uma, e assim virou um jardim... Aquele seu ato, Dick, aquele seu ato de ter perdoado meu marido, gerou essa beleza que você está vendo. 

Dick ainda permanecia parado, tentando sequer entender o que se passava em sua mente. Aquele jardim, aquele enorme e vasto jardim, só existia por sua causa. Seu ato de ter perdoado o assassino de seus pais gerou aquele jardim de flores belíssimo que cobria todo aquele lugar. Mesmo com tantas coisas se passando em sua cabeça, Dick sorriu com aquilo. Sorriu ao ver que sua bondade havia gerado aquilo tudo, havia dado início à tantas flores lindas e principalmente, por saber que algum lugar, John, Mary e Liz teriam orgulho dele. 

- E-Eu fiz isso?! - O Grayson murmurou, ainda tentando raciocínar aquilo tudo. Deu um riso, feliz - Puxa, e-eu fiz isso! 

- Fez sim, pequeno Dickie - Dulce ressaltou, olhando para o homem - Você e sua bondade fizeram.

- Isso é incrível! - O moreno deu um sorriso alegre, se abaixando e vendo mais de perto o jardim. Esticou-se e pegou três flores, se levantando e colocando uma delas nos cabelos da mãe, tocando seu rosto - Viu só, mãe? Depois de tanto tempo...

- Sim, meu Dickie - Vicki riu, segurando a mão do filho, orgulhosa dele - Eu tenho tanto orgulho de você, meu filho. Desde aquele menininho doce até esse homem que você se tornou, eu me orgulho de você.

- Obrigado, mãe. E nada disso seria possível se você e o pai não tivessem me acolhido, lá no nosso começo - Dick não conteu as poucas lágrimas e abraçou sua mãe, emocionado por tudo aquilo, por ter se lembrado do seu início. 

- Ahn, senhor Grayson? - Mas, Dick teve seu momento de afeto interrompido quando ouviu Antônia lhe chamar. Ele se virou, vendo a jovem assistindo TV pela janela de um mercadinho - Aquela ali não é sua filha?

Dick estranhou, e caminhou até onde estava a jovem e arregalou os olhos ao ver que, realmente, era a sua filha ali. Não só sua filha, mas como su irmêzinhe e um rapaz com o gorro do Batman, e que por sinal lutava muito bem. Com uma manchete que dizia "Novos heróis mascarados salvam a cidade!", o Grayson assistia calado sua filha e su irmê com suas antigas máscaras e seus poderes juvenis protegendo os reféns, e o Batboy dando uma bela de uma surra nos bandidos. Estava surpreso mas, até que impressionado com a força de sua garota.

- E-Estão lutando contra o crime, assim, na luz do dia?! - Vicki encarou o filho, perplexa com o que assistia - Dick, você tem que fazer alguma coisa! É-É a sua filha, ali!

- Acho que não tem muito o quê fazer, quer dizer, tenho de ir atrás da Kori antes que ela surte! - Dick deu um riso, se virando para Antônia e Dulce, lhes dando seu maior sorriso - Tônia, Dulce, muito obrigado por isso mas, e-eu tenho de dar um jeito na minha filha!

- Não se preocupe, senhor Grayson - Antônia acenou para o chefe, ao lado sua mãe - Nós nunca esqueceremos do senhor! 

- E eu nunca me esquecerei disso - Dick sorriu para as duas, dando uma última olhada no jardim antes de ir com a mãe até a Mansão, descobrir o que aquelas crianças estavam fazendo e sem querer, ir até sua festa, agora feliz em saber que sua bondade havia dado aqueles belos frutos. 

Óh céus, seus pais teriam tanto orgulho dele, agora. 

°°°°

Mansão Wayne-Kent

Logo terei sessenta anos, acharei o mundo muito frio.

Ou estarei ao redor de todos que me amam.

Logo eu terei sessenta anos.

A noite já havia chego em Neo-Gotham, e com ela, uma festa que nunca começava. 

Dick e Vicki haviam finalmente chego até a Mansão, querendo descobrir que história de jovens vigilantes era aquela e a idosa, querendo que o filho fosse logo para a sua festa surpresa. Ambos ainda estavam tocados pela surpresa que haviam ganho, em ver que a bondade e inocência do pequeno Dickie Grayson em perdoar o assassino de seus pais havia gerado aquele jardim lindo. Sem dúvidas, ele era um grande homem, um grande homem que tinha uma linda história para contar.

Vicki deu um riso quando viu que o filho finalmente abriria a porta e veria sua surpresa. Inocente, Dick abriu a porta da Mansão e quase caiu para trás ao ouvir um grande "surpresa" vindo de toda a sua família. Ele riu alegre, por um momento, esquecendo até mesmo que era seu aniversário. Sua mãe lhe deu um abraço, cúmplice, vendo o tanto de pessoas que amavam seu menino e que queriam o seu bem. A faziam lembrar do pequeno menino que ela acolheu em seus braços, com medo de ficar para sempre sozinho. Ela sorriu, querendo que aquele pequeno Dickie pudesse ver a família linda que tinha.

- C-Céus! Eu havia até me esquecido do meu aniversário! - O Grayson riu bobo, sentindo-se amado por todos. 

- Até que enfim você chegou, Dick! - Kori voou até o marido, lhe dando um abraço e um beijo - Seu pai caiu no sono três vezes, já! 

- Desculpa por isso, pessoal. Mas é que eu recebi um presente e tanto agora, mas essa não foi bem a surpresa que eu recebi - Ele se virou para a esposa, rindo nervoso - Kori, você viu a nossa- 

- Nossa filha? Ah, se vi; e ela vai o chinelo quando aparecer aqui! Na verdade, ela e su irmê vão esquentar quando aparecerem aqui! - A ruiva exclamou, já se preparando para seu ato. 

- Eu deveria sequer perguntar quem era aquele menino com o gorro do Batman? Ah, e devo dizer que ele luta muito bem. 

- Aquele era o Matt, e-ele invadiu a casa mais cedo e parece que já fez amizades... - Clark respondeu, rindo de nervosismo enquanto o marido caía no sono novamente. Logo, os adultos foram interrompidos por um som de janela abrindo, discretamente.

- Shhh, se viemos em silêncio, eles nem vão- - Os adultos puderam ouvir Terry sussurrar, com sua prima e o garoto Batman atrás delu. Mas, o plano dos jovens foi por água abaixo quando eles se viram cercados pelos adultos.

- Aham - O velho Bruce coçou a garganta, assim como os demais adultos, que olhavam mortalmente para os jovens - Querem explicar o quê foi isso?

- Ruby e Charlie que começaram! 

- O QUÊ?! - Gritaram os outros dois, que tentavam fugir da bronca.

- Não sejam fujões! Vocês quem deram a ideia! - Ê caçula da família retrucou, tentando manter a postura diante à bengala de seu velho pai - O-Olha, papai, e-em nossa defesa nós salvamos aquelas pessoas! Ah, e Matt deu um jeito nos bandidos!

- "Isso é verdade" - Athena também concordou - "O garoto Mattman deu uma surra e tanto nos colegas, e olha que foi o único do rolê sem poderes."

- É mesmo, é? - Bruce se mostrou curioso - Matthew, não sabia que sabia lutar.

- A-Ah e-eu aprendi com minha madrasta mas, não é nada demais, senhor Wayne - Matt retirou o gorro de Batman de seu rosto, o entregando para o velho morcego - Aqui, isto lhe pertence.

- Hum - O velho murmurou, pegando o gorro de volta. Já faziam anos que alguém não vestia o manto de Batman, e não como Matthew havia honrado naquele dia. 

- Olha só, eu tenho todos os motivos do mundo 'pra colocar vocês de castigo o resto de suas vidinhas juvenis. Mas, vocês têm sorte de hoje ser meu aniversário e eu estar de bom humor - Dick cedeu, ganhando um sorriso dos jovens - Mesmo sendo bem irresponsável vocês saírem sem avisar, vocês mandaram bem com aqueles bandidos.

- Mas nada de repetir isso de novo, senão os quatro vão ficar castigo. Menos o garoto porque, ele acabou de chegar - Kori alertou, tirando sorrisos nervosos dos jovens.

- Matt invadiu a casa e deitou bandidos na porrada, ele já faz parte da família - Terry deu um soquinho no ombro do novo colega, o benzendo com a benção da família - Você vai ficar 'pra festa, não vai, Matt? 

- A-Ah, eu posso ficar. Eu só tenho que avisar ao meu pai que ficarei mais uns minutos "estudando" - O rapaz deu um riso nervoso, coçando a nuca - Foi isso que eu disse a ele antes de sair de casa.

- Bom, se é assim - Dick ergueu os ombros, sendo a alma de sua própria festa - Vamos festejar meu aniversário! 

Com gritos alegres da família, o Grayson riu ao ver aquela gente toda ali, só para comemorar a sua vida. A sua vida, que longa história era a sua vida. Sua versão recém-órfã jamais imaginaria que chegaria a tal destino, em estar numa Mansão repleta de gente que o amava e que queria seu bem. A história de Dick era longa e deveras extensa mas, ele não mudaria nada dela. 

Com a noite chegando e a festa correndo, o Grayson lembrou que havia algo muito importante a fazer naquele dia tão especial. Antes de sair de casa, ele avistou sua mãe e seu pai, Vicki e Bruce, sentados no sofá, conversando. Seus pais adotivos raramente interagiam depois que ele ficou mais velho e vê-los juntos fazia Dick se lembrar de todo o começo, de quando aquela jornalista maluca e aquele homem rico decidiram que iriam o adotar. Nada daquilo seria possível sem seus pais, aquela história não teria começado se eles não desejassem que ele fosse seu filho.

- Mãe? Pai? - Dick os chamou, se aproximando deles. Sorriu ao se sentar entre os dois velhos, como nos velhos tempos - Mas que milagre, ver os dois juntos.

- Sua mãe e eu costumamos conversar mais em seus aniversários, Dickie - Bruce deu um riso, tocando na perna do filho, o olhando com orgulho - Quarenta e um anos, Dickie. E parece que foi ontem, que eu e Vicki tivemos a proeza de nos encontrar num espetáculo de circo...

- Pois é, pai. Eu também andei bem pensativo, hoje - O moreno riu, entreolhando entre a mãe e o pai, os abraçando - Às vezes fecho os olhos e, sinto que foi ontem. Sinto que foi ontem que estava no colo da mãe, assustado, e você levando a gente para casa... Tudo ainda está muito vivo em minha mente.

- Para nós você continua o mesmo menininho, amor - Vicki enfatizou, tocando o rosto do filho e lhe dando um beijo na testa, orgulhosa dela - E pensar que eu recuava em ser mãe, mas quando te vi pela primeira vez, soube que tinha de estar lá por você. Senti que você seria o homem da minha vida, Dickie, e assim você tornou.

- Obrigado, mãe, pai; por terem me adotado e me dado essa vida. Nada disso seria possível sem vocês... - Dick riu, puxando seus dois velhos para um abraço e os enchendo de beijos. Seria eternamente grato por Vicki Vale e Bruce Wayne terem lhe adotado.

Deixando seus velhos pais sozinhos, Dick caminhou até a cozinha, onde todos os seus irmãos estavam reunidos, numa algazarra típica que sempre acontecia quando eles estavam todos juntos no mesmo lugar. Ele ria observando Jason, Tim, Damian, Stephanie, Cassandra, Helena e Terry, lembrando de quando era criança, e sempre quis irmãos. A dor de não ter Elizabeth ali foi acalmada com a chegada de seus irmãos, irmãs, e su irmêzinhe. Eles eram caóticos, mas eram seu pontinho caótico, e ele os amava muito.

- Olha só, galera, o aniversariante chegou! - Mas, o mais velho foi interrompido quando Jason o puxou para o abraço de todos os irmãos, que esmagaram seu mais velho - Cem anos do Grayson, hoje! 

- E noventa e oito seu, palhaço - Dick retrucou, esticando seus braços para que todos os seus irmãozinhos coubessem em suas asas de passarinho - Fico feliz de conseguir reunir todos vocês aqui, irmãozinhos. Coisa rara, agora que a gente cresceu. 

- Graças aos céus, não? Eu não sou mais capaz de conviver com vocês todos os dias - Tim murmurou, recebendo reclamações dos demais.

- Silêncio, Drake; pois sei que nossa ausência não pode ser suprida pelo seu "super-noivo" - Damian o alfinetou, sorrindo ao fazer os demais rirem.

- A ausência de nenhum de nós, pode ser suprida - Cassandra, sendo a voz da razão entre os irmãos, relembrou - Somos irmãos, e isso nunca mudará.

- Tem razão, irmãzinha - Dick apertou seus pequenos pardalzinhos em seus braços, feliz por tê-los em sua vida - Ninguém mudará isto.

Recuando em deixar os irmãos, mas cedendo, Dick deixou que eles conversasem mais enquanto ele caminhava até o jardim da Mansão, dando uma última olhada neles. Caminhando pelo jardim, encontrou as outras pessoas que ele amava com toda a sua vida, sua esposa e suas filhas. 

Lembrava-se da primeira vez que viu Kori, da primeira vez mesmo, na noite em que foi adotado e viu aquela estrela verde passar sob os céus, jamais poderia imaginar que viveria um romance adolescente com ela e que teriam três meninas lindas. Aquela família era dele, só dele, e Dick não poderia ser mais grato em tê-la ao seu lado.

- Olha só, o papai apareceu! - Dick deu um sorriso bobo quando a esposa e as filhas notaram sua presença. Viu sua mais nova correr até ele e a pegou nos braços, aproveitando enquanto ela cabia em seu colo, já que suas outras meninas já eram adolescentes. 

- Está gostando do seu aniversário, papai? - Sakura perguntou, recebendo um beijo do pai enquanto ele caminhava até a família.

- Estou amando, princesa. Principalmente a parte em que suas irmãs saíram escondidas e foram lutar contra o crime - Ele relembrou, dando um olhar sério as mais velhas.

- Ah, mas isto já está resolvido - Kori cruzou os braços, séria - Estão de castigo até segunda ordem, e vão ficar sem comer mostarda o resto do mês!

- Sem mostarda?! Você não mencionou isso, mãe! - Ruby exclamou, chocada. Assim como a mãe, ela e as irmãs eram apaixonadas no condimento. 

- "Que mundo cruel em que nós vivemos." - Athena chorou, indo até seu pai, se abraçando nele - "Pai, faça alguma coisa."

- Desculpa, meninas. Mas eu não passo por cima das ordens da mãe de vocês - Dick deu um riso, dando um abraço na esposa e lhe dando um beijo no topo da cabeça. Seu cheiro de morango, continuava o mesmo - É ela quem manda por aqui.

- Que bom que sabe, Grayson - Kori riu, dando um selinho no marido e tirando um resmungo das filhas - Já vamos entrar para comer um pedaço de bolo, aniversariante? 

- Vocês podem ir entrando, amor. Eu vou precisar fazer uma coisa importante antes mas, eu já volto! - Dick colocou a filha no chão, antes de sair da Mansão, em direção a um lugar muito importante.

- Se é assim. Vamos, Sakura, vamos entrando - Kori deu a mão a filha mais nova, entrando na Mansão com ela, enquanto as mais velhas permaneceram no jardim. De dentro da mansão também saíram Terry, Matt e Charlie, indo se juntar a elas.

- Então, depois da bronca do século, ainda vão querer fazer algo? - Ruby questionou, levando sorrisos maldosos dos demais.

- Mas é óbvio que sim, ruiva - Charlie respondeu, direte - Nosse colega Terry acabou de ganhar os poderes delu, hoje é noite para se comemorar!

- "Vamos ver qual de nós chega até o outro lado da Mansão, primeiro. Ah e, só vale voando!" - Athena sugeriu, com ela, a irmã e Charlie saindo num piscar de olhos para a corrida da noite.

- Ei, isso não vale! - Terry retrucou, correndo desengonçadamente atrás dos primos - Eu ainda não aprendi a voar! 

Excluído do grupo dos poderes, Matt resolveu que havia dado a sua hora de ir. Caminhou de volta até a Mansão em busca dos senhores Wayne-Kent para se despedir deles, e voltar para a sua casa e contar ao seu pai que havia conhecido o próprio Batman. 

Não encontrando os velhos, Matt resolveu ir embora por conta própria mas foi interrompido por um som. Virou-se, notando que estava em frente a um antigo relógio, e que havia um pequeno morcego preso dentro dele. Ele estranhou a cena inusitada, e abriu a proteção que cobria o relógio para tirar o bichinho, o estranhando vê-lo ali.

- Calma, amiguinho. Eu vou te tirar daí, só não vale me morder - Ele disse ao bichinho, abrindo o vidro que protegia o relógio e liberando o bichinho. E não só o morcego, mas também quando uma parte da parede se virou, dando entrada a uma passagem secreta - Uau...

Curioso, e mesmo sabendo que não deveria, Matt adentrou na passagem secreta querendo ver aonde dava. Chegando a um lugar escuro, ele resolveu acender a lanterna de seu celular e arregalou os olhos quando viu o quê era aquele lugar. Uma moeda gigante, um dinossauro, vários uniformes antigos à mostra; aquela era a Bat-Caverna. 

Matt ficou sem palavras mesmo sabendo que aquele era o lar do Batman, mas ficou ainda mais perplexo ao notar que havia sido seguido. Se virou para trás, notando que o velho Bruce estava atrás dele, com um sorriso no rosto ao pegá-lo em flagrante no seu antigo habitát.

- S-Senhor Wayne! M-Me desculpe eu, n-não deveria estar aqui mas... - Ele se conteu, sorrindo encantado com aquele mundo lá embaixo - Mas é que, céus! V-Você é o Batman!

Bruce sorriu com a empolgação do garoto. Mesmo ele estando apenas há poucas horas em sua casa, havia o analisado bem. Bons reflexos, bom senso de luta, e uma parte de si ainda querendo entender a morte de sua mãe. Bruce sabia que estava velho, que seus filhos estavam envelhecendo e criando suas próprias vidas, mas que a cidade ainda precisava de um Batman. Gotham ainda precisava de um morcego, Matt precisava de algo que o ajudasse a tirar aquela indignação dele. 

Bruce sorriu ao olhar para o garoto, sabendo exatamente o quê deveria ser feito ali.

- Bem-vindo ao meu mundo, Matthew.

Afastado da Mansão Wayne, longe da felicidade de uma festa de aniversário, no cemitério da cidade, as coisas continuavam calmas. Continuavam calmas, pois sabiam que toda irritação havia terminado. 

Era ali que as almas descansavam, que tiravam um cochilo de tudo o quê havia as atormentado durante a vida, mesmo que alguns não estivessem lá por opção. Alguns foram parar lá por uma pegadinha do destino, alguns como os pais de Dick Grayson. John e Mary Grayson tinham uma vida toda pela frente, tinham uma filha que nasceria mas tudo aquilo foi interrompido quando morreram, há trinta e quatro anos atrás. Há trinta e quatro anos atrás, os Graysons Voadores caíram, e vida de Dick Grayson tomou um rumo totalmente inesperado. 

E era sobre aquilo que ele pensava, enquanto caminhava por aquele cemitério. Lembrava-se de como havia planejado sua vida na infância, com ele e a irmã se tornando acrobatas profissionais como os pais e os quatro viajando o mundo por aí. Dick jamais imaginaria que um dia, seria adotado pelo próprio Batman, se tornaria um vigilante e todas as outras coisas que aconteceram desde então. Ele nunca pôde imaginar que a vida sem seus pais biológicos pudesse dar uma história tão complexa e ainda sim, tão interessante para o pequeno pardalzinho voador. Dick havia vivido muito, e queria que seus pais soubessem daquilo. 

Mesmo sendo um lugar assustador, e que poderia trazer más memórias à qualquer um, o Grayson caminhava com um sorriso no rosto, especialmente quando chegou em frente as lápides de John e Mary. Os olhou, podendo se lembrar do momento em que veio velá-los, tocando na barriga de sua mãe com a irmãzinha que nem pôde nascer. Foi um momento marcante em sua vida, e que lhe doeu por muito tempo, mas agora era apenas uma lembrança. Uma lembrança de um momento ruim, mas que havia dado porta a vários outros bons. Dick sentia falta de seus pais, mas sabia que sem a morte deles, perderia muita coisa na sua vida. Ele os amava, e agora, entendia o motivo de terem partido. 

- Oi, mãe. Oi, pai - Dick sorriu ao estar "em frente" aos pais. Se abaixou, se sentando no chão em frente as lápides, desta vez, com um sorriso no rosto. Tinha tanto para contar, mas, ele sabia que eles não iriam querer que ele ficasse a noite toda ali - Imagino que já saibam, mas hoje é meu aniversário! Faço quarenta e um anos, hoje; e trinta e quatro sem vocês... - Ele parou, respirando fundo. Mesmo depois de tanto, ainda era difícil - Sei que não venho aqui com frequência mas, hoje eu quis vir porque, algo me lembrou de vocês. Na verdade, depois que vocês partiram...

Dick deu um riso, tirando de seu bolso as duas pequenas flores lilases que havia pego naquele jardim tão bonito. Colocou uma sob a lápide da mãe, e outra na do pai, querendo que eles vissem os frutos que seu filho estava colhendo na vida dele. 

- Sabe, eu sei que eu era uma criança muito inocente para minha idade mas, eu não pensei que pudesse ser tanto ao ponto, disso acontecer - Ele deu um riso, se sentando, observando as florezinhas sob seus pais, depois de anos - Eu perdoei o cara que matou vocês, mãe e pai, e isso aconteceu. O filhinho de vocês de sete anos de idade deu uma florzinha qualquer para aquele homem, e hoje essa florzinha deu origem a um lindo jardim, cheio de vida... E não foi só o jardim que cresceu. Foi muito difícil, muito difícil quando vocês foram mas, eu tive tanta sorte. Logo fui adotado, e ganhei uma mãe superprotetora e um pouco ciumenta, e um pai mais maluco ainda. Mãe, pai, se eu tivesse que sentar aqui e contar tudo o quê vivi nesses últimos trinta e quatro anos, nós poderíamos escrever um livro só disso. Começou com um bilionário e uma jornalista me adotando, depois o menininho de vocês se meteu num mundo que era grande demais para ele. Eu ganhei muita coisa nesse mundo, mãe e pai. Ganhei amigos, irmãos, minha esposa e filhas, mas eu não nego que esse mundo não foi bom para mim, não depois do jeito que eu fiquei, da loucura que consumiu o filho de vocês, mas isso já passou. Tudo aquilo de ruim já passou, mãe e pai, todos aqueles más sentimentos foram embora, e hoje eu finalmente posso dizer isso. Posso dizer que vou levantar de manhã e vou me lembrar de vocês, mas vou sorrir ao lembrar de vocês. Vou contar a minhas filhas de tudo o quê vivemos e vou rir daquilo porque, tudo aquilo de ruim que havia, passou. Eu tenho uma vida agora, mãe e pai, eu tenho uma vida para viver, uma história, uma grande história para contar e ainda escrever, pois sei que haverá muito pela frente... E eu adoraria ficar aqui por mais tempo mas, eu tenho que ir a minha festa de aniversário, aproveitar minha família, e viver a minha vida. Obrigado, mãe e pai. Obrigado por me ajudarem a escrever minha história. 

Dick sorriu, com algumas poucas lágrimas no rosto, podendo imaginar a visão velhinha de seus pais dando um belo sorriso para ele. Se levantou, se despedindo mais uma vez deles e caminhando de volta até a Mansão, indo até sua festa, comemorar com seus pais, seu avô, seus irmãos, sua esposa, suas filhas, e mais toda aquela gente que estava lá para celebrá-lo. Dick finalmente sentia que agora, ele também poderia celebrar a si mesmo, a sua vida, que agora poderia caminhar para um final feliz. 

Durante a vida toda, Dick Grayson se perguntou se era um homem, ou um passarinho engaiolado, e hoje, ele podia responder aquela pergunta. Ele era Dick Grayson, o garoto com nome de passarinho que voou dentro de sua própria gaiola a vida toda, mas que agora, tinha liberdade para voar até os céus. Ele era um passarinho livre, Dick era um passarinho livre, e que ainda iria escrever muitas histórias lindas até o final de sua vida.

Quando eu tinha sete anos, minha mãe me disse.

Eu irei, mas a sua vida será linda.

Quando eu tinha sete anos.

Quando Dick Grayson tinha sete anos.


 

Fim.


Notas Finais


então amigos, chegamos ao fim. essa história foi muito importante pra mim por vários motivos; por me ajudar a melhorar minha escrita, a organizar oq eu realmente queria na história, e principalmente, por me fazer ver que eu realmente amo escrever e pra continuar seguindo com essa paixão, eu vou precisar fazer algumas mudanças.

pra quem me acompanha sabe que eu estou aqui no site já há 5 anos. comecei escrevendo sobre Jovens Titãs mas logo fui me tornando fã de outras áreas da DC e passei a escrever sobre elas, mas conforme eu ia tomando mais gosto por escrita, as coisas aqui no site pareceram começar a derrapar. colegas muito queridos que eu tinha aqui saíram do site por N motivos, mas a maioria foi pelo grande vazio que aqui está se tornando. a falta de divulgação das histórias pros seguidores e consequentemente, a falta de respeito com os autores que se dedicam muito para fazerem boas histórias, mas acabam sendo boicotados pela própria plataforma.

isso aconteceu comigo, o número de favoritos que essa história tinha não batia com as visualizações e isso me deixava muito triste, afinal, me esforcei pra escrever essa história, porém eu não podia ficar todo dia no site a divulgando pois tenho minhas responsabilidades do dia-a-dia. por isso resolvi sair do site. meu perfil continuará aqui com as histórias porém, seguirei postando em outros dois sites. o laranjinha, e outro chamado AO3, o site de fanfics dos gringos. escrever realmente é minha paixão e não vou parar por conta de um bug do site, e espero que entendam isso.

por isso quero agradecer à todos que chegaram aqui. vcs são muito importantes e me motivaram a continuar com a história 💜 porém, tudo uma hora vai embora, e essa é a vez dessa história, e da minha.

meus perfis no laranjinha são @_xchwaystgirl e no AO3 é @4xuria, para quem quiser seguir.

obrigada por tudo, e até mais ❤️‍🩹


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