História Black And Green - Algumas Ocupações

- Maeve parecia mais tranquila agora fora do olhar de Lockhart. Draco havia ficado com seus amigos para discutirem algo, e ela saiu sozinha da sala. Em meio ao tumulto, ouviu Harry chamando-a.

        - Maeve! Espera!

        Virou-se dando um sorriso caloroso.

        Harry vinha de mãos dadas com Gina e logo atrás Rony e Hermione que vinha um tanto emburrada.

        - Como conseguiu fazer tudo aquilo? Achei o máximo! – Gina falou entusiasmada roubando a fala de Harry.

        - Treinamento um pouquinho mais pesado. – Brincou.

        - Maeve. – Falou Hermione parecendo constrangida. – Quero pedir desculpas pelo que houve na aula do professor Snape.

        - Ela não está acostumada a dividir a atenção do Morcegão das Masmorras com outra pessoa fora o Harry ou o Rony. – Gina piscou sorrindo largamente.

        - Ora, não chame ele assim, Gina. – Repreendeu suavemente a ruiva. – E Hermione, também peço desculpas. Não quero arranjar confusão com uma das alunas mais avançadas de Hogwarts.

        A castanha corou de prazer ao ver sua inteligência sendo reconhecida.

        - A propósito, estávamos vindo chama-la para ver o novo dragão que Hagrid conseguiu. – Rony sorriu tímido.

        - Hagrid? – Maeve perguntou sentindo que encontrara alguém que compartilhava sua paixão por dragões.

        - Sim, é o guarda caças da escola, nosso grande amigo. – Rony pareceu animado.

        - Posso ir com vocês então?

        - Claro. – Os quatro responderam em uníssono e saíram correndo para a cabana de Hagrid. Porém, não sem antes despistar Lockhart que ia saindo pomposo da sala que antes estava ocupada.

        ✥✥✥

        - Correram rapidamente pelo gramado um tanto quanto escuro, pois já era de noite. Mas diminuíram a velocidade ao perceber Snape e Dumbledore conversando com o gigante. No meio deles empoleirado em cima de uma tora de madeira, estava um dragão, pequenininho e esverdeado com algumas manchas laranjas.

        Assim que os quatro se aproximaram, os três viraram-se para ver quem chegava. E assim como eles, o dragão também se virou, mas voou indo parar na cabeça de Maeve, que sorriu amplamente.

        - Ora, quem é você pequena criança? – Retrucou olhando para cima, tentando enxergar o dragão que começava a responder com sons engraçados. – Murdoch? É um nome bonito.

        O dragão desceu indo parar no seu ombro, e mordeu sua orelha.

        - Ei, eu não sou sua comida. – O dragão olhou para ela com seus olhinhos esverdeados e fez alguns ruídos. – Eu sei que está com fome, mas eu não sou comida para você. Aliás, – pegou ele colocando-o em cima do seu braço. – Comer humanos não é de todo mal, mas não recomendaria para você neste tamanho. Tenho certeza que Hagrid lhe alimentará.

        Ela caminhou e entregou o dragão nas mãos enormes e grossas de Hagrid que assim como todos presentes pareciam assustados e curiosos.

        - Você fala com dragões? – Hagrid estanhou uma Sonserina ali com os meninos dele, mas no fundo havia gostado dela assim que o dragão havia pousado em sua cabeça alguns minutos antes.

        - Sim. Tive que aprender. O dragão da minha família, é um tanto quanto... rabugento. – Sorriu. – Harry me contou que você não tem o aval do Ministério da Magia, mas como minha família tem certo prestígio posso ajudá-lo a cuidar deste pequeno, se não se importar. Eu vejo que você gosta muito dele.

        - Faria isso? – Agora sim Hagrid parecia chocado.

        - Claro. – Cutucou Murdoch que mordeu seu dedo. – Aí, tenha calma, não sou petisquinho. – Espero que não se importe diretor. – Virou-se para Dumbledore que sorria.

        - Claro que não. Estávamos aqui discutindo como faríamos para mandar Murdoch para a Romênia, mas já que a senhorita se dispôs não precisamos mais nos preocupar.

        - Mas, Dumbledore, esse dragão pode nos causar problemas futuros. – Snape retaliou.

        - Creio que sua casa tem uma garota habilidosa e experiente com essas criaturas. Acalme-se, Severo. – Dumbledore piscou para os meninos e saiu.

        Severo no fundo estava realmente muito impressionado com o que àquela garota fazia, mas não iria deixar aquele fato passar despercebido, nem que os Grifinórios achassem que ele iria deixa-la impune. Mesmo sabendo que no fundo sua punição a agradaria.

        - Senhorita Maeve, me acompanhe.

        Maeve engoliu em seco.

        - Snape, não pegue pesado com a garota, está apenas querendo ajudar. – Hagrid intercedeu por ela, temendo o castigo.

        - Quem decide isso sou eu, Hagrid. – Respondeu ríspido dando meia volta fazendo com que sua capa esvoaçasse com o movimento.

        - Se não quiser se encrencar não precisa fazer isso, Maeve. – Hagrid falou em tom preocupado.

        - Não se preocupe, Hagrid, sei o quanto ama dragões, irei ajuda-lo para que não aconteça a mesma coisa que aconteceu com o coitado do Norberto. Até mais pessoas. – Acenou e saiu correndo atrás do rastro daquela capa negra ao longe.

✥✥✥

        - Maeve tinha o coração pulando no peito. Snape a havia feito ficar em detenção com ele na sala de poções durante uma semana.

        “- Tenho plenas razões para puni-la por estar ajudando a quebrar as regras impostas, principalmente por ser da minha casa. Em segundo lugar quero que tome cuidado com aqueles arruaceiros, estão sempre arrumando confusões. E terceiro e último, estará em detenção por uma semana comigo a partir de hoje as dez horas. Veremos o quanto seu conhecimento lhe ajudará no preparo das poções. ”

        Sua voz rouca e pausada ainda ressoava em sua cabeça. Entretanto não apenas isso, a visão dele a meia luz momentos antes lhe parecia deveras atrativa.

        - Eu devo estar enlouquecendo. – Murmurou descendo feito uma louca para o dormitório da Sonserina. Já passava das nove, e se não se apressasse provavelmente ficaria um mês em detenção.

        Tomou um banho rapidamente, vestiu suas roupas íntimas, e tratou de vestir uma calça jeans preta que se ajustava perfeitamente em suas pernas e uma camisa de manga longa verde escura. Enrolou as mangas até a altura dos cotovelos e abotoou os botões deixando os três primeiros soltos, o que dava uma visão livre do início do seu colo e do pingente em forma de asa de corvo que brilhava. Calçou suas botas de cano longo, penteou o cabelo e colocando perfume saiu correndo dando rápidas conferidas no relógio em seu bolso.

        Faltavam apenas dez minutos. Ela achou a sala de Snape sem problemas. Abriu a porta e entrou, a iluminação era mínima, mas isso não a impedia de conferir as horas corretamente. Cinco minutos adiantada. Ao recolocar distraidamente o relógio novamente em seu bolso não percebeu a capa negra farfalhando no chão.

        - Chegou um tanto quanto cedo.

        Maeve quase deu um pulinho de susto, todavia disfarçou bem como sempre fazia.

        - Não gosto de me atrasar.

        - Presumo que faz isso em todas as aulas. – Ele passou por ela inundando o ar com o seu cheiro amadeirado com algumas notas cítricas. Começou a separar os caldeirões e ingredientes para que as poções começassem a serem feitas.

        - Quase todas. – Maeve caminhou até onde ele estava ficando a alguns passos longe dele esperando que ele retrucasse como sempre fazia.

        - Quase? – Ele virou-se lançando um olhar inquisidor para Maeve.

        - Sim. – Ela não parecia nem se sentia ameaçada ou amedrontada com aqueles olhares. – As aulas do professor Lockhart são tão chatas que as vezes eu fico pensando se faria mal não comparecer.

        O moreno sorriu imperceptivelmente, e entregou a Maeve a lista de poções. Ela entendeu, e lendo o que necessitava ser feito começou a trabalhar sem resmungar ou falar nada. Polissuco, Veritaserum, Felix Felicis, Poção do Morto-vivo, Wiggenweld e Amortentia. Essa última Maeve nunca havia feito na vida, mas não se preocupou com ela. Começou o preparo das outras simultaneamente com uma destreza e agilidade dignas de uma mestra com vários e vários anos de experiência.

        Snape apenas observava sentando em uma das bancadas preparando as poções que havia separado para ele e que eram de fato bem mais complexas. Havia subestimado a garota ao achar que ela não saberia como lidar com várias daquelas poções. Entretanto o que mais o deixava intrigado naquele momento, era o silêncio dela ao fazer tudo. Nada mais se ouvia a não ser sua mão cortando raízes ou mexendo os caldeirões o que aos poucos o deixava inquieto. Amaldiçoava o desejo que tinha de que ela o pedisse ajuda ou mostrasse de alguma forma que não sabia algo. Entretanto, depois de algum tempo tentando trabalhar e ignorar o que seu inconsciente queria, Maeve finalmente chegou a Amortentia.

        - Professor? – Chamou tranquila.

        - Sim? – O moreno agradecia e amaldiçoava-se internamente por aquela voz finalmente voltar a ressoar.

        - Amortentia.

        Ele levantou uma das sobrancelhas aparentando estar um tanto quanto perplexo. Caminhou até onde Maeve estava em pé, e colocando os ingredientes necessários em volta do cadeirão, posicionou-se atrás dela ficando a poucos centímetros dela. Bastava apenas um movimento para trás e as costas de Maeve bateriam em seu peito.

        - Estou impressionado com você. – Ele começou com suas pausas. – Achei que saberia fazer esta poção. É a mais fácil entre todas.

        - Desculpe-me professor, mas eu nunca fiz essa.

        Ela ouviu um suspiro atrás de si, pensou que talvez pudesse ser de frustração, mas tão logo pensou, percebeu que não era. Snape acabou com a mínima distância entre eles, e colocando a mão na cintura de Maeve, começou a falar o que ela deveria fazer. Ela seguiu suas instruções com a extrema disciplina com que fazia tudo, apesar de que sentia o calor que seu corpo emanava em resposta ao toque frio do moreno.

        Snape por sua vez teve que se concentrar no que estava dizendo várias vezes. O cheiro de Maeve era adocicado demais, parecia uma mistura de várias flores com frutas, por vezes chegou a achar que em meio aquele cheiro havia canela, e algo que o lembrava muito quando era garoto. Observava as mãos pequenas e pálidas trabalhando incansáveis com o queixo quase tocando o ombro dela. Sentiu a mão de Maeve em cima da sua que estava em sua cintura. Quente.

        Ela em um movimento um tanto ousado, retirou uma mexa do cabelo do moreno que teimava em cair sobre seu rosto e colocou-a atrás da orelha. Um sorriso mínimo apareceu no rosto dela. Ele parecia atônito.

        Snape passou alguns segundos guardando o cheiro de Maeve e sentindo aquele calor diferente, mas ao voltar a realidade e ver que as poções estavam em parte prontas, a dispensou um pouco mais rouco do que o normal, ficando só, com sua cabeça revirando entre maldições e pensamentos fora de ordem.