- Quem é o responsável por Carina Dorea Black? – Um enfermeiro entrou na recepção com um prontuário nas mãos.
- Eu sou! – Assim que eu fiquei de pé pude ver Dorian falar ao mesmo tempo se levantando.
- Então... O enfermeiro disse tenso olhando a mim e ao Dorian nos encararmos como se fossemos nos matar, o que iríamos.
- Sou eu. – Nico disse empurrando nossos rostos com a mão fazendo o resto do hospital o encarar como louco.
- Enfim só queria dizer que a cirurgia foi um sucesso e que já podem visitar a paciente. – O homem disse a Nico, que apesar de ter uns treze anos era bem maduro para sua idade. – Só teremos uma restrição de silencio, já que a paciente parece ter tido muitos abalos emocionais e que temos outros pacientes no corredor.
- O que quer dizer com isso? – Dorian disse erguendo uma sobrancelha.
- Quer dizer que os dois idiotas terão que parar de se estapear a cada palavra e calarem as bocas. – Hazel disse autoritária demais pra alguém dos anos 40.
- Sim senhora. – Dorian rolou os olhos.
- Eu já entendi não me olhe assim. – Eu disse sobre o olhar desafiador da garota de 1,63 de altura.
- Posso deixar os 5 entrarem de uma vez se prometerem fazer silencio, mas o tempo de visita é só uma hora. – O enfermeiro coçou a nuca.
- Quando ela recebe alta? – Eu perguntei.
- Eu não tenho certeza, vou ser franco. – Ele disse baixo dando um passo para trás e batendo as costas em Tara. – Doutora!
- Já entendi, pode ir. – Ela colocou a mão em seu ombro o cara praticamente correu. – Vocês já podem ir vê-la no quarto 210, mas preciso falar com você Ayd.
- Podem ir à frente. – Eles hesitaram, mas seguiram sem dizer nada. – O que foi Tara? – Eu perguntei assim que chegamos à cafeteria do hospital.
- Vou falar isso pra você Ayd, por que é como um irmão pra mim. – O que quer que ela fosse me dizer não era bom. – Não era para essa garota ter sobrevivido. – Suas palavras foram como uma adaga. – Em todos esses anos eu nunca vi alguém sobreviver a uma cirurgia no estado em que ela estava, nem mesmo um semideus ou um bruxo. Ela acordou no meio da cirurgia e do jeito que você a trouxe ela nem mesmo conseguiria chegar aqui viva.
- O que esta querendo dizer Tara?!
- Eu quero dizer que ninguém consegue sobreviver a todas as dozes que morfina que tivemos que da a ela e ainda conseguir acordar no meio de uma cirurgia. – Ela revidou em um sussurro cortante. – Qualquer coisa por qual aquela menina tenha passado não foi bom e tenho certeza de que foi traumatizante e tenho certeza de que...
- Fale logo Tara! – Eu não aguentava mais isso.
- De que ela tentou se matar Ayd! – Ela disse chamando um pouco de atenção, mas logo as pessoas desviaram o olhar. – Ela teve um corte logo abaixo das costelas, feito por uma espada e pelos cortes que estavam na palma de sua mão, tenho certeza de que ela mesma o fez. – Não consigo imaginar pelo que ela tenha passado a ponto de querer se matar. – Foi realmente uma surpresa ela ter sobrevivido e sendo sincera acho que nem mesmo ela acreditava nisso, já que ela chamava por Thanatos.
- Thanatos veio aqui... – Isso fazia ainda mais sentido. – Dorian impediu de que ele a levasse.
- Ela disse algumas coisas durante a cirurgia. – Tara disse me olhando nos olhos. – Ela tinha dito que você era o melhor amigo dela. – Isso era uma verdade inquestionável. – Que nunca tinha sido invisível pra você e que o amava, ela também havia dito que o seu ultimo desejo era ver você.
- Por que esta me dizendo isso Tara? – Aquelas palavras doíam.
- Por que me importo com você e você se importa com ela. Seja lá por que ela tenha feito o que fez eu não acho certo de que a obrigarmos ela a conviver com essa dor. Ela já passou por coisa demais e duvido de que algum psicólogo possa ajuda-la. – Tara estava séria e era difícil ouvir que ela tinha a dizer. – Ela fisicamente esta se curando rápido, mas suas emoções estão loucas, sugiro que não a deixe sozinha em nenhum momento se puder. Para ser sincera eu acho que de você que ela precisa.
- Eu nunca a deixaria sozinha Tara, nunca consegui e não será agora que vou fazer isso. – Eu disse tão sério quanto ela. – Eu realmente amo ela até a fibra dos meus ossos.
- Tenho certeza disso. – Ela me deu um sorriso fraco. – Vá lá vê-la.
Eu acenei com a cabeça e quase corri até o quarto dela. Fazia meses que eu não a via, fazia meses que eu sentia sua falta, meses em que eu só pensava nela e fazia horas que eu estava na recepção esperando por noticias sua, horas tão angustiantes quanto os meses em que eu passei sem ela. Tudo o que eu queria era que ela estivesse bem, que estivesse em meus braços. Tudo o que eu queria fazer era conseguir protegê-la, conseguir a fazer feliz outra vez, conseguir dizer que eu a amo.
- Ela ainda esta dormindo. – Nico disse baixo quando eu entrei no quarto. – Os médicos dizem que pode ser exaustão, mas que em breve ela vai acordar.
Eu só mexi a cabeça e fui direto para o leito em sua cama. Eu nunca neguei que a achava linda e isso era algo que ninguém podia questionar, mas sua beleza era de paralisar qualquer um. Ela agora estava limpa, mesmo com a cânula em seu rosto ele continuava tão belo e delicado quanto antes. Seus lábios carnudos estavam pálidos como seu rosto, porem ainda era bem desenhados e belos que formavam o sorriso radiantemente tímido, as maças de seu rosto não estavam levemente coradas como sempre e estavam magras, seus enormes cílios que escondiam seus brilhantes olhos castanhos. Suas madeixas longas e castanhas agora continuavam bem penteados com sempre em volta de seu corpo, agora mais magro, mas ainda cheio de curvas. O cheiro de rosas doce infestava todo quarto e eu tinha certeza de que o cheiro vinha dela.
Eu segurei sua mão contra a minha e pude sentir meus olhos arderem, nem sequer tinha percebido que os outros já tinham deixado à sala, tudo o que eu queria era olha-la até que acordasse. Depois de anos eu finalmente me deixei sentir alguma coisa além de raiva e essa coisa foi o meu amor por ela, foi à emoção que despertou outras e agora eu chorava em silencio num quarto de hospital. Afrodite ou sequer as parcas foram justas conosco. Tudo o que tínhamos na vida além um do outro era sofrimento e quando nos deixávamos sentir algo real, isso acontecia.
- Me desculpe Nina. – Eu murmurei acariciando seu rosto. – Isso foi minha culpa, eu não deveria ter deixado você ir. Se eu pudesse realmente te proteger isso não teria acontecido. – Minhas lagrimas pingavam em seu rosto. – Tudo o que eu consigo fazer é amar você, eu não consigo imaginar a porcaria de um futuro sem você, nem mesmo quando tínhamos doze anos eu conseguia me imaginar sem você, Hogwarts sem você era uma tortura por que todos os minutos que passava eu ficava pensando em como você estava, se você estava bem ou se estivesse mal você fosse falar comigo. Quando você se cortava era o mesmo que passar laminas no meu coração e aquilo me doía, pra falar a verdade eu nem sei quando eu comecei a amar você. – Eu dei um riso sem graça. – Eu não protegia você porque te achava um fardo, por te achar pequena ou que não saberia se cuidar, eu protegia você por que eu te amava, por que eu te amo e sempre vou te amar, esse é o meu destino, amar você pelo resto da minha vida e eu duvido que eu possa continuar ela sem você.
Sua mão se apertou levemente contra a minha, e ela respirava mais fundo contra a cânula, mexendo levemente a cabeça. Seus longos cílios se abriram revelando a Iris castanha brilhante de lagrimas silenciosas e desesperadas, seus olhos percorreram o local como se procurasse algo.
- Ayd. – Sua voz disse fraca e rouca. – Ayd...
- Estou aqui, Nina. – Eu aproximei meu rosto do seu e apertei sua mão contra a minha pra que tivesse certeza de eu estava ali por ela.
- Onde eu estou?! – Ela disse com desespero em sua voz rouca. – Como eu consegui sair?!
- Fique calma Nina! – Eu tentei tranquiliza-la passando a mão em seu rosto. – Você esta no hospital, onde você esteve?
- Você não pode ser real... – Ela me olhou como se temesse que eu fosse desaparecer. – É tudo mais um truque cruel! – Ela começou a se afastar tentando se levantar. – Eu ainda estou nesse maldito lugar! – Ela chorava desesperada. – Estou ficando maluca, nem mesmo a morte adiantou!
- Nina olhe pra mim! – Eu segurei seus pulsos pra que ela me olhasse. – Eu pareço irreal pra você?! – Eu disse enquanto ela olhava em meus olhos. - Eu estou aqui e você esta aqui comigo, estão todos aqui, você esta segura junto conosco e eu não vou deixar você, entendeu?! – Eu beijei seus lábios a forçando manter a calma e acreditar que eu esta ali com ela.
- Eu sai... – Ela ainda arfava, mas ainda estava incerta. – Eu consegui sair daquele lugar. – Ela deitou sua cabeça em meu ombro enquanto eu abraçava suas costas. – Eu sai do Tártaro.
- Esta tudo bem agora, eu estou com você. – Eu disse mesmo surpreso do que ela havia acabado de me dizer. – Vai ficar tudo bem, meu amor.
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