Era por volta das 5h da tarde quando Eddie chegou em casa e viu a luz da secretária eletrônica piscando. Chamou por Lilly e notou que ela não estava em casa e achou estranho. Sentou-se no sofá, levou as mãos a cabeça e parecia estar angustiado. Olhou novamente a luz da secretária eletrônica e resolveu ouvir:
Eddie, eu liguei para confirmar se vinha me buscar, mas acho que você deve ter saído de casa. Vou te esperar na frente da Assembleia Legislativa junto a zeladoria. Eu estou muito feliz! Tenho uma baita novidade pra te contar quando formos comemorar os dois anos que nos conhecemos. Bom, quando você chegar aqui te conto. Te amo!
- Puta que pariu!!!! Porra!!! Esqueci da Lilly!!! E agora, mais essa, caralho!!! Aaaaahhhh, péssimo dia pra você, Eddie! Péssimo dia! Ela deve estar enlouquecida comigo, mas... e agora? O que é que eu faço??? Ela não deve estar mais lá me esperando... Será que ela ligou para mais alguém ir buscá-la... ? Ah, mas que droga!!!
O rapaz se debatia, socava a parede e às vezes, a própria cabeça se condenando pelo ato imaginando o quanto Lilly estaria possessa de raiva com ele.
Eddie ligou para Chris, Susan e só quando falou com Stone soube que ela o havia procurado devido a sua demora em aparecer para buscá-la. Ele resolveu não sair de casa quando Stone lhe revelou que ela viria de ônibus. Ligou na rodoviária e procurou saber todos os horários de ônibus que sairia de Olympia com destino a Seattle e viu que o último chegaria logo mais as 7h da noite.
As horas foram passando e Eddie ficou pensando no que fazer e no que dizer quando Lilly chegasse em casa furiosa com ele. Ele mesmo havia planejado aquele dia para estar com ela em comemoração ao dia que se conheceram, e agora ele próprio havia estragado tudo com seu esquecimento. Como iria encarar a noiva e dizer que se esquecera dela em um dia importante para os dois? Não saberia como fazer isso e procurou aconselhar-se. Ligou pro pai em Detroit:
- Como é que é, Eddie??? Você simplesmente esqueceu que ficou de buscar a Lilly em Olympia??? Filho, me perdoe, mas isso não tem defesa nenhuma. Como assim esqueceu se você mesmo planejou esse dia com ela? Onde você estava???
- Eu estava com a Beth, pai, ela precisava de mim...
- Meu filho, a Beth de novo??? Você já deu outra mancada com a Lilly por conta da Beth. Esqueceu do que fez no dia do seu aniversário???
- Pai, me escuta... eu disse que a Beth precisava de mim!
- A Beth tem o Stone que mora do lado da casa dela para o caso de uma emergência, filho. Sua noiva é a Lilly!
- Eu sei, pai, eu sei... mas é que realmente, somente eu poderia ajudar a Beth naquele momento. Foi algo inesperado que me tirou de tempo e eu fiquei tão absorto que acabei esquecendo que ia buscar a Lilly. Eu juro que não foi proposital, eu não faria uma coisa dessas com ela. Eu amo a Lilly, pai, você sabe disso...
- Acho que terá que repetir isso mais vezes para você mesmo, Eddie. É a você que terá que provar que ama a Lilly, porque se tentar provar a ela, depois de hoje, não sei se irá convencê-la. Eu sinto muito, meu filho. Você está de alguma forma confuso entre a Lilly e a Beth?
- Claro que não! É a Lilly que eu amo e quero me casar.
- Então, como você explica suas atitudes magoando a minha filha e sempre por causa da Beth??? Eddie, não acha ao menos que deveria assumir que está confuso???
- Não é nada disso, pai! Olha, eu vou te explicar tudo que aconteceu e tenho certeza de que vai me entender.
- Sou todo ouvidos!
Eddie conta tudo que houve durante o dia para justificar ter se esquecido Lilly.
- Entendeu agora?? Eu não tenho razão?
- Eddie, eu entendi... Só não sei se depois de tudo, Lilly vai entender. Ou se, ao menos, ela vai querer te escutar. Eu só posso te desejar sorte, meu filho, porque não sei se o amor de vocês vai resistir a mais essa. Eu disse que não queria mais ver minha filha sofrer, não disse? Eddie, vai me perdoar, meu filho.... Mas, essa de hoje foi duro demais pra ela!
Perto das 9h da noite, Eddie ainda ligava para todos os amigos para saber da garota e não sabia mais o que fazer. Nesse mesmo tempo, Lilly encostou a casa vindo de carona com Zach que muito gentilmente a trouxe para casa:
- Quer que eu entre com você, Lilly?
- Não, Zach, você já fez demais me trazendo pra Seattle a essa hora da noite.
- Me desculpe não ter te trazido antes como você queria, mas você estava muito nervosa, e fora que acabou tendo febre por causa da chuva que tomou..
- Minha febre nem é por isso, Zach, mas deixa pra lá... Eu agradeço por tão gentilmente ter se preocupado comigo. Você nem me conhece e me tratou melhor do que meu noivo que simplesmente esqueceu o compromisso que tinha comigo.
- Calma, Lilly... Você ainda não sabe o que houve, de repente, ele teve um problema sério e...
- Problema sério??? Se esqueceu que liguei na casa da ex e ele atendeu prontamente o telefone??? A voz dele não era de quem tinha um problema sério...
- Não acha que se você tivesse se identificado ao invés de ficar muda, ele teria se explicado e talvez você não tivesse ficado nervosa?
- Homens sempre se defendem, não é? Zach, por favor, você nem o conhece...
- Por isso, estou tentando não julgá-lo, Lilly... Pelo que você me contou, a situação dele é bem complicada com relação a gravidez da ex namorada. Ele se apegou a ideia de ser pai e está dividido entre você e o bebê...
- Eu não acho mais que ele esteja dividido, Zach... Acho que ele já fez uma escolha... E e eu não posso disputar a atenção do meu noivo com o filho dele, eu estaria sendo desumana até. Eu achei que poderia, mas... Bom, eu vou entrar. As luzes estão acesas, o que indica que Eddie está em casa, pelo menos é o que eu acho...
- Lilly... eu vou me hospedar no Ritz. Vou deixar o recado na recepção que passem imediatamente a sua ligação, caso você ligue. Se precisar de mim, me ligue imediatamente, por favor. Posso confiar que vai ficar tudo bem?
- Se está preocupado que Eddie seja violento, saiba que é mais fácil eu trucidá-lo hoje...
- Não duvido... se ele te visse há algumas horas atrás não sobraria um pedacinho dele pra contar história. Mas, vai por mim, Lilly... agora que você está mais calma vai conversar com ele melhor e, faça como das outras vezes em que você sempre deu a ele a oportunidade de falar antes de discutirem.
- Zach... a Lilly que vai entrar por aquela porta agora nem de longe está afim de ser compreensiva. Eu cansei de ser compreensiva.... Eu cansei! Agora é minha vez de ser compreendida! Obrigada mais uma vez!
Lilly desce do carro e encaminha-se devagar para dentro de casa. Ao adentrar, encontra Eddie sentado no sofá com os joelhos flexionados e a cabeça entre eles tendo os braços de apoio. Ao ouvir os passos da garota que jogou sua bolsa e uma sacola com suas roupas molhadas ao chão, Eddie imediatamente se levantou e foi até ela querendo tocá-la, mas Lilly não permitiu:
- Amor, até que enfim, eu.... Eu fui até a rodoviária te buscar no último ônibus e não te vi... Fiquei feito uma barata tonta indo e vindo pelas ruas de Seattle te procurando... - a fala do rapaz pausou diante do sorriso anasalado em tom irônico que Lilly deu.
Eddie ficou em silêncio e a fitou procurando as palavras que deveria falar.
- O ... o que tem nessa sacola? Você fez compras?
- Não! Nessa sacola tem as minhas roupas encharcadas pela chuva forte que caiu em Olympia enquanto eu estava te esperando. Se não fosse uma mão amiga me dar uma ajuda, eu talvez ainda estivesse tentando me secar visto que o lugar onde eu estava, não tinha sequer um abrigo pra chuva. - disse reta e seca.
- Amor, por favor, me perdoa...Olha, eu tenho uma explicação pra isso e quando eu te contar, você vai entender, eu tenho certeza que vai...
- Vai me dizer que estava com a Beth e se esqueceu do compromisso que tinha comigo?
- Como sabe que estive com ela?
- Primeiro, porque ultimamente ela tem sido a única pessoa que tem promovido esse tipo de situação entre nós e, segundo que fui eu quem ligou na casa dela quando você atendeu. A tal pessoa que ficou muda e você mandou procurar o que fazer ao invés de perturbá-los.
- E-era você????
- Era eu! - arqueou as sobrancelhas.
- Amor, por que não falou que era você??? Eu teria...
- Se lembrado que eu existo?
- Lilly, assim não vamos chegar a lugar nenhum... apenas me deixe explicar, por favor. Eu tenho certeza de que vai entender...
Eddie insistia para ser ouvido, mas Lilly dirigiu-se as escadas o ignorando completamente. O rapaz continuou atrás dela e antes de explicar do começo foi direto ao ponto:
- O meu filho corre risco de vida!!!
Lilly parou no quinto degrau e permaneceu de costas esperando que Eddie terminasse. O rapaz subiu alguns degraus, ficando apenas dois atrás dela e continuou falando:
- Você se lembra que eu te falei que a Beth ia fazer um exame hoje??? Era sobre isso, ela me ligou contando que o exame constatou que o nosso filho apresentou um problema cardíaco....
A expressão 'nosso filho' fez Lilly apertar os olhos exprimindo a dor que não podia manifestar em voz.
- O... o bebê vai ter que passar por uma cirurgia delicada assim que nascer e estão cogitando até adiantar o parto. Eles não querem fazer isso agora porque a Beth está com anemia e o bebê precisa se desenvolver um pouco mais. Ela vai ter que ter o dobro de cuidados agora... Entendeu, amor? Quando você ligou, eu estava na casa da Beth, e ela estava me contando tudo, foi isso!
Lilly permaneceu como estava e sua dor que era grande agora estava gigantesca e ela não conseguiu conter as lágrimas.
- Amor, fala comigo! Fala alguma coisa. Você ouviu o que eu disse?
- Ouvi! - disse já em voz chorosa.
Eddie percebendo tocou em seu braço, mas mais uma vez ela não permitiu que ele a tocasse.
- Lilly, eu não fiz de propósito... Eu fiquei em choque quando a Beth me disse, ela começou a chorar preocupada e eu tentei ajudá-la para que não ficasse nervosa, só isso... Aí, minha cabeça estava tão confusa que...
- Estava tão confuso que você acabou se esquecendo do nosso compromisso! Se esqueceu que ficou de me buscar em Olympia como também se esqueceu da comemoração que faríamos hoje. Comemoraríamos dois anos que entrei por aquela mesma porta bem mais feliz do que eu gostaria de estar hoje!
Eddie se frustra ao ver que Lilly parecia não querer compreendê-lo.
- Amor, eu vou te explicar, olha... o bebê da Beth....
- Eddie, eu entendi... - Lilly enfim vira de frente pra ele. - Eu entendi tudo e acho que entendi até melhor do que você mesmo..
- Amor, o que quer dizer?
- Eu entendi que você está feliz de que vai ser pai de um menino... entendi que você gostaria de acompanhar a gravidez da Beth mais do que você já tem feito e entendi também o quanto você está preocupado com ele e com a mãe pelo diagnóstico que foi dado. Entendo que isso seja sua prioridade agora...
- Não é que seja minha prioridade, Lilly...
- Eddie, eu não estou te condenando por isso. Acompanhar a gravidez da Beth e o desenvolvimento do seu filho é um direito seu, eu não posso te condenar por isso. Eu... eu sequer acho que tenho o direito de ficar zangada com você, mas o fato é que você não percebeu que aos poucos eu deixei de ser quem eu era antes pra você...
- Isso não é verdade, Lilly! Eu continuo te amando igual...
- Eddie, eu não disse que você não me ama... apenas disse que as coisas mudaram e você tem outras prioridades agora que se você ver bem, eu não estou sequer em segundo lugar na sua vida. Eddie, você passou o dia inteiro praticamente sem falar comigo e se esqueceu de algo que tínhamos combinado há uma semana atrás e que falávamos o tempo todo! Até ontem você falava sobre seus planos pra hoje e como isso explica você ter esquecido de me buscar em Olympia??? Como você pôde se esquecer disso, Eddie???? Como quer me explicar que em momento algum do dia inteiro você se esqueceu que eu existo, porque foi exatamente isso o que aconteceu!!!
- Desculpa, amor... é que quando eu vi os exames e a Beth falando que o nosso filho não podia sobreviver eu... sei lá, eu saí de órbita...
- Nosso filho, meu Deus! É tão difícil ouvir isso!
- O que foi que disse?
- Eddie... desde que eu descobri a gravidez da Beth você já deu mancadas como essa outras vezes. Há um mês atrás no dia do seu aniversário, você se lembra do que aconteceu?
- Claro que eu lembro, e já te pedi desculpas...
- E também me prometeu que nada parecido aconteceria. Só esqueceu de dizer que poderia acontecer pior como foi hoje...
- Amor, eu estou tentando explicar, estou sendo sincero e...
- Se está sendo assim na gravidez, como vai ser quando o bebê nascer??? Como vai ser quando a Beth ligar dizendo que tem uma emergência ou pedindo ajuda, ou querendo levar a criança ao médico, sim, porque essas todas também são obrigações de um pai. Beth está sem nenhum parente por perto pra ajudá-la e como vai ser pra ela se virar sozinha??? Ainda mais se a criança vai nascer com as complicações que você me disse??
- Amor, claro que eu vou ter que ajudar mais vezes, mas vai ser só por um tempo...
- Quanto tempo??? Você não tem essa resposta, Eddie... E se essa criança passa mal no dia do nosso casamento que planejamos até o final do ano?
- Quanto a isso...
-O que é que tem?
- Err... bom, eu .... como eu disse, o bebê vai nascer com complicações e terá que passar por uma cirurgia delicada... Pelo que pesquisamos, é bem cara e...
- Teremos que adiar o casamento! Entendi....- a frustração de Lilly não poderia ser maior.
- Lilly, eu só preciso que você me apoie, só isso, meu amor... Eu preciso de você e...
- Eu também preciso de você, Eddie....Mas, o que está me pedindo é demais pra mim. Está me pedindo pra enfrentar situações semelhantes a essa e eu não quero mais passar pelo que eu passei hoje, Eddie, não quero...
- Eu não vou fazer mais isso...
- Ah, Eddie, sem promessas por favor... Olha....Eu achei que a gente poderia fazer isso dar certo, mas eu descobri que não consigo lidar. Você quer estar perto da Beth e do seu filho e tem todo direito disso, eu não posso exigir nada contrário de você. Eu entrei nesse barco sabendo as condições e percebi que estamos remando para lugares opostos. Onde eu quero ir agora é diferente do lugar pra onde você definitivamente vai....
- Não, não é... A gente se ama e quer ficar junto, Lilly... só estamos enfrentando uma fase difícil e complicada, mas nosso amor continua o mesmo.
- Nosso amor está passando por uma prova, Eddie... E eu não fui aprovada! Eu achei que sei lá, achei que seria diferente... Eu não imaginei que veria você fazendo carinho na barriga da Beth e nem imaginei o quanto você poderia se envolver emocionalmente nisso. E, mais uma vez, entenda que eu não estou te condenando por querer essas coisas... Mas, é mais do que eu posso suportar... Você simplesmente.... esqueceu de mim por conta disso e, eu não vou conseguir aturar algo parecido, entende? Por favor, não me condene também, mas...
- Amor, olha...
- Me deixa terminar, Eddie.... Eu sinto muito se pareço egoísta de alguma forma... Eu cheguei aqui ainda com muita raiva de você, mas não pude deixar de sentir quando você me contou a situação do bebê e...isso só me mostra que daqui pra frente, situações como a de hoje vão ocorrer com cada vez mais frequência e eu não vou ter o mínimo direito de me chatear... Só que eu não sou de ferro, Eddie. Eu ... eu também não consigo não sentir vontade de estar no lugar dela e quando lembro que já estive uma vez, isso me dói ainda mais.... Será que entende o quanto tudo isso me machuca??? Ainda mais quando você me esquece como ocorreu hoje?
- Lilly, o que eu posso fazer pra você não se sentir assim e entender que o que eu sinto por você nada tem a ver com a Beth?
- Será mesmo?? Será que tudo isso é só por causa do seu filho? Já parou pra pensar nisso?
Eddie fica sem resposta, o que já basta pra Lilly.
- Não, não é? Deveria ao menos admitir que está confuso com relação aos seus sentimentos...
- Eu amo você, Lilly...
- Eu sei... mas, o que você mais ama no momento... está com a Beth, não comigo. Eu... até entendo você estar se sentindo confuso. Já disse que não te condeno, mas... eu não gosto de me sentir insegura ou em segundo plano, sabe? E não posso te condenar por me colocar em segundo plano num momento como esse...
- Lilly... eu confesso que eu estou confuso com toda essa situação. Pra mim um mundo perfeito seria se esse bebê estivesse sendo gerado na sua barriga, mas as coisas não aconteceram assim. Eu me preocupo com a Beth, temo pela saúde dela e do meu filho. Sim, eu me apeguei a ideia de ser pai, como nunca imaginei que pudesse.... E eu faço mil planos na minha cabeça pra quando esse moleque nascer... Eu faço planos com ele e não com a Beth... Claro que eu me surpreendi comigo mesmo quando achei legal o lance de sentir a barriga dela mexer ou acompanhá-la em um exame e ouvir as batidas do coração de um ser minúsculo que nem estava formado direito ainda... Eu fui pego de surpresa com essa situação e daria de tudo pra estar passando isso com você. Acredite ou não, é isso que me frustra e me deixa confuso. Eu fico pensando como vai ser quando ele nascer... Eu não vou estar acordando de madrugada ouvindo o chorinho do meu filho, ajudando a trocar fralda ou acalentando quando ele quiser colo. E eu sei que nesse caso, eu não poderei ter tudo porque... ou eu tenho você que eu amo demais ou eu tenho ele que eu aprendi a amar de uns tempos pra cá...
- Você não pode ficar entre mim e seu filho, Eddie. Isso não é justo! Ele não pediu pra nascer... E eu não vou suportar ficar no meio disso... Nós tentamos, meu amor, mas.... nós não conseguimos. Acho que... a Beth e o seu filho... precisam mais de você agora do que eu...
- Lilly, não... Não diz que vai me deixar, por favor... Diz que você me entende...
- Claro que eu te entendo.. E é justamente porque eu te entendo que vou deixar você.... livre.... pra organizar melhor a sua vida e.... fazer o que tem que fazer, entendeu?
- Lilly, está me dizendo que vai me deixar??? Lilly, você está terminando comigo???
- Eu disse que estou deixando você livre pra organizar melhor essa confusão que está na sua cabeça e no seu coração, Eddie. E faço isso porque eu não vou de modo algum fazer você ficar entre mim e o seu filho. Isso não!
- Meu amor, vamos fazer assim... Me diz o que você quer que eu faça, hum? Quem sabe você pode me ajudar, você sempre foi mais madura e mais forte do que eu...
- Aí que você se engana porque essa situação veio justamente pra me mostrar que eu não sou nem forte e nem madura. Você quer saber o que eu realmente quero? Quero você pra mim! Só pra mim! Isso te parece uma atitude de uma pessoa madura e forte? Não, não é? E você teria toda razão em pensar assim. Se eu te pedisse algo assim, eu estaria te colocando pra escolher entre seu filho e eu. E isso seria no mínimo desumano. Eddie, faça o que você tiver que fazer e a mim só resta entender porque querendo ou não, chegamos ao ponto que eu estou sobrando nessa história...
- Não, não está! Você é minha vida, dona do meu coração, meu amor...
- Eu não sou a única dona do seu coração, Eddie.... Seu filho também é e....acho que ele precisa de você mais do que eu agora. Tenho certeza de que a Beth vai precisar de alguém que a ajude na reta final da gravidez e também quando o bebê nascer. E esse alguém só pode ser você,...
- E eu preciso de você, Lilly....
- Você tem meu apoio.... Mas, não como sua noiva porque isso eu não vou suportar mais depois do que houve hoje. Não dá, Eddie! Não peça isso pra mim, por favor!
Ambos ficaram um bom tempo sem palavras e apenas soluços de choro sentido faziam algum barulho naquelas escadas. Lilly sentada em um degrau e Eddie alguns degraus abaixo. Estão aos prantos e tentando ser racionais ao mesmo tempo. A situação era insustentável e o fato era que tanto Eddie quanto Lilly não tinham outras opções.
- Olha, Eddie, eu... bom, dentre tantas coisas que foram decididas na reunião de hoje eu viajo semana que vem para New York. A nossa ONG vai ter uma filial na Big Apple e eu vou passar uns dias dando as coordenadas e o Fred vai tomar conta de tudo quando eu voltar! Ao menos, assim como você, vou estar dando um tempo pra mim mesma focada no trabalho.
- Está me dizendo que não vai comigo pra Europa?
- Nem pra Europa, nem pra lugar nenhum como sua noiva... Ao menos até... sei lá, eu também não sei se teremos volta. De repente, você decide ficar com a Beth e..
- É você que eu amo... Quantas vezes quer que eu repita isso?
- Nenhuma! Eu prefiro que não repita porque dói ainda mais... Agora, por favor, entenda que não estou te abandonando Eddie... Até porque eu me senti abandonada primeiro...
- Lilly, eu vou pra Europa e não existe a mínima possibilidade de eu levar a Beth comigo. A grana que eu estava guardando pro nosso casamento é justamente pra pagar uma enfermeira pra Beth e os custo da cirurgia do bebê quando ele nascer....
- Eu sei, eu entendi isso...
- Então, por que não vem comigo pra Europa?
- Curtirmos uma lua de mel e fingirmos que nada disso aconteceu, pra quando voltarmos começar tudo de novo? Quando você voltar provavelmente vai ser o período do nascimento do bebê e é onde você mais vai estar ao lado dela. E por mais que me diga que faz isso pelo bebê, realmente você não compreende o quanto ainda me machuca e o quanto eu não posso reclamar disso, não é? Eddie, você vai pra Los Angeles amanhã e eu estou me programando para ir a New York. Por que não aproveitamos esse momento sozinhos hum? Vamos organizar nossos pensamentos sem pressão, sem discussões e sem situações onde a minha imaturidade prevaleça sem te ajudar em nada, por favor...
Lilly concluiu suas palavras e seguiu ao quarto deixando Eddie não menos devastado e pensativo.
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