Ichigo caiu de costas no chão coberto de grama, exausto. O suor escorria de seu corpo, como uma geleira derretendo. A boken em sua mão foi derrubada no chão, um claro sinal de fraqueza do seu aperto. A frente de Kurosaki, Rukia permanecia em pé, com seus braços cruzados. Acima de ambos, a copa de uma árvore.
— Chega! — Ichigo exclamou, sem forças para balançar a espada de madeira. — Eu não aguento mais!
— Mas você precisa! — Rukia exclamou, segurando o braço do Kurosaki, querendo puxá-lo para cima. — No campo de batalha não há tempo para descansar.
— Você leu Sun Tzu por acaso? — Ichigo questionou. — Você tá parecendo um general velho.
— Você tá me chamando de “velha”? — Ela questionou, com uma veia saltando em sua testa.
— É claro que não! — Ichigo respondeu de imediato, não querendo levar alguma injúria física de Rukia, ao menos, não naquele estado.
Bufando, Rukia estendeu sua mão para Ichigo.
— Vamos fazer uma pequena pausa — Kuchiki disse ao jovem ruivo. — Mas só uma pequena pausa, entendeu.
— Sim, senhora.... — Ichigo revirou seus olhos.... Poucos segundos antes de levar uma pisada em seu rosto.
— Senhora é a sua mãe, Ichigo! — Rukia exclamou, fazendo com que Kurosaki relembrasse que a idade de Rukia era uma pauta... sensível.
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Sob a copa da árvore que estavam treinando, Ichigo e Rukia estavam sentados com suas pernas cruzadas, ambos aproveitando a marmita que Urahara fez para eles mais cedo. Rukia parecia particularmente deliciada pela refeição, não conseguindo conter suas expressões de êxtase. Vendo as expressões cômicas realizadas por Rukia, o jovem ruivo não pôde de soltar uma risada.
— Extás... Xomdando.... Xe... Min...? — Rukia questionou com a boca cheia.
Ichigo soltou uma gargalhada antes de responder à pergunta da Shinigami.
— Não, só acho adorável o rosto que você faz quando tá comendo.
Puff!
A vermelhidão tomou conta do rosto de Rukia, que não esperava por tal elogio. Rapidamente, tratou de tentar cobrir o constrangimento existente em sua face, virando seu rosto e focando sua visão no bentô que ela segurava; seus fios pretos conseguiram cumprir parcialmente tal papel.
— Idiota... — Rukia murmurou.
— O que disse? — Kurosaki questionou.
— N-Nada não! — Ela exclamou. — Só termine logo de comer, precisamos voltar a treinar!
— Claro, claro... — Ichigo revirou os olhos, pegando a carne de porco com os hashis antes de guia-la até sua boca.
Eles continuaram a degustar o alimento, em um silêncio calmo e ininterrupto.... Até que....
— Ah, Kurosaki-san! — A voz de Orihime alcançou seus ouvidos. — E... Kuchiki-san?
Ambos viraram o rosto em direção a Orihime que havia parado seu percurso no meio do caminho. E, ao lado dela, estava Arisawa Tatsuki. Assim que os olhos de Tatsuki e Ichigo se cruzaram.... Uma chama de fúria foi acesa nos olhos de Arisawa Tatsuki, enquanto os de Ichigo foram preenchidos por um medo primordial e avassalador.
No exato momento que as pernas de Tatsuki se moveram, Ichigo rapidamente se virou e disparou, pretendendo fugir para longe. Arisawa começou a persegui-lo inexoravelmente, enquanto gritava seu nome para que Deus e o mundo escutasse.
— Caramba.... — Rukia estava atônita, enquanto observava os dois adolescentes sumirem no horizonte. — Bem, pra isso ele ainda tem energia, hein? — Kuchiki murmurou, zombando da reclamação que Kurosaki fez mais cedo.
— Bom dia, Kuchiki-san! — Inoue cumprimentou a garota, descendo a ribanceira e colocando-se ao lado dela.
— Ah, oi, Inoue-san, o que faz aqui? — Rukia indagou casualmente.
— Bem, esse é o caminho que geralmente eu tomo pra ir para casa — Orihime informou. — E dessa vez a Tatsuki-chan decidiu me acompanhar.
— Oh, entendo — Rukia voltou seu olhar para o caminho que Kurosaki e Arisawa seguiram. — Eles são amigos de infância, não é?
— Uh hum — Orihime assentiu.
— Então por que ela está o perseguindo com aquele instinto assassino?
— Ah, você não sabe, não é!? — Orihime exclamou após a realização, esclarecendo calmamente a situação logo em seguida: — Bem, é que o Kurosaki-san de repente pulou pela janela da nossa sala e começou a flertar comigo e com a Tatsuki-chan.
Ah é! Rukia se lembrou. Foi por isso que o Ichigo não queria voltar pro colégio, hoje!
— B-Bem, isso certamente é bem atípico do Ichigo, será que vocês não confundiram ele não? — Rukia, nervosamente, tentou retirar a culpa de Ichigo. Eu não tenho mais um Memory Chikan. O objeto sobrenatural havia se partido, após Ichigo sem querer sentar em cima dele.
Surpreendentemente, Orihime segurou as mãos de Rukia, enquanto a encarava com um rosto alegre.
— Então você também concorda comigo, Kuchiki-san! — Inoue tinha um sorriso quase infantil em seu rosto. — Eu também acho que aquele não era o Kurosaki-san... Tinha algo diferente nele que eu não sei explicar, mesmo que a aparência fosse a mesma...
Diante do rosto pensativo de Inoue, Rukia só pôde se questionar se as memórias daquela noite estavam voltando a Orihime. Isso seria péssimo, Kuchiki apertou seus lábios. Do jeito que Inoue é, ela provavelmente tentaria de toda forma saber mais sobre o mundo sobrenatural e isso seria perigosíssimo para ela. E, em meios suas dúvidas, Inoue acabou por falar:
— Será que ele era um clone!
Hã?
Orihime se afastou e colocou suas mãos na cabeça, como se tivesse acabado de descobrir o maior segredo do universo.
— É isso! Ele era um clone! — A descoberta foi tamanha que ela virou as costas para Rukia. — Então é verdade que o governo tá fazendo clones de todo seu povo!
Onde ela escutou isso? Rukia ficou desconcertada com a hipótese de Orihime.... Até que ela começou a pensar profundamente sobre o assunto. Pera aí.... Mas essa não é uma ideia tão absurda assim...
— Então isso significa que aquele Kurosaki-san é um clone do verdadeiro Kurosaki-san, que fugiu de uma base de experimentos governamentais! — A ideia ficava cada vez mais absurda em sua mente. Ela se virou para Kuchiki-san. — Mas isso é estranho, eu não lembro do Kurosaki-san ser um pervertido como aquele clone....
Rukia soltou uma risadinha, um sorriso presunçoso surgindo em seu rosto enquanto ela cruzava os braços.
— Você não conhece o Ichigo de verdade, Inoue.
— O que você quer dizer?
— Ele é um total tarado! — Rukia quase gritou.
Orihime arregalou os olhos e cobriu sua boca escancarada com suas mãos, completamente incrédula.
— Não acredito! — Inoue exclamou.
— Confie em mim, toda aquela carranca serve pra esconder a devassidão que ele tem!
Orihime se espantou ainda mais, não acreditando que o garoto que ela gostava era daquela maneira.
— C-Como você descobriu isso, Kuchiki-san!?
— Bem....
Então, sem que ela pudesse perceber, Rukia acabou por se entrosar em um longo diálogo com Inoue Orihime, esquecendo por um momento da perseguição que Ichigo estava sofrendo naquele momento.
****
[Heat of the Battle – Bleach]
BOOM!
A explosão reverberou pelo recinto pálido e um pilar de fumaça se ergueu entre os pilares retangulares e sem padrão. E do pilar de fumaça, Ishida Uryuu saiu, saltando para a torre retangular mais próxima. Seu traje estava parcialmente destruído. Suas calças jeans estavam rasgadas e sua camisa estava em farrapos, exibindo seu físico definido.
Seus sapatos derraparam no topo da torre, enquanto Ishida se virava para a coluna de fumaça, estendendo seu arco em direção a fumaça, esperando seu oponente aparecer. A Reiatsu dele está ali! Ishida preparou uma Flecha da Destruição, aguardando com calma.... Até que ele sentiu um traço da Reiatsu de seu pai escapar da fumaça e Uryuu imediatamente disparou sua flecha.
BUM!
A flecha azulada explodiu, aparentemente destruindo o alvo... que se revelou sendo uma camisa social branca. Merda!, Uryu percebeu a tática de seu inimigo e se virou completamente em direção ao outro lado. Seus olhos encontraram com os de seu pai, que disparava uma centena de flechas cintilantes em meio ao ar.
Uryuu saltou, esquivando de algumas das flechas, fazendo com que a pilastra retangular fosse destroçada. Uryuu seguiu em sua fuga, concentrando o Reishi na sola de seus sapatos para pisar no ar, saltando de um lado para o outro para desviar das flechas de seu pai.... Entretanto, as Flechas da Destruição começaram a seguir Ishida como misseis teleguiados.
Então meu pai pode fazer isso?, o Ishida mais novo estava impressionado, não esperava esse nível de masterização de seu pai. Ele estendeu seu arco espiritual para frente, criando Heilig Pfeils para disparar em direção às flechas de seu pai.
BUM!
Quando as flechas colidiram, elas explodiram em meio ao ar. Por um momento, Uryu respirou aliviado.... Até sentir uma Reiatsu familiar surgir atrás de si. Movendo-se pelo instinto, Uryu colocou seu braço ao lado do rosto, uma decisão acertada. Um chute acertou o braço de Uryu e o atirou em direção ao chão.
[Soundtrack Off]
Habilmente, Ishida Uryu aterrissou no chão, seus sapatos deslizando no solo até que o impacto gerado pelo golpe se desfizesse. Uryu se recompôs, mas com óbvias sequelas. Seu braço direito doía como o inferno, possuindo um inchaço roxo em seu antebraço.
— Merda! — Ele xingou, enquanto elevava seu olhar em direção ao seu adversário.
Ishida Ryuken pousou no chão, com a plenitude de uma pena. Seu rosto continuava impassível, apesar de ter parte de sua roupa destruída, revelando seu físico impressionante para um médico. Ao redor de ambos, os destroços das torres pálidas os cercavam, um cenário perfeito para o embate final entre pai e filho.
— Seu domínio do hirenkyaku é impressionante — Ryuken o elogiou, mantendo seu olhar fixo no seu filho. — Na sua idade, eu não era tão rápido.
Uryu apenas rosnou, estreitando seus olhos. Sua Reiatsu ainda está praticamente intacta, Uryu não conseguiu conter sua surpresa. Seu pai certamente era um monstro. Uryu estremeceu, sentindo a fadiga afetar seu corpo. Ele segurou seu braço, percebendo que ele estava praticamente inutilizado. Com um braço assim e com uma Reiatsu enfraquecida, eu definitivamente vou perder.
Ele desfez o Kojaku e ergueu seus punhos a frente do corpo, cerrando-os. Pela primeira vez naquela luta, Ryuken demonstrou surpresa. Logo em seguida, Ryuken ajeitou seus óculos e voltou a sua expressão séria. Ryuken desfez sua Arma Espiritual, envolveu seu pescoço com uma corrente prateada, fazendo a estrela Quincy pender à frente de seu peitoral.
— Então pretende lutar no corpo-a-corpo? — A Reiatsu aumentou ao redor de Ishida Ryuken, como uma chama controlada. — Te asseguro que não conseguirá bons frutos.
Com um sorriso confiante, Uryu respondeu:
— Bem, eu ao menos tenho que tentar, não?
[Encirclement Battle – Bleach]
Uryuu avançou em direção ao seu pai com uma arrancada, assemelhando-se a um raio. Ryuken se preparou, apertando seus punhos e aguardando que seu filho chegasse ao alcance de seu ataque. Quando isso finalmente aconteceu, Ryuken lançou um soco direto, entretanto.... Seu filho despareceu diante de seu olhar.
Utilizando o hirenkyaku, Uryuu surgiu atrás de seu pai, preparando um soco poderoso. Quando lançou seu punho em direção ao seu pai, ele se virou e flexionou seus joelhos, assumindo uma posição baixa enquanto empreendia um contra-ataque.
Pow!
Uma cotovelada acertou o abdômen de Uryu com força. A dor percorreu o corpo de Uryuu, enquanto seus pés instintivamente recuavam para trás. Aproveitando-se da brecha, Ryuken tentou agarrar seu filho com seus dedos, mas, novamente, Uryuu sumiu com o hirenkyaku.
Entretanto, Ryuken previu onde seu filho apareceria. Se virando, o Ishida mais velho lançou um soco cruzado em direção ao seu filho. O punho cerrado de Ryuken acertou em cheio o rosto de Uryu, o impacto rompendo o nariz do rapaz ao mesmo tempo que o atordoava. Ryuken seguiu a atacar seu filho, mas o jovem utilizou o hirenkyaku para desaparecer.
Institivamente, Ryuken se agachou, desviando do soco de seu filho. O corpo de Uryu acabou por se inclinar para frente, tropeçando com seus braços estendidos. Com a oportunidade criada, Ryuken atingiu o peitoral de seu filho com um soco ascendente, antes de se erguer e derrubar Uryu no chão. A dor preencheu de Uryu, mas mesmo assim, ele rodopiou e saltou para longe de seu pai, se recompondo; seus olhos brilhavam de raiva.
Ryuken voltou a sua posição de combate, encarando seu filho com a frieza de um metal.
— Eu lhe avisei que nenhum bom fruto sairia dessa sua tática. Podemos estar empatados quando se trata de hirenkyaku, mas quando entramos no campo de combate corpo-a-corpo, há um abismo entre nós dois.
Com o polegar, Uryu limpou o sangue que escorria de sua narina ao mesmo tempo que um sorriso selvagem nascia em sua face. Uryu levantou seus óculos, antes de flexionar seus joelhos, assumindo uma posição baixa, enquanto abria seus braços; uma clara posição de agarrão.
Ryuken suspirou.
— Ainda vai insistir nisso?
— É claro — Uryu respondeu.... Parecendo empolgado? — Afinal de contas, é a última coisa que me resta!
E então, Uryu avançou....
Pow!
A joelhada ascendente de Ryuken atingiu o queixo de Uryu e, logo em seguida, o jovem utilizou o hirenkyaku para sumir e surgir atrás de seu pai...
Pow!
Que o recebeu com um chute invertido na face, vindo da mesma perna que foi erguida anteriormente. Novamente, Uryu utilizou o hirenkyaku para desaparecer.
[On The Precipice of Defeat – Bleach]
Por quê?
Pow!
Ryuken acertou uma cotovelada no rosto de Uryu, antes que ele desaparecesse com o hirenkyaku.
Por que ele está insistindo nessa tática?
Pow!
O cotovelo de Ryuken se enterrou no abdômen de seu filho, fazendo com que uma onda de sangue escapasse de sua boca.
Por quê?
O braço de Uryu transpassou seu pai, que agarrou o braço estendido e o utilizou para atirar seu filho sobre seu ombro. Uryu pousou no chão, recuperando-se dos golpes pesados e avançou novamente.
Por quê?
Ryuken bloqueou o soco de seu filho com seus braços, contra-atacando com um soco cruzado, acertando o rosto de Uryu em cheio. E então, seu filho tornou a desaparecer com o hirenkyaku.
Por quê?
Ele defendeu um soco e contra-atacou com uma cotovelada.
Por quê?
Pulando, ele acertou seu filho com uma joelhada em seu peitoral.
Pare.
Ele desviou de um soco e acertou Uryu com outro, bem na costela.
Pare!
Ele segurou o punho cerrado de seu filho no meio do trajeto do soco e retaliou o ataque com um chute Rabo de Arraia, acertando-o diretamente na nuca. O golpe fez seu filho tropeçar, caindo sobre um joelho no chão. Ryuken lentamente se voltou para sua criança.
É o melhor para você.
E então, Uryu girou, direcionando um soco em direção ao rosto de seu pai. Entretanto....
Pow!
Ryuken atingiu o plexo solar de seu filho com um soco, desestabilizando-o por inteiro. Diante de seus olhos, ele viu uma expressão cheia de dor no rosto de seu único filho. O sangue de sua criança foi espirrado em sua bochecha.
Abandone esse caminho de uma vez!
Com seus dedos, ele agarrou o cabelo escuro de seu filho e com uma força impressionante, ele o lançou para o outro lado. O corpo de Uryu deslizou pelo chão, erguendo poeira, antes de parar, permanecendo de bruços. Ryuken o observou com olhos estreitos, esperando que ele realizasse qualquer movimento.
Por favor, fique aí...
Uryu voltou a se erguer, grunhindo de dor e esforço. Ryuken então rosnou, rangendo os dentes e fechando os olhos ao mesmo tempo que apertava seus punhos, salientando suas veias. Até que sua expressão cedeu ao escutar uma risada fraca e carregada de zombaria.
[Quincy’s Craft – Bleach]
Abrindo os olhos, ele encontrou seu filho em pé, encarando sob lentes quebradas.
— Há, há.... Parece que tá decepcionado pelas coisas não irem como o planejado, hein? — Um sorriso de zombaria estava estampado na face de Uryu. — Todos aqueles ali eram golpes finalizadores, não? Eu adivinhei pela forma que você os reforçava com Reiatsu.
Ryuken ficou em silêncio, fitando seu filho com um par de olhos frios. O corpo de Uryu estava acabado, hematomas roxos eram evidentes em sua pele clara e o encurvamento de sua postura era um claro sinal de cansaço, além de seu braço flácido em seu flanco direito. E mesmo assim, Uryu riu, como uma espécie de sadomasoquista.
— Bem, eu agradeço a gentileza, pai — Uryu ergueu seu braço bom para o alto. — Mas eu devo dizer que a vitória dessa luta é minha.
O quê?
De repente, Ryuken sentiu um polvilho próximo de Reishi. O mais velho dos Ishida olhou para baixo e encontrou uma série de pontilhos azuis sobre o chão, como estrelas de uma noite. Ele ergueu seus olhos arregalados para seu filho, que sorria com o dedo indicador estendido no ar à sua frente.
O dedo indicador de Uryu realizou uma linha vertical ascendente, antes de descer em uma diagonal e cessar na metade da linha feita anteriormente e cruza-la até o outro lado, fechando-se no topo da vertical logo em seguida com uma linha transversal; formando um arco no meio do ar.
Os pontos de Reishi cintilaram e Ryuken envolveu-se com uma camada poderosa de Reiatsu para se defender da explosão que se seguiria.
BUUM!!!
A explosão destruiu o assoalho ao redor ao mesmo tempo que criava uma cortina de poeira que cercou Ishida Ryuken, que conseguiu resistir a explosão, saindo praticamente ileso. E então, sua percepção sentiu a Reiatsu de seu filho surgir atrás de si. Ryuken sequer precisou pensar para saber que o Heilig Bogen de seu filho estava apontado para sua cabeça, com uma Flecha da Destruição prontificada para o disparo.
[Soundtrack Off]
— Foi uma boa estratégia — Ryuken elogiou seu filho, enquanto erguia os braços para cima.
— Obrigado — Uryu respondeu, com uma expressão que misturava cansaço e dor. — Tive que sacrificar meu corpo para conseguir concluir minha estratégia, mas valeu a pena.
— A inventou agora ou já tinha pensado nela antes?
— Eu a inventei agora, mas tomei a inspiração de outra pessoa — Uryu suspirou, relembrando sua fonte de inspiração. — Foi de uma maluca que gosta de explodir as coisas. Não imaginava que a usaria como inspiração para algo.
Ryuken suspirou, fechando os olhos.
— Entendi....
Ryuken abaixou suas mãos, mas não realizou nenhum movimento hostil. Seus dedos agilmente retiraram a Cruz Quincy de seu pescoço, antes de atirá-lo para trás. A cruz de prata tilintou no chão ao lado do sapato de Uryu, antes de se estabilizar sobre o solo pálido. Suspirando, Ishida Ryuken começou a caminhar em direção à saída do local de batalha.
— Aí está sua recompensa — Ryuken disse ao seu filho, tirando um maço de cigarro de seu bolso. — Agora arque com as dores do caminho que você escolheu.
Uryu olhou em direção a cruz, em seguida, inclinou-se e tomou a cruz entre seus dedos.
— Ah — Ryuken estancou no meio do caminho e se virou para o seu filho. Um cigarro já estava entre seus lábios. — Não se esqueça de desativar o Rantsoutengai, mesmo utilizando somente no braço quebrado, ele desgasta muito o seu corpo.
E então, Ryuken se virou e seguiu seu caminho para a saída. Uryu nada respondeu e apenas focou sua visão da cruz que estava na sua mão. E quando Ryuken saiu do campo de batalha, Uryu simplesmente desabou no chão. A fadiga pareceu atingi-lo de uma vez, como uma avalanche. Sua respiração se tornou descompassada e o suor brotou em sua pele como gotas de orvalho da manhã. Seu braço quebrado voltou a ficar flácido e seu cérebro parecia estar prestes a fritar.
— Maldito! — Uryu rosnou de maneira arrastada, enquanto colocava seu antebraço sobre seus olhos, para protege-los da luz. — Ele sabe que eu utilizei o Rantsoutengai por todo o corpo. — Ele suspirou, recuperando lentamente sua respiração.
Rantsoutengai.
Uma técnica Quincy de alto nível que permite ao usuário controlar partes do corpo usando cordas de Reiryoku controladas pelo cérebro, formando linhas ou cordas a partir do Reishi. Ao usar esta técnica o usuário pode controlar seu corpo como se fosse uma marionete permitindo que ele se mova livremente apesar de paralisia membros quebrados ou qualquer outra força que possa impedir o movimento normal.
Foi originalmente criado para permitir que um idoso Quincy lutasse de forma eficaz. Esta é considerada uma das técnicas mais poderosas no arsenal dos Quincy e, naturalmente, ela é especialmente difícil de manter por um longo tempo, cobrando uma grande força cerebral.
Suspirando, Uryu estendeu a Cruz Quincy acima de sua cabeça. Um sorriso de satisfação surgiu em sua face.
— No fim das contas, valeu a pena.
****
— Você tem sorte que minha raiva diminuiu! — Gritava Tatsuki, caminhando sobre a calçada adjacente à ribanceira verdejante do canal.
Seguindo-a forçadamente estava Ichigo, com sua orelha capturada entre os dedos de Arisawa. O rosto do rapaz.... Não estava em seu melhor estado. O olho roxo era um aspecto destacado de sua raiva, assim como o inchaço em sua bochecha. A dor era evidente em sua expressão.
— M-Me desculpe... — Ichigo respondeu a Tatsuki, mal conseguindo falar devido ao ferimento em sua boca.
Realmente, Tatsuki continuava com sua mão pesada. E, aparentemente, os dedos também.
— Ai! Ai! Ai! — Ichigo segurou o pulso de Tatsuki. — Por favor, Tatsuki! Você vai arrancar a minha orelha!
— Talvez eu arranque! — Ela se voltou para ele. — É o que você merece pelo que fez!
— Mas eu já pedi desculpas! O que mais você quer que eu faça!? — Kurosaki implorou para saber, sentindo sua orelha doer cada vez mais.
Tatsuki encarou Ichigo com um rosto franzido, parecendo medi-lo, no mais puro silêncio, enquanto sua mente pensava no que Ichigo deveria fazer para compensar o constrangimento do dia anterior.... Até que de repente, as bochechas de Tatsuki se avermelharam, enquanto os olhos dela se arregalavam.
Ela soltou a orelha de Kurosaki de uma vez, enquanto virava suas costas para ele e cruzava seus braços abaixo de seus seios.
— N-Na verdade.... Não precisa fazer nada.... — Tatsuki gaguejou, parecendo.... Insegura?
Ichigo arqueou a sobrancelha, enquanto aliviava sua orelha queimada da dor que Tatsuki aplicou ali. A dor fez sua mente deixar essa dúvida de lado, Tatsuki sabia aplicar dor como ninguém.
— Vamos logo! — Tatsuki ordenou, seguindo em frente com passos pesados.
Ichigo, sabiamente, decidiu seguir Tatsuki.
— Então.... Estamos bem? — Ichigo arriscou perguntar, mesmo sabendo do perigo que corria.
Tatsuki não virou o rosto para encara-lo, continuando a caminhar.
— Sim — ela respondeu, seca. — Estamos bem.
E ambos ficaram em silêncio pelo resto da caminhada, até que seus olhos se deparassem com a visão de Orihime e Rukia conversando sob a sombra da árvore que Kuchiki e Kurosaki compartilhavam anteriormente. Ambas pareciam bem entretidas na conversa que se desenrolava entre elas. Elas se desligaram da conversa quando notaram a aproximação de Ichigo e Tatsuki.
— Oh, vocês voltaram — Rukia se ergueu do solo, com um sorriso suave no rosto.
Orihime, por outro lado, ao ver o retorno de Kurosaki e Arisawa, se levantou com uma expressão de preocupação profunda em seu belo rosto. Ela imediatamente correu para ficar ao lado de Ichigo, tomando o rosto do rapaz entre suas mãos gentis, enquanto aproximava sua visão da face ferida do ruivo.
— Você está bem, Kurosaki-san! — Ela perguntou, enquanto virava o rosto do garoto de um lado para o outro. — A Tatsuki-chan não o castigou muito, não é?
Ichigo, obviamente, corou com o toque súbito.... E o mesmo aconteceu a Orihime quando ela percebeu o contato íntimo e repentino que ela teve com o garoto. Ela largou o rosto do rapaz e quase saltou ao se afastar dele.
— Q-Q-Quer dizer....
— Eu estou bem, Inoue — Ichigo respondeu a preocupação da garota, com um sorriso tranquilo no rosto. — Tatsuki foi misericordiosa comigo....
— Eu estou cada vez me arrependendo disso.... — Tatsuki murmurou.
— O quê? — Ichigo questionou, não tendo escutado direito o murmuro de Arisawa.
— Nada — ela bufou, colocando-se ao lado de Inoue. — Vamos embora?
— Hã? Mas já!? — Orihime esqueceu seu constrangimento, tornando-se cabisbaixa com a sugestão de Tatsuki. — Mas a Kuchiki-chan e eu estávamos nos dando tão bem....
— Pode me chamar de Rukia, Inoue-san — Kuchiki disse a garota de cabelos castanhos.
— Sério!? — Orihime questionou. Com o assentir de Rukia, um sorriso radiante cresceu em seu rosto. — Legal! Então pode me chamar de Orihime, Rukia-chan!
Que brilho.... Ichigo, Rukia e Tatsuki pensaram ao mesmo tempo ao ver o brilho positivo que Orihime exibia para os três.
— Se estamos nos chamando pelo primeiro nome, significa que somos amigas, não é!?
— Claro — Rukia assentiu, com um sorriso suave em seu rosto.
Adoravelmente, Orihime realizou pulinhos alegres, feliz por ter feito uma nova amizade. Tal demonstração de alegria, fizeram com que os quatro corassem, enquanto pensavam em uníssono: Que fofa! Pigarreando, Tatsuki agarrou a mão de Orihime, fazendo com que ela parasse de pular como se estivesse em um trampolim.
— Bem, temos que ir logo, Orihime — Arisawa a puxou, começando a caminhar para longe. — Temos que estudar para as provas, lembra?
— É mesmo! — Uma expressão exagerada de surpresa surgiu na face da garota de cabelos castanhos. Ela se voltou para Rukia e Ichigo, acenando em despedida: — Tchau, Kurosaki-san! Rukia-chan!
A dupla acenou em despedida, observando as duas garotas continuarem seu caminho. Espera aí.... Ichigo percebeu de súbito.
— Merda! — Ichigo colocou as mãos na sua cabeça. — Eu esqueci que semana que vem é a semana de provas!?
— Semana de provas? — Cruzando os braços, Rukia perguntou genuinamente curiosa.
— É uma semana inteira que devemos fazer testes escritos! — Ichigo bufou. — Que saco!?
— E isso é tão importante assim?
— Bem, isso vai determinar se eu vou ou não passar de ano.... Espera, você sabe o que é um ano letivo, não é?
— É claro que sim — Rukia respondeu com um sorriso orgulhoso. — Eu estudei como funciona seu sistema de ensino através de literatura moderna!
— Quando diz literatura moderna.... Você não tá se referindo aos meus mangás, não é?
— É claro que não! — Rukia respondeu com um sorriso presunçoso. — O Urahara me explicou tudo isso!
— Sei.... — Ichigo não sentia segurança nas palavras de Kuchiki. Dando de ombros, o rapaz suspirou. — Bem, então além de treinar para salvar o mundo, terei que estudar para passar nas provas.
— Bem, eu acho que sim — Rukia desceu calmamente a ribanceira, virando um olhar para ele. — Então, temos que terminar o seu treino de hoje logo.
Ichigo suspirou, desejando gritar a todos os pulmões pelo destino que recaiu em suas costas. O rapaz desceu a ribanceira e pegou a boken que estava estirada na encosta. Ele se voltou para Rukia, que também empunhava uma espada de madeira. Kurosaki bufou, antes de entrar em posição de luta.
— Beleza, vamos terminar isso logo.
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