Aquela era a exata imagem que Yeeun esperava observar ao acordar de uma outra noite de sono desconfortável: a ponta dos dedos marcadas pelas agulhas de costura, linhas enroladas em seus pulsos e um pano abaixo de sua palma. Em um rápido desejo a mulher ansiou ser enterrada naquela posição.
— Que horas são? — apesar de estar sozinha em seu apartamento, esperava que alguém, ou algo, respondesse aquela pergunta, dizendo-a que ainda eram sete horas da manhã. Era apenas sobre o horário, sobre a posição do Sol, porém haviam momentos que não gostaria de lembrar das entrelinhas daquelas palavras.
Ao acordar e puxar o ar ao levantar, Yeeun refletia sobre sua imaginação fértil e o modo com que aqueles pensamentos destruíram o seu dia por completo. Não era natural levantar, escovar os dentes, tomar banho e notar que, mesmo após toda a sua rotina, você ainda está na cama.
E suas criações seguiam a mesma rotina. O bordado incompleto ao lado da mulher deixava seu corpo exausto, como se a imagem feita com aquelas linhas estivesse pronta, como se a noite que havia passado chorando tivesse sido contrária à realidade. O bordado não estava pronto e, provavelmente, nunca estará.
Igual aos papéis com palavras destacadas ao lado da cama, nada que produzia estava completo. Seu subconsciente a forçava a manter uma linha, um limite para que seus pés não fossem em direção ao abismo que estava à sua frente. E o que estava abaixo daquele abismo era a realidade.
O crochê jogado no canto da escrivaninha era um pequeno sinal de que, após todo o seu começo, o seu final era incerto. Completamente incerto. Ao que tentava descobrir algo que seus dedos e sua mente pudessem trabalhar bem e deixá-la calma, apenas encontrava a insegurança em seu modo genuíno.
O pequeno vício que se seguia, a cada letra, a cada linha, pela tinta, pelo número cinco, tornava aquele corpo um pouco mais vazio. O número cinco era o seu limite de palavras, de quadros, de agulhas, todavia, Yeeun pensava que, naquele instante, não aguentaria chegar até o número cinco.
— São sete da manhã. — do mesmo modo que a pergunta havia saído de seus lábios, a resposta fez o mesmo percurso, caindo em um pequeno esquecimento antes de lembrar-se que não havia necessidade de acordar cinco horas mais cedo, por um medo agoniante de perder o seu horário.
E aquele horário penoso passava rapidamente; o número cinco passava rapidamente pela Kim, e logo estava atrasada outra vez. Naquele momento ela buscava o número cinco, porém ele fugia dela como o seu gato manchado — havia um pequeno espaço em seu apartamento que continha todos que não gostavam dela.
Suas ações estavam como os seus bordados: inacabadas, um ato cansado de sair por aquela porta e continuar no mesmo lugar, uma imaginação fértil e grande demais para aquele corpo. Sua cama estava bagunçada, o lençol no chão dizendo-a que, até aquele momento, ela ainda não havia saído de casa.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.