Ano:1200
Valquíria estava lavando seu rosto em um pequeno lago em uma clareira, ela havia se alimentado há algum tempo e precisava se livrar do sangue em seu corpo.
Ela caminhou até uma parede de pedras e se sentou no chão recostando suas costas, estava cansada e o pior, não tinha nenhuma perspectiva do que fazer, seu povo estava morto, ela não tinha para onde ir e nem a quem pedir ajuda, e ainda tinha que fugir das duas pessoas mais importantes da vida dela, sem falar em uma bruxa que parecia se divertir com seu sofrimento.
Valquíria fechou os olhos por alguns instantes, precisava descansar, não aguentava mais ficar em pé, sentia seu corpo todo doer e uma fraqueza inexplicável havia a invadido.
Seu plano era dormir apenas por alguns minutos, mas estava tão cansada que acabou dormindo por algumas horas, quando acordou o dia já estava sumindo, dando lugar a noite.
Valquíria se levantou abruptamente quando percebeu que não estava sozinha, havia mais três pessoas na clareira e ela conhecia bem as três pessoas.
- Finalmente acordou, pensamos que dormiria para sempre – Cayena sorriu debochada.
- O que fazem aqui? – Valquíria se colocou em posição de ataque.
- Estamos atrás de você – Wolf comentou – deu trabalho para te achar, mas por sorte alguém sabia exatamente aonde você estava.
- Hunter – Valquíria olhou para o namorado que até o momento estava calado.
- Eu sabia que você viria para cá, era o seu lugar preferido.
- Era o nosso lugar preferido – ela o encarou com raiva – o que vocês pretendem fazer comigo?
- Não é óbvio? – Wolf se aproximou dela – Eu deixei claro que se você machucasse a minha irmã, eu iria matá-la.
- Eu já esperava isso dos dois, mas de você? – Valquíria continuava com sua atenção em Hunter – Você prometeu que ficaria do meu lado.
- Isso foi antes de você matar o meu pai, o nosso povo.
- O quê? – Valquíria franziu o cenho confusa – Eu não os matei, não fui eu.
- Nós sabemos que foi você – Cayena disse séria – quem mais faria aquilo?
- Você – Valquíria a encarou – você fez algo aquela noite, quando me soltou.
- Do que ela está falando? – Hunter perguntou para a bruxa.
- Sim, eu soltei você naquela noite, apenas isso, eu fui embora e você ainda ficou lá.
- Você os alertou sobre minha fuga, você fez eles me acuarem – Valquíria aumentou o tom de voz.
- Isso não era motivo para você matá-los.
- Por que não a tirou de lá? – Hunter questionou pensativo – Você poderia muito bem ter feito surgir uma fumaça e ter feito ela desaparecer.
- Era o plano dela, assim como ela mandou eu e o Wolf para longe, para que a Kira atacasse você – Valquíria encarava a bruxa com raiva.
- Faz sentido, a Kira nunca atacaria o Hunter, com certeza a Cayena é responsável por isso – Wolf disse entredentes.
- Não acreditem nela, ela está tentando se livrar da culpa.
- Primeiro ela fez o Wolf e eu brigarmos e agora está fazendo você me odiar – Valquíria se aproximou de Hunter – por favor, acredita em mim, eu nunca os mataria, eram meu povo também.
- Vamos acabar logo com isso, estou cansada de sempre vocês estragarem meus planos – Cayena ergueu as mãos fazendo surgir uma luz roxa em volta delas.
- O que você está fazendo? – Wolf questionou preocupado, estava com um péssimo pressentimento.
- Indo para o plano C – Cayena abriu os braços fazendo a luz se espalhar e aumentar a intensidade.
A luz tomou conta de todo o lugar, obrigando Valquíria, Hunter e Wolf fecharem os olhos.
Valquíria sentiu um vento rodeá-la e sentiu seu corpo girar, quando o vento passou e ela abriu os olhos, percebeu que estava em outro lugar, apenas ela e Cayena.
- Onde estou? O que você fez?
- Calma, como eu disse, é apenas meu plano C.
- Plano C? – Valquíria perguntou confusa.
- Exatamente, meu plano A, era te convencer a ficar do meu lado, você não quis, o plano B era colocar um contra o outro, mas vocês dão um jeito de se resolverem, então vou para o plano C.
- E o que é o plano C? – Valquíria perguntou receosa.
- Não se preocupe, a única coisa que você precisa saber sobre ele, é que dará certo.
- Por que está fazendo isso?
- Porque é divertido e não vou parar até conseguir o que eu quero.
- E o que você quer? – Valquíria a encarou.
- Poder absoluto, para isso eu preciso dos três, então independente do quanto demore ou do local, eu sempre irei atrás de vocês.
- Aonde estão Hunter e Wolf?
- No mesmo lugar em que os deixamos, agora chega de perguntas e durma – Cayena soprou no rosto de Valquíria a fazendo desmaiar.
*
*
Hunter abriu os olhos de repente e assustado, olhou ao redor vendo Wolf caído no chão e Cayena sentada na frente deles.
- Aonde estamos? – Hunter se sentou ao mesmo tempo em que Wolf acordava e se sentava também.
- O que aconteceu? – Wolf perguntou assustado ao perceber que tanto ele quanto Hunter estavam machucados.
- Vocês não se lembram? A Valquíria fez isso, ela os atacou e só não os matou porque eu consegui mandá-la para longe.
- Não acredito que ela fez isso – Hunter passou a mão em seu braço aonde havia uma mordida.
- Mas fez, precisamos matá-la o mais rápido possível – Wolf disse com raiva.
- Eu tenho uma ideia – Cayena sorriu – mas acho que vocês não vão gostar muito.
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Astrid e Hiccup estavam em pé um do lado do outro observando as duas garotas em frente ao carro.
Anna e Clara observavam os papéis e cadernos espalhados no capô do carro de Hiccup.
- Nada, aqui não tem nada que diga o que devemos fazer – Clara bufou irritada – eu nunca vi algo assim antes.
- Se a Clara não viu, imagine eu – Anna deu de ombros – isso é realmente importante?
- Sim – Astrid respondeu rápido – eu preciso recuperar a memória.
- Desculpem a demora – Rapunzel se aproximou deles – eu estava desfazendo as malas com o Flynn, fiquei surpresa com a ligação.
- Desculpa te chamar assim, mas eu precisava de ajuda e isso precisa ser feito por bruxas.
- Isso o quê? – Rapunzel questionou confusa.
- Isso – Clara jogou um caderno para Rapunzel que o pegou no ar e começou a ler.
- Isso é um feitiço para uma poção da memória.
- Exatamente, eu preciso que vocês façam uma espécie de antídoto – Astrid disse séria.
- Aonde encontraram isso?
- Era do meu pai – Hiccup respondeu – ele fez essa poção para a Astrid se esquecer dele e de sua família.
- E funcionou?
- Sim, eu me esqueci e agora quero me lembrar.
- Você mesmo não disse que se lembrou de algumas coisas com os diários? – Anna questionou – Precisa mesmo do antídoto?
- Eu tive alguns flashs, eu quero lembrar totalmente, e então Rapunzel, você consegue?
- Sim, mas preciso de um tempo.
- Você consegue? – Anna perguntou boquiaberta.
- Sim, não é tão difícil assim – Rapunzel disse simplista.
- Há quanto tempo mesmo você descobriu que é uma bruxa? – Clara questionou perplexa.
- Um pouco mais de seis meses, é que aconteceu muita coisa em Corona.
- Ela é descendente da Cayena – Astrid comentou.
- Da Cayena? Você está falando da Cayena que estou pensando? – Clara parecia não acreditar, Astrid apenas assentiu.
- Você a conhece? – Rapunzel perguntou confusa.
- Toda bruxa a conhece, ela foi a primeira e mais poderosa de todas, e você tem o sangue dela, agora entendo por que é uma bruxa tão boa.
- Obrigada – Rapunzel sorriu tímida.
- Então está decidido, Rapunzel faça o antidoto o mais rápido possível.
- Assim que estiver pronto eu aviso, agora é melhor eu ir, antes que o Flynn simplesmente jogue todas as roupas no guarda roupas – Rapunzel guardou o caderno na jaqueta e saiu.
- Quer carona? – Clara perguntou enquanto criava um portal.
- Você sabe que eu quero – Anna falou se aproximando de Clara.
- Eu vou daqui a pouco – Astrid sorriu.
Clara a Anna entraram no portal que se desfez assim que as duas passaram por ele.
- Será que a Punzel vai conseguir fazer o antídoto? – Hiccup perguntou enquanto guardava os cadernos e papéis no porta malas do carro.
- Acho que sim, eu espero que sim.
- Como você está? Com tudo o que descobriu.
- É estranho saber que tem uma parte da sua vida que você não se lembra, pessoas que foram importantes para você, mas estou feliz e aliviada por eu não ter matado seu pai.
- Eu também – Hiccup fechou o porta malas e se aproximou de Astrid – mas confesso que é estranho.
- O que?
- Saber que a minha namorada era para ter sido minha madrinha.
- O quê? – Astrid o encarou – O que disse?
- Que você era para ser minha madrinha, é isso que está em um dos diários.
- Não isso, estou falando da parte em que você disse que eu sou sua namorada.
- Eu não disse isso.
- Disse sim, você acabou de dizer.
- Você ouviu errado, devíamos falar com a Heather, ela estava ansiosa para saber.
- Quer ir agora?
- Sim – Hiccup abriu a porta do carro e estava quase entrando quando percebeu que Astrid caminhava na direção contrária – aonde vai?
- Para casa.
- Ta, mas quer ir pela floresta?
- Eu estou acostumada a ir correndo, mas ok, vamos no seu carro – ela deu meia volta – posso dirigir? Estou com saudades, desde que destruí o meu carro no penhasco não quis comprar outro.
- Nem pensar, você não vai dirigir – Hiccup entrou no carro e Astrid fez o mesmo.
- Por que não?
- Você acabou de me lembrar que destruiu o seu carro, acha mesmo que vou deixar você fazer o mesmo com o meu?
- Eu não destruí o carro, foi o impacto com a água.
- E tem a cara de pau de falar isso?
- Ah claro, você pode falar que eu sou sua namorada, mas eu não posso falar isso? – Astrid bufou enquanto colocava o cinto de segurança em Hiccup.
- Eu já disse que não falei, você ouviu errado – Hiccup ligou o carro e deu partida.
- Eu sou uma vampira, minha audição é perfeita.
- Pelo jeito não é.
- Quer discutir comigo? Só para você saber, eu venço.
- Quem disse? – Hiccup sorriu em deboche.
- Eu posso sugar seu sangue até a última gota com apenas uma mordida.
- Esse carro está repleto de armas que podem te matar em menos de um minuto.
- Com apenas um golpe e em menos de um segundo, eu posso arrancar o seu coração – Astrid abriu um meio sorriso enquanto arqueava a sobrancelha.
- Ok, você venceu, quer dirigir?
- Não, estou bem só com o fato de ter ganhado – ela sorriu, mas parou ao perceber que Hiccup a encarava – olha para a estrada, eu já estou morta, você não.
- Foi mal – ele virou para a frente – é que eu estava com saudades.
- Do que?
- Outra hora eu falo.
- Sabe que vou cobrar.
- Sei, agora coloca o cinto.
Astrid revirou os olhos e fez o que Hiccup havia mandado. Ela estava feliz, estava se sentindo leve como a muito tempo não se sentia, ela não havia matado Stoico, pelo contrário, eles eram amigos, isso significava que sua vida estava ligada à de Hiccup mesmo antes de ele nascer.
*
*
- Pensei que uma hora dessas você já teria contado para a matilha – Kristoff se aproximou de Niara que estava encostada em uma árvore encarando a floresta.
- Você deu uma ordem como alfa, sabe que não podemos desobedecer.
- Nia, estou fazendo o melhor.
- Para quem? Já foi errado você começar a namorar com a Anna, uma humana, para completar ela é uma bruxa, agora eu descubro que a irmã dela é uma vampira, você é amigo de um caçador, e ainda tem um acordo com a família do mal da Astrid, você não merece ser nosso alfa.
- Entendo que esteja irritada e até desapontada, mas precisamos dessa trégua.
- Não, eu não preciso, mas tudo bem Kris, eu não vou contar nada para a matilha, nem vou atacar nenhum dos seus amiguinhos, mas não vou ficar de boa com eles e escute o que eu vou dizer, uma hora todas saberão disso, pense em como seu pai reagirá, você está se aliando ao inimigo.
- Eles não são inimigos.
- Você sabe como fazer um alfa deixar de ser alfa? – ela arqueou a sobrancelha.
- Você está me ameaçando?
- Não, estou apenas dizendo que isso vai acontecer e quando acontecer, eu não precisarei mais te obedecer – Niara se virou e foi embora deixando Kristoff sozinho e confuso, só esperava estar fazendo a coisa certa.
*
*
Quando Astrid abriu a porta de casa, se deparou com todos na sala, o clima parecia tenso.
- Jack? – Elsa olhou em direção a porta com um sorriso, mas o fechou ao perceber que era Astrid e não o garoto.
Astrid entrou na casa e abriu espaço para que Hiccup também entrasse, ao ver o irmão Heather foi até ele.
- O que faz aqui?
- Precisamos conversar pirralha.
- Ele ainda não voltou? – Astrid perguntou para Elsa.
- Não e não faço a menor ideia de onde ele está – Elsa estava aflita.
- Ele só precisa de um tempo, ele logo aparece.
- Você não está nem preocupada?
- Eu conheço o Frost o suficiente para saber que ele está bem, ele só precisa colocar a cabeça no lugar, é sempre assim quando ele se lembra da morte dos pais.
- O que aconteceu com os pais dele? – Quênia perguntou curiosa.
- Se ele não contou, não serei eu quem farei isso.
- Chata.
- Eu não vou ficar aqui esperando, vou atrás dele – Elsa disse decidida e saiu da casa.
- O que ele faz aqui? – Max perguntou se referindo a Hiccup – Só porque fez uma trégua acha que pode vir aqui a qualquer momento?
- Ele pode – Astrid disse firme – algum problema com isso Max?
- Não, claro que não – o moreno forçou um sorriso.
- Ótimo, estaremos no escritório e não quero ser interrompida, entenderam?
- Sim senhora – os gêmeos falaram em uníssono.
Astrid sinalizou para que Hiccup e Heather a seguissem e os três foram para o escritório.
- Devo me preocupar? – Heather perguntou assim que entraram no cômodo e Astrid fechou a porta.
- Não, temos uma notícia boa – Hicccup sorriu.
- Vocês voltaram? – Heather perguntou animada.
- Não – Hiccup respondeu ao mesmo tempo em que Astrid disse sim.
- Voltaram ou não?
- Ele me chamou de namorada agorinha – Astrid deu de ombros e foi até o frigobar, ela pegou uma garrafa de uísque e dois copos.
- Eu já disse que você entendeu errado.
- Não vamos começar essa discussão de novo, achei que tinha ficado claro que eu havia ganhado – Astrid colocou um pouco da bebida nos dois copos e serviu Hiccup e Heather.
- Você ameaçou a arrancar meu coração, eu tive que dizer que você havia ganhado.
- Alguém pode me explicar o que está acontecendo? – Heather perguntou confusa.
- Sim – Astrid se sentou e os dois fizeram o mesmo.
- Não vai beber? – Hiccup perguntou ao perceber que a loira não segurava nenhum copo.
Astrid não respondeu, apenas colocou a garrafa em sua boca e a virou bebendo metade do líquido em um gole.
- Ela é meio que alcóolatra – Heather sussurrou para o irmão.
- Eu ouvi isso – a loira a encarou – porque a minha audição é perfeita – ela olhou sugestivamente para Hiccup que apenas revirou os olhos.
- E então, o que querem conversar comigo?
- Não foi a Asty que matou o papai – Hiccup disse sem delongas.
- Não?
- Não, eu e ele éramos amigos e ao que tudo indica ele morreu por um caçador.
- Como assim?
- Eu não me lembro exatamente, li alguns diários dele e tive alguns flashes de memória, sei que eu e ele estávamos em um galpão e que um caçador atirou nele e eu matei o caçador, mas não me lembro dos detalhes.
- Como você não se lembra? – Heather estava confusa.
- Ele me deu uma poção que apagou parte da minha memória, mas já estou resolvendo isso.
- Então você era mesmo amiga do papai e da mamãe?
- Eram melhores amigos, acredita que a Asty era para ser a madrinha de casamento dos nossos pais?
- Sério? – Heather questionou boquiaberta ao ouvir a revelação do irmão.
- Não só isso, era para eu ser a madrinha do Hiccup também.
- Dá para esquecermos essa parte, já disse que é estranho – Hiccup bufou e bebeu mais um gole da bebida.
- Então isso significa que vocês dois não vão mais se matar e eu não vou precisar escolher de qual lado vou ficar? – Heather intercalou o olhar entre os dois.
- Como assim, escolher de que lado você vai ficar? Você não ficaria do meu? – Hiccup questionou indignado.
- A ligação entre mim e a Asty é muito forte, é do tipo que eu faria qualquer coisa para protegê-la – Heather deu de ombros.
- Até me matar?
- Ok, chega desse assunto, ninguém vai matar ninguém aqui – Astrid terminou de beber o líquido da garrafa.
- Acho melhor eu ir, tenho que conversar com a Meri – Hiccup se levantou.
- Boa sorte, ela não parecia nada disposta a aceitar a trégua – Heather copiou o movimento do irmão.
- Eu sei, mas vou conversar com ela, se ela estiver em casa, o que eu duvido – Hiccup deu um abraço em Heather e um beijo em sua testa.
- Manda um beijo para a mamãe e diz que logo vou visitá-la.
- Ok pirralha.
- A sua namorada não ganha um beijo de despedida? – Astrid o encarou.
- Ganha – Hiccup abriu um leve sorriso, mas o fechou quando Astrid arqueou a sobrancelha sugestivamente – não, eu não disse que você é minha namorada.
- Eu não disse que você disse – Astrid ergueu as mãos em sinal de rendição.
- Mas quis dizer.
- Chega, por que vocês não se resolvem logo? Voltem a namorar de uma vez, está na cara que os dois querem isso – Heather revirou os olhos.
- Ele quer, eu não – Astrid deu de ombros.
- Não quer? – Hiccup a olhou confuso.
- Para mim já chega, tchau Hic – Heather saiu do escritório e bateu a porta ao sair.
- Ela parece irritada – Astrid comentou simplista.
- Ela é irritada – Hiccup sorriu – é melhor eu ir.
- Ok, tchau afilhado.
- Para com isso – Hiccup fez bico.
- Parar com o que? Te chamar de afilhado? Por quê?
- Você sabe por que – Hiccup a encarou.
- Ok, vou parar de te chamar de afilhado, afilhado – Astrid abriu um sorriso largo já imaginando que Hiccup questionaria ou reclamaria, mas ao invés disso ele sorriu também.
- Do seu sorriso.
- O quê? – ela perguntou sem entender.
- Eu estava com saudades do seu sorriso – ele a olhou de forma carinhosa por alguns segundos – tchau Asty.
- Tchau Hic – Astrid disse com um sorriso bobo no rosto enquanto o via se afastar.
*
*
Moana e Flynn estavam no quarto do garoto, ela estava ajudando o irmão a desfazer as malas.
- Nem acredito que você estava vivendo com a família real de Corona – Moana disse maravilhada.
- Acredite e eles são incríveis, a cidade toda é incrível.
- E eles te aceitaram numa boa, como namorado da Punzel?
- Sim, no ínicio foi um pouco difícil de eles aceitarem a própria Punzel, parece que nos últimos anos eles haviam sofrido muitas tentativas de golpes, então a Punzel teve que fazer um monte de exames comprovando que ela era a princesa perdida. Quando foi provado, bem, eles ficaram tão felizes em ter a filha de volta, que nem se importaram muito com quem ela namorava – Flynn deu de ombros.
- Eu imagino a felicidade deles ao encontrá-la.
- Eu pensei que eles nem deixariam a Punzel voltar para Berk, mas ela os convenceu.
- Por que mesmo, vocês voltaram? – Moana questionou curiosa.
- Parece que a Punzel precisa fazer uma coisa para a Astrid e para o Kris, não sei direito o que é.
- Será do que se trata?
- Não sei, e isso não vem ao caso agora, me diz como você está.
- Estou bem – Moana deu de ombros.
- Moa, eu te conheço – Flynn a encarou – me conta.
Moana hesitou por um momento, mas acabou suspirando em derrota.
- É estranho, acho que não me acostumei com isso, essa história de ser lobo.
- Machuca?
- Sim, o Kris e a Nia dizem que com o tempo melhora, mas toda vez parece que estou morrendo, todos os ossos do meu corpo se quebram e se alongam ao mesmo tempo, é uma dor insuportável – os olhos dela se encheram de lágrimas.
- Sinto muito, queria que tivesse algo que te livrasse disso.
- Eu também, mas não tem, e eu preciso aprender a lidar com isso – Moana respirou fundo impedindo as lágrimas de caírem – pelo menos eu tenho a matilha, eles são legais.
- Fico feliz por você não estar sozinha nessa – Flynn segurou as mãos da irmã – os nossos pais perceberam algo?
- Não, sabe que eles passam a maior parte do tempo viajando e eu fico mais na matilha, eles acham que eu arrumei um namorado por aí, apenas isso.
- E arrumou?
- O quê? – Moana se desvencilhou do toque do irmão e desviou o olhar.
- Você parecia bem próxima e preocupada com aquela garota no ginásio.
- A Nia? Ela é minha amiga.
- E por que está tão vermelha?
- Eu não estou – Moana virou o rosto.
- Moa, pode confiar em mim, eu sou seu irmão.
- Tudo bem – ela suspirou derrotada – eu meio que estou namorando com ela.
- E quando eu vou conhecer oficialmente minha cunhada?
- Você não está bravo ou algo assim? – Moana o encarou.
- Por que eu estaria? Moa, eu te amo e a única coisa que importa para mim é sua felicidade, você está feliz com ela?
- Sim.
- Então por mim está tudo bem, não me importo se você namora uma mulher ou um lobo, ou uma mulher que é um lobo – ele sorriu – só que você esteja feliz.
- Obrigada – Moana o abraçou com força – estava com saudades.
- Eu também, com muita saudade.
*
*
Já fazia algumas horas que Elsa estava caminhando na floresta, o dia estava quase amanhecendo e ela estava quase decidindo voltar para casa, quando avistou Jack sentado no topo de um penhasco.
Rapidamente ela escalou até o local e em poucos segundos ela já estava ao lado do platinado.
- Graças a Thor te encontrei, tem ideia do quanto fiquei preocupada? – ela suspirou e se sentou ao lado dele – Você está bem?
Ele não respondeu, apenas continuou a fitar o abismo a sua frente.
- Fala comigo Jack, estou preocupada.
- Não precisa ficar, eu estou bem – a voz dele estava fraca.
- Não está – ela o abraçou de lado – me fala o que está acontecendo.
Jack segurou as mãos de Elsa e recostou sua cabeça no ombro dela.
- No meu aniversário de 10 anos eu inventei que queria acampar na montanha, meu pai vivia ocupado com o trabalho e eu pensei que seria legal ter uma noite de aventura com ele, nós convencemos até a mamãe a ir conosco e ela odiava mato – Jack abriu um leve sorriso – nós fizemos uma fogueira e meu pai contou algumas histórias, estávamos felizes, era o melhor aniversário que eu já tinha tido.
- E o que aconteceu?
- Já era tarde e estávamos dormindo quando escutamos um barulho, parecia um animal, meu pai foi ver o que era, como ele estava demorando, minha mãe decidiu ir atrás dele, ela me cobriu com o cobertor, deu um beijo na minha testa e disse para eu esperar lá – a voz de Jack ficou embargada e seus olhos se encheram de lágrimas – mas era óbvio que eu não ia esperar, eu queria saber o que estava acontecendo. Eu segui o barulho até encontrar meus pais, eles estavam caídos no chão enquanto um lobo gigante os comia.
Elsa o apertou contra si quando sentiu as lágrimas de Jack molharem seu ombro.
- Eu não consegui me mexer, eu fiquei lá parado vendo meus pais sendo devorados, sem fazer nada.
- Você era uma criança, não tinha o que fazer.
- Eu devia ter feito algo, mas eu não consegui, nem mesmo quando o lobo me viu e foi até mim.
- Ele te viu? – Elsa perguntou assustada – Como você conseguiu escapar?
- Uma pessoa me salvou, mas isso não vem ao caso – Jack respirou fundo e se aninhou mais no abraço de Elsa – eu pensei que era um lobo comum, algum tempo depois eu descobri que era uma pessoa que se tornava um lobo, desde aquele momento eu odiei todos os lobos.
- Eu sinto muito Jack, você tinha razão em ficar tão revoltado na escola e eu não devia ter aceitado a trégua.
- Não, devia sim – Jack ergueu a cabeça para olhá-la – a Asty tem razão, foi um lobo que matou meus pais e por isso e odiei a todos e eu fiz coisas piores, você fez bem.
- Jack eu posso voltar atrás, eu posso..
- Não – ele o interrompeu – você fez pela Anna, eu faria o mesmo pela minha família se eu ainda tivesse uma.
- Você tem, eu sempre vou estar com você – Elsa o encarou para logo em seguida voltar a abraçá-lo.
- Eu sei El, e eu sou muito grato a isso, mas nesse momento não quero que você esteja comigo.
Elsa desfez o abraço e o olhou confusa.
- Como assim?
- Eu vou embora.
- O quê? – ela o olhou assustada.
- É só por um tempo.
- Eu vou com você.
- Não, eu preciso ficar sozinho.
- Jack, não faz isso – os olhos de Elsa se encheram de lágrimas.
- Como eu disse, é só por um tempo El, fique aqui com a Anna, eu volto antes que você sinta minha falta – Jack deu um beijo demorado na testa dela – não se preocupe, vou ficar bem.
Elsa abriu a boca para contestar, mas antes que algum som fosse emitido, Jack já havia desaparecido.
*
*
Mérida estava na floresta, havia passado a noite toda rastreando Jack, mas não havia conseguido encontrá-lo, ela não via a hora de vingar a morte do seu pai e voltar para casa, estava com saudade de sua mãe e dos trigêmeos.
Ela caminhou até um lago e lavou o rosto tentando espantar o sono, ela fechou os olhos sentindo os raios de sol esquentando sua pele, isso a acalmava, ela sempre amou sentir o calor do sol, principalmente enquanto cavalgava em Angus, ela sentia tanta falta de seu cavalo.
Os pensamentos nostálgicos de Mérida foram interrompidos por passos se aproximando, eram silenciosos, mas não passaram desapercebidos pelos sentidos de caçadora dela.
Rapidamente Mérida pegou o arco preso em suas costas, colocou uma flecha nele e se virou em direção ao som.
- Estou impressionada, você é bastante rápida.
- Astrid, o que faz aqui? – Mérida a encarou com raiva.
- Gosto de passear na minha floresta.
- Sua?
- Sou um pouco possessiva em relação a Berk – Astrid deu de ombros.
- Não estou nem aí para Berk, me dê um motivo para eu não te matar agora mesmo.
- Eu te dou quatro – Astrid sorriu – primeiro você não conseguiria, você não é rápida o bastante, segundo, mesmo que conseguisse, os meus irmãos e o Frost acabariam com você, terceiro, o próprio Hiccup acabaria com você e quarto, você não saberia o que vim propor.
- Você veio propor algo?
- Por mais que eu ame a floresta, eu prefiro ir ao píer uma hora dessas, então sim, eu vim até aqui apenas para conversar com você.
- Eu não tenho nada para falar com você.
- Tudo bem, deixe que apenas eu fale, como eu disse, eu tenho uma proposta para fazer, eu preciso que você aceite a trégua.
- O quê? – Mérida riu sem humor – Está brincando, certo?
- Eu não brinco quando o assunto é a proteção das pessoas que eu amo.
- Ama? E por acaso vampiros tem sentimentos?
- Eu sei, é difícil de acreditar, mas não estou aqui para falar sobre meus sentimentos e sim sobre a trégua.
- Você deve ser muito louca, ou muito iludida se pensa que eu vou aceitar.
- Não estou pedindo para você se tornar amiga dos vampiros, estou pedindo para você não tentar atacá-los pelo menos por dois meses.
- Por que dois meses? – Mérida franziu o cenho confusa.
- Porque é o tempo que eu preciso para resolver as coisas.
- O que quer dizer?
- Daqui a dois meses você não vai mais ter que se preocupar com o Frost ou com qualquer outro vampiro.
- O quê? Eles vão sumir de uma hora para a outra? – a ruiva sorriu sarcástica.
- E se eu dissesse que sim?
- Você está brincando, certo?
- Eu pareço estar brincando? – Astrid a encarou séria – Eu prometo que você poderá ter sua vingança, é claro se você ainda quiser isso daqui a dois meses.
- Era para eu entender o que você está falando?
- Na verdade não – Astrid deu de ombros – Mérida, vou ser direta, se você aceitar a trégua eu garanto que ninguém tocará em você, caso contrário não posso garantir sua segurança.
- Eu não preciso da sua proteção – Mérida cuspiu as palavras.
- Eu sei, eu só estou tentando facilitar as coisas.
- Então me diga a verdade, o que vai acontecer em dois meses?
- Um ritual, com esse ritual eu vou acabar com qualquer guerra entre nossos povos.
- Ou será que esse ritual vai te dar mais poder? – Mérida a olhou sugestivamente.
- Eu só estou tentando resolver as coisas.
- Me desculpa se eu não acredito em você, mas aprendi a não confiar em vampiros – Mérida disparou uma flecha na direção de Astrid que a pegou antes que seu coração fosse atingido.
Mérida rapidamente atirou uma sequência de flechas na loira que se desviou com facilidade.
- Eu já disse Mérida, você não é rápida o bastante – Astrid correu até Mérida e colocou uma mão em seu pescoço o apertando – eu poderia te matar agora mesmo, seria tão fácil me livrar do seu cadáver.
- Então..me...mate – Mérida disse com dificuldade.
- Como eu disse, eu poderia, mas não vou – Astrid soltou Mérida que começou a tossir – eu não estou atrás de mais poder, eu só quero acabar com isso.
- Com o que exatamente? – Mérida questionou enquanto massageava seu pescoço.
- Eu nunca quis ser uma vampira, eu odeio ser uma, com esse ritual eu vou conseguir o que eu sempre quis desde o momento em que eu morri, eu não estou pedindo para você confiar em mim, nem passar a gostar de mim, estou pedindo apenas dois meses, eu não quero mal a você ou a nenhum caçador, eu só quero resolver as coisas, para isso eu preciso de dois meses de paz, pense bem, qualquer coisa, sabe onde me encontrar – Astrid se virou de costas e deu alguns passos, mas parou de repente e se virou novamente para Mérida – e por favor, não comenta com o Hic sobre o ritual, ninguém sabe disso ainda.
Astrid abriu um leve sorriso e após um aceno ela saiu, deixando Mérida, sozinha e sem entender nada.
Astrid havia se distanciado apenas alguns metros de onde Mérida estava quando recebeu uma ligação de Rapunzel pedindo para que ela fosse até sua casa.
- Consegui – Rapunzel disse animada assim que abriu a porta para Astrid – criei um antídoto.
- Já? – Astrid questionou surpresa.
- Sim, entra – Rapunzel abriu espaço para que Astrid entrasse na casa.
- Tem certeza de que deu certo?
- Só vamos ter certeza quando você se lembrar – Rapunzel pegou um pequeno vidro em cima da mesa e estendeu para Astrid – você precisa pingar algumas gotas do sangue do Hiccup, já que o sangue dos pais dele foram utilizados na poção.
- Obrigada Punzel – Astrid pegou o vidro e guardou no bolso – tem mais uma coisa que eu preciso que você faça, estude mais sobre essa poção da memória.
- Posso saber o porquê?
- É o que faltava para o ritual, eu sempre me preocupei com o que aconteceria depois, mas essa poção pode ser a solução para isso.
- Você está sugerindo o que eu acho que está? – Rapunzel a encarou.
- Exatamente.
- Astrid, você tem certeza disso? Do ritual?
- Absoluta, é o que eu tenho mais certeza na vida.
- E quando você vai contar para os outros?
- Obrigada pelo antídoto – Astrid se virou e foi em direção a porta.
- Você não está pretendendo esconder deles, ou está?
- Se eles souberem, vão tentar me impedir.
- Então é isso? – Rapunzel aumentou o tom de voz – Vai deixar que eles descubram da pior maneira, quando acontecer?
- Você não entendeu, se tudo der certo, eles não vão saber nem quando acontecer.
- Eles merecem se despedir.
- Eu já decidi que não, então eu espero que você respeite a minha decisão e não comente com ninguém – Astrid a encarou.
- Eles vão saber, mesmo que não seja por mim, e quando isso acontecer será pior.
- Deixa que eu me preocupo com isso, você só precisa se preocupar em fazer o ritual no momento certo.
Rapunzel quis questionar, mas sabia que era em vão, Astrid já tinha decidido e não mudaria de ideia. Ela fechou a porta assim que Astrid saiu da casa e se jogou no sofá logo em seguida. Ela não concordava com o que Astrid estava pretendendo fazer, e ela tinha que pensar em uma forma de impedir antes que fosse tarde.
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