A Loup voltava para o edifício em que trabalhava com o almoço de alguns executivos, o restaurante fica na rua no escritório e cada um pediu um prato feito, cerca de seis marmitas. Saiu pelo elevado indo em direção ao refeitório do andar, cheia de sacolas, tendo que carregar sua própria refeição, os respectivos cartões dos executivos, seu celular e para ajudar alguém do Rh entregou uma pasta de arquivos que teria que deixar para Kanji. Assim que virou a esquerda do corredor já conseguia escutar as conversas das pessoas no refeitório, quando estava na porta deu de cara com seu namorado que olhou confuso.
-Oi, o que está fazendo?
-Fui buscar alguns almoços. As sobrancelhas franzidas, os lábios um pouco ressaltados como se estivesse segurando a vontade de fazer um biquinho, pegou as sacolas e deixou apenas os documentos nas mãos dela.
-Você não é contratada para buscar os almoços, não precisa fazer o que eles pedem. E se não visse algum degrau da escada e caísse e se machucasse? Só porque é estagiaria que tem que carregar a comida dos folgados, quem pediu?
Alguns funcionários pediam coisas fora da função, apenas por achar que era estagiaria e precisava fazer as funções que eles não queriam. Por não ter se estabelecido tão bem e ser considerada novata, porque alguns tinham anos de empresa, fazia sem questionar muito.
-Eu achei que não tinha problema…
-Amor, tem problema. Quem pediu?
-Pessoal daquela mesa, mas uma marmita é minha.
Olhando os nomes entregou a que pertencia a garota.
-Depois vou ver se vai comer tudo, agora come por dois Elle. Eu já volto.
-Onde você vai?
-Dar um recadinho aos meus executivos — Mesmo que não quisesse, sabia que não valia a pena impedir porque não conseguiria. Determinado Stekel chegou na mesa com os cinco colegas que trabalham com o vampiro há um tempo, porém nunca foi muito com a cara — Aqui que pediram o almoço?
Eles se levantam confusos.
-Senhor Jeongguk, por que está trazendo as marmitas?
-Eu vi a estagiaria trazer e fiz o serviço por ela.
Colocou tudo em cima da mesa, junto com os cartões.
-Porque? Não é sua função.
-Sim e nem a dela. Não sei porque acham que a função dela na empresa é tão ineficiente que não tem ocupações e precisa fazer o que os senhores que tem pernas e mãos para ir buscar, não fazem por achar que são mais importantes.
Uma das mulheres deu uma cotovelada de leve no homem do lado e sussurrou que a menina era parente dele.
-Peço desculpa senhor, pedimos e ela não negou. Então pensamos que não seria um problema.
-Bom da próxima, peguem vocês mesmos — Saiu dali com a missão de passar na sala da sua secretária e ver sua namorada. Deu dois toques na porta e ouviu a permissão para entrar, encontrando-a pegando a salada com um garfo de plástico, em seguida mastigando e olhando na tela do computador o horário que teria que agendar para a próxima visita. O homem puxou a cadeira do lado e se sentou — Devia comer, somente.
-Só estou olhando o horário aqui pra agendar.
-Olha depois.
-Tudo bem — Pegou uma porção generosa de macarrão e se virou para olhá-lo, ajeitando o paletó na frente e cruzando as pernas — Quando vamos contar? Minhas roupas estão bem justas e não vou conseguir disfarçar por muito tempo.
-Vamos contar que está gravida do seu namorado. Só não pode dizer que sou eu.
-Aah, por quê? Fez uma expressão de descontentamento, beirando a manha.
-Elle, não pode dizer que engravidou do seu tio na empresa.
-Que merda, tem razão. As vezes esqueço disso. E vamos continuar morando no meu apartamento?
-Sim, por enquanto eu acho. Vai trabalhar até qual mês de gestação?
-Até eu me sentir confortável, dai tranco a faculdade e fico de licença.
A cadeira é de rodinhas se aproximou da garota, deixou um selar simples na bochecha sentindo emanar calor do seu corpo.
-Vamos passar naquele médico hoje?
-Sim, finalmente vou receber uma luz sobre tudo isso.
-Acho que vai ajudar bastante, me espere para ir embora, tudo bem?
-Sim — Ela virou o rosto e deu um selinho, a destra alheia se aproximou e o rapaz a manteve perto dando outros selares seguidos. Se afastaram encarando a face alheia — Não sei se é porque esta frio hoje, mas o bico do meu peito tá durão. O silêncio durou por alguns segundos até ele soltar uma gargalhada alta.
-Do nada você fala isso.
-Mas não tô mentindo.
-Está doendo? Deixa eu ver.
-Você é doido? Perguntou olhando para os lados.
-Quando a Loélia volta?
-Falta vinte minutos pra acabar seu horário de almoço.
-Então… ninguém virá tão cedo, deixa eu ver.
Um pouco contragosto, levantou a blusa junto da camisa e o sutiã com um bico nos lábios. O homem se abaixou um pouco e tocou as pontas dos dedos observando os mamilos, assim que tocou escutou um baixinho gemido de dor.
-Tá doendo sim, melhor não tocar.
-Seus mamilos estão grandes, deve ser por conta da gravidez. Só está doendo ou está doendo por que está sensível? Perguntou sério.
-Por que está sensível — A mão gélida apertou seus dois seios juntos com uma força moderada, não sabia que os seios dela poderiam ficar ainda mais apetitosos e se enganou, na sua visão podia. Não via a hora de vê-la amamentando e cheia de leite — Ai… Ai, tarado.
-Desculpa — A acompanhou abaixar e ajeitar a blusa — Seu corpo está mudando e fico muito feliz vendo isso, quer dizer que nosso filho está crescendo — Levou a mão até o rosto alheio e fez carinhos com o polegar — Te amo tanto Elle… ainda não sei como agradecer esse presente que está me dando.
A garota virou o rosto para baixo, fungou o nariz querendo chorar e apenas se deixou levar quando o vampiro a trouxe para perto e colocou seu rosto no meio do peitoral.
-Você quer me fazer chorar, sabe como eu estou essa semana.
-Eu sei meu amor, chora por qualquer coisa.
-Eu também te amo Jeongguk. Passou os braços ao redor do tronco dele dando um abraço, não ficaram nesse aperto por muito tempo e logo se afastaram para voltar a rotina de trabalho. Mais tarde a moça foi até a sala do senhor Kanji entregar os documentos, bateu à porta e entrou deixando a pasta em cima da mesa, antes de se virar para ir embora o homem a chamou.
-Noelle, se estiver refém em uma situação que passa há muito tempo e não consegue sair, por favor tente buscar ajuda e denunciar.
-Perdão? Perguntou confusa sem entender nada, que assunto estranho era esse.
-Pode contar comigo se precisar, denuncie para a delegacia da mulher.
-O senhor acha que estou em uma situação de abuso ou violência? Está enganado, estou bem e não tem nada de errado na minha vida. Disse firme, ainda confusa pelo assunto ter surgido do nada.
-Senhorita, as vezes é difícil aceitar a situação em que estamos, só não demore para denunciar.
Ela saiu pela porta sem dizer nada, achou tudo idiota demais para formular uma resposta. Incompreendida o motivo dele ter tido essas coisas, porém tinha certeza que era um mal-entendido. A situação se estabeleceu quando o homem em questão passou perto da sala de Loélia, escutou parte da conversa e viu o cenário em que o Stekel pediu para ver os seios da funcionária e sobrinha em meio ao horário de almoço, mesmo que a garota tenha negado mostrou e isso ao ver dos olhos alheios foi uma situação esquisita, pelo seu chefe ser um homem mais velho e conviver junto dela, poderia coagir sem que ninguém soubesse por justamente ninguém saber o que acontece em casa. Não era de hoje que Kanji achava estranho a relação dos dois e isso só se intensificou.
Assim que o fim de tarde chegou passou na sala de seu chefe, conversou sobre alguns assuntos pendentes de trabalho, contudo antes de ir embora sua fisionomia mudou completamente.
-O senhor deve gostar de garotas mais novas.
-O que? O vampiro tirou os olhos do computador e viu o homem ainda parado no meio do seu escritório, franziu as sobrancelhas confuso.
-Deve gostar de manipular e coagir garotas, se aproveitar delas.
O rapaz ficou de pé, um pouco irritado com as acusações.
-Espero que seja alguma brincadeira de mau gosto, para estar me acusando dessa forma.
-Estou falando a verdade, sei que mantêm alguma relação com sua sobrinha. Vou te denunciar por isso.
-Não sabe do que está falando, não vai querer inventar mentiras sobre mim.
-Eu sei bem do que estou falando, eu escutei vocês hoje mais cedo. Há quanto tempo a trata daquela forma? Desde sempre?
-Deve ter tomado muito remédio antes de vir trabalhar. Escute bem, a minha vida pessoal e da Noelle não é da sua conta, intrometido que ouve as conversas dos outros. Confesso que não fui ético, mas não pegue um assunto pela metade e tire conclusões. Além dela ser de maior, não somos parentes de sangue e se sair espalhando esse boato pela empresa, garanto que será demitido e não conseguirá outro emprego tão fácil, não terá como sustentar sua família e terão que tomar medidas desesperadas.
Kanji abriu a boca em choque, de fato não ouviu toda a conversa, sequer sabia que não eram parentes de sangue.
-Eu não… sabia.
Jeongguk se sentou novamente na cadeira, soltou um longo suspiro.
-Imaginei que não soubesse, tenho uma relação com Noelle. Não se preocupe que não cometerei outras ações do tipo no meio do expediente, para que ninguém interprete de forma errada. Aliás ninguém sabe sobre e agradeceria que não contasse, seria ruim para ela também.
-Sim… eu imagino que se preocupe com isso… peço perdão por ter sido evasivo e rude.
-Fiquei triste por saber que tem essa imagem de mim, eu jamais faria algo do tipo contra alguém, é ridículo pensar ao contrário.
-Peço perdão mais uma vez senhor — Se curvou — Vou compensar fazendo um ótimo trabalho pela construtora.
-Ótimo, até senhor Kanji.
Assim o advogado saiu pensando que quase perdeu seu emprego, decidiu que deixaria seu lado curioso de lado e focaria apenas em fatos buscando mais informações antes de sair acusando os outros por assédio.
[…]
Mais tarde o casal foi até o médico como combinado, era uma clínica comum com médicos especializados em obstetrícia e pediatria. Marcaram a consulta com o vampiro em questão e depois do ultrassom conversou e respondeu as dúvidas deles.
-A senhorita está com quase três meses de gestação, daqui algumas semanas podemos descobrir o sexo do bebê.
A Loup ouvia tudo atentamente sentada na maca enquanto o namorado estava de pé ao seu lado.
-E qual a foi a razão exatamente que fez que eu conseguisse engravidar? Sempre achei que não era possível e por isso a gente nunca se protegeu.
-Bom alguns fatores contribuíram para isso, pelo exame a senhorita é bem fértil e também é jovem, apesar que teoricamente os espermatozoides de um vampiro estão mortos e não podem ser fecundados, existe uma pequena chance entre os trilhões deles que pode ter conseguido fecundar o óvulo — O casal se olhou pensando na falta de informação que contribui com isso — É claro que existem vampiros que convivem humanos por séculos e nunca chegaram a terem filhos, é uma situação em duzentas e pode acontecer no decorrer dos anos.
-E como meu bebê vai ser? A natureza dele?
-A gestação ocorre normalmente igual de um humano, a criança híbrida apenas desperta sua outra natureza no aniversário de cinco anos. Então até essa idade ela vai viver normalmente, depois disso vai ser preciso ser instruída como vampiro. O senhor Jeongguk pode caçar pelo filho, ensinando como se alimentar e quando atingir a idade ele fará sozinho.
-Que alívio eu achei que teria que dar sangue na mamadeira, fico contente por saber que só vou precisar dar leite. Noelle comenta animada, arrancando sorrisos dos homens presentes.
-Exato, até os cinco comerá apenas comida humana.
-E ele vai envelhecer? O Stekel perguntou.
-Sim, até certa idade. Com dezoito anos permanecerá com a mesma aparência.
-Como sabe de tudo isso? O senhor já presenciou o nascimento de outro híbrido?
-Eu presenciei o nascimento do meu filho, então tenho bastante experiência na pratica.
Os dois arregalaram os olhos surpresos com a informação.
-E quantos anos ele tem?
-Eu acho que pela casa dos duzentos anos — O homem deu risada — Aquele moleque me dá dor de cabeça há dois séculos.
-E sua esposa? Deu tudo certo no parto? A garota perguntou preocupada.
-Eu sei que está com medo, mas ocorre tudo bem. Hoje em dia existe cesárea.
-Ótimo… que bom. Respirou aliviada.
-Não se preocupem atoa, vai dar tudo certo e posso afirmar que vai ser a mudança mais feliz de suas vidas.
-Obrigada doutor.
-E antes de saírem, devo informar que não poderá se alimentar da sua namorada. É melhor para poupar forças para gerar a criança.
-Certo e alguma outra recomendação?
-Por enquanto não, agendem a próxima consulta e vamos prosseguir com exames do pré-natal.
-Tudo bem, até a próxima consulta.
-Até e parabéns, vocês tem sorte.
-Obrigado. Respondeu um pouco em dúvida.
No estacionamento, os dois de mãos dadas caminham até o carro.
-O que acha que ele quis dizer falando que temos sorte?
-Eu não sei, talvez deve ter muitas pessoas em relações como a nossa que querem ter filhos e nunca conseguem.
-Então somos sortudos?
-Somos, tenho certeza.
-Finalmente, nessa vida tínhamos que ter um pouco de sorte, não é amor? Ela diz em tom de brincadeira, o rapaz sorri de canto. O dois entraram no carro indo para casa.
-Acho que precisamos começar a comprar as coisas para o bebê, senão a minha irmã vai comprar aquelas roupas de neném cafonas.
-Tem razão, vamos nesse final de semana.
-Mesmo sem saber o sexo?
-Sim, não importa tanto a cor das roupas.
-Verdade, podemos comprar algumas fantasias. O que acha? Tem de dinossauro, ursinho e tantas outras. A moça olhou desconfiada.
-Por que eu tenho a impressão que estava pesquisando isso?
-Porque eu estava, foi ficar tão fofo amor, vamos?
-Claro, vamos.
-Vamos também comprar para gente e andar combinando. Disse bem rápido com a visão focada na estrada.
-O que?! Não, da onde tirou essa ideia?
-Eu vi um vídeo e achei fofo, uma roupa para você e para mim.
-Jeongguk Stekel, eu não sabia que gostaria desse tipo de coisa.
-A gente muda de ideia né.
-Muda muito, você disse uma vez que era ridículo.
-É, com a família dos outros. Com a nossa vai ser legal.
-Entendi. Ela responde entre os risos.
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