História Bleach: Remix - 015. Truth Revealed

[Heat of The Battle – Bleach] 

 

  A Flecha da Destruição voou em direção ao Kurosaki, que rapidamente sacou sua grande lâmina para pô-la a frente do corpo.

 

  Bum!

 

  Uma cortina de fumaça surgiu após a explosão e o corpo de Ichigo voou em direção ao chão, mas o rapaz girou em meio ao ar e “pisou” no céu. Sua respiração estava descompassada e seu rosto mostrava pura surpresa pelo súbito ataque. Os olhos arregalados de Ichigo encontraram os frios orbes cinzas de Uryu, que preparava uma nova Heilig Pfeil.

  — Ficou maluco, Uryu!? — Ichigo exclamou.

  Ishida não pareceu escutar e disparou novamente. A língua de Ichigo estalou, enquanto ele novamente brandia sua espada.

 

  Bum!

 

  A lâmina da Zanpakutou destruiu a Flecha da Destruição, mas a colisão das duas armas fez o braço de Kurosaki estremecer. Essas flechas são muito fortes! Kurosaki exclamou em sua mente, enquanto era envolvido por uma momentânea cortina de fumaça.... Que quando se dissipou, revelou o desaparecimento de Uryu.

 

  Hã!?

 

  Antes que ele pudesse se questionar, os sentidos sobrenaturais de Ichigo detectaram a Reiatsu de Ishida atrás de si. Ichigo se virou com uma velocidade que impressionou Uryu e com seu pulso, ele desviou a mira da Heilig Bogen, direcionando-a para cima.

  A flecha azul que já estava na arma foi disparada pelo súbito empurrão de Ichigo, voando em direção ao topo do céu, estourando quando chegou lá.

 

  Bum!

 

  A flecha explodiu como um fogo de artificio, distraindo Ishida um momento antes de um punho fechado atingi-lo na cara.

 

  Pow!

 

  A força do golpe foi tamanha, que o lançou para baixo, forçando-o a pisar em um telhado aleatório de uma casa.

 

  [Soundtrack Off]

 

  A aterrisagem foi turbulenta, fazendo com que Ishida caísse sobre um de seus joelhos. O jovem Quincy cuspiu o sangue gerado pelo lábio cortado, limpando logo em seguida o sangue que começou a escorrer de suas narinas com o polegar da mão livre.

 

  A mão dele continua pesada como sempre.....

 

  A memória da infância veio a sua mente de maneira inevitável, mais especificadamente, a memória de uma briga que Ichigo e ele travaram no parque que sempre iam. Ishida já havia se esquecido do motivo da luta – provavelmente havia sido por conta de uma besteira – ele apenas se recordava que havia apanhado feio para Ichigo. Desde sempre, quando se tratava do físico, ele o superava.

  Bem, ele praticava Karatê, não é algo para se impressionar, ele grunhiu ao se levantar. Na casa diante de si, ele escutou os pés de Ichigo tocarem o telhado.

  — Se acalmou!? — Ichigo questionou, um tom enraivecido em sua voz. A lâmina da espada espiritual descansava em seu ombro, enquanto o punho que socara Uryu permanecia fechado. — Ou vou ter que afundar minha mão na sua cara pra você parar com essa loucura!?

  — Loucura!? — Uryu soltou uma risada irônica. — Para mim, é uma loucura você continuar nesse caminho Shinigami sabendo de seu sangue.

  Ichigo rosnou.

  — Eu estou pouco me importando com meu sangue ou qualquer briga envolvendo dois povos que eu não conheço! — Ichigo esbravejou. — E você também não deveria se importar!

  — Então por que você ainda continua com esses poderes!? — Uryu questionou com uma voz alterada. — Qual é o seu motivo para continuar sendo um Shinigami?

  — Eu não consigo tirar esse poder de mim! — Ichigo respondeu. — É simples assim.

  — Como assim? — Uryu parecia genuinamente confuso.

  — Bem.... É complicado de explicar, mas basicamente, a Shinigami que me deu esses poderes não consegue pegá-los de volta.

  — Isso.... Não faz sentido nenhum! — Uryu exclamou. — Quando um Shinigami fornece seu poder para um humano, ele pode recuperá-lo a qualquer momento.

  — Bem.... Isso não aconteceu comigo....

  — E então você decidiu brincar de “Caçador de Fantasmas”? — questionou Uryu, elevando uma sobrancelha de maneira irônica.

  — “Brincar”!? Você realmente acha que eu brincaria com algo assim!? — Ichigo exclamou. — Eu estou usando esses poderes para proteger as pessoas, simples assim.

  Ishida apertou seus punhos ao mesmo tempo que franzia seu cenho. O que ele estava fazendo? Por que ele atacou Ichigo de maneira tão irresponsável? Ele poderia ter os poderes de um Shinigami, mas ele não era um deles.... Ele era seu amigo. Ishida bufou e desfez o sua Arma Espiritual.

  Ichigo elevou uma sobrancelha.

  — Parece que ‘cê finalmente voltou ao normal, hein?

  — Calado! — Uryu exclamou, enfiando seu rosto na palma de sua mão. Ele suspirou, recompondo-se, e em seguida falou: — Agi de maneira muito precipitada. Me desculpe, Ichigo.

  — Bem, eu te perdoo, Uryu.... — Os olhos de Ichigo se fixaram em Uryu, um tempero de seriedade em seus orbes castanhos. — Mas você vai precisar pagar pelo que fez....

 

  O quê?

 

  — Eu preciso da sua ajuda, Uryu.

 

 

                                                                   ****

 

 

  Tatsuki bufou quando saiu do mercado, carregando um par ligeiramente pesado de ingredientes. Ela não era a única a fazê-lo, Rukia também estava ao seu lado, segurando as alças de um par de sacolas brancas, tão cheias e pesadas quanto as suas. Certamente, Orihime havia exagerado em seu pedido e isso parecia ser um pensamento que as duas garotas compartilhavam.

  Elas se puseram a caminhar, rumando em direção a casa de Inoue, em silêncio. Apesar de se darem bem, elas certamente não eram amigas e pouco tinham a ver uma com a outra.... Bem, a não ser o corte de cabelo curto que ambas adotaram. E, em silêncio, elas continuavam a caminhar.

  Tatsuki olhou de soslaio para a Kuchiki, antes de voltar seus olhos para a frente antes que a garota de baixa estatura percebesse. Rukia, entretanto, notou isso com tremenda facilidade graças a sua percepção melhorada, mesmo limitado pelo seu gigai.

  — O que tem em mente? — Rukia questionou Tatsuki, sem olha-la diretamente, mantendo seus olhos direcionados para frente.

  Arisawa soltou uma interjeição surpresa em conjunto a um sobressalto, impressionada por ter sido descoberta pela baixinha de cabelos escuros.

  — Hã? — Tatsuki ainda estava confusa, não sabendo ao certo se Rukia a havia decifrado ou não.

  — Você quer perguntar algo para mim, não é? — Kuchiki questionou, parando de andar e se direcionando para Arisawa.

  Tatsuki parou ao lado de Rukia. Ela hesitou, ponderando se deveria ou não perguntar o que queria saber. Ela suspirou, fazendo sua decisão:

  — Kuchiki-san, desde que você apareceu o Ichigo está agindo de uma maneira estranha — ela começou a falar. — Além disso, vocês dois se aproximaram muito rápido, e eu conheço Ichigo a tempo o suficiente para saber que ele não se aproxima facilmente de um desconhecido.

  Rukia ficou em silêncio, seus olhos não transparecendo nenhuma resposta e isso somente fez uma raiva aumentar no coração de Tatsuki. Ela deu um firme passo à frente, elevando-se sobre a figura diminuta de Rukia. Sua face mostrava um semblante enraivecido; sobrancelhas franzidas, nariz dilatado e lábios contraídos formando um rosnado.

  — Você não vai me responder?

  Rukia não recuou, permanecendo firme em sua posição. Ela encarou os olhos de Arisawa e respondeu:

  — Não está acontecendo nada.

  — Mentira! — Tatsuki rosnou, se irritando ainda mais. — Eu quero saber o que vocês estão escondendo, Kuchiki. Não voltaremos à casa de Orihime até você me responder.

  Rukia apertou seus lábios, encurralada. Ela estava sem seus itens Shinigami para fazer Tatsuki esquecer de suas suspeitas. De repente, Tatsuki deixou uma sacola de compras cair ao lado de seu pé e com a mão livre, ela segurou o colarinho de Kuchiki Rukia.

  — Me responda!

  Rukia suspirou.

  — Certo....

 

 

                                                                      ****

 

 

   Ichigo respirou fundo, ansioso. Ele olhou ao redor, em busca da presença de Uryu entre os alunos que entravam no colégio de Karakura. Onde ele está?

  — Atrás de você — A voz de Ishida fez Ichigo saltar, assustado.

  O jovem se virou, encontrando Uryu, parado com um olhar decepcionado.

  — Sua percepção espiritual é péssima, sabia?

  — É, eu tenho que melhorar esse meu aspecto — Ichigo respondeu, trivialmente.

  Ishida ficou em silêncio por um momento, ajeitando seus óculos, eclipsando por um momento seu olhar analítico.

  — Está nervoso?

  — É óbvio que sim — Ichigo bufou. — Eu não sei se vai dar certo....

  — Se ela aceitar as minhas demandas.... — Uryu respondeu.

  Ichigo apertou os lábios, suando frio. Ele fez uma proposta a Uryu, para que eles pudessem se unir contra um mal maior. Entretanto, Ishida tinha... assuntos a tratar com a Shinigami antes que eles fizessem tomassem qualquer ação em conjunto. Ambos avançaram em direção ao interior da escola.

  O ambiente escolar permanecia normal, alunos indo e vindo pelos corredores, rumando para suas salas de aula respectivas. Tudo parecia indicar que seria um dia tranquilo na Colégio de Karakura, mas Ichigo se sentia incomodado por algo que ele nem mesmo sabia. Uma sensação de desconforto que percorria todo o seu ser enquanto ele continuava a caminhar.

  Kurosaki bufou e afastou sua mente dessas preocupações que surgiram de maneira repentina. Enfim, chegaram à sala de aula e foi Ishida que tranquilamente entrou primeiro. Entretanto, quando Ichigo colocou um pé no interior da sala de aula, ele teve seu colarinho agarrado e seu corpo empurrado contra a parede a esquerda.

  Ichigo se surpreendeu a velocidade que esses eventos ocorreram e principalmente pela pessoa que fez isso. Sua amiga de infância, Arisawa Tatsuki, que o encarava com um olhar feroz, sob uma sombra de mágoa. Confuso e estupefato, esses foram os sentimentos que inundaram a mente de Kurosaki e não somente a dele. Seus amigos, que já estavam dentro da sala de aula, pareciam tão surpresos quanto ele, principalmente Orihime e Uryu.

  Entretanto, a única que não tinha um olhar surpreso em seu rosto, muito pelo contrário. Ela desviava o olhar da cena que ocorria diante dela, com um sinal de culpa em seu rosto.

  — T-Tatsuki, o que você...?

  De repente, ela largou seu colarinho e recuou um passo. Ela apertou seus punhos e o fitou com olhos furiosos.

  — Eu preciso falar com você. Agora!

 

 

                                                                          ****

 

 

  Foi o silêncio que se fez presente enquanto Ichigo seguia Tatsuki. O caminhar da garota era espaçado, seus braços indo para frente e para trás com um forte balanço, complementando as pisadas firmes que ela realizava. Em contraste, Ichigo a seguia em um caminhar encolhido, quase assustado. Ele, além de surpreso pelo súbito comportamento de sua amiga, estava confuso. O que a fez tomar aquela atitude anterior?

  — Hã.... Tatsuki....

  — Calado! — Ela respondeu de imediato, sequer se virando para encara-lo. — Quando chegarmos no lugar, vamos conversar.

  Ichigo aceitou resignadamente e continuou a segui-la. E em apenas alguns minutos de caminhada, eles enfim chegaram ao local que Tatsuki escolheu. Era simplesmente o espaço atrás do prédio escolar, onde poucos frequentavam. Tatsuki parou quando chegaram ao local, fazendo Ichigo instintivamente fazer o mesmo.

  O silêncio perdurou por um momento, com nenhum dos dois falando qualquer coisa. Até que Tatsuki se virou para ele, com um olhar cheio de ressentimento:

  — Por que não me disse nada!? — Ela questionou, apertando seus punhos.

  — Tatsuki, o que você quer dizer....

  — Não tenta mentir pra mim! — Ela exclamou, socando a parede ao seu lado esquerdo. — A Kuchiki me contou tudo.

  Ichigo recuou, estupefato.

 

  O quê!?

 

  Tatsuki deu um passo à frente, seu rosto se contorcendo de indignação.

  — Quando eu escutei o que ela disse, eu não acreditei de primeira.... Mas daí eu me lembrei do que você me contava quando éramos crianças....

  — Tatsuki, do que você está falando...? — Ichigo recuou, desviando seus olhos do de Arisawa.

  — Não se finja de desentendido! — Ela exclamou. — Eu sei que você lembra muito bem disso!

  Ichigo permaneceu em silêncio, apertando seus lábios e abaixando seus olhos, não querendo encara-la. Rosnando, Tatsuki estendeu seu braço e seus dedos se torceram na gola do uniforme de Ichigo, puxando-o para cima. Isso forçou Kurosaki a encara-la. Os olhos irritados de Tatsuki estavam estreitos, os dentes cerrados sob seus lábios semiabertos. E em meio a essa raiva, havia mágoa.

  — Por que você não falou nada para mim!? — Ela questionou, com uma pontada de angustia em sua voz.

  — Eu não queria envolve-la nos meus problemas, Tatsuki — ele respondeu. — Não queria que ninguém se envolvesse nos meus problemas....

  — E por que não!? — ela gritou. — Somos amigos, imbecil! E amigos se envolvem nos problemas de seus amigos!

  Ichigo estalou a língua e desviou o olhar.

  — Não nesses problemas...

  — O que torna esses problemas tão diferentes dos outros!? — Ela questionou, segurando com firmeza a gola de sua camisa.

  Ichigo não respondeu, escolhendo permanecer em silêncio, evitando ao máximo o olhar enraivecido de Tatsuki. Eles passaram segundos nesse impasse.... Até a garota largar o rapaz. Kurosaki quase caiu no chão por conta da soltura súbita, mas conseguiu se estabilizar e evitar a sua queda. Ele voltou seus olhos para Tatsuki, confuso. Havia uma grande mágoa naqueles orbes castanhos, como se ele a tivesse traído de alguma forma.

  — Você me acha fraca? — Tatsuki questionou.

  Os lábios de Ichigo se abriram com leveza, assim como seus olhos. Tatsuki estalou sua língua, abaixou a cabeça e apertou seus punhos, seu corpo inteiro tremendo de raiva. Estalando a língua e se repreendendo mentalmente, Ichigo começou a se aproximar de sua amiga com cautela.... Mas....

 

 

  Pow!

 

 

  Um punho cerrado acertou o rosto de Ichigo, carregando uma força tão grande que no segundo seguinte, Kurosaki se encontrou no chão. Seus olhos instintivamente pousaram em Arisawa, presa na pose de um soco lançado.

  — Idiota! — Ela rosnou, antes de se afastar rapidamente do local.

  Ichigo grunhiu, sentando-se no chão, flexionando seus joelhos e pousando ali seus cotovelos. Ele inclinou as costas e abaixou o rosto, suspirando.

 

 

  Merda....

 

  O sinal tocou, sinalizando o inicio das aulas. Ichigo se levantou do chão e se recompôs, antes de começar a rumar para sua sala. Haviam coisas mais importantes para se resolver.