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História Bleach: Almas Destinadas. - Conflito - História escrita por jillianbanks_ - Spirit Fanfics e Histórias
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História Bleach: Almas Destinadas. - Conflito


Escrita por: jillianbanks_

Notas do Autor


QUEM É VIVO SEMPRE APARECE AEEEE 😂😂😂❤
Vocês já sabem que a minha vida é uma bagunça né? Não preciso nem explicar por quê demorei, preciso? Me perdoem, pessoal ❤❤ não planejava demorar tanto pra postar, mas estava com bloqueio e sempre cheia com as coisas da escola, vestibular, casa e etc...Enfim, mas bateu a inspiração quando reli a fic uns dias atrás e voltei a escrever, e agora ainda não terminei de escrever tudo, mas já deram 10.000 palavras no app que uso e acho que é melhor separar e terminar em outro.
Isso ficou enorme, sem mais delongas, espero que gostem do capítulo e logo, logo posto a continuação! 😘
Música para ler: World Princess part.2--Grimes ❤

Capítulo 24 - Conflito


Fanfic / Fanfiction Bleach: Almas Destinadas. - Conflito

Narrador: on/off

Em Soul Society, reinava o silêncio e a eterna vigilância dos treze esquadrões. Era o meio da madrugada, com a lua azulada e as estrelas prateadas iluminando o céu e montando sombras fantasmagóricas, trazendo a melancolia para o coração de quem observava. No quinto esquadrão, poucos shinigamis estavam acordados; um ou outro faziam a ronda de segurança rotineira, cobrindo o turno dos seus colegas adormecidos. Mas a capitã Takahashi varava à noite, embebida de cansaço, porém com a determinação férrea de concluir toda a burocracia acumulada do esquadrão até o nascer do sol. Eram papéis e mais papéis que sugaram o seu tempo durante toda a semana à fio, mas, encorajada por um sentimento de redenção, Mina absteve-se de esquivar a papelada e mergulhou no trabalho árduo e maçante, até que faltassem os que estavam em sua mesa agora.

De súbito, uma batida ecoa na grande porta do quinto esquadrão. A capitã, no meio do processo de escrever mais um dos relatórios de progresso, não desviou o olhar de seu trabalho.

-Entre.—Mina ordena concentrada.

A porta se abre de forma relutante, revelando um tímido Hanatarou, corado de apreensão vendo a amiga tão séria em seu dever.

Ele estava preocupado com a shinigami, pois não a vira fazia dois dias, quando a encontrara ali, em seu escritório, na mesma posição e realizando a mesma tarefa, quase o dando um sentimento de dèja vú. Ficou sabendo por meio de Renji que a razão dela estar nessa situação era pela estado delicado em que Hinamori, sua tenente, se encontrava. O shinigami, cheio de uma genuína e altruísta generosidade, praticamente correra até ali para oferecer ajuda.

-T-taichou M-Mina-san! Me perdoe te atrapalhar! É uma má hora?—Hanatarou se apressa e faz uma reverência exagerada, sem a olhar.

Mina suspira, ainda sem deixar de escrever mecanicamente.

-Não se desculpe, Hanatarou. Eu só estou atolada em relatórios, já que a minha tenente ainda está se recuperando e não pode me ajudar. Fazer o quê? O que você quer?—Ela pergunta em tom paciente, parecendo resignada.

O shinigami pisca a fitando por um momento, então se apressa novamente:

-É-é exatamente por isso que eu vim! Mina-san, a Hinamori fukutaichou não pode atender suas obrigações, então deixe-me ajudá-la com isso, por favor!—Ele pede sua novamente se curvando.

Mina sorriu para seus papéis, mas ainda não se virou para ele.

-Pare com isso, Hanatarou!—Ela comenta rindo brevemente, divertida com a docilidade de suas ações abnegadas.

O shinigami engoliu em seco, prestes a protestar, mas ela levantou a mão livre e acenou de costas para ele.

-Não insista, por favor. É a minha primeira semana como capitã desse esquadrão. Quero merecer ele. Como vou me respeitar deixando as tarefas do meu esquadrão para um oficial do 4°? Eu pareceria muito preguiçosa.—Ela comenta ainda entretida com o pensamento.

Hanatarou a fitou hesitante, então recomeçou:

-Mas eu não contaria à ninguém! Ninguém saberia!—Ele propõe solucionando o problema.

Mina estala a língua, dessa vez séria.

-Pare, Hanatarou. Você também é meu amigo, esqueceu? Você tem essa mania de se rebaixar, precisa começar a valorizar a si mesmo.—Ela o adverte em tom maternal.

-Mas...!

-Sem mas!—A capitã responde em tom definitivo, terminando o assunto.

Hanatarou aceitou a derrota e murchou um pouco, olhando para seus pés. Ele hesitou pensando em se retirar, mas de súbito se lembrou de outro motivo para estar ali.

-Mina-san! O Abarai fukutaichou pediu para avisar que ele quer conversar com você quando acabar!—Ele informa ansioso.

Com isso, a capitã se virou para o fitar, curiosa.

-O Renji? Nós nos vimos há poucas horas atrás. Além do mais, por quê ele não te acompanhou para vir aqui se queria falar comigo?—Ela questiona desconfiada.

Hanatarou ganhou cor, ficando vermelho e hesitando.

-Ahn...e-ele apenas me deu a ordem, Mina-san! Mas o fukutaichou disse que deveria ir falar com ele em seu esquadrão logo que acabasse suas tarefas!—Ele responde apressado, piscando.

Mina assentiu, querendo o dar uma folga do nervosismo. Ela sabia que havia algo aí, mas não adiantava nada botar o coitado de seu amigo na parede para descobrir.

Eu planejava vê-lo antes de ir para casa mesmo, ela pensa resoluta.

-Tudo bem, Hanatarou. Obrigada por me avisar, e pela ajuda também. Diga à Unohana taichou que mando lembranças.—Mina fala soltando um bocejo alto, alongando os braços e o pescoço, logo voltando ao trabalho.

Hanatarou assentiu, mesmo ela não vendo, e acenou sorrindo.

-Direi sim, Mina-san! Tenha uma boa noite, então!—Ele a deseja sinceramente, observando pela porta entreaberta a amiga focada em sua tarefa com a expressão séria, orgulhoso.

Ela parece mesmo uma capitã, como a Unohana taichou, ele pensa admirado, tirando as mãos da porta e a fecha, se retirando.


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O sol nascia no horizonte de Soul Society, trazendo o canto de pássaros e ruídos diversos, com todo o lugar se espreguiçando e preparando para o começo de um novo dia. Contrastando com a atmosfera enérgica e ativa de quem acabara de acordar, Mina saía do seu escritório massageando suas costas e estralando seu pescoço, com as olheiras profundas revelando a sua falta de descanso.

Enquanto a shinigami caminhava por entre os corredores do quinto esquadrão, diversos oficiais a cumprimentavam. Mina os devolvia com polimento e condescendências necessárias, mas podia ver em seus olhares que a maioria ainda não confiava nela. Era de se esperar isso, ela não reclamava o direito da dúvida de seus amigos e subordinados; se uma shinigami tivesse feito tudo que ela fizera, se sentiria igualmente apreensiva de tê-la como responsável pelo esquadrão em que estava. Era uma grande responsabilidade.

Assim que chegou nos portões do 6° esquadrão, encontrou Renji dando ordens à um de seus oficiais. Ela agradeceu a sorte de o encontrar tão fácil, pois a falta de descanso começava a cobrar de forma intensa, bocejando e sentindo seu estômago implorar por comida.

-Renji!—Ela o chama acenando à poucos metros de distância.

O amigo a olhou surpreso, logo dispensando seu subordinado e andando até ela.

-Mina! O que você...—O shinigami se interrompe, observando a amiga se inclinar segurando a barriga com uma careta.

-Que fome! Desculpe, Renji, mas seja breve. Estou exausta.—Ela pede ainda sem o olhar.

Abarai a analisa com preocupação, comprimindo os lábios, mas assente.

-Bom...eu sei que anda ocupada, com essa coisa de se tornar capitã e tudo mais, mas...eu queria saber se você gostaria de ir visitar a Hinamori-san mais tarde.—Ele propõe hesitante. Mina o olhou pedindo mais informações e ele suspira.—Eu não me sinto bem indo sozinho e ela é sua tenente, Mina. Seria bom a tranquilizar quanto à isso, você sabe, para ela não se sentir inútil e saber que você está mal sem sua ajuda.

Mina abre a boca, ofendida.

-Ei!

-E você não está? Não me engane, você está se matando para terminar a papelada acumulada do esquadrão!

-Eu já terminei!—A shinigami replica, satisfeita.

Abarai levanta as sobrancelhas, impressionado.

-Já...? Bom, mas você está péssima. Não pode continuar assim sem ajuda. Eu só acho que faria bem à ela se você reclamasse um pouco. Aliás, coisa que você adora fazer.—O amigo zomba cruzando os braços.

Mina o estapeia de leve, ficando em silêncio. Nem para discutir ela tinha energia.

-Tudo bem, você está certo. Eu me esqueci totalmente de como Hinamori estaria com isso...como eu sou idiota.—A shinigami comenta depreciativa, se agachando e abraçando suas pernas como uma criança.

Renji a fitou suspirando, se agachando ao seu lado e colocando as mãos em seus ombros.

-Pare com isso, Mina. Você estava cuidando de seu esquadrão, não fez nada errado. Vá descansar e depois da reunião nós vamos visitar a Hinamori-san, o que acha?—Ele propõe pacificador.

Mina levanta a cabeça o fitando, confusa.

-Reunião?

Renji acena confirmando.

-Você não foi avisada?—Ele questiona surpreso.

Mina faz que não, gemendo de desânimo.

-Bom...será hoje, não se atrase.

-Ai, maldição! Será que pode mais alguma coisa dar errado pra mim?

Abarai estava prestes a responder quando, sendo chamado por dois oficiais, ele suspirou se voltando para a amiga e a levantando do chão apressadamente.

-Vamos, Mina, se recomponha! Escute! Você é uma capitã agora, não pode mais agir como uma criança!—Ele a repreende com seriedade, fazendo efeito; a amiga assentiu, respirando fundo e deixando sua expressão endurecida.—Isso mesmo. Eu tenho que ir agora, nos vemos mais tarde!

Dizendo isso, Renji seguiu seus oficiais e sumiu de sua vista, deixando Mina sozinha. A shinigami estava prestes a ir embora também quando, pousando afobadamente, três oficiais de seu esquadrão a abordaram.

-Takahashi taichou!—Eles a cumprimentam com uma reverência respeitosa.

Mina retribuiu a reverência com calma, os fitando esperando.

O mais corajoso deles aproximou um passo dela, apesar de não manter contato visual, e começou:

-Taichou, fomos informados que o seu haori de capitã está pronto! Se quiser o experimentar para informar qualquer detalhe que deseja mudar, deve procurar a alfaiataria do 5° esquadrão, com o senhor Shiro. Ele ficará feliz de atendê-la! Temos mais detalhes com relação à cerimônia de oficialização que gostaríamos de discutir, se a senhora estiver disponível.—Ele informa ansioso, ainda não a olhando.

Mina se aproximou dele, segurando seus ombros e o endireitando delicadamente, fazendo-o a olhar, corando.

-T-taichou?

-Gostaria que olhasse em meus olhos para falar, tudo bem? Eu agradeço você me informar, cuidarei disso imediatamente.—Ela sorri tentando parecer bem, mas o oficial notou seu cansaço no olhar.

-P-podemos resolver isso mais tarde se quiser, taichou! Esses assuntos não são urgentes.—Um dos outros dois oficiais oferece timidamente, mas estimulado pela ação bondosa da capitã.

Mina os fita hesitante, recebendo um sorriso incerto, mas amigável dos três.

-Mesmo? Isso seria...ótimo.—Ela pausa a frase não controlando um bocejo, evidenciando seu sono ainda mais.

O outro oficial, o que ainda não se pronunciara, de repente pareceu se lembrar de algo, ficando branco:

-Taichou! Mil perdões! Esqueci de a avisar sobre a reunião de hoje!—Ele admite se curvando em desculpa, franzindo o cenho frustrado consigo mesmo.

Mina sorriu, gostando de saber que o fato dela não ter sido avisada não fora deliberado, e sim puramente de uma desatenção normal.

-Bom...só não faça isso novamente, certo?—Ela o repreende com desatenção, bocejando novamente.

Um dos oficiais sorriu de seu comportamento, achando-a muito “humana”, como eles. O antigo capitão, Aizen, era tão correto e perfeito que beirava o tédio. Por mais que tivesse o admirado—claro, antes de saber sobre sua farsa—nunca sentira empatia verdadeira e a conexão que percebera sentir agora com a capitã.

—Eu sei que vocês sofreram muito por causa do seu antigo capitão, mas logo, logo tudo voltará ao normal, sim? Também visitarei a Hinamori-san hoje e quem sabe ela não retorne em breve. Eu prometo a vocês que darei o meu melhor para confiarem em mim.—Mina discursa observando as expressões melancólicas de seus subordinados ao se lembrarem de Aizen.

-Taichou, você...se lembra de quando estava com ele?—Um dos oficiais pergunta apreensivo, proferindo o “ele” com ênfase, quase como se o nome do ex-capitão fosse um tabu.

Mina balança a cabeça, suspirando.

-Sinto muito, pessoal. Eu queria poder informá-los, mas eu me lembro pouco de lá. Somente pedaços desconexos de cenas que não fazem sentido nem para mim...—Ela se desculpa.

Os oficiais pareciam tristes com o assunto, mas logo o primeiro deles reagiu, suspirando.

-De qualquer forma...obrigado, taichou. Nós vamos a deixar descansar agora e...

Um ruído chamou a atenção do oficial, que virou a cabeça 90° graus para a direita com a expressão endurecida.

Mina também olhou, curiosa, vendo um grupo de oficiais do 6° esquadrão andar junto em direção a eles, cochichando em alto tom com as expressões nem um pouco nervosas. Ela não ouvira a primeira parte, talvez por estar tão exausta, mas seu oficial se virou completamente para os fitar com irritação:

-Ei! O que acham que estão dizendo sobre nosso esquadrão?

O líder do grupo, um oficial veterano de boa aparência e semblante calmo, apenas desviou o olhar dele, o ignorando e voltando a “cochichar” com seus colegas.

-...vão permanecer sem capitão, pelo jeito.—Ele continua sem se abalar.—Melhor do que uma capitã criminosa e traidora.

Mina levantou as sobrancelhas, sem crer que até mesmo os oficiais do esquadrão de Kuchiki Byakuya seguiam a conduta de seu capitão. Ignorando e julgando. Talvez por estar sem seu haori de capitã e pela sua aparência cansada Mina não parecesse uma capitã, não impondo o respeito de praxe. Ela estava disposta a ignorar essa ofensa, apenas querendo dar as costas e ir dormir em paz; porém, seu novo fã estava determinado a defender a honra de sua líder.

-Estou falando com você! Quem pensa que é para falar da minha capitã? Seu...—O oficial veterano o interrompeu com um golpe certeiro em seu peito, provocado pelo cabo de sua espada, deixando o shinigami sem ar.

-Calado, inseto. Você não está no seu esquadrão, então se coloque no seu lugar.—Ele sussurra no ouvido do outro, friamente.

Mina, assim como os outros dois oficias, abriu boca perplexa com essa atitude desnecessariamente violenta. O oficial caiu de joelhos, segurando seu peito com dificuldades para respirar. Os seus colegas correram para o ajudar a se levantar, enquanto Mina ainda olhava indignada para o grupo de shinigamis, que voltaram a andar como se nada tivesse acontecido.


-EI, VOCÊ!—Mina grita andando a passos duros até o shinigami do 6° esquadrão.


O mesmo se virou para ela com a mesma expressão impassível com que lidara com seu oficial, não a reconhecendo, mas dois dos três restantes do grupo pareceram a notar, ficando em choque.

-O que? Você também quer uma lição, inset...

Mina o interrompeu usando shunpo para aparecer atrás do mesmo, o prendendo num mata leão. Ela se curvou para sussurrar em seu ouvido, sentindo-o prestes a pegar sua espada.


-Para você, eu sou Takahashi-sama, capitã do 5° esquadrão. Entendeu?


O shinigami engole em seco, imóvel, parecendo notar o que seus companheiros mudos haviam notado.

-Peça perdão ao meu oficial, agora.—Ela ordena séria.

Seu oficial, agora de pé e observando junto aos outros a cena com espanto, controlou um riso ao ver a expressão de contragosto do shinigami. O oficial, ao ouvir o riso, se recusou orgulhosamente à se submeter à essa humilhação.

-Nunca!

Dizendo isso, ele puxou sua espada e Mina o largou, empurrando-o para longe.

-Péssima escolha.

Fora questão de segundos. Ele atacou seu oficial e Mina o defendeu, quebrando sua Zanpakutou e nocauteando o shinigami. Mas a coisa virou uma bagunça quando outros oficiais, desavisados sobre a presença da capitã no meio do embate, entraram na briga achando que os oficiais de Mina estariam se rebelando contra o esquadrão.

Quando a shinigami se deu conta, uma dúzia de oficiais do 6° esquadrão—e até mesmo um dos seus que ela acidentalmente atingira por distração—estavam caídos desacordados ao seu redor.

Enquanto ela se recuperava, resfolegando de cansaço mental e físico e absorvendo o cenário em que se metera, um dos seus oficiais que ainda estava de pé—o que a informara antes sobre a reunião—, comentou:

-Ahn...taichou, eu esqueci de dizer que a reunião começaria em dez minutos.—O shinigami informa em tom de desculpas, parecendo tão desanimado quanto ela ao observar a trama em que entraram.

Mina acena suspirando, conformada com seu destino. Hoje apenas não era seu dia.

-Não faz mal, eu já estava encrencada mesmo.



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Todos os tenentes e capitães já estavam alinhados em duas fileiras dispostas lado a lado do comandante, que estava prestes a iniciar a reunião. Renji olhava para a porta com os lábios comprimidos de ansiedade pela amiga.

Mas que droga, Mina, eu esqueci de te dizer o horário da reunião, mas mesmo assim!, Abarai pensa irritado. Ele estava tão avoado com seus próprios problemas cotidianos que se esquecera desse detalhe. Devia ter adivinhado que a amiga não perceberia isso.

Hitsugaya também notara a falta da shinigami, vendo um espaço vazio entre Unohana e Kuchiki, franzindo o cenho. Ele sabia que a garota estava atrasada, mas sabia também quão mal isso repercutia para um capitão. Responsabilidade era tudo na reputação de um capitão do gotei 13.


Maldição, Takahashi, precisa ser sempre tão descuidada assim?, ele pensa categórico.


O comandante bate seu cajado, atraindo os olhares dos capitães, mas, antes que proferisse uma palavra, a enorme porta de madeira se abriu ruidosamente.

Mina, num piscar de olhos, se posicionou entre os capitães em seu devido lugar, fazendo uma reverência de desculpas ao comandante:

-Mil perdões! Ocorreram alguns imprevistos e não pude chegar antes. Não irá se repetir, comandante!—Ela discursa seriamente, ainda inclinada e mantendo os olhos baixos.

Renji solta a respiração, aliviado, porém amaldiçoado a amiga por ser tão azarada e sempre se meter em problemas. Ele se perguntava o que ela teria feito dessa vez.

O comandante a fita em silêncio por um tempo, até que se pronuncia em tom autoritário:

-E espero que não aconteça mesmo.


O comandante dá início à reunião, por alguns minutos dando lugar aos relatórios dos treze esquadrões, quase acalmando Mina; porém, logo que os relatórios foram apresentados e discutidos devidamente, o comandante se virou para ela novamente:

-Takahashi Mina.

-Hai, comandante?—Ela responde imediatamente, esperando a bomba.

-Fui notificado do incidente desta manhã envolvendo os oficiais do 5° e 6° esquadrões que foram levados ao 4° esquadrão. Seu comportamento agressivo e sua violência ao lidar com conflitos me trouxeram pedidos de três dos clãs nobres para que saísse do gotei 13...

Mina escutou aquilo com surpresa, sentindo-se novamente injustiçada e humilhada em frente aos outros capitães. Enquanto o comandante falava, ela fitava seu pés com o semblante irritado, controlando seu temperamento. Como as notícias voavam ali!

Que para-raios de confusão ambulante você é, Takahashi, Hitsugaya pensa a observando, talvez até um pouco entretido com isso. Porém, como a situação era séria, ele meramente a fitou impassível como os outros capitães.

-...o que tem a dizer em sua defesa?—O comandante pergunta diplomático.

A capitã respira fundo e levanta seu olhar, séria.

-Peço perdão pelos meus atos, comandante, mas eles não são sem motivo. Alguns oficiais do meu esquadrão me procuraram para resolver um assunto em questão da cerimônia de oficialização, quando alguns shinigamis do 6° esquadrão acabaram discutindo por um mal entendido. Um deles ofendeu meus oficiais e eu me senti obrigada a defender a honra de meus subordinados.—Ela explica.

-Nocauteando dez shinigamis?—Soi Fong ironiza.

-Não tenho culpa de quem se intromete no meio da luta e sai machucado.—Mina rebate a fitando com impaciência.

Zaraki soltou uma risada divertida, familiarizado com as regras de seu esquadrão sobre o combate. Parecia que Mina havia aprendido bem durante aqueles anos.

-Bem dito, garota.—Ele elogia.

Mina controla um sorriso, em parte pela diversão de seu antigo capitão e pela carranca mal humorada de Soi Fong com sua resposta. Ainda assim, ela mesma se repreendeu por não estar agindo apropriadamente ao seu cargo de capitã.

-Foi reportado que você não só levou dez shinigamis à inconsciência, mas que também causou danos ao quartel do 6° esquadrão. A família Kuchiki manifestou seu desagrado com sua conduta e pediu para que fosse retirada do seu posto de capitã.

Mina corou, a poucos centímetros do capitão Kuchiki, ciente de sua má conduta em seu QG, também estranhando a sua não iniciativa em reclamar sobre o incidente. Mesmo calado, a presença opressora do capitão ainda era suficiente para a deixar encabulada. Ela lutou contra sua vergonha, deixando seu lado hiperativo a comandar.

-Apenas por isso? Zaraki fez coisas piores em só um dia e eu sou cortada na primeira semana por socar alguns shinigamis?—Mina questiona sentindo seu sangue ferver com tamanha perseguição.

O comandante a fita em silêncio e Zaraki sorri de forma debochada, nenhum dos dois dando resposta. Com isso, ela se vira para Byakuya Kuchiki com esforço, respirando fundo.

-Capitão do 6° esquadrão, eu peço minhas sinceras desculpas pelo ocorrido hoje de manhã. Não foi a minha intenção causar distúrbio em seu quartel e irei pagar por qualquer prejuízo que tenha lhe causado. Isso não se repetirá!—A jovem capitã discursa com efervescência.

Mina tinha consciência que repetia essa frase  muita frequência ultimamente, mas não podia estar mais estressada com tudo o que acontecia contra ela; ninguém parecia se importar ou mesmo saber que ela passara a semana toda trabalhando por seu esquadrão, que não dormia fazia dias e ainda não havia comido antes de ir para a reunião. Ela não vestia seu haori de capitã pois o seu cargo ainda não fora oficializado; porém, pelos entraves que os clãs nobres impunham, pelo jeito ela nem chegaria a fazê-lo.

Byakuya Kuchiki olhava à frente com impassibilidade e apenas respondeu em tom sombrio:

-Não irá se repetir.

Mina engoliu em seco, notando uma certeza que evidenciava algo à mais em sua afirmação. É claro, ele era o chefe do clã Kuchiki, provavelmente também devia querer ela deposta como capitã.

-Takahashi Mina, o incidente desta manhã não é o único motivo para seu pedido de deposição.—O comandante chama sua atenção, fazendo-a o fitar surpresa.—Sua estadia no mundo humano com Urahara Kisuke e o shinigami daiko Kurosaki Ichigo também são do conhecimento dos clãs nobres. Ignorando as ordens da Soul Society para que voltasse, quase matando seu antigo capitão e seus companheiros, sendo usada por Aizen Sosuke e obtendo—mesmo que sem seu consentimento—poderes hollows;—Mina encara o chão sentindo sua determinação falhar, vendo o ponto de vista em que todos a enxergavam agora, como uma pária.—porém, concordou em vir pacificamente e se entregar para pesquisas no 12° esquadrão, aceitou suas punições pelos crimes cometidos e se mostrou dedicada com o cargo lhe entregue, se mantendo fiel ao gotei 13 após tudo.

A shinigami olhou ao redor, vendo poucos rostos inimigos, a maioria a fitando como quem admira uma criança rebelde mas que sempre tira notas altas.

-Arigatou, coman...

-Porém...

A shinigami se cala, achando que estava bom demais para ser verdade.

-Os clãs nobres não acham que isso seja suficiente para sua redenção e que é pouco digna de confiança para essa responsabilidade, quando nem mesmo consegue controlar seus poderes para que o inimigo não os use.

O capitão do 6° esquadrão a fitou em silêncio, a fazendo ficar nervosa. Teria sido ele o responsável por aquela série de críticas? Mina evitou corar, se recompondo rapidamente e respondendo com altivez:

-Eu não quero que sintam pena de mim, mas quando cheguei aqui aceitei de bom grado que levassem a minha Zanpakutou e me submeti a tantos testes que ainda sinto à noite! As coisas que fiz podem ter sido egoístas, mas eu nunca traí a Soul Society ou o gotei 13, mesmo quando estava presa em Hueco Mundo. Somente aceitei não usar minha Zanpakutou porque sabia que ainda desconfiam de mim, e com razão! Me sinto péssima por ter ferido meus amigos, por isso não reclamei; se for para mantê-los seguros eu farei o que for necessário! E se as famílias nobres querem tanto que outra pessoa ocupe meu lugar, digam que podem escolher o melhor candidato que acharem! Eu lutarei com ele e poderão ver com seus próprios olhos e julgar quem é mais merecedor de ser capitão!—Ela diz fazendo uma reverência rígida para o comandante, logo se virando para sair.—Agora, se me perdoam, eu preciso dormir.

Zaraki foi o primeiro a reagir ao seu discurso, soltando uma gargalhada satisfeita assim que a porta se fechou.

-Eu achei perfeito!—Ele comenta sorrindo diabolicamente entretido.

Toushirou cerrou os olhos, preocupado com o estado de estresse em que a shinigami parecia estar.

-Ela está sobre muita pressão, não seria melhor deixá-la com o cargo mais alguns dias até que surgisse outra solução, comandante?—Ele sugere pacífico.

-Ah, pare de ser estraga-prazeres!—Zaraki protesta infantilmente.

-A garota está certa. Eu acho que deveriam ver seu potencial e sua força, podem mudar de ideia. Do contrário, se tiverem mesmo alguém melhor para assumir e ela for derrotada, que seja. O problema é resolvido.—Shunsui propõe em tom preguiçoso, porém experiente.

-Mas ela está sem Zanpakutou, irá lutar apenas com kidou e hakuda?—Sajin questiona descrente.

-Sim, contra alguém que use uma espada. Assim veremos se ela é só aquele Bankai extravagante.—Soi Fong responde circunspecta.

-Dado seu talento, seria mesmo interessante ver todos os seus dons. Será que a garota venceria?—Shunsui concorda rindo consigo mesmo.

Todos ficam em silêncio, refletindo sobre seu comentário, quando, surpreendendo aos capitães e tenentes, Kuchiki Byakuya se pronuncia após seu silêncio duradouro:

-Há uma jovem do meu clã que ocupa a terceira posição no meu esquadrão que vêm mostrando demasiado talento e disposição. Ela também foi tirada da academia de artes espirituais mais cedo por seu potencial. Como chefe do clã Kuchiki eu a indico para batalhar pelo posto de capitã do quinto esquadrão.

Abarai Renji, que escutara toda a reunião calado, não pôde acreditar que seu capitão ajudaria a deporem Mina. Ele e outros capitães e tenentes se mostraram pegos desprevenidos com sua proposta.

-Você parece esquecer que para se tornar capitão deve haver a indicação de outros três capitães, Kuchiki.—Zaraki protesta em tom duro.

Byakuya ergueu os olhos para o fitar, impassível.

-Kenpachi, seu favoritismo é notável, porém deveria avaliar a opinião de alguém que não seja a si próprio.

-Humph?—O outro capitão funga, divertido.—E quem apoiaria que uma outra jovem metida à besta de família nobre igual você ocupasse o posto de capitã?

-Eu apoio.—Soi Fong se manifesta imediatamente, atraindo olhares surpresos para si, impassível diante disso.—Famílias nobres sempre se sacrificaram pelo bem comum, diferente da Takahashi, que só faz o que bem entende.

-Olha só quem fala, outra puxa saco de riquinhos...—Zaraki zomba.

Soi Fong cerrou os olhos o fitando.

-Repita.

-Pessoal!...—Ukitake, defensor da paz, interveio rindo nervosamente.—Vamos agir como capitães, por favor...

-Eu não sei por quê tanto barulho em cima disso. Eu também voto pela jovem do clã Kuchiki.—Mayuri comenta entediado.—Pronto, tem as três indicações, capitão do 6° esquadrão.

Toushirou encarou o shinigami confuso, piscando.

-Pensei que gostasse da Takahashi.

O outro deu de ombros, sorrindo.

-Ela é um espécime acima da média e uma ótima cobaia, com certeza. Por isso mesmo será divertido vê-la lutar pela sua posição de capitã contra alguém de família nobre.

Zaraki grunhiu, dando de ombros igualmente.

-Não pensei nisso. Bom, então tanto faz quem seja! Vamos ver a garota lutar, é o que interessa.—Ele diz displicentemente.

-E quem é essa jovem, afinal, Byakuya?—Komamura questiona de braços cruzados.

-Asami Kuchiki.

Renji engole em seco, se lembrando desse nome. Rukia sempre reclamara sobre como a garota era boa em tudo, uma prodígio, atraindo toda a atenção e brilho do clã somente para si, realçando suas falhas para seu irmão. Enquanto Rukia lutava para permanecer na academia, a menina já havia sido escolhida para entrar num dos esquadrões por seu desempenho acima da média, subindo posições de oficial enquanto a outra era alvo de comparações e críticas.

Rukia vai adorar saber que Mina lutará contra ela, ele pensa categórico.

O comandante bate o seu cajado, anunciando sua decisão:

-Pois bem! Fica decidido então que a posição de capitão do 5° esquadrão será decidida num duelo entre Asami Kuchiki e Takahashi Mina daqui quinze dias!



Com a ordem dada, o primeiro a querer se retirar foi Kuchiki Byakuya, porém o comandante o mandou esperar. Renji permaneceu fora do salão à sua espera enquanto conversavam.

Assim que a porta se fechou e ficaram à sós, o capitão se virou para o mais velho:

-Comandante.

-Quero que supervisione Takahashi Mina e a ajude a conter seu poder.

O capitão do 6° esquadrão o fitou impassível, porém hesitou ao fazer a pergunta certa:

-Por que eu?

O comandante se virou de costas, caminhando até sua janela calmamente.

-Porque você é o único que possuiu uma Bankai que aguentaria a de Takahashi Mina.

-Sabemos que não é por isso, comandante. Me diga o verdadeiro motivo.—Byakuya pede em seu tom habitual de serenidade.

O comandante hesita, mas se vira para o responder gravemente:

-Porque vocês são iguais, por mais diferentes que possam ser agora.

O capitão fita os olhos do velho com perscrutação e, vendo que ele falava sério, desviou o olhar e se virou para ir embora.

-Que seja, então. Mas não prometo que ela voltará inteira.


Ao sair, Abarai acompanhou seu capitão em silêncio, pensando ainda sobre o que ouvira na reunião quando, sem formalidades, Kuchiki o avisou:

-Diga à sua amiga que apareça em minha casa amanhã ao nascer do sol, sem se atrasar.

Renji gaguejou, sem esperar uma fala dessas de seu capitão, mas logo questionou:

-Mas, taichou...por quê?

Byakuya franziu levemente o cenho, incomodado com sua tarefa, e o respondeu cortante:

-Porque eu estou mandando! Isso não é da sua conta. Apenas dê o recado.

-H-hai, taichou!


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-É O QUÊ?


Mina, ao chegar da reunião, fora direto para sua cama no quarto que dividia com Renji e desabou sem nem trocar suas vestes, tamanho era o seu cansaço. Ela dormiu a tarde e a noite toda, até que Renji chegou ao fim do horário de suas obrigações de tenente e a acordou para dar as boas novas. Ele, no começo, hesitou em acordar a amiga, mas pensou que se a deixasse dormir poderia se atrasar de manhã e ele sabia como seu capitão era em relação à isso. A visita para Hinamori não fora citada por nenhum dos dois, aceitando mutuamente que não teriam disposição para essa atividade.

O shinigami cruzou os braços, vendo a amiga o fitar grogue de sono e um pouco descabelada, ainda absorvendo a notícia.

-Cruzes, você está horrível! Melhor tomar um banho antes de ir amanhã.—Ele reflete a observando criticamente.

-Como assim eu vou treinar com ele? Eu nem mesmo tenho a posse da minha Zanpakutou!—Ela questiona exasperada, ignorando seu comentário.

-O comandante autorizou que a usasse durante os treinos com o meu capitão, mas só nessas ocasiões.—Renji explica calmamente.

Mina se levantou, mais calma e racional, caminhando até a janela e a abrindo para observar a lua, soltando um suspiro. Isso habitualmente a acalmava, mas não parecia ter funcionado.

-Renji...por que o comandante iria querer que eu treinasse com o Byakuya? Está bem óbvio que ele é o que mais quer que eu seja deposta.

Abarai encosta na parede ao lado dela, cruzando os braços pensativo.

-Bom...o meu capitão é muito forte e foi ele quem indicou Asami para lutar contra você. Talvez o comandante queira que você tenha uma prova do combate. Talvez não queira que você seja deposta. Quem sabe? Aquele velho faz coisas que estão fora do nosso discernimento.—Ele comenta sabiamente.

Mina acena concordando, parecendo se lembrar de outro detalhe.

-Sim. E essa Asami? Como ela é?—Ela pergunta se virando de costas para a brisa, sorrindo para Renji sonolenta.—Igual o capitão Kuchiki? Porque se for será mais fácil usar a minha força vinda do ódio.

Abarai riu, acenando.

-Talvez pior. Rukia me contou que ela sempre puxou o saco do capitão Kuchiki e lançava indiretas para que o irmão soubesse quando ela fazia algo ruim.

-Parece uma graça.—Mina comenta irônica.

-É.

Ela e Abarai trocam um olhar cúmplice de desprezo mútuo e sorriem.

-Vou dormir. Hoje o dia foi longo. Vá você também.—Renji fala desencostando da parede e a dando as costas.

-Hai, hai...boa noite, Renji.

-Boa noite, cabeçuda.—O amigo a responde acenando já na porta.


Mina, assim que ficou sozinha, saiu pela janela e andou até o telhado da construção, se sentando de pernas cruzadas na quina. Ela olhou para as estrelas pensando em Ichigo.

Será que ele está bem?, ela reflete melancólica.

Ela sentia a falta dele, muito. Depois que voltou para a Soul Society, Mina teve uma rotina extremamente estressante e solitária no começo; nos primeiros quinze dias ela fora ordenada a permanecer no laboratório do 12° esquadrão e ser examinada pelo capitão Kurotsuchi, sem poder ter contato com qualquer outra pessoa enquanto não fosse provado que não estava sob o comando de Aizen ou que não pudesse controlar seus poderes. A medida, para ela, até seria tolerável, não fosse Mayuri fazendo testes não relacionados e usando Mina como cobaia para novos experimentos o tempo todo; afinal, ela teria que permanecer ali, então não havia como escapar de suas investidas inconvenientes.

Assim que fora provado que Mina era inofensiva—tanto consciente quanto inconscientemente—, ela fora liberada para sair e tomar o posto de capitã. Porém, no primeiro dia em que desfrutara novamente de sua liberdade, os clãs nobres intervieram contra o seu livre uso da Zanpakutou pelos arredores da Soul Society sem a supervisão de alguém. Para eles, era o cúmulo que uma ex-aliada do inimigo (ainda que forçada) pudesse andar livremente quando havia o perigo iminente dela se virar contra todos à bel-prazer de Aizen, que provara poder usá-la para os frutos de seus planos, quase matando um capitão valioso. Então fora dado um ultimato à Mina: ou ela entregaria sua Zanpakutou e concordaria em usá-la apenas em situações extraordinárias ou teria que andar sempre acompanhada com a milícia secreta do 2° esquadrão (e Mina desconfiava intensamente que nessa empreitada havia o dedo de Soi Fong). A shinigami achou aquilo simplesmente um absurdo, pois havia cooperado inteiramente com o gotei 13, sem ter porquês para tal fim; não obstante, ela se viu entre a espada e a cruz, e teve que escolher entregar sua Zanpakutou. Mas não sem muito esforço.

Normalmente Mina resistiria à um tratamento de perseguição injusto e déspota como esse vindo dos clãs nobres, que pareciam querer mandar mais do que próprio comandante; entretanto, se ela decidira ficar ali, teria que seguir as imposições dadas à ela. Mina não poderia simplesmente ignorar suas ordens e fazer o que bem entendia. Além disso, também não podia voltar para o mundo dos humanos, pois lá era onde Ichigo estava.

-Se eu voltasse...ele falaria comigo?—Ela pensa em voz alta, suspirando e passando as mãos no rosto.

Não, isso não era uma opção para ela. Havia dito adeus a ele por um motivo, se voltasse—e Urahara a aceitasse em sua loja—Ichigo correria perigo novamente. Nem mesmo Mina sabia qual seria o próximo passo de Aizen e se ela continuava sendo seu peão. A garota aprendera o suficiente durante a convivência com o shinigami, então não cometia o erro de o subestimar o mínimo que fosse.

Pelo menos...eu sei que Ichigo observa a mesma lua à noite, ela pensa romanticamente fitando o astro luminoso, que lançava feixes de luz prateadas ao redor, combinando com a sua melancolia.

Mina, fechando os olhos, podia reproduzir as mesmas sensações de quando beijara Ichigo, de quando ouvira sua voz, sentira seu cheiro. Tudo ainda estava fresco em sua memória, o que era ao mesmo tempo reconfortante e agravante da sua saudade.

Mina se refreia subitamente, envergonhada por seus pensamentos, repetindo para si mesma que nunca poderia ficar com ele.

Ichigo e eu somos de mundos opostos, eu nunca poderia ter uma relação com ele. E é impossível por tantos motivos!

A garota balança a cabeça tentando mudar a direção de seus pensamentos, quando se lembra do recado de Renji. Ela faz uma careta de desânimo, já tendo ideia de como seria.

Aposto que ele vai adorar me dar uma surra daquelas..., ela prevê comprimindo os lábios. Mas por quê ele concordaria com isso? Não é o estilo dele ajudar quem quer que seja...

Kuchiki Byakuya...aí os sentimentos de Mina se embaraçavam. Depois de seu tempo de reflexão no mundo dos humanos, onde percebeu que ele havia testemunhado a mesma dor que ela, Mina sentiu seu coração se apiedar pelo capitão, dando-o o benefício da dúvida em relação ao seu caráter, que ela havia avaliado tão mal desde que o conhecera. Mas a garota não esperava que o mesmo detivesse um rancor tão tenaz em relação à ela, que insistisse em criar obstáculos para sua ascensão à capitã como se ela fosse sua arqui-inimiga.

O que eu fiz de tão grave para que ele me odiasse assim?, Mina pensa com seus botões, preocupada. Teria sido daquela vez em que eu brinquei com ele? Não é possível que ele seja tão sensível!

A garota sorri entretida ao lembrar do mau humor sempre implícito nas maneiras do capitão, que sempre achara graça.

Não é possível que ele seja tão frio assim!, ela pensa descrente, mesmo os mais solitários e rabugentos tem algum ponto fraco, alguma hora em que não aguentam segurar a máscara que esconde sua essência. Afinal, o que há de bom em se esforçar para não sentir nada? De que vale existir?

Aproveitando a oportunidade de ouro em que tinha nas mãos de passar um tempo—mesmo que obrigatório—com o capitão de gelo, Mina se sentia disposta a fazê-lo mostrar algum sentimento agradável que fosse.

Nem que eu tenha que desenhar um sorriso naquela carranca metida!, ela promete à si mesma com obstinação.


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Antes mesmo que os primeiros raios de sol da manhã tocassem o chão, a shinigami já esperava à porta da mansão do clã Kuchiki. Ela se vestira informalmente para a ocasião: usava seu haori vermelho de treino habitual, confortável e justo, junto às suas sapatilhas antiderrapantes, que eram perfeitas para se treinar movimentos com shunpo. Prendera os cabelos longos numa trança simples e firme. Em suas mãos ela levava sua Zanpakutou com possessividade, já se sentindo triste antecipadamente por saber que logo teria que a devolver de novo para Kurotsuchi Mayuri; ela passara lá mais cedo para a pegar e, para sua infelicidade, o capitão deu muita ênfase na palavra “temporariamente” ao entregar sua espada. Mina na verdade tinha medo que ele pudesse estar fazendo experiências com sua Zanpakutou sem ela saber.

Izanami e Izanagi não iam gostar disso, ela reflete lembrando das personalidades dos dois espíritos, provavelmente iam tostar suas mãos pretenciosas assim que tentasse. E, bom, ela não reclamaria caso acontecesse.

Perdida em suas indagações internas, Mina mal percebeu quando a porta da frente se abrira silenciosamente. Kuchiki Byakuya, sem sutilezas ou formalidades, logo tratou de a fazer acordar:

-Me siga.—Ele ordena sem a olhar.

Mina se assustou, o avistando e se apressando para o cumprimentar.

-Bom dia, taichou!—Ela fala educadamente, fazendo uma reverência.

O capitão a ignora, passando ao seu lado e sumindo num pulo.

A shinigami piscou, atônita com sua falta de cordialidade, mas logo tratou de o seguir.

Já começamos bem, ela pensa irônica.


Mina o seguiu em silêncio enquanto passavam pela mansão do clã Kuchiki e iam para o norte, em direção à um pequeno bosque tranquilo e afastado. Não demorou mais que um minuto, e então Byakuya pousou em uma clareira iluminada. Mina parou à um metro de distância, olhando ao redor; havia um riacho cortando a trilha de árvores à esquerda, refrescando o ar e trazendo o ruído agradável do curso da água batendo nas pedras. Havia também, quase como um bônus de destaque, uma cerejeira solitária ao canto da clareira, com um halo de suas flores rosas a rodeando como uma auréola. Junto ao sol que nascia brilhante no horizonte, iluminando com feixes dourados as copas das árvores, tornava aquela uma vista em tanto.

Mina sorriu enternecida com a paisagem.

-Esse lugar é muito lindo!—Ela elogia sincera, ainda a observar ao redor, com as mãos na cintura.

O capitão encarava o chão, sem ver glamour na vista rotineira—pois ele sempre treinara ali, o que fazia desgastar o encanto em que Mina estava—e a ignorou placidamente tirando sua espada da bainha e a apontando para ela.

-Você se satisfaz com pouco.

Mina solta uma careta de desagrado momentânea, mas o imita sem reclamar.

-Devemos começar com investidas sem liberação?—Ela questiona profissional.

Byakuya acena confirmando.

-Se aguentar.

A shinigami tentou relevar sua provocação egocêntrica e se vingou pulando para o atacar.


-RARGH!


Kuchiki defendeu, como ela esperava, mas Mina imediatamente inverteu a posição de suas mãos para poder chutá-lo no peito. Pareceu promissor, e por um momento o capitão se surpreendeu com seu golpe, mas logo Byakuya mostrou o porquê de ser o capitão do 6° esquadrão; segurando o pé de Mina com facilidade com a mão esquerda, ele pulou para ficar acima dela e contra-atacar:

-Hadou n°4: Byakurai!


Fora por pouco. Bem pouco.


Mina, vendo seu sinal de mão, se assustou raciocinando rapidamente como o impedir de mirar nela; afinal, ela não era nenhuma idiota de deixar correr o risco de ser atingida por um dos lendários kidous de Byakuya Kuchiki. No mínimo sairia sem a cabeça dali. Mas devia o dar os créditos por sua tática também; ela o analisou por um momento, notando que o capitão, com a mesma mão em que segurava a espada fazia o sinal do kidou e com a outra prendia seu pé, tornando impossível para ela fugir. Séculos de impecável dedicação e experiência faziam valer para ele, sem dúvida. Mas Mina resolveu tentar a sorte com uma de suas ideias. Fazendo o sinal com uma das mãos, e aproveitando sua espada, Mina apontou para o Byakurai de Kuchiki.


-Bakudou n°8: Seki!


Uma explosão breve e intensa jogou Mina longe, fazendo-a aterrissar com dificuldade e se ajoelhar no chão; porém, mesmo tendo bloqueado parcialmente os danos produzidos pelo kidou do capitão, ela sentia o impacto da batida em seu peito, a fazendo respirar irregularmente.

A fumaça branca e espessa que se formara com a explosão se dissipou rapidamente, revelando Byakuya Kuchiki, perfeito e sem um arranhão; em contraste com isso, Mina sangrava na área do tornozelo e canela direitas, soltando um esgar de incômodo.


Nem um machucado, nem mesmo um fio de cabelo fora do lugar!, ela observa frustrada.


-O que é? Achou que seria fácil me atingir? Pois não se iluda: você conseguirá me tocar somente quando eu abaixar minha guarda, e isso nunca irá acontecer.—Ele promete com frieza.

Mina ri forçadamente, debochando de forma quase infantil de seu comentário.

-Quer apostar? Essa do pé foi um bom movimento, eu admito, mas não vai acontecer de novo.—Ela o provoca segurando sua espada com firmeza, sentindo uma vontade irresistível de ver Kuchiki Byakuya com um corte feito por ela. Até mesmo Izanami, sua Zanpakutou, parecia esquentar antes mesmo de ser liberada, como se estivesse faminta por lutar.

-“bom”? Você se superestima, garota. Palavras serão somente palavras até cumpri-las.—Ele replica levantando seu queixo e a observando calculista.

Mina sorriu ligeiramente, se retesando e o fitando por baixo.

-É capitã, não garota, Byakuya.—Ela o adverte informalmente, dessa vez esperando que ele a atacasse.


Kuchiki cerrou os olhos, aceitando a provocação de usar seu primeiro nome como ela previra, sumindo num mero segundo. Mina ficou imóvel, procurando sentir a direção em que ele daria a investida. O outro ataque, em que ele usou kidou, fora claramente perigoso e poderia tê-la matado tão perto. Enquanto esperava, Mina não pôde deixar de se perguntar se ele a mataria realmente caso ela não tivesse conseguido reverter a situação.


Ele me odeia de verdade ou somente está me testando?


-RARGH!


A shinigami se vira um milésimo atrasada, vendo a ponta de sua trança ser cortada pela Zanpakutou de Byakuya, fazendo algumas mechas voarem em frente ao rosto do capitão. Ela segurou seu ataque enquanto o fitava, com a boca aberta em indignação:

-Precisava cortar meu cabelo?!—Ela pergunta retórica, fazendo força para o repelir, mas Kuchiki manteve a investida com facilidade. Mina não era fraca, do contrário, um dos seus pontos fortes era hakuda na academia; porém, quando somado à uma Zanpakutou, ela não tinha muita habilidade em movimentos com a espada ou nas investidas. Ter uma shikai e Bankai poderosas disfarçava bem esse ponto fraco dela. Pela expressão perscrutadora de Byakuya ela poderia dizer que o capitão descobrira o mesmo e que achara a descoberta interessantíssima—assim, poderia informar esses pontos à sua adversária mais tarde.

-Eu estava mirando em suas costas.—Kuchiki responde ácido.

Mina sorriu, debochada. Ela disfarçava o quanto era danoso segurar a investida do capitão, colocando outra mão para o conter.

-Então você é do tipo que ataca pelas costas? Sério?

Byakuya cerrou os olhos, em seguida tirando sua espada e atacando novamente, dessa vez com mais força. Mina não esperava por isso e não conseguiu defender sua investida, fazendo-a cair de joelhos enquanto segurava com ambas as mãos sua Zanpakutou.

-Ugh!—Ela trava sua mandíbula, fazendo toda a força que conseguia, vendo que o capitão empurrava sua Zanpakutou com as duas mãos, porém sem aparente esforço.

-Então essa é a sua fraqueza? Não consegue conter ataques com a espada? Imagino como vai lutar contra um oponente armado sem sua Zanpakutou para servir de escudo.—Kuchiki comenta friamente.

Mina faz uma careta para sua provocação, gritando enquanto sentia que afundava cada vez mais no chão, seus joelhos ardendo. E não era a única coisa que ardia: Izanami—ou mais apropriadamente Izanagi, o responsável por a machucar, ela não sabia—, começava a esquentar sem Mina ter liberado sua shikai. Isso nunca havia acontecido antes e ela podia sentir a pele de sua mão sendo queimada.

-Até quando vai espernear? Não entendeu que eu sou mais forte do que você?...o quê...?—Kuchiki parou de falar, vendo vapor subir da Zanpakutou de Mina e começar a esquentar sua própria espada. Ele recuou, tirando o peso de seu ataque de cima da shinigami, que soltou a respiração com alívio, se levantando.

-Pensei ter dito que não liberaria sua shikai. Vejo que não aguentou por muito tempo.—Byakuya observa reaparecendo a poucos metros dela, analisando sua Zanpakutou para ver se haviam danos.

Mina se recompôs e passou os dedos por sua trança, sentindo a ponta reta onde Senbonzakura cortara. A shinigami bufou, impaciente com tantas provocações, e levantou o olhar, zangada:

-Já te disseram que você é infantil?—Ela questiona franzindo o cenho.

O capitão levantou o queixo, pego de surpresa, mas se recusando a transparecer qualquer coisa a ver com vulnerabilidade.

-Como é?—Ele pergunta em tom intimidador, desafiando Mina a o ofender. A shinigami ignorou sua tentativa de a amedrontar, balançando a cabeça.

-Você só sabe ofender e rebaixar os outros, custa muito ser um pouco agradável? Dói em você fazer outra pessoa feliz? Que tipo de satisfação você pode ter sendo assim? Eu simplesmente não entendo! Isso me deixa frustrada!—Ela desabafa indignada, por um momento se esquecendo da dor nas palmas das mãos.

O capitão, com seu olhar incinerador, ignorou seu comentário e simplesmente se preparou para atacar; porém, por mais que Mina parecesse alheia com seu discurso descrente, ela pensara enquanto falava e desapareceu com shunpo antes que ele a atacasse. No segundo seguinte ele era quem defendia uma investida da shinigami.

Mina usava ambas as mãos, acima dele, já o capitão fora pego de surpresa, mas conteve seu ataque com facilidade.

-E respondendo sua pergunta: não, eu não liberei minha shikai. Acontece que a minha Zanpakutou é uma pouco geniosa, então eu realmente não sei o porquê, mas ela quer lutar contra você.—A shinigami responde sorrindo, divertida novamente. O olhar do capitão podia parecer impassível e não revelar nada à princípio, mas Mina sabia que ele estava ficando afetado, para o bem ou para o mal. E o objetivo dela hoje era fazê-lo se abrir, nem que fosse um pouco, revelando alguma emoção latente em seu coração endurecido.

Kuchiki parecia ter voltado à sua calma anterior, se recompondo do ataque inesperado e repelindo Mina, a empurrando com sua espada.

A shinigami pousou à poucos metros dele, já se concentrando para liberar sua shikai, fechando os olhos.

-Você é mais irritante do que eu pensei. Acha que consegue me afetar tagarelando sem parar.—Ele comenta impassível.—Você é igual um passarinho que grita para ser ouvido, mas tudo que escuto é uma música sem sentido.

Mina abriu os olhos, sorrindo sem se deixar abalar com seu insulto.


-Queime, Izanami.—Ela chama o ignorando.


Sua Zanpakutou, quase numa demonstração exibida fora do comum, soltou uma nuvem de vapor que quase cegou a própria mestre, cobrindo o ambiente ao redor como neblina densa. Mina não pensara bem sobre uma estratégia para o derrotar, mas certamente não pensara que a neblina de vapor incomodaria à ela também.

-Porcaria...—Ela xinga olhando ao redor sem conseguir sentir a presença do capitão. Se ele familiarizasse mais rápido do que ela com aquele efeito então ela estaria em apuros. Aquilo seria cômico se não fosse trágico.


-Chega a ser um desperdício...


Mina se assusta escutando a voz do capitão ressoar fantasmagórica, sem conseguir distinguir de onde ela viera. A shinigami empunhou sua espada, se retesando olhando ao redor alerta. Apesar de querer responder, ela resistiu à sua armadilha ficando em silêncio; Mina sabia que ele queria que ela revelasse sua posição, o que indicava que felizmente o mesmo estava tão perdido quanto ela.


-...um poder tão grande em alguém com tão pouco controle.


Ela continuou quieta, controlando até mesmo sua respiração, sabendo que ele possuía uma audição tão boa quanto seu antigo capitão, Zaraki Kenpachi. A garota fechou os olhos e tentou sentir a presença de Kuchiki.


-Cansei de joguinhos, está hora de acabar com isso.—O capitão fala entediado, fazendo Mina esperar o inevitável, tensa.—Espalhe, Senbonzakura.


As shinigami escutou algo parecido com o farfalhar das folhas da cerejeira, suave, e em seguida a neblina fora cortada por todos os lados pelas lâminas da Zanpakutou do capitão.


-Tsc! Bankai! Queime e devolva às cinzas, Izanami.—Ela chama sua Zanpakutou, sabendo que nada mais pararia a chuva de lâminas de Senbonzakura do que fogo de sua espada.


A fênix de fogo apareceu esplendorosa, soltando um grito de guerra ensurdecedor, plainando acima de Mina protetoramente. O capitão encarou a ave à distância, comandando Senbonzakura serenamente, sem se deixar impressionar pelo Bankai da shinigami. Ele direcionou suas lâminas até o último foco de neblina de vapor existente, o dissipando e revelando Mina, com a espada ardente em mãos e o semblante mostrando dor e dificuldade de manejar seu Bankai.

Byakuya observou aquilo cerrando os olhos, vendo que as mãos da garota já estavam em carne viva.

-Ridículo. Ainda não têm domínio sobre sua Zanpakutou? Sua Bankai está incompleta.—Ele critica impassível, mostrando sua personalidade perfeccionista.

Mina soltou a respiração, furiosa, com sua dor agravando a falta de paciência que já tinha:

-Nem todos nós, insetos, treinamos desde a infância até os cem anos como você!—Ela brama se desconcentrando, fazendo a fênix ficar instável por um momento, batendo suas asas e soltando faíscas que começaram a incendiar o solo.

Kuchiki olhou para a clareira, temendo acabar destruindo seu local de sossego e reflexão, fazendo Senbonzakura voltar e se materializar de volta. Ele lançou somente um breve olhar de desprezo à Mina, a respondendo curtamente:

-Nem que tentasse você conseguiria entender a vida de um nobre.

A shinigami respira fundo, sentindo seu coração se apertar e retorcer, com a sensação conhecida de ser tratada como uma ninguém a deixando irracional.


-Por que me odeia tanto?—Ela questiona repentinamente, num tom surpreendentemente frágil e sentido. O capitão se virou para ela em silêncio, o rosto tão expressivo quanto uma parede branca de hospital.—Eu sei que você está por trás de toda essa perseguição contra mim, com três do clãs nobres praticamente ordenando que eu seja expulsa do gotei 13. Aliás, Asami Kuchiki? Nem um pouco tendencioso!—Mina discursa ofegante, sem prestar atenção na fênix acima dela, diminuindo e cada vez mais instável, tremulando como uma vela prestes a apagar. Ela fitava fixamente com raiva o capitão, que retribuía de forma desdenhosa.

Byakuya fechou os olhos, suspirando inaudível, em seguida os abrindo com uma frieza que ela jamais vira até então:


-Te odiar? Você não está se superestimando demais? Para eu te odiar você no mínimo teria que ser algo importante. O que eu sinto por você não chega ao desprezo.


Mina murchou tremendo os lábios, vulnerável à essa negativa tão objetiva. A fênix acima dela, completamente esquecida, com sua mestra sequestrada demais por seus sentimentos para se concentrar em manejar seu Bankai, finalmente se desestabilizou e soltou um guincho triste, fechando suas asas e sumindo, com apenas um rastro de fumaça negra evidenciando sua partida.

Mina, parecendo somente agora sentir a dor dos seus ferimentos, caiu de joelhos arquejando, com as mãos em fogo devido às queimaduras. Ela travou a mandíbula, tentando se conter na frente do capitão, que assistia à sua dor sem compaixão alguma.


-E sim, eu sou responsável pela indicação de Asami. Não que eu te deva explicações, mas não tenho parte na sua formidável reputação com os clãs nobres. Isso se deve à sua completa falta de respeito às regras e à ordem.


-Você não sabe nada sobre mim!—Ela grita em resposta, começando a curar suas mãos como aprendera com a capitã Unohana em seus tempos como oficial no 4° esquadrão.—Você critica todos como se um tipo de deus. Eu não suporto isso! Não escolhemos como vamos nascer, mas mesmo assim pessoas como você ainda se acham no direito de julgar quem não é igual!

O discurso de Mina se provou acentuado pela aparência dos dois shinigamis, que contrastavam não somente nisso, mas na situação em que se encontravam. O capitão continua a fitar de cima, num aclive, superior, sem um arranhão. Já a outra, de joelhos e cheia de cortes sangrando, parecendo ter saído de uma sauna, completamente ensopada de suor e com a pele chamuscada pelas faíscas de Izanami, com sua trança já desfeita, deixando os cabelos escuros caírem bagunçados ao redor do rosto.

-Pelo contrário, você é menos complexa do que se julga ser. Eu sei que infringiu leis por um desejo egoísta de ajudar a reencarnação de seu antigo namorado, escolhendo lutar contra seus antigos parceiros e até mesmo seu amigo, Abarai Renji. Logo que conseguiu escapar de Hueco Mundo sob circunstâncias desconhecidas, correu se encontrar com Kurosaki Ichigo no mundo dos humanos, sem procurar a Soul Society. Lá, controlada pelo inimigo, não só quase matou seu próprio ex-capitão e amigos, como também feriu o seu amado...

-JÁ CHEGA!


O capitão desviou da espada de Mina, que fora lançada com força em sua direção, o interrompendo. Ele a olhou com um misto de impaciência e arrogância, entretanto sem responder seu ataque. A shinigami encarava o chão sentindo todas as sensações ruins ao lembrar do incidente no mundo dos humanos. O assunto sempre a deixara mal, e o evitava como o diabo foge da cruz, mas quando ele inevitavelmente surgia, Mina não conseguia se manter impassível.


Se manter impassível...o que tirava Kuchiki Byakuya do sério?


-Você...como se sentiu quando sua esposa morreu?—Ela questiona o fitando efusiva.


Kuchiki brandiu sua espada, cerrando os olhos. Ficou evidente para a shinigami que o assunto não era bem-vindo para livres comentários. Parecia a única coisa que o afetava verdadeiramente, tirando sua calma lendária.

-Dói, não é? Então não fale de Ichigo com esse desdém, pois sabe o que isso significa para mim.—A shinigami ordena em tom severo.

Kuchiki levanta o queixo, se acalmando e abaixando sua espada.

-Você só conhece o que todos já estão cheios de saber sobre mim. Não sabe as razões para eu ter agido contra à lei. Você pode ser o líder de um clã, mas eu não sou!—Mina fala secando suas lágrimas com as costas das mãos, se levantando e usando shunpo para pegar sua espada, jogado à alguns metros do capitão.


-É exatamente por essa diferença de berço que você nunca será apta a liderar um esquadrão. Alguém como você jamais respeitará as regras e trará a desordem na sociedade.—Byakuya responde impassível.


Mina estanca, agora entendendo perfeitamente que fora ele desde o começo. Tudo o que ela sofrera fora porque ele não confiava em sua responsabilidade como capitã. Ela grunhe, ressentida, com toda a empatia que sentira antes por ele sendo destruída, dando lugar à raiva.

-Então é por sua culpa que eu serei obrigada a lutar sem a minha espada na frente de todos!—Ela fala avançando em sua direção, tremendo de fúria—Eu passei a semana toda trabalhando pelo meu esquadrão, não comi ou dormi enquanto não terminei minha tarefa, me submeti à todos os testes e até mesmo concordei em nunca mais infringir às regras! Eu deixei Ichigo porque sabia que as leis não nos deixariam ficar juntos! O que mais eu tenho que fazer para provar que sou confiável?—Ela pergunta exasperada.


Kuchiki apenas desvia o olhar dela, sem se deixar comparecer de sua situação.


-Nada. Desista de ser capitã e se contente em ser uma oficial. É o melhor que está destinado a pessoas como você.—Ele responde de olhos fechados, distante.


A shinigami sentia-se sem forças, desiludida por tantas críticas, prestes a sucumbir. Fechou os olhos, forçando-se a se acalmar, sentindo o vento bater em seu rosto, a tranquilizando. Ela olhou ao redor, observando com melancolia as árvores tão belas enfeitando o bosque da mansão Kuchiki.

-De que vale viver mil anos quando se é tão intenso quanto essa árvore?—Mina questiona repentinamente, apontando para a cerejeira, que observara a luta impassivelmente, deixando suas flores caírem e voarem sob a brisa com desprendimento.

Byakuya a olha cortante, em silêncio.

Mina se recompõe, vendo que ele não se importava. O silêncio dele a irritava mais do que qualquer resposta ofensiva, o que era extremamente frustrante. Mina odiava ser ignorada. Ela fechou os olhos, sentindo mais cansaço mental do que físico, de repente com uma clareza de julgamento que iluminou sua visão. Ela tirou as mechas molhadas de suor do rosto, resfolegando ainda sobrecarregada.

-Eu tenho...—Ela se cala, extenuada, mudando de ideia e abrindo os olhos. Viu Kuchiki desviar seu olhar para o nada, com a expressão sombria, inalcançável.


Não adianta, ela constata derrotada, ele não vai se abrir comigo nunca, mesmo que eu tagarele por mil anos.


Mina guardou sua Zanpakutou e estava prestes a ir embora, quando repentinamente Kuchiki andou até ela, parando à um metro de distância e encarando-a com os olhos semicerrados. A shinigami o fitou esperando, assustada com sua aproximação súbita.

-O que? Diga.—Ele ordena em tom autoritário.


Mina fica em silêncio, sustentando seu olhar com uma calma inesperada. Não sabia direito o porquê, mas o capitão lhe parecia um tanto menos amedrontador naquele momento. Seus olhos castanho-escuros lhe pareciam solitários e frágeis analisando de perto, não cortantes e imponentes como os via de longe. Podia perceber também, por exemplo, que seu orgulho imperioso havia notado resquícios de deboche no tom de Mina. Isso mostrava uma vulnerabilidade que ela não esperava nele, quase como uma teimosia infantil. As três palavras que ela não havia dito pendiam sobre eles, hesitantes, e o capitão queria que ela se atrevesse a dizê-las.

-Pena.—Ela responde piscando, imóvel.


O capitão levanta o queixo, altivo, querendo se mostrar menos ofendido do que realmente estava.

-Pena...?—Ele questiona como se não tivesse conhecimento da palavra em seu dicionário, levantando uma sobrancelha.

-Como eu disse antes, alguém que seja tão apegado à perfeição sempre será solitário. Não existe descanso para essa frieza, não é? Deve ser triste viver dessa maneira, se esforçando para continuar sozinho. Eu não imagino como uma pessoa dessas seria feliz, o que me dá pena.

Kuchiki a encarou sombriamente, aproximando mais um passo e colocando uma das mãos na ponta da bainha, num sinal claro de ameaça.

-Seja clara: está se referindo à mim?—Ele pergunta em tom intimidador.

Mina apenas o fitou em silêncio, em desafio, com o subjetivo “quem cala consente”, o que pareceu tê-lo irritado ainda mais. Em resposta à isso, o capitão a olhou como quem é obrigado a socializar com insetos que ele preferia esmagar a ser obrigado a poupar jogando-o pela janela.

-Por hoje é suficiente. Já pode retirar os seus pés imundos daqui.—Ele ordena sem sutileza, as palavras saindo estranguladas, como se doesse o esforço de proferi-las. Sua mandíbula estava tensa, seus dentes travados, fazendo sua voz soar ainda mais afiada do que o habitual.


Mina o olhou por mais um segundo, decepcionada; mas, mudando de ideia novamente, ao invés de sair pisando duro—como seu humor clamava—, ela abriu um sorriso alegre, piscando e fazendo uma reverência educada.

-Obrigada pelo seu tempo valioso, Kuchiki taichou! Eu apreciei o tempo que passamos juntos e aprendi muito hoje. Até a próxima!—Ela acena se levantando e o dando as costas, tendo o prazer de, na sua última checagem da expressão do capitão, ver uma carranca incomodada em sua face.


Bom, pelo menos eu sei que hoje eu o deixei muito irritado!, Mina reflete considerativa, soltando um riso satisfeito enquanto caminhava sem pressa pelo bosque incrivelmente belo da mansão do clã Kuchiki.

Afinal, mesmo o incômodo demonstrava que o capitão se irritava com as coisas, como uma pessoa normal. O próximo passo? Mina queria agora fazê-lo expressar algo perto de um sentimento bom. Não que ele merecesse esse tratamento após admitir ser a causa de sua perseguição, mas ela gostaria de provar à si mesma que conseguia vencer esse desafio.

Mesmo uma expressão triste seria um colírio para os olhos, diferente da máscara impassível em que ele se esconde sempre!


Notas Finais


Eita, eita :o muita treta esse capítulo

😘❤❤ espero que tenham gostado e comentem o que acharam!


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