“Uzumaki, Hyuga Hinata não está aqui, é uma cilada pra você.”
Naruto recebeu a mensagem mais tarde do que gostaria, mas Kankuro havia feito um belo trabalho. Devia agradecer Shikamaru por ter colocado os Sabakus na jogada – mesmo que Gaara não tivesse sido nada útil: ele não havia nem dado às caras.
Na verdade, Shikamaru devia levar um soco na cara por não aparecer na hora que Naruto mais precisava dele. E o loiro estava sentindo muita vontade de socar seu amigo. Muita. Uma vontade tão grande de bater em tudo e todos surgia de seu interior, a qual teria que se controlar ao entrar no galpão da Akimichi Karui.
Sim, caros, ele havia descoberto aonde a morena lucífer se escondia pelo afinco de Suigetsu em hackear os computadores da Fundação Akimichi e descobrir que um velho estabelecimento estava sendo reativado. E apenas por esse palpite – e a mensagem de Kankuro dizendo que não deviam ir aonde Karui havia mandado – foi o suficiente para mudarem a trajetória.
Era pra tudo dar certo.
Era.
– Eu quero matar essas putas! – Naruto estava no carro em direção ao local. – Quero que você encaminhe todos os homens que puder para encurralar a prefeita na casa dela, e depois que pegarmos a Hyuga, ela vai pagar caro! – Naruto praguejava. – Quem essas duas vadias pensam que são para querer uma cilada para mim! Um galpão só com homens da Yamanaka para nos matar, e o outro com a Hinata! Provavelmente é lá que Hidan estará!
– Naruto, precisamos de homens para nos ajudar a entrar no galpão da Karui.
– Não me importo, quero a prefeita morta hoje.
– Naruto! – Sasuke quem gritou, Naruto pegou o celular enquanto Suigetsu dirigia. – Vamos focar em resgatar Hinata! E se por descuido nosso, por falta de pess-
– EU. – Naruto desligou o celular só para falar nervoso e pausadamente. – QUERO. YAMAKA INO. – Com ódio e sangue saindo por sua boca. – MORTA.
Pobre Uzumaki, não sabia como ia encontrar Hinata.
Toda essa fúria de morte só iria aumentar.
– Você quer a porra da Hyuga nas mãos de Hidan? Um homem que não fazemos nem ideia de quem é? – Suigetsu falou temeroso.
– Quer perder a chance que Karin e Kankuro nos deram?
Sasuke disse mais calmo, e Naruto suspirou.
– Eu ainda vou matar essa vadia.
– Não nos importamos, – Suigetsu soltou mais aliviado. – Só vamos seguir com o plano inicial.
– Mais uma a lista não faz diferença... – Sasuke soltou.
Naruto respirou fundo pela primeira vez, analisando a situação.
– Vamos deixar Hinata segura e depois eu vou matar todos.
Claro que em sua análise Hinata estava segura. Apenas presa. Como se fosse uma princesa de contos de fado em sua torre esperando seu príncipe.
Pobre coitado, já devia saber que contos de fadas não existem.
E ele não era um herói.
*
Itachi resolveu olhar pela fresta também já que seu olhar era mais rebuscado. O sangue que escorria da mulher vinha de seu braço, seus pulsos deixavam o sangue correr livre e lentamente. O vestidinho preto estava colado e melado contra o corpo dela, tanto por seu suor – de tanto reprimir o choro – quanto pelo sangue.
Um grande borrão vermelho ia da marca de sua clavícula da porção esquerda até o seio direito. A marca era profunda o suficiente para causar a mancha no colo da mulher magra. Estranhamente ela não murmurava, não gemia, não se mexia. A pele clara de Hyuga Hinata estava pálida. Sem cor.
Branco puro.
Os cabelos longos até a bunda haviam sido cortados de apenas um lado até a os ombros. E jaziam espalhados pelo chão. Itachi imaginou Karui puxando a Hyuga pelos cabelos com muita força e os cortando com a faca sem piedade. No entanto, mesmo com toda a imobilidade da garota era possível ver sua respiração. Rápida. Era uma visão terrível. Teriam que parar isso e levar Hinata para um médico.
Ou, ela iria morrer.
– Vamos ver se enfiando essa faca mais fundo você sente o que é dor.
Karui exclamava desesperada e cansada do silêncio que a Hyuga fazia. Não era natural, quem numa situação dessa não iria chorar? Não iria berrar por perdão? Não iria gritar por sua vida?
Hyuga Hinata era um monstro, Karui pensava.
Seus olhos esbugalhados estavam vidrados na Hyuga e já se posicionava para enfiar a faca na barriga da mulher que já não estava em suas melhores condições.
– TODOS PARADOS, COLOQUEM AS MÃOS NA CABEÇA AQUI É A POLÍCIA! – Itachi gritou, entrando primeiramente, com a arma na mão. Seguido de Kakashi que apontava para todos os lados vendo que estavam apenas os três (Hinata, Deidara e Karui) ali dentro. – VOCÊS ESTÃO SENDO INDICIADOS POR SEQUESTRO, TORTURA E TENTATIVA DE HOMICÍDIO!
Deidara levantou as mãos enraivecido. Filhos da puta, a arma de Kakashi estava apontada para seu peito. Enquanto que a de Itachi para Karui, que não havia parado de enfiar a faca fundo em Hinata.
– LARGA A PORRA DA FACA, AKIMICHI KARUI! – Itachi ordenou. Mas parecia não fazer efeito. – LARGA. A. PORRA. DA. FACA.
Ela enfiou o máximo que conseguia, cutucando e cutucando. Hinata cuspiu líquido e sangue, e isso a fez soltar a faca jogando-a nos policiais.
Mas sua força não era o suficiente para atingir alguém.
Apenas deu um susto em todos que estavam ali.
O susto foi o suficiente para as posições mudarem completamente de local. Deidara viu que Kakashi havia apontado para a faca confuso, e nesse instante correu rápido o suficiente para chutar a arma da mão do policial mais velho para bem longe. Num segundo lance, deslizou o pé dando uma joelhada no homem desarmado.
Deixando-o abalado e dolorido.
Itachi apontava para Deidara, disparou um tiro à tira-rosca que acabou acertando o chão – tinha medo de acabar machucando Kakashi desnecessariamente. Deidara foi para frente, de cara para Itachi sacando um canivete que jazia guardado em seu bolso.
Então os dois entraram numa luta mano-a-mano.
– Kakashi, – Itachi gritou. – Pegue a mulher, eu cuido dele.
*
Naruto, Suigetsu e Sasuke passaram pelo gigante portão do galpão após a caminhonete reforçada de um de seus capangas que iam à frente. Uma sessão de tiros começou a ser realizada depois do estrondo e queda do portão. O carro revestido de Naruto passou tranquilamente, observava seus homens atirando em vários guardas e uma guerra começando a acontecer.
O som de tiro era alto o suficiente para seus ouvidos doerem. O coração de todos ali batia rapidamente: descompassados e desesperados. A cada guarita caindo sentia um alívio, mas quando o pneu da caminhonete furou por vários tiros certeiros um desespero o assolou – logo seria seu carro.
No entanto, um terceiro carro vinha atrás com mais capangas prontos para dar um segundo apoio, como haviam decidido previamente. Com sorte, o pneu furou a tempo de chegarem ao portão galpão principal. Saíram do carro com medo dos tiros, mas seus capangas davam toda a cobertura necessária até a porta principal.
Os tiros aleatórios consagravam que toda a confusão estava instalada, dessa forma o grupo de Naruto invadiu com menos dificuldades o local. A cada momento que adentravam mais nos corredores do galpão semiabandonado, a equipe de Naruto matava um ou dois. E, seus homens iam ficando nos corredores para proteger seu chefe, o qual nunca participava desse tipo de ações.
Enfim, chegando num espaço onde as portas estavam abertas.
As paredes cinza e mofadas traziam o cheiro de velhice.
Mas o cheiro que mais enjoou o loiro foi o de metal.
De ferro.
Aquela pequena partícula que faz parte do sangue de todos os humanos.
Ao observar, dentro da sala, a pálida e imóvel Hyuga, seu coração forte – o qual sustentava o corpo de Naruto – pareceu parar de bater junto ao da dama que olhava. Não sabia o porquê de fazerem tudo isso com uma mulher que não machucava ninguém, que não fazia nada mais do que apenas colecionar segredos para se proteger.
A situação estava crítica.
Caminhou lentamente até a frágil mulher, sustentada pelas cordas que ainda a prendiam na cadeira, incrédulo. A cada passo que dava seu sangue fervia. Sentia cada bolha de ódio e raiva estourar perante o calor de seu corpo.
Fitou o rosto de cada um naquela sala gravando suas características e intensões. Akimichi Karui esta com as mãos ensanguentadas e uma pequena faca estava caída no chão ao seu lado – como se ela estivesse fazendo de tudo para obter o objeto. Hatake Kakashi segurava a mulher pelos pulsos prendendo-a numa algema que havia trazido. Enquanto Itachi e Deidara se atracavam numa luta excepcional, a qual Naruto não dava a mínima.
– O que vocês estão fazendo aqui? Está acontecendo um tiroteio lá fora? – Kakashi disse ao perceber a entrada dos três.
Sabia quem era Suigetsu: um cara que trabalhava para um homem importante da cidade e com Nara Shikamaru. Mas, nunca havia visto o rosto do outro... Sabia também que eles trabalhavam com entretenimento, e que rendia algumas informações para seu empregado.
Tanto que sabia de algumas imundices trabalhistas de Shikamaru... E seu único palpite era que Shikamaru estava envolvido com a morte de Sasori (já que os dois viviam se encontrando, mesmo sem saber o motivo), mas isso havia sido apagado por Obito...
Agora, estarem no meio do drama da Hyuga Hinata, com Karui e Deidara... Estava tudo errado. Nada fazia sentido para Kakashi.
Nada mais fazia sentido.
– Suigetsu, – Naruto observava apenas Hinata. Desprendeu seus tornozelos notando o quanto estavam arroxeados pela força da corda que a prendia. Pobre Hinata... – Pegue a vadia, sinto muito oficial Kakashi essa mulher vai ficar sobre minha custódia.
Suigetsu não esperou uma segunda ordem, mas Kakashi não entregaria Karui facilmente.
Sasuke juntou-se a luta de Itachi, enquanto Naruto cuidadosamente cuidava do nó forte que prendia a mulher gélida. Na cadeia, Sasuke havia aprendido (apenas observando) como derrotar um brutamonte como Deidara. Porém, facilitou muito mais os dois estarem cansados aquela altura.
Não precisou de muito esforço para imobilizarem o loiro.
Mesmo assim acabou levando alguns socos ardidos.
– Karui está sobre minha custódia e vai pagar po-
Itachi estava tão cansado que apenas observava a situação que se encontravam e no infortúnio de serem controlados por três jovens inconsequentes brincando de mafiosos. Mas sentiu o ódio de Naruto, por isso permaneceu quieto.
Naruto ignorava Kakashi, cada vez com mais raiva, desamarrava as cordas que prendiam os pulsos observando as marcas. Deveria estar doendo pelo corpo inteiro... Deveria ter ficado tanto tempo ali...
Abraçou-a quando ela pendeu para o chão, já não mais presa a cadeira. O corpo dela estava muito gelado, e parecia um cristal de gelo prestes a se quebrar ao mínimo toque quente das grandes mãos do Uzumaki.
Rasgou sua camisa prendendo-a uma em cada um dos pulsos dela estancando o sangramento. Outro pedaço de pano prensou o local onde escorria sangue do colo dela. Somente então pegou-a com cuidado.
Tomou-a em seu colo; protetor.
Ele seria o pilar que a sustentaria.
– Você está cercado de homens, tanto da Akimichi quanto da Yamanaka – ouvir que a prefeita estava envolvida pela boca de um desconhecido foi um golpe certeiro para Kakashi. E, infelizmente ele não duvidou do que sua prefeita era capaz. – Acham mesmo que em dois vão sair daqui? Com a Hyuga, o Deidara e a Karui? Poupe-me. – Deu as costas para Kakashi seguindo em direção a porta. – Garanto a sua proteção Kakashi, e a de Itachi; vocês têm apenas que fazer vista grossa sobre minha presença e os dois que estão presos... Garanto devolvê-los.
Só não disse de que forma.
Só não disse se vivos.
Kakashi engoliu em seco. Definitivamente não havia pensado como iria salvar Hinata. Sabia exatamente como entrar, mas sair... Olhou para Itachi o qual estava todo machucado, e indo contra todos os ideais do parceiro aceitou.
– Para onde levarão Hinata? – Rendeu-se, vendo pelo menos a bondade de Naruto em querer salvar Hinata.
E não foi isso o que Sai falou? Salvar Hinata.
Era o que estava fazendo.
Aquele lance de “o meio justifica o fim” que seu professor de filosofia sempre retomava.
– A um médico de confiança... – Naruto saiu da sala carregando Hinata desmaiada em seu colo. Sabia que ela estava viva pela respiração lenta, pois seu corpo parecia um pequeno bloco de gelo.
Saíram pela porta juntando-se novamente aos seus homens que haviam ficado vigiando em alguns pontos. O Grupo era muito grande para os carros, que esperavam na entrada do prédio. Por sorte havia deixado um reserva esperando na área de fora.
– Suigetsu, – chamou o parceiro. – Quero que ligue para o carro quatro ficar a posto nós – olhou para Hinata serenamente. – Quero que você pegue um carro com Deidara, e Karui com Sasuke e vão encontrar... – Controlou suas palavras pela presença dos dois policiais. – Aquele maldito filho da puta que está comendo a vadia loira...
Suigetsu riu, podia ser tanto Gaara como Shikamaru. Mas, quem cuidava de interrogatórios era Shikamaru.
– Pode deixar...
– E os dois policiais, Naruto? – Sasuke perguntou.
– Vão entrar na caminhonete, e quero que protejam os dois policiais... Afinal, eles iam salvar Hinata...
Kakashi percebeu que Naruto era o líder mandava gloriosamente e todos obedeciam sem questionar.
Era um líder nato.
E, ficou impressionado como sua retirada saiu perfeit-
Seria perfeita se, quando o grupo tinha se separado, Deidara não tivesse fugido.
~~~
Ino esperava o desenrolar de toda a bagunça em sua cama.
Ela era mais esperta do que todos podiam imaginar. Não perderia sua posição como prefeita indo para uma grande cilada – seus guardas não eram nem contratos oficialmente para não ter problema, porém isso havia sido ideia de seu advogado. Manteve o ruivo em casa para seu próprio prazer e entretenimento. Mas, a tensão corria por seu corpo pelo fato de ser apenas informada de toda a operação ao final por um de seus empregados mais confiáveis.
O objetivo dela ao cooperar com Hidan e Karui era ver Hinata ou morta ou marcada de por cicatrizes de forma que a sua “concorrente” ficasse feia. Essa era pior tragédia para Ino. Por outro lado, o objetivo de Hidan era ter em posse: Hinata. Ino não era tão burra quanto o grisalho imaginava, e sabia que Karui não sabia que ele tinha segundo planos para Hinata. Essa sim era a peça mais insignificante do tabuleiro – a peão.
A peça que pode ser substituída e sacrificada.
Ainda não entendia porque Hidan havia pedido sua ajuda desse jeito. Poderia ser pela utilidade dos homens que ela comandava, mas sabia que Hidan era um alicerce da cidade e comandava grandes áreas comerciais e bairros de baixa renda – um verdadeiro Rei do Crime.
Uma coisa sabia: Seria mais esperta do que ele e ficaria segura em casa.
Gaara sentia a tensão da loira pela sua súbita mudança de atitude – ela mostrava-se mais energética e emotiva que o normal. Além de sua parte exigente estar desgastando o ruivo que mais parecia um escravo sexual que qualquer outra coisa.
No momento em que deram uma pausa, ele foi ao banheiro com seu telefone e observou todas as ligações perdidas de Suigetsu. E uma de seu irmão:
“Faça o que for, mas mantenha-se na cola da Yamanaka. Mesmo que pareça traição, sua missão é nos informar de tudo.”
Gaara apagou as mensagens. Respirou fundo. Desligou o celular. Caminhou até Ino sedutor.
– Onde paramos, delícia?
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