EPÍLOGO
a vida
A rotina de casal se iniciou de fato apenas quando voltaram da cabana, Chanyeol ainda tinha seus afazeres na aldeia durante o dia, assim como Baekhyun na guarda, sendo o novo general da tribo. Quando chegava a noite e eles podiam ficar juntos, revezavam ou dividiam as tarefas domésticas, para que pudessem comer juntos e irem dormir abraçados.
A satisfação e felicidade em seus semblantes se tornou algo comum, todos olhavam para o casal Byun e não se surpreendiam mais com o bom humor deles, mesmo que sempre tivessem sido pessoas amáveis, o casamento fez uma mudança notável em suas vidas.
Chanyeol raramente sentia como se não fosse o suficiente para Baekhyun, isso porque ainda tinha algumas inseguranças, mas conseguia lidar com elas facilmente agora que tinha compreendido seu valor. É incrível o que o amor sincero faz com as pessoas, cura feridas profundas — ou, ao menos, funciona como um tapume analgésico — traz sorrisos de volta e abre outros novos.
Além da felicidade genuína do casal havia, é claro, algumas pequenas desavenças. Quando o primeiro ano se foi, Baekhyun demorou mais que o normal a voltar para casa em um determinado dia e Chanyeol, aflito por não sentir o marido em lugar algum, entrou em desespero. Reviveu diante de seus olhos o episódio que o atormentou por dias naquela época, e imagens de um Baekhyun ensanguentado vieram à mente, fazendo-lhe chorar de medo.
Desta vez, Baekhyun tinha voltado da ronda com um dos braços sobre os ombros de Jongin, o recém-formado na guarda. Chanyeol, depois de perceber que os ferimentos eram superficiais e que o marido estava fora de risco, ficou possesso com sua irresponsabilidade.
Onde já se viu o general ousar em fazer ronda sozinho?
Baekhyun argumentou, manso, sabendo que estava errado, mas pedindo para que Chanyeol também entendesse seu lado. Só queria ajudar Jongin a convidar sua paixão para um passeio.
Havia ficado por poucos minutos sozinho, meia hora, talvez — apenas isso — e foi pego por uma armadilha da tribo vizinha. Não conseguiu acreditar na própria estupidez em atravessar os limites da aldeia sem notar, mas felizmente seus vizinhos vieram auxiliá-lo e entenderam seu lado — até mesmo se desculparam pelos machucados causados pela armadilha. Tinham um tratado de paz que vigorava muitíssimo bem, para a sorte do Byun.
Mas Chanyeol ainda estava chateado, mesmo que cuidasse de seus arranhões e ferida na panturrilha com muito carinho. Quando foram descansar, ao final da noite, Chanyeol se uniu ao peito do esposo em um abraço forte e, com a voz embargada e levemente sonolenta, pediu:
— Por favor, não me assuste assim de novo, eu… odeio me sentir assim toda vez que você demora, parece que vou te perder e eu… eu…
Baekhyun o abraçou apertado.
— Tudo bem, está tudo bem, meu amor — o acalentou — prometo jamais fazer isso novamente, se precisar ficar mais tempo por lá, pedirei que alguém lhe avise, combinado?
Chanyeol esfregou a bochecha em seu peito, assentindo.
— Me perdoe por hoje, Chan, realmente sinto muito.
E se entenderam naquela mesma noite. Chanyeol se sentiu mais seguro quanto ao marido daquele dia em diante, já que nunca quebrou sua promessa.
…
A grande surpresa veio seguida de uma notícia muito boa.
A princípio, Chanyeol havia sido chamado por Leehi, para que tomassem um chá e conversassem a respeito do que sempre faziam: as diferenças diante dos demais ômegas.
Desde que havia se casado, cerca de dois anos atrás, Chanyeol sentia que mais conversava com Leehi do que desabafava, como sempre fora. Agora, feliz e realizado com sua vida, com o amor que recebia — tanto de si mesmo quanto de Baekhyun —, Chanyeol contou a ela que planejavam ter um filho, só não saberiam ao certo como adotar a criança, visto que a taxa de órfãos ou deixados pelos pais na aldeia era — felizmente — zero.
Ela, contente pelo casal, lhe disse que tinha uma grande notícia para dar, mas que precisava conversar com o Líder Kim antes.
Confuso, mas não dando tanta importância à tal notícia, o ômega voltou para preparar o jantar, logo Baekhyun voltaria do treinamento com os alfas menores e ele gostava de ficar menos tempo cozinhando e mais na presença do esposo, conversando sobre amenidades e, às vezes, fazendo amor perto da lareira.
Baekhyun havia chegado animado naquela noite, estava radiante desde que decidiram ter um filho. Chegou do treinamento com energia de sobra para fazer Chanyeol seu por quanto tempo aguentassem, visto que seu ômega também andava procurando por si com maior frequência, achava até mesmo que seu cio pudesse estar mais próximo — talvez por alguma mudança de lua ou clima.
Conforme os dias foram se passando, Chanyeol estava sensível aos toques de Baekhyun, assim como deixava de lado alguns temperos que costumava pôr na comida. Baekhyun achou melhor levá-lo à xamã da aldeia, achando curioso o comportamento do esposo, visto que não podia engravidar, por ser um ômega homem.
Quando Leehi lhe disse que estava passando por algo chamado "pressentimento", Chanyeol ficou chocado. Aparentemente, sua ligação com a natureza e muitas outras nuances de seu organismo, davam a entender que o ômega era sensitivo quanto às mudanças que a própria floresta trazia para eles e, alguns dias depois, tiveram sua confirmação.
Baekhyun, enquanto fazia sua ronda com Jongin, achou um pequeno bebê enrolado em folhas de bananeira, estava quieto e tinha a pele e cabelos mais claros que o alfa já tinha visto. Byun não demorou a associar que aquele pequeno menino havia sido abandonado para ser devorado pelas bestas da floresta, apenas por ter nascido albino. Mas ele era simplesmente belo e delicado demais para ser deixado ali, passando frio à noite e fome também; não pensou duas vezes antes de envolvê-lo em um abraço e fazer o caminho de casa.
Chanyeol não poderia estar mais feliz, haviam adotado o pequeno garoto com a permissão do Líder Alfa e agora, mais do que nunca, a alegria reinava na casa Byun.
Ainda estavam tendo tempos de alegria quando Leehi foi acompanhada de Junmyeon e Sehun até a casa dos Byun, levando boas novas.
Chanyeol havia sido escolhido para ser o novo xamã da aldeia. Seguindo a tradição milenar da tribo, o ideal era que o líder se casasse com o ou a xamã, fazendo uma união perfeita de líderes, guiando tanto o meio carnal quanto espiritual de seu povo. Mas os tempos passaram e cada vez mais a tradição se deixava afrouxar; Baekhyun e Chanyeol seriam o primeiro casal em mais de duzentos anos a trazer de volta a Perfeita União, como fora chamada desde o princípio.
Quando questionada, a xamã afirmou que sempre soube que Chanyeol seria seu sucessor, porque não havia ninguém mais sensível e carinhoso que ele no meio de todo aquele povo, assim como também, desde muito novo, ele despertou o olhar aguçado da senhora com sua ligação fora do normal com a natureza e as águas puras que ali circulavam.
Ela dizia que ele era o ômega dos milagres, que curaria a muitos com sua bondade e coração puro.
O albino, seu primogênito, foi chamado de Byun Seodan, o menino dos olhos azuis, em memória ao falecido guerreiro que lutou pela liberdade das aldeias, pai de Baekhyun, que também os tinha da cor das águas gélidas da montanha. O segundo, também um menino, veio com dois anos a mais que Seodan e era da aldeia vizinha, órfão de pai e mãe, com os olhos escuros que lembravam os do pai adotivo. Kiyeon agora era um Byun, pequeno demais para lembrar que antes era chamado Lee, mas seus pais fariam questão de lembrá-lo de onde veio e que foi acolhido com muito amor desde o início, assim como seu irmão.
O terceiro e último bebê do casal, Riyeol, era uma bela menina de cabelos negros como uma noite sem estrelas. Ela nasceu com os olhos alaranjados, raridade que os pais suspeitavam ser parecida com a de Chanyeol, pois seu lobo possuía as mesmas íris flamejantes, o que trouxe a compaixão e vontade de criá-la de imediato. Ela foi levada à aldeia por um alfa — Baekhyun o reconheceu no mesmo instante, era o que havia lhe atacado anos antes — e agora ele pedia que alguém a criasse, pois os pais biológicos eram lobos sem matilha e queriam que a garota pudesse ter um futuro digno, diferente daqueles que eram nômades.
Agora, a família estava completa e, mesmo mais de dez anos após sua união, Baekhyun e Chanyeol continuavam com os mesmos semblantes felizes, amor sincero e latente. E mesmo dez anos depois — e uma vida toda de amizade — Baekhyun olhava para o marido e só conseguia sorrir e pensar que, de fato, ele era um bom ômega, o melhor.
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