-Eu sou a Lin, prazer em conhecê-la. Noelle não é?
-Isso, você também é um deles?
-Sou, porém com um estilo bem melhor.
A garota observou a mulher, não parecia ter mais de trinta anos, bonita e com um estilo de roupas impecável. Não sabia se ela era real mesmo ou algum tipo de atriz famosa, cabelos escorridos e pretos como do irmão. Traços semelhantes entre os dois, porém os olhos dela eram azuis e se questionou, o porquê.
-Entendi. Murmurou baixo.
-Vamos, se anime. Eu vou te esperar lá fora para gente conhecer a casa e se conhecer também.
Assim a mulher saiu do quarto, seu irmão estava no batente da porta e também saiu, quando a porta foi fechada totalmente avançou em cima dele, batendo as costas na parede e pressionou o pescoço.
-Que merda é essa Jeongguk? O que quer com essa menina?
-Não quero nada, eu juro.
-Não… Minta para mim seu merdinha.
-Eu não tô mentindo. Os dois começam a ficar irritados, ele empurra a mulher se desvencilhando e mostra as presas, assim como ela.
-Você ficou anos, décadas sem chegar perto de um humano e agora do nada quer que eu cuide de uma menina?
-Que droga Lin, você sabe o motivo. Não percebeu nada?
-O que?!… Percebi o que?… – Os lumes azuis cintilaram buscando respostas no rosto do irmão – Ah não.
-Pois é.
-Ah não.
-Lin!
-Jeongguk Ferrado Stekel, você é o cara mais azarado e sortudo que conheço.
-Nem me diga, quando olho para ela é como se voltasse no tempo de novo. Quando a conheci, quando me apaixonei pela primeira vez e logo em seguida fico com medo, quando me lembro do que aconteceu depois.
Batendo o pé no assoalho de madeira, Lin Marie toma uma decisão. Seu pai explicou a situação complicada em que a garota estava envolvida, era bem arriscado, porém nunca negou ajuda. Como vampira nunca pôde ser mãe, era um desejo seu amassado e enterrado no fundo do seu ser, então pensa que talvez devesse dar uma chance.
-Tudo bem, eu vou ajudar. Mas quero que mantenha certa distância.
-Obrigado, obrigado. Vou manter.
O homem saiu dali bem rápido quando a porta foi aberta, Noelle foi até o corredor.
-Pronto.
-Ótimo, vamos. Aqui é o segundo andar, o único quarto ocupado é o seu. Vamos andando.
O corredor era bem longo, dava uma volta e percorreram até o final. O tapete era azul royal com detalhes amarelos, com uma cor fraca de dourado por estar desgastado. As paredes eram diferentes do andar de baixo, eram brancas e cobertas de quadros estranhos, ela parou para ler alguns e tinham gravuras muito curiosas. “Declaro Jeongguk Stekel, formado com honra na marinha no ano de 1908”. Prosseguiu olhando os outros quadros e viu uma foto preta e branca, a gravura dizia que era o registro de quando inventaram o primeiro rádio, em 1896 e viu uma figura borrada no fundo bem parecida com o vampiro. Por fim, chegaram no fim do corredor e tinha uma porta de vidro, mais adiante uma escadaria.
-Vamos subir – O corrimão era marrom com detalhes dourados, a escada fazia uma curva para subir – Essa não é a escada principal, no terceiro andar fica o meu quarto e do meu irmão. No último do meu pai.
A decoração já era totalmente diferente, mais escuro com as janelas cobertas pelas cortinas.
-É verdade que vampiros não podem ficar no sol?
-Claro, me dá uma alergia horrorosa na pele. Todos os andares têm cerca de três lavados, temos cento e oitenta quantos, sete salas de estar e cinco salas de jantar, biblioteca e salas de jogos.
As portas eram duplas de madeira escura, o tapete bege se estendia até o fim do corredor. Passou por uma porta entre aberta, pelas coisas dentro deduziu ser de Jeongguk. Deu uma olhada rápida e não conseguir ver direito, continuou andando conhecendo a casa. Dariam liberdade para a garota andar pela casa, ir pelo jardim ou nadar na piscina.
Voltaram até o quarto dela.
-Você vai precisar de algumas coisas, podemos ir comprar. Higiene pessoal, roupas e tem algo em específico que queira?
-Um celular seria legal….
-Hum, faz sentindo – Notou certo desânimo – Vai ficar tudo bem Noelle.
-Eu vou morar aqui agora? Viver com vocês?
-Vai ser legal, eu prometo. Eu não sou especialista em cuidar de alguém, mas vou dar o meu melhor. Também não precisa ter medo de nós, somos controlados e estamos nessa há bastante tempo. Nada vai acontecer com você.
-Obrigada, eu acho. Disse incerta, não foi uma frase que passou segurança.
-Eu sei que é difícil as mudanças, perdas. Infelizmente isso faz parte da vida, já perdi muitas pessoas, só que se aprende a lidar e seguir em frente. Não estou dizendo que não vai doer, porque vai doer muito, porém – Se aproximou e afastou os cabelos escuros do rosto da mais nova – Temos que seguir em frente e viver por aqueles que não podem mais.
Algumas lágrimas escorreram pelo rosto, tocada pelas palavras da Stekel.
-Obrigada, há quanto tempo você virou…. Sabe… ou nasceu assim?
-Vampiros não podem ter filhos, então nascemos humanos. Todos nessa casa já foram humanos um dia, primeiro foi meu pai, depois ele me transformou e depois o Jeongguk acabou sendo transformado.
-E perdeu muitas pessoas queridas?
-Muitos, muitos amantes. Eu sou uma romântica incorrigível e sempre me apaixono por alguém que não posso ficar junto.
-É só transformá-lo também.
-Não é tão simples, decidir se vai viver para sempre não é uma questão simples de ponderar. Você é imortal, mas o preço por isso é grande.
-Qual o preço?
-A alma? A felicidade? O amor? Isso depende para cada um.
[...]
Mais tarde Noelle estava em seu quarto e tomou um susto quando a porta foi aberta.
-Quem é você?!
-Me desculpe, achei que estava vago. Não se preocupe querida, só vim limpar o quarto.
-Você trabalha aqui? Reparou nas roupas de empregada.
-Trabalho.
-Quer que eu saia?
-Pode ficar.
Permaneceram em silêncio por um tempo, a curiosidade começou a incomodar.
-Tem quantos empregados aqui?
-Talvez oito, agora somos em sete na verdade. O Dan saiu.
-Vocês sabem para quem trabalham? Perguntou inocente.
-É claro garota, não é porque são vampiros que são do mal. Tem muito patrão ruim por aí, que são só humanos. Prefiro para trabalhar para o senhor Stekel, o Stekel pai. E os outros também, minha mãe e minha avó também trabalharam aqui e sempre foram de confiança.
-Entendi. Qual seu nome?
-Carmela, eu não entendi por que pediram para fazer o café da manhã. Ninguém come aqui, mas agora eu entendo. Você é humana.
-Sou, cheguei faz pouco tempo.
-E por que está aqui?
-Não tenho para onde ir, Jeongguk me trouxe para cá.
-Olhando seu rostinho, parece que já te vi antes. Deve se parecer com alguma atriz de novela.
-Obrigada, eu acho.
Por fim, quando terminou a limpeza a menina ficou sozinha novamente. A casa era silenciosa e solitária, olhou pela janela e se questionou se deveria ir lá fora. O lugar era bonito de dia, sem aquela atmosfera assustadora de quando chegou, porém não tinha forças para sair da casa. Então voltou a se deitar de baixo das cobertas.
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