⚠️POSSÍVEL GATILHO.⚠️
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"Frio o bastante para arrepiar meus ossos"
— Sabe, Hinata... Você é realmente uma pessoa desprezível. Tudo o que eu queria de você, eu já consegui; e a única coisa pela qual lamento atualmente, é por ter desperdiçado parte da minha vida com você, ômega árido.
"Quando estamos nos beijando, parece tão distante"
— Como você ainda não entendeu que eu nunca te amei, Shoyo? Desde os primórdios desse relacionamento, foi sempre pelo meu próprio bem-estar financeiro.
"Amor, me diz como você ficou tão frio"
- Shoyo-kun, você realmente é um ser que leva a condescendência ao limite, não é mesmo? Ouça-me bem, seu projeto de vadia, essa marca não significa merda nenhuma para mim. Seu cheiro me dá náuseas. Você não serve para porcaria alguma além de me satisfazer como uma puta na cama... e sendo honesto, até uma prostituta iniciante sabe fazer melhor.
{...}
Honestamente, eu nunca me imaginei numa situação como essa... numa cena tão deplorável. Há roupas jogadas pelo quarto, sangue em minhas vestes e corpo; a casa está uma bagunça e eu nem sequer consigo me levantar para arrumar. Mesmo sofrendo por três anos consecutivos na mão de um alfa que nunca nem mesmo me amou, eu sinto como se uma parte de mim estivesse sendo arrancada...
Ah, deve ser porque de fato está acontecendo.
"Eu achei que já havia me machucado antes
Mas ninguém nunca me deixou tão ferido
Suas palavras fizeram um corte mais fundo do que faca"
O pesadelo havia acabado, mas eu não estava livre. As marcas cegam-me e transformam-me em uma carcaça vazia. Me tornei um ômega invisível devido aquele que jurou me amar em frente a uma multidão de pessoas, repórteres e, o padre. É claro que desde e o início eu soube que tipo de homem Atsumu Miya era, e me fiz de cego.
Eventualmente, as consequências das minhas escolhas chegaram, e só agora eu posso ver o quanto isso gritava: problemático. Assim como ignorei todas as bandeiras vermelhas, estou ignorando o sangue eminente que corre por meu corpo nesse exato momento.
Apesar de parecer quase impossível para mim conseguir digerir tudo o que ouvi do alfa há quase uma semana atrás, nem as palavras cortantes se comparam com a dor de ser um ômega com vinte e um anos recém completados, marcado e abandonado por um alfa mesquinho que sequer aprendeu a ser um humano funcional direito devido toda a regalia que seu pai lhe deu.
Acontece que mesmo tendo ciência disso, por que ainda dói? Se ele me machucou tanto, porque ainda preciso dele por perto? Me sinto ainda mais sujo por saber que isso é apenas conveniência da minha parte, que na verdade, eu só queria suprir a solidão que estou sentindo agora.
...talvez um dia eu me cure, ou, simplesmente morra com isso.
"Agora preciso de alguém que me sopre a vida novamente
Sinto que estou afundando
Mas eu sei que sairei dessa vivo
Se eu parar de te chamar de meu amor..."
Conheci esse crápula aos meus dezesseis anos, quando sem mais e nem menos, meu pai decidiu que eu deveria me casar com um membro da família Miya, por eles serem tão “bem nomeados.” Eu, obviamente, contestei e neguei com todos os argumentos possíveis, mas era inútil. Aquilo não era sobre mim ou minha vontade.
Durante dois anos de noivado, Atsumu me mostrou o lado bom da vida, a parte mágica de ser um ômega e principalmente, a paz em me sentir ‘amado’. Acredito que se ele não fosse tão burro emocionalmente, movido a ganância e dinheiro, estaríamos felizes hoje em dia...
Mas isso não faz mais sentido, absolutamente tudo caiu e se desmoronou diante meus pés no momento em que aquele homem mostrou quem de fato era.
Constantemente me questiono sobre como eu pude ser tão tolo em acreditar em cada palavra que o Miya me dizia. É quase inacreditável acreditar que eu me deixei levar por um alfa apenas pela maneira como ele – falsamente - cuidou de mim. É quase inacreditável acreditar que eu realmente o amava e caralho, mesmo com essa mágoa dentro de mim, eu ainda o quero por perto.
Definitivamente, mandar no próprio coração e sentimentos, não é algo que eu saiba fazer.
E é justamente por culpa dessa merda de coração e sentimentos, que eu sinto essa marca arder e sangrar tanto. Não faz nem cinco dias que aquele maldito se foi, e eu sinto como se fossem anos. Dói, e dói como um inferno. Se eu pudesse, arrancaria com minhas próprias unhas essa ligação infernal.
Eu sempre torci e pedi a qualquer deus que me ouvisse e que esse momento enfim chegasse. O momento em que eu finalmente estaria livre de todos os abusos sexuais e psicológicos. O momento em que eu choraria de alegria e passaria a viver com leveza...
Mas eu não tenho forças nem para me levantar e conseguir arrumar a bagunça que Atsumu deixou, e infelizmente, não se trata apenas da nossa casa, mas de mim mesmo também.
Eu finalmente consegui a solidão que tanto queria, mas é claro que nunca será a mesma coisa de antes, o vazio que se instalou em mim prevalecerá a cada dia mais, até que me consuma por inteiro e me mostre o verdadeiro inferno.
Mas não que deva ser muito difícil passar por ele, afinal, a amostra grátis eu já tive.
"E superar."
Se isso for algum tipo de ensinamento doloroso que o destino decidiu me dar, eu espero ansiosamente o dia em que poderei dançar sobre o túmulo dessa aberração que me tornei no dia em que o começo do meu fim chegou.
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