Shikamaru ainda não acreditava que estava na DeadLock.
Shikamaru ainda não acreditava que Naruto era tão insistente.
Shikamaru ainda não acreditava que havia sido arrastado para isso.
Então, decidiu tomar alguma coisa pesada aquela noite e esquecer-se da merda na qual estava envolvido. Preferia, ou estar limpando uma cena de crime, ou matando algum idiota, ou na lanchonete de Temari tomando um café observando sua musa. Passou a pensar em como os irmãos dela estavam se metendo no meio do crime e ela alheia a tudo.
O que será que havia acontecido com a família dela? Eles pareciam ter sucesso no trabalho, e Shikamaru chegou a imaginar que sua família que tinha conseguido isso e ela apenas mantinha, mas não era o caso. Lembrou-se das irmãs Haruno e de suas triste história – ele que havia pesquisado sobre as meninas e mandado Suigetsu fazer o trabalho.
Será que Temari e os irmãos também tinham um passado terrível?
Sua espinha gelou num sentimento de preocupação. Suspirou apaixonado. Nunca havia sentido preocupação com as pessoas. O que sempre importou era não ser pego por matar as pessoas, e se aliciar a Naruto viu o quão magnífico seria seu mar de vítimas.
Queria continuar matando.
Mas com Temari ao seu lado agora...
Tudo ficou preto.
Ela não devia saber dessa necessidade que ele tinha.
– Uma dose de uísque por favor, – disse a uma garçonete. Tirando o balcão, o resto do estabelecimento parecia uma balada, e as pessoas estavam se divertindo demais.
– Okay, – a menina possuía um decote enorme e cabelos azuis, e devia fazer trabalhos extras para a Hyuga. Todas deviam fazer, pois Shikamaru percebeu como o número de homens era maior.
Claro que meninas jovens estavam se divertindo com garotos; mas os que vinham sozinhos pareciam já saber como funcionava. O andar de cima da balada – Shikamaru havia ouvido dizer – era repletos de quartos, alguns com hidromassagem. Pessoas que não tinham poder pagavam muito caro e pessoas importantes vendiam seus segredos.
E existiam os falastrões, que não tinham dinheiro, mas trabalhavam para os poderosos e escutavam demais, apenas para poder usufruir de uma noite com alguma das damas mais cobiçadas.
Sabia que Konan era uma dessas, mas não sabia muito sobre a mulher, só que – como Kurenai – Hyuga Hinata tinha um longo tempo de convivência.
A garçonete apareceu novamente com o drink, mas já não tinha o mesmo sorriso.
– Obrigado, – ele disse educado.
– Não tem de quê, Nara Shikamaru. – A menina sabia que ele era capanga de Uzumaki, e a essa hora da noite o loiro já devia estar tendo seu papo com a Hyuga.
Shikamaru suspirou de novo, não devia ter ido mesmo. Foi então, que sentiu alguém lhe tocar no ombro. Ficou nervoso com a atitude, e um desejo primitivo de matar surgiu em sua mente, mas então, ao se virar: apagou.
– Shikamaru? – Temari disse sorrindo, duas garotas estavam com ela.
Deviam ser garotas belas, mas a mulher de vestido preto e cabelos loiros soltos era tudo o que ele via.
– Temari! – Sorriu amplamente fazendo a mulher sorrir de volta. – Não sabia que frequentava esse lugar!
– Muito menos eu sabia que, você, – enfatizou o "você" – frequentava aqui...
– Estou a negócios... – Disse mostrando o cansaço. – Meu sócio está conversando com a dona.
– Não sabia que podia beber enquanto estão trabalhando por você...
– Na verdade querida, – Shikamaru piscou para ela. – Sinto que é mais por uma questão de apego que ele esta aqui...
– Seu sócio é apaixonado pela Hyuga Hinata? – Temari conhecia Hinata pelas notícias dos assassinatos. – Coitada, perdeu algumas empregadas, como chefe eu entendo esse sentimento, mesmo sendo mentirosos e preguiçosos sentimos um apego por eles.
Shikamaru não sentia nada por empregados. Nenhum apego. Na verdade, havia matado cinco no dia anterior. Mas sorriu dissimulado.
– Eu te entendo, Temari. – Percebeu que a garçonete observava os dois, e se irritou por isso ser mais uma aquisição de Hinata. O sócio de Naruto estava interessado numa loira. – Por favor, traga um sex on the beach, para as damas. Aliás, quem são suas amigas...
Fingiu interesse, como qualquer humano normal.
~~~
– O que você quer comigo de novo, Uzumaki? – Hinata fingia estar exausta e atuava muito bem em disfarçar como ele a abalava. – Já não foi o suficiente aquele "não"? Não vamos fazer negócios...
Naruto afrouxou a gravata e sentou na cadeira de frente a mulher. Ela vestia um longo vestido tomara que caia vermelho, as pulseiras de prata de bale ainda persistiam em seus braços. Dessa vez os longos e volumosos cabelos estavam presos de maneira elaborada num coque, e possuía brincos grandes nas orelhas.
Estava espetacular.
Ele observava a clavícula marcada e a pele branca limpa. O rosto sério não afetava a beleza dela, e sentiu-se mal por ter deixado a barba por fazer. Não estava digno ao padrão Hyuga, claro... Que era o que ele imaginava, pois ao vê-lo afrouxando a gravata achou extremamente sexy. E diferente da outra vez, ele parecia demonstrar o quanto estava necessitado por sua ajuda.
Não mostrou arrogância. Hinata sabia que esse Naruto não estava o normal.
– Hinata, – chamou-a pelo nome. – Vamos conversar educadamente...
– Depois de você ter matado Kurenai? – Ela queria que ele mostrasse seu lado sombrio.
– Eu não tive escolha! – Ele disse pausadamente, – ela estava dentro do carro... No banco de trás quando percebi, não ia fazer nada... – Tentava explicar porque matou uma mulher, nunca fazia diferença. Mas dessa vez... – Só que ela foi bisbilhotar. – Hinata enrijeceu. A culpa era sua no final de falar para suas irmãs adquirirem o máximo de informação possível. – Passou para o banco da frente e me viu atirando em Chouji, ela ficou me encarando estupefata depois do segredo que ouviu...
Ele fechou os olhos lembrando-se da mulher como uma estátua o observando com os olhos esbugalhados. Com tanto medo. Naruto suspirou culpado, certamente Hinata nunca iria colaborar.
No entanto, a mulher estava incrédula. Kurenai não precisava ir tão fundo. Ela devia ter ficado quieta, devia ter se protegido. Não devia ligar para as informações quando sua vida estava em risco. Era tudo culpa sua, de Hinata, a mulher se culpava – reprimindo a vontade de gritar e chorar.
Olhou desamparada para Uzumaki, devia manter sua postura, mas era difícil. E, como ele não era besta percebeu que a mulher estava muito estranha. Triste.
– Não tem nada que eu possa fazer para acertarmos isso?
Redenção. Foi o que Hinata sentiu em sua alma.
Libertação pelo sacrifício, ela chegou a murmurar.
Naruto pediu angustiado se arrependendo caso ela resolvesse pedir a vida de um dos seus capangas – preocupando-se exatamente com três deles: Sasuke, Suigetsu e Shikamaru.
O problema era que ela provavelmente sabia quem valia.
– Olho por olho, – ela falou. As palavras rígidas na voz sensual ecoaram pelos ouvidos de dele. Já ia perguntar quem ela queria que morresse, mas ela voltou a falar. – E o mundo acaba cego. – Continuou falando cansada e resistindo ao apelo do loiro. – Tem sim Uzumaki Naruto, existe algo que você pode fazer. Como sabe, quem está manipulando todo a cidade é Hidan... Ninguém sabe qual é a aparência dele, o mais próximo que cheguei é que possui o cabelo grisalho e é um religioso fervoroso.
– Ele quem está matando suas meninas? – Perguntou já sabendo a resposta, a mulher não escondia a repulsa pelo homem.
– Sim, ele me deseja... – Naruto ficou tenso e muitíssimo irritado. – E está fazendo isso começando pelas meninas. Ele deve ser capaz de tudo, portanto, quero que você o mate. – Suas palavras eram as ordens que ele seguiria com muito prazer. – Minhas meninas não devem morrer...
Naruto levantou da cadeira; seria dessa forma que colocaria as mãos nas informações de Hinata – e na própria mulher. Conquistando sua confiança. Aos poucos conseguiria tudo o que deseja: sobre os informantes da prefeita e o corpo da forte mulher a sua frente.
Ela por outro lado, queria usar o máximo de Uzumaki e seus mil homens. Enquanto ele ainda desejasse algo dela seria seu boneco e ela desenharia todos seus passos.
– Okay, Hinata. – Disse sorrindo encarando os magníficos olhos perolados. O jogo havia começado. – Estamos em acordo. Entramos em trégua.
– Sim, – ela sorriu. Não estava sendo amigável, mas achou engraçado o jeito que ele tratou o acordo. Uma trégua. Tempos de guerra pediam união entre os exércitos que tinham um inimigo forte em comum. – Trégua.
Quando suas mãos se tocaram num aperto forte e convicto, ambos sentiram as correntes elétricas que emitiam na mesma frequência. Esquentando suas mãos calorosamente.
Uma trégua era bom.
Uma trégua. O alívio e a tensão percorreram o corpo de Naruto. Sentindo que isso era apenas o começo.
~~~
Na pista de dança Shikamaru fingia ser uma pessoa normal, daquelas que não sabem dançar, mas fingia. Deixou que Temari lhe guiasse pelo mar de pessoas, em meio ao calor humano, e contra todas as possibilidades estava se divertindo. Claro que poder tocar no corpo esguio da loira era a recompensa e era por isso que continuava com a dança.
Ela por outro lado pensava em como estava se divertindo e como Shikamaru era legal – mas queria beijá-lo. Os desejos inconscientes apenas aumentavam. E talvez, por causa do calor, estava começando a sentir uma necessidade que não sentia há algum tempo.
Shikamaru segurou na cintura dela aproximando seus corpos. Ela tocou nos braços dele e percebeu o quanto era forte, ficou impressionada e curiosa para saber o que mais ele escondia. Antes que percebessem haviam parado no meio da pista, ela segurando o rosto dele observava a expressão calorosa que recebia.
Ele inclinou levemente o rosto, enquanto ela ficava na ponta dos pés. E, como num filme romântico, seus lábios tocaram suavemente. Ela sentiu o gosto de uísque, e ele a laranja com vodka e groselha – deliciosa. A música continuava soando alto, mas para eles não parecia estar ali.
Os dois sentiam apenas seus corpos querendo brincar de amar. A atração forte que sentiam estava sendo correspondida pelas carícias dela na nuca dele. Ele por outro lado se controlava para não agarrar a bunda dela, que estava tão próxima de sua mão. Deixou então, que sua mão corresse pelas costas dela até chegar ao cabelo loiro, e então o segurar com força.
As mãos dela caíram, em prazer, até o peitoral dele, e acabou mordendo levemente, e sem querer, os lábios dele em resposta. Ele puxou-a para trás, em reflexo, expondo o pescoço dela, e passando a chupá-la com avidez. Nunca pensou que ela fosse tão gostosa – seus sonhos estavam tornando-se verdade.
Ela gemeu, ele só conseguiu escutar devido à proximidade em que se encontravam. Queria fazê-la gemer mais. E mais alto. Queriam levar aquilo para um lugar mais privado, porém ele sabia que Naruto ficaria muito puto se o carro estivesse ocupado ou se não tivesse ali para irem embora juntos. Gemeu em frustração, pois o corpo dela fazia com que ele quisesse muito mais.
– Temari – gemeu no ouvido dela, e mordiscando em seguida sua orelha; ela riu em resposta. – Sabia que estou aqui a trabalho, certo?
– Sei... – A voz dela saiu desapontada.
Ele não aguentou e voltou a beijar os lábios de álcool. Queria ir para uma cama com a mulher o quanto antes, não sabia como iria ficar sem ela depois dessa tentação. Separaram-se apenas para recuperar o fôlego.
– Não queria que você estivesse... – Ela disse ao ouvido dele com seus corpos mais que colados, e ele pode sentir que ela fazia biquinho.
– Eu não queria estar em trabalho... – Segurou-a pelo pulso, e foram até o balcão.
Ela não entendeu muito bem, mas parecia que ele queria conversar com ela. Ali mesmo. Achou engraçado, o jeito que ele agia era diferente de todos os outros com os quais ela já havia saído.
– Temari, – a voz dele soou afável aos ouvidos dela, mas era mais uma sedução para os outros. – Vamos jantar amanhã a noite.
Ela ficou sem palavras o que ele estava querendo?
– Não posso ficar muito tempo aqui, – havia visto Naruto caminhando em sua direção. – Meu sócio acabou a reunião... Eu que o trouxe aqui, e eu tenho que leva-lo embora...
– Apresenta uma das minhas amigas... Vai que-
Ela não terminou de falar ao observar o sorriso de Nara. Ele estava rindo da proposta dela, por quê? Perguntou-se chateada, mas ele pegou no queixo dela com firmeza.
– Digamos que ele já está interessado em uma mulher e – beijou os lábios de Temari. – Para ele, nenhuma mulher pode bater as qualidades dela.
Ele sempre foi assim, queria continuar dizendo, monopolizador, e ao ver uma peça única quer ela para si.
– Hyuga... Hinata? – As palavras soaram como uma pergunta ao vento, Shikamaru apenas sorriu afirmando.
– Cuidado ao ir para casa, – ele baixou o beijo vagarosamente marcando mais ainda o pescoço da mulher. – Suas amigas estão nos observando ali. – Apontou para as meninas e Temari viu rindo, sair dos braços dele seria difícil. – Amanhã nos vemos?
– Vemos.
Ela disse sem pensar e deram um último beijo – agora com mais desejos do que antes – antes dele sair em encontro com um loiro imponente. Que aos olhos de Temari não era nada demais.
Já estava apaixonada pelo seu freguês há um bom tempo.
~~~
Quem observava a Rainha das Putas e o Príncipe do Crime apertando as mãos era Sai. Ele havia se infiltrado na DeadLock com seu charme e facilmente conquistado mais uma informação valiosa. Nunca pensou que driblar os homens de Neji fosse tão fácil.
– Ela devia investir mais em segurança... – Resmungava sozinho depois de ter observado o clima entre os dois poderosos que se encontraram.
Ainda podia sair espalhando por aí que a segurança de Hyuga Neji é falha, riu sozinho se divertindo. Imaginou o tanto de bandidos tolos iriam tentar entrar na residência Hyuga e acabar com fraturas. Seria extremamente divertido ver os outros se fodendo por pouco.
Na verdade, as defesas eram ótimas, mas Sai era melhor.
Só não entendia porque havia se metido com Hidan. O cara era louco e por causa dessa loucura, ele teve que ter visto Uzumaki e Hyuga juntos; e a foto que tirou enquanto eles davam aquele longo aperto de mãos seria o trunfo do grisalho.
O moreno pálido se segurou para não rir, afinal nunca havia visto um aperto de mão tão demorado e tão intenso.
Aqueles dois deviam se comer, acabou pensando.
Pegou sua moto e foi em direção ao endereço que indicava no cartão de serviço. A residência era de Akimichi Chouji – revirou os olhos quando percebeu onde estava. Foi aí que percebeu com quem Hidan estava brincando.
Um guarda negro atendeu a porta, deixando Sai entrar facilmente.
Ele ficou um longo tempo na sala de espera observando cada detalhe da casa fria. Não havia personalidade ou charme, com o falecido a casa deveria ter perdido a vitalidade.
Mas a mulher que apareceu não era diferente da casa.
Akimichi Karui estava esbelta, mas não escondia a dor da perda. Aos poucos ia se recompondo e criando uma força que nem imaginava ter. Usava um vestido negro com reflexos azul marinho escorria por seu corpo mais magro por conta da perda. Seus olhos estavam com enormes olheiras e inchados. Os cabelos estavam soltos e escorriam pelas costas da mulher.
– Você chegou mais cedo do que eu imaginava... – Não sorriu e sua voz era lasciva. – Ele só avisou agora que tinha a prova final.
– Está aqui.
Sai sorriu dissimulado imaginando a guerra que estava criando.
A mulher pegou a foto das mãos do moreno pálido e não teve reação.
Ficou quieta.
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