V I D E O G A M E S
Faixa Quatro
It's you, it's you, it's all for you/Everything I do/I tell you all the time/Heaven is a place on earth with you/Tell me all the things you want to do/I heard that you like the bad girls/Honey, is that true?/It's better than I ever even knew/They say that the world was built for two/Only worth living if somebody is loving you/Baby now you do.
Willa!
Willa!
Willa!
Aquela voz ríspida e sibilante lhe chamava a distância. Willa não queria ouvi-lo. Willa o rejeitava em sua mente. Willa sabia o tão errado aquilo era. E mesmo assim Willa estava seduzida por aquela voz, aquele homem, aquela presença. Olhando diretamente em seus olhos, Willa lentamente abaixou o katana da altura do seu pescoço. Ele arregalou os seus olhos, por alivio, admiração ou talvez, fascínio. Deixou seus dedos correrem no rosto da ninja e ela não se afastou, apenas manteve seu olhar fixo no homem, roboticamente dominada por ele.
— Sorria. – Willa sorriu e o homem vestindo roxo fez uma careta com os lábios. – Não, você não lembra Jessica em nada. – Seus dedos não abandonaram a mecha loira dos cabelos de Fairchild e um olhar deliciosamente perverso brincou em admirar o seu rosto. – Pode não lembrá-la em nada, mas não é de se jogar fora. Esses olhos podem enlouquecer um homem. Não, não. – Ele negou, como se lutasse internamente em sucumbir em tal desejo. - Não podemos fazer isso. Eu amo a Jessica, você entende? – Willa parecia completamente alheia as suas palavras, com aquele sorriso falso em seus lábios e dor em seu olhar. - Acene que entendeu. – Ela acenou prontamente e ele acarinhou sua bochecha. - Isso, boa garota. Alias, não posso confiar numa pessoa que veio me matar. Seria doente. – Ele dramatizou, meneando a cabeça em negativa. - Me responda: Ela sabe que você veio aqui...? – Ele gesticulou com o dedo no pescoço e Willa lutando contra aquela resposta, assentiu deliberadamente. – Aquela vadiazinha! Ela quer jogar as preliminares comigo, mas depois não aguenta o tranco! Tudo bem. Tudo bem, Jessica. – Ele gesticulou com certa agressividade, deferindo um olhar analítico sobre Willa. - Eu sei exatamente como respondê-la e você, loirinha vai me ajudar a entregar a mensagem.
***
Willa olhou pela janela do SVU e viu a fachada de um restaurante de comida japonesa. Um casal saia e uma jovem adentrava com passos apressados, talvez atrasada para um encontro. Devido a constante falta de segurança a rua do restaurante era pouco movimentada. Dentro do carro, o motorista esperava apático o comando de seu suposto chefe. Ao lado de Willa, o homem de roxo admirou a fachada com desgosto.
— Acho ridículo como esses orientais tiram tudo que tínhamos de bom nesse bairro patético. – A cara desgostosa sobre o restaurante suavizou ao encarar Willa completamente hipnotizada pela entrada do restaurante. – Você deve discordar da minha opinião, não estou certo? Quero ouvir sua voz, responda.
— Sim. – Ele entortou os lábios para a figura de Fairchild, então admirou a katana firme entre os seus dedos.
— Devo dizer, sou contra o uso de armas. – Ele murmurou, pensativo. Willa lhe ouvia, mas o seu olhar claramente demonstrava desprezo a ele. - Acho violento, se me permite dizer, nada honrado, por isso deixo isso nas mãos de quem nasceu com esses traços animalescos. Mas sempre tive um fascínio para a beleza numa katana. – Ele olhou para ela com as sobrancelhas arqueadas, então apontou para a katana firme em suas mãos. - A sua, em particular, é linda. – Então, num estalo de seus dedos e um espalmar de suas mãos na coxa, ele abriu um largo sorriso maníaco. - Decidi aqui, agora, quando você terminar lá dentro, você me daria essa belezura, certo?
— S-sim. – Willa forçou sua resposta entre os dentes, mas era audível um grunhir quase animalesco brotando das profundezas de sua garganta.
— Você é tão humilde. Abrindo mão de algo tão peculiar assim. – Ele dramatizou e por um instante, ele jurou ver uma lagrima nascer no cantinho dos olhos azuis de Fairchild. - Bom, não te prenderei mais. – Ele gesticulou para ela sair, virando sua atenção para o horizonte, de relance a presença de um motorista também controlado por si estava imóvel, a espera de comandos. - Vá lá, faça exatamente o que lhe pedi... – Willa deixou o veiculo imediatamente com um olhar decidido no restaurante, seguindo com passos firmes com seu salto fino, escolhido a dedo por Kilgrave. – Hey, querida. Espere! – Willa parou de supetão, o seu olhar partido havia perdido seu brilho natural. – Olhe para mim, quero ver esses seus lindos olhos com um belo sorriso.
Willa virou, movimentando graciosamente o seu casaco de camurça bege e pelinhos brancos, também escolhido por Kilgrave, por ele achar que Fairchild tinha um toque dos anos 70 ao qual deveria ser destacado na multidão. Os seus olhos sem vida encontraram Kilgrave e o seu sorriso largo abrilhantou a noite. Mas ali havia dor, ali havia uma crescente fúria incontrolável.
— Esse é o espírito. – Ele sorriu, gesticulando com animação. - Seja uma querida e me traga rolinhos primavera também, ok? – Ele voltou a gesticular para ela seguir, claramente entediando-se com a sua presença imóvel e sem emoção diante de seus olhos. - Agora vá!
Prontamente, Willa obedeceu caminhando decidida ao restaurante, segurando a katana firmemente com sua mão direita. A porta fechou pesadamente atrás de si e foi trancada pelo ferrolho, Kilgrave escutou uma comoção pela ação da mulher e quando ele ouviu o primeiro gemido de dor, ele entortou os lábios com um ar desagradável, fechando a janela do seu lado do carro.
— Dê uma volta. – Ele comandou para o seu motorista, ao qual prontamente obedeceu, ligando o motor do SVU. - Acho que será o tempo exato dela ter ‘limpado’ esse lugarzinho.
E foi.
Willa não sabia quem eles eram. Nunca tinha os vistos antes em sua vida, entretanto ela tinha uma ordem a ser obedecida, mesmo que uma voizinha no fundo de sua mente lhe dissesse que não, ela não tinha que fazer aquilo. Mas ela tinha. Ela precisava obedecê-lo, como necessitava de oxigênio em seus pulmões. O ferrolho de metal era frio nas pontas dos dedos de Willa. Ela escutou a recepcionista questionar o porquê de sua atitude, o que atraiu a atenção de um segurança: homem, 1,70, menos de 80 quilos. Willa retirou agilmente uma adaga do coldre entorno de sua coxa e enfiou na barriga do segurança, lhe envolvendo num abraço apertado. Willa abafou o gemido de dor do segurança em seu ombro e direcionou seus pés assim guiando para próximo do balcão. A recepcionista precisou de alguns segundos para captar o que estava acontecendo e quando percebeu, era tarde. Ela colocou a mão no telefone e essa foi a última vez que ela encontrou-se preso em seu braço. O seu grito despertou a atenção de alguns clientes próximos, e por conta do biombo a visão de uma semi-ensanguentada Willa não causou perturbação. Com auxílio de um abridor de garrafas, Willa silenciou a recepcionista cortando sua jugular. A cabeça da jovem de cabelos negros tombou desengonçadamente para trás e o seu sangue esguichou por todo o balcão e respingou o rosto de Fairchild. Ela largou o abridor e o segurança na lateral do balcão sem muito cuidado. Seus olhos passearam pelas paredes da entrada, buscando pela caixa de disjuntores. Aparentemente, o proprietário o transferiu para a cozinha, uma medida de segurança. Pobrezinho...
Ela deixou uma armadilha de nylon preparada na entrada, para aquele espertinho buscando desesperadamente por escapar.
Isso apenas caiu para Willa como uma luva. Ela seguiu resoluta para a entrada restrita da cozinha. Um garçom ia deixar o lugar com uma bandeja pronta para servir algum cliente, mas Fairchild repousou sua mão em seu peito, lhe empurrando para dentro da cozinha, contra o seu protesto. A bandeja tamborilou em seus dedos e Willa olhou de ponta a ponta a cozinha, contando uns oito cozinheiros, três garçons e o chefe. Seria fácil! O que aconteceu em seguida podia ser considerado um banho de sangue. O chef oriental aproximou indicando que ali não era lugar para clientes, então seus olhos arregalaram ao reparar no sangue esguichado em sua camisa e antes dele conseguir proferir qualquer coisa, uma adaga acertou sua garganta em cheio. O sangue desceu lateralmente pelo seu pescoço, enquanto o homem agonizava, até seus olhos girarem e ele desabar no chão. Os homens não demoraram a reagir e Willa também não. Na ponta de um dos seus pés ela rodopiou, tirou a katana da sua proteção e a prendeu na porta, impedindo a entrada e saída. Com sua mão livre ela apertou o interruptor e apagou as luzes, por fim acertou um chute na cara do garçom e ele tombou batendo a cabeça no balcão de tarefas e caindo ao chão. Willa pegou a bandeja e repousou cuidadosamente na mesa ao seu lado. A katana rodopiou no ar e acertou o crânio do garçom ao chão. Ela desfilou por cada estância da cozinha, movimentando graciosamente golpeando com suas pernas e punho livre, mas era a sua katana quem finalizava as vitimas. Alguns até tentavam se defender, com as suas facas para corte de peixe, panelas e até mesmo com passos ridículos copiados de algum filme hollywoodiano, mas não eram nem perto de ser pareô a ela. Quem tentava alcançar uma das portas para escapar, era acertado por uma das adagas de Willa, quem tentava ligar para a policia ou algum ente querido, tinha a mão decepada. Willa não deixava pontas soltas ali.
O lamina de sua katana vibrou com o seu último golpe e ela parou momentaneamente, através dos seus sentidos escutando o último cozinheiro desabar ao chão. Ela buscou pela presença de mais alguém ali, mas ela estava sozinha. Por precaução, ela bloqueou a saída dos fundos.
Ela tirou o protetor das portas duplas da cozinha, prendendo no coldre das suas costas. Com um simples movimento, abriu as portas e observou lentamente os clientes ali. Ninguém tinha percebido o que diabos havia acontecido. Concentrado em seus sashimis, suas vidinhas sociais patéticas, nas suas redes sociais ou simplesmente focados em conquistar a afeição da pessoa sentada a sua frente, eles não se deram conta do massacre acontecido na cozinha. Agora, um a um, eles viram aquela mulher diante deles, ensanguentada dos pés a cabeça, com um semblante neutro, apático, sem vida e sua katana reluzindo em aço afiado e sangue de suas vitimas.
Ao som de Swan Lake de Tchaikovsky, Willa apagou a luz. Com a falta de tato, as pessoas entraram rapidamente em desespero, o medo tornavam as pessoas burras, imprudentes, impulsivas, uma presa mais fácil do que o normal para Willa. Utilizando dos seus sentidos aguçados, Fairchild enxergava em vermelho. Ela sabia exatamente onde encontrar sua vitima desde aquele escondido embaixo da mesa, até aquele tentando fugir pela entrada principal, mas acabando por ser surpreendido pelos três fios de nylon presos a parede em linhas retas e perpendiculares. As vitimas tinha os olhos feridos, barriga e dependendo do impacto causado pela compreensão das pessoas atrás de si empurrando para conseguirem passar, até mesmo os pulsos e pés eram feridos, impedindo deles seguirem. Willa não teve nenhuma dificuldade alguma ali. Entre golpes e cortes minimamente pensados e produzidos pela sua afiada katana, ela ia de ponto a ponto utilizando de suas técnicas básicas de artes marciais e sua agilidade conquistada com anos de treinamento. Braços, pernas, mãos, cabeças não foram poupados. Ao final, Willa estava com a respiração ofegante, imunda de sangue dos pés a cabeça, sentindo algumas gotas descerem pelo seu rosto e ela não sabia dizer se era suor, lágrimas ou sangue de suas vitimas. Uma respiração descompassada foi produzida quando o ferrolho foi aberto num estalo inesperado. Willa inclinou sua cabeça diretamente para a saída e a luz da rua sombreou a forma de uma jovem segurando o estômago com um sombreado avermelhado transbordando seu antebraço e suas roupas estavam cobertas, em boa parte por sangue. Os seus olhos castanhos arregalados em horror para Fairchild mostrou o seu pavor e surpresa por ela ter lhe descoberto. A garota fugiu porta a fora. Willa, calmamente seguiu por aquele caminho, passou por debaixo dos fios de nylon e deixou o restaurante. Sem perder muito tempo, ela acelerou os seus passos, retirou a katana da bainha e antes da jovem se quer se dar conta de sua proximidade, a ninja produziu dois cortes em suas costas. A jovem tombou no chão, com os olhos arregalados e os dedos ainda movendo. Willa não se importou.
Ela ainda tinha o que fazer. Pegou as fitas de segurança e deixou gravado no chão, com a ajuda de sua katana, um smile feito em sangue. Os feitos de Willa naquela noite ficaram conhecidos em Hell’s Kitchen e por toda Nova York como o Massacre no Bairro Japonês. Até hoje, quatro meses depois, as autoridades buscavam ainda os culpados. É, eles achavam que tinha sido uma máfia. Mal sabiam.
Sentada na entrada do restaurante, Willa assistiu o carro negro de Kilgrave estacionar lentamente no meio fio.
— Venha, Willa. – Kilgrave chamou sem deixar as sombras do seu banco traseiro. Fairchild obedeceu e caminhou resoluta. Ele abriu a porta do carro e ela entrou. O motorista não demorou a dar partida e Kilgrave não demorou a mostrar o seu descontentamento. – Você precisava ficar imunda! Vou ter que trocar todo o meu estofamento. Você, ao menos deveria me pedir desculpas.
— Desculpa. – Ela respondeu com seus dentes trincados.
— Trouxe o que lhe pedi? – Ela entregou um pacote de papel pardo e Kilgrave pegou com agressividade. Ao abrir, o homem de roxo mostrou surpresa. – Olha só, as fitas e... Os meus rolinhos. Você lembrou. Que adorável! Agora, me dê sua katana, querida Willa. Muito bem. Só falta uma coisa que eu quero de você.
Willa bateu duas vezes na porta de vidro partida do Alias Investigations. Ela precisou bater novamente e apenas parou ao escutar Jessica resmungar:
— Espera, nada pode ser tão urgen... – Jessica parou ao ver pelo rombo na janela o rosto apático de Willa e sua pele manchada de sangue, isso por que ela não conseguiu um vislumbre de toda a sua roupa. Ela passou os dedos nos cabelos e apressou a abrir a porta, trazendo a prima para dentro de casa. – Willa! Jesus! O que houve?
Livre de seu domínio, Willa caminhou com um olhar perdido no cômodo bagunçado e pouco jeitoso. Jessica estava sozinha naquela noite, pouco dormia, pois estava tramando um meio de conseguir chegar a Kilgrave e colocá-lo no lugar exato para conseguir as provas que necessitava para enfiá-lo ao lugar a qual pertencia: a cadeia. Jessica demorou seu olhar em Willa. O que teria acontecido com ela? Um trabalho que deu errado? Uma emboscada? Kilgrave?
— Willa, fala comigo. – Jessica se aproximou e Willa se virou automaticamente, sem alma em seu olhar. Jones era uma pessoa de poucos gestos carinhos, mas não conteve suas mãos ao tocar o rosto da prima e envolvê-la em seus braços. – O que lhe aconteceu? – Willa retribuiu o gesto com os braços meios moles em sua cintura. Sua cabeça afundou em seu ombro, sentindo o seu perfume. Não era doce, nem forte, era uma colônia barata, mas boa. A mão dela acariciou sua nuca e Willa sorriu, sem emoção. Lentamente ela deixou seus dedos encontrarem o rosto da prima e ela estranhou tal gesto e ao encontrar o olhar de Willa, Jones sentiu a coluna arrepiar no exato instante que a língua de Fairchild tocou seu rosto numa lambida.
— Kilgrave mandou lhe dizer um ‘oi’. – O olhar de horror de Jones foi acompanhado de sua urgência de abandonar o enlaço de sua prima, mas ela o firmou, deixando bem claro que a única forma de abandoná-la, seria lutando. – E também mandou lhe dar um gostinho do que eu ia fazer nele.
— Willa, isso n-não é... – Jessica grunhiu ao sentir o peso do corpo de Willa sobre seu corpo. Como uma espécie de felino ela prendeu suas pernas no entorno da cintura de Jones e suas mãos firmaram contra o pescoço dela. Não esperando o peso da prima, ela desabou ao chão pesadamente. Os sons produzidos por Jessica eram uma mistura de grunhidos de dor e pedidos reprimidos de ajuda. Implorando para Willa lhe libertar, para ela perceber o que estava fazendo. Ela precisava lutar contra o poder dele. Como? Ela não sabia, nunca soube, mas se havia alguém que saberia, seria Willa. Ela sempre foi a mais forte e sempre seria, mesmo que a força estivesse no gene de Jessica, era Fairchild a capaz de ir ao inferno e voltar por quem amava. Assistí-la tentar matá-la por conta de um controle mental, era um golpe baixo, até mesmo para Kilgrave. – E-eu sintoo muito por i-isso, Willow. – Ela apertou os seus dedos e manteve-se mais segura em sua cintura, mas Jessica lutou contra sua posse utilizando de sua força e mesmo com as suas técnicas, a força de Jessica venceu e ela conseguiu acertar Willow com um soco no estômago, o que lhe arrancou o ar e isso foi o bastante para ela conseguir firmar os dois pés na pélvis da prima e empurrá-la com força para longe de si. Por sua vez, Willow deu uma cambalhota para trás, aterrissando belamente, como um tigre faria, olhando diretamente para Jessica com um olhar animalesco. Jessica conseguiu ficar de pé a tempo de se preparar para o próximo ataque, onde os golpes ágeis de karatê produzidos por Willow iam contra os braços de Jones que buscava se proteger de seus ataques, ainda implorando para Willa parar.
— Eu não posso. Eu preciso lhe dar o recado de Kilgrave. – E com isso ela girou acertando um chute intenso e forte contra o tórax de Jessica e ela foi com tudo de encontro a cômoda de madeira que lentamente foi desabando. Jessica grunhiu, sentindo as costelas latejaram por conta da dor. Então seus olhos encontraram uma arma: a sua garrafa de vodka. Quem diria? Aquilo que lhe mata as salvaria. Seria um desperdício, mas era uma boa tentativa. Ela teria que ser mais rápida do que os sentidos de Willa. Ela simplesmente agarrou o bico e acertou a garrafa com toda sua força contra a nuca de Willa, ela só não esperava que Fairchild também conseguisse lhe estapear a ponto dela desnortear, perder a noção de espaço e bater com a testa contra a pilastra da porta e, dramaticamente ambas desabaram ao chão.
Quando Jessica acordou, encontrou Willa no canto da sala, puxando as mechas de seu cabelo num choro abafado e doloroso. Cuidadosamente e segurando um taco de baseball, Jones se aproximou da prima, mas largou o objeto num baque no instante que os olhos azuis perolados de Fairchild encontraram seu semblante. A vida morria diante de si. Ela estava destruída, partida, arruinada. O seu choro se tornou mais alto e arranhado e ela se quer conseguia pronunciar uma palavra para Jessica, olhando para as suas mãos ensanguentadas e para os seus dedos, aqueles dedos que tentaram arrancar a vida de sua prima, a sua única família.
— E-eu sinto muito. E-eu n-não q-queria.
— Eu sei, eu se... – A voz de Jessica engasgou. A lamina cortou o ar acompanhado de uma brisa. Como algo tão cruel podia soar tão bonito? Jessica tremia. Seus olhos estavam tomados de lágrimas, enquanto seus dedos segurava o que era o seu intestino, buscando deixar a sua barriga. Seus joelhos falharam e ela caiu ao chão. Willa inclinou seu rosto, observando o ar começar a faltar, os olhos de Jessica começarem a perder o foco e o seu sangue desenhar o chão em poças incertas, guiando-se diretamente a Willa.
— Agora eu acabei. – Willa sussurrou passando os seus dedos no rosto de Jones com um enorme sorriso sádico a crescer em seu rosto.
O grito arranhou a garganta de Willa. Ela estava meio arqueada em sua cama, sentindo seu corpo meio pesado demais para se sustentar e o suor de sua pele descia em gotas pesadas e longas. Ela respirou. Seus pulmões gritavam por isso. Ela estava tão assombrada por aquele pesadelo que não se deu conta de ter parado de respirar, por breves segundos, o bastante para seu coração palpitar freneticamente e suas mãos suarem gelado. Ela conseguiu se sentar com os joelhos dobrados e abraçou o próprio corpo, respirando fundo e praticando os seus exercícios de ansiedade. Primeiro, ela precisava encontrar cinco cheiros, então quatro objetos, três texturas, duas cores e um som. Sua respiração pesada.
O que ela estava fazendo? Acreditando que só por ter tido algumas boas noites de sono, ela estaria livre da sua maldição? Fazia muito tempo que ela havia vendido a alma ao diabo, agora ela tinha que aprender a aceitar o seu inferno, a espera de um dia poder quem sabe merecer o paraíso.
Por ora, ela tinha duas opções: ela poderia tentar dormir ou podia descarregar essa energia produtivamente.
Conferindo o relógio na parede da cozinha não passavam das três da manhã. Willa bebeu um pouco de água e partiu para a parte externa da casa abandonada em alguma região interiorana de Viena. Ela encontrou conforto num espaço vazio no gramado sendo iluminado por um feixe da lua crescente. O céu estava incrivelmente brilhante com suas estrelas no seu profundo azul. Sentada na grama, Willa respirou fundo, observando o enorme campo deserto e abandonado pelo tempo. Um dia aquele terreno deve ter sido uma bela fazenda com uma família e hoje era o que alguns chamariam de atual QG dos fugitivos da lei. Sob uma perspectiva um pouco embaçada ou extremamente emotiva, não deixava de ser um lar.
Repousando suas mãos em sua coxa, ela respirou fundo e fechou os olhos, entregando-se a uma sessão emergencial e intensiva de meditação.
Normalmente, ela apenas calava sua mente e buscava pelo equilíbrio de seus chacras e dominar a arte do seu KI. Hoje, por outro lado, ela buscava também acalmar suas emoções e silenciar as dores de seu coração. Sua concentração na meditação era exímia, ela sabia exatamente o que acontecia no seu perímetro, seu olfato aumentava consideravelmente e ela podia até sentir quando estava sendo observada, como agora: ela sabia que tinha alguém lhe observando do segundo andar, através da janela de um dos quartos. Fairchild precisou de poucos segundos para analisar a frequência de seu coração, forte e pulsante, para concluir que era Bucky. Por um instante ela quase perdeu seu foco, mas lutou contra tal impulso e seguiu em sua meditação, madrugada adentro. Seu domínio no KI ainda necessitava alcançar novos patamares, entretanto emergida em sua meditação ela conseguia escutar conversas sussurradas a distância, pressentir a aproximação de um individuo a quilômetros de distância, sentir cheiros como de perfumes e pólvora e sua imersão ao mundo espiritual chegava ao ponto de pássaros confundirem ela como galhos de árvore.
Ela era parte da natureza, ela era o equilíbrio.
— Há quanto tempo ela estar lá fora? – Wanda assistia Willa meditar no quintal, ela nem se dava conta que tinha uma borboleta pousada no topo de sua cabeça. Os seus colegas na cozinha, Steve, Bucky e Sam concentrados na delicadeza da atual situação planejavam o próximo passo e buscavam se alimentar bem para aquele dia. Sam apenas ergueu as sobrancelhas ao se dar conta que Willa estava acordada, meditando, as seis da matina. Essa garota não tinha amor a uma boa cama não?, Ele pensou. Por outro lado, Steve enrugou seu cenho com uma singela preocupação, aproximando da bancada da pia e observando a paisagem, acompanhado de Wanda.
— Desde a madrugada. – A resposta não veio de Rogers, como Maximoff esperou, e sim de Bucky. Ele apenas retirou os olhos do mapa ao qual analisava, ao sentir os olhares do trio sobre si, como raios lasers. De todos, Sam precisou controlar o seu grande desejo de soltar uma gargalhada, mas ao receber um olhar duro de Steve, ele preferiu fingir estar fascinado com o sabor do seu café amargo.
— Não é hoje que ela vai viajar com Clint? – Wanda questionou movendo seu olhar analisador de Bucky a Steve, com seu sotaque marcando discretamente em algumas palavras.
— É. – Bucky respondeu seco e Steve fechou a boca, trocando um olhar sugestivo com Wanda. Essa era provavelmente a primeira vez que Barnes tinha uma interação tão marcante em grupo e de jeito nenhum, eles interfeririam isso.
— Será que ela já tomou café? – Wanda apoiou uma mão no balcão bebericando o seu café, com um olhar sugestivo sobre Bucky. Notando o silêncio, ele olhou inexpressivo para Maximoff, retornando sua atenção para o jornal, apenas outro com a sua cara desfocada em destaque na capa principal.
— Isso eu não sei dizer. – Wanda ergueu as sobrancelhas trocando um olhar com Steve e ele assentiu, observando curiosamente Bucky, enquanto Sam agora mostrava ter percebido o mesmo que Rogers: Bucky estava se integrando, do seu jeito cuidadoso, introspectivo e apático, mas estava e isso era algo a ser admirado.
— Vou descobrir. – Sam anunciou, mas Bucky fechou o jornal abruptamente e alguns milésimos mais rápido, ele ficou de pé antes de Wilson, largando o jornal a mesa.
— Não, eu vou. – Sam gesticulou em concordância com um olhar de estranheza sobre o soldado voltando a sentar meio desconfortável na sua cadeira, já Bucky não disse nada a nenhum dos presentes. Deixou a cozinha pela porta secundária, deixando o baque surdo e pesado ecoar na cozinha.
— O que foi isso? – Sam quebrou o silêncio questionando cuidadosamente aquilo com sua surpresa e comicidade.
— Eu estou tão surpreso quanto você. – Steve respondeu com um sorriso discreto, observando Bucky marchar até o ponto onde Willa meditava.
Abruptamente, Wanda repousou a sua caneca sobre o balcão e caminhou diretamente para a escada principal, avisado que estaria em seu quarto. Steve percebeu que a mulher de Sokovia optou por ser retirar do ambiente por estar desgostosa, e não era a primeira vez que ela demonstrava descontentamento, mas ele preferiu não invadir sua privacidade.
Depois do que aconteceu em Lagos, Nigéria, Steve sabia que Wanda estava passando por um momento delicado de descoberta com os seus dons; ela não apenas temia sua capacidade, mas tinha medo do que era capaz de fazer e dos seus motivos por trás de tais ações. Todos estavam estressados e cada um tinha sua forma de demonstrar as suas emoções: uns cometiam rompantes emocionais, como Wanda, outros meditavam, como Willa e alguns se preparavam para a luta, como eles.
— Willa. – Passos firmes cessaram a poucos metros de si. Aquela voz era reconhecida por ela, grossa e sussurrante, mas por algum motivo, sua mente ecoou sibilante e frívola arrepiando sua espinha desagradavelmente lhe recordando o homem de roxo.
Willa.
— Willa. – A voz insistiu deferindo cuidadosamente dois passos alcançando um pouco mais o seu círculo pessoal. Fairchild enrugou o cenho sentindo a presença de Kilgrave começar a dominar não apenas a sua mente, como atiçar o seu medo.
Wiiiillla .
— Willa! – Os calos dos dedos de Bucky apertaram a pele do ombro de Fairchild e ela sobressaltou, despertando do seu transe. Ele afastou o seu toque, reprimindo sua atitude acreditando que havia lhe assustado, entretanto não se afastou, olhando-a com uma intensidade que Fairchild acreditou ser capaz de perfurar o seu crânio. - Desculpe. Não queria... – Ele atropelou as próprias palavras, com um semblante confuso para ela e o chão; ele voltou atrás em sua atitude e decidiu ir embora, sussurrando para a brisa: Esquece.
— Não, não esqueço. - Ela descruzou as pernas e ficou de pé sem dificuldades. Ouvindo sua resposta, Bucky parou de caminhar a certa distância de Fairchild e sem minúcias, ela cortou o espaço entre eles, adentrando o seu círculo pessoal, com clara intimidade, mas Barnes mostrou um leve desconforto dando um passo incerto para trás com um olhar discreto sobre ela. - Aconteceu alguma coisa? - Ela questionou preocupada, semicerrando os olhos repousando a mão sobre a testa para impedir os raios de sol de lhe chegarem, um mal fortemente sentido por pessoas de olhos claros. Bucky, por um instante parecia hipnotizado. Ele não tinha reparado na profundidade dos olhos azuis da Califórnia. Era de um azul como o que ele lembrava ser o céu num dia de verão há muito, muito tempo atrás e aquilo lhe trouxe uma sensação reconfortante no coração, como se fosse aquele verão novamente. - Está tudo bem? - Bucky sentiu algo sobre seu ombro metálico e descobriu os dedos longos e curiosamente com calos de Willa lhe tocando em conforto. Em milésimos, ele afastou-se bruscamente, tomando uma postura defensiva com um olhar desconfiado sobre ela. A californiana revirou os olhos erguendo singelamente a sobrancelha xingando baixinho por ter sido descuidada em seus gestos. - Não quis ser evasiva, desculpa. Só fiquei preocupada que algo tivesse ocorrido quando estive em alfa. - Pela expressão de interrogação de Bucky, Fairchild encolheu os ombros com um ar óbvio. - Meditando? - Ele continuou com aquele semblante e os olhos de Willa se desprenderiam se ela continuasse os girando daquele modo. Ela percebeu que não estava com muita paciência para ser a Madre Teresa e resolveu largar a sua meditação e retornar para o casarão. - Deixa para lá...
— Desculpe... – Ele pediu e mesmo percebendo a sinceridade em suas palavras, Willa tencionou os ombros meneando com descaso com a cabeça.
— É, você já disse isso também.
— Eu te fiz alguma coisa? – Ele seguiu seus encalços questionando com uma leve acidez.
— Não, só não estou tendo um bom dia. – Willa não parou, dominada por um rancor marcante em seu semblante e uma tensão sobre seus ombros. - Semana, mês, ano... – Ela sussurrou com um olhar pesado e soturno rondando o campo. - Vamos ser sinceros: não me lembro sequer quando foi a última vez que tive um bom dia. – Ela confessou com um riso questionável, trocando um breve olhar com Bucky. Sua neutralidade fez Fairchild respirar pesadamente. - E eu estou te enchendo com a minha tagarelação e você não está nem um pouco interessado nisso. – Por que estaria?— Nem um pouco. Nem eu estaria. – Ela resmungou amarga.
— Eu ouvi você ontem à noite. – Suas palavras pareciam uma lamina: cortaram a tensão e transformou o clima, antes pesado e agora pesado e evasivo. Willa travou seus passos num supetão, olhando-o lentamente com uma faísca crescente em seu olhar. - As paredes são mais finas do que parecem... – Ele nunca pareceu tão leve aos olhos de Willa. As mãos escondidas nos bolsos do casaco lhe entregavam uma postura descontraída, mas na realidade, ele escondia seu desconforto em seus olhos. O olhar sobre a californiana ainda lhe assombravam, todavia tinha uma suavidade em suas palavras que deixaram Fairchild levemente curiosa. - Você gritou, chamando por Kilgrave, seja lá o que isso significa... – Os olhos azuis de Willa arregalaram, sua respiração cessou por alguns segundos e era possível sentir o medo exalar de sua pele misturado ao aroma neutro de sua pele: a falta de perfume era unicamente uma artimanha para não ser encontrada pelo olfato. Facilmente um ninja treinado conseguiria encontrá-la conhecendo o seu perfume comum. A última coisa que todos eles precisavam agora era que a sua guerra entre máfias e clãs irrompesse bem no meio daquela particular guerra entre ideologias.
— Ótimo, eu voltei a falar dormindo. - Willa resmungou num sussurro, passando os dedos nos cabelos se irritando com as suas madeixas acabando por fazer um coque no topo de sua cabeça num movimento ágil e nervoso.
— O que é Kilgrave? - Bucky perguntou com curiosidade e Willa parou de caminhar com o seu olhar partindo lentamente.
— É uma pessoa. - Ela respondeu num fio de voz. Fechou os olhos, negando firme com a cabeça. - Era. Se é que ele um dia foi uma pessoa... - Ela duvidava cegamente disso, mas devido às suas circunstâncias, poderiam existir divergências.
— O que ele te fez? - O misto de preocupação e curiosidade de James sobre Willa lhe desconcertou, mas existia uma profundidade em suas palavras ao qual deixou Willa incerta de qual atitude tomar. Ela estava incerta sobre tal postura. Willa não sabia como Bucky reagiria quando o assunto controle mental fosse mencionado por um deles e a última coisa, a qual eles precisavam era desestabilizar Bucky emocionalmente, quando ele tinha encontrado um mero instante de paz e livre arbítrio em sua existência, após todo o inferno vivido por ele.
— Porque você veio me chamar mesmo? - Ela optou por desconversar lhe olhando com uma disfarçada leveza.
— Eu te perguntei primeiro. - Ele rebateu com um discreto sorriso e Fairchild ergueu as sobrancelhas lhe lançando um discreto e analisador olhar.
— Pelas leis do cavalheirismo dos anos 40 você tem o dever de me responder antes. - Ela inclinou seu corpo, permitindo a sua figura ficar diante dele, o que lhe impedia de quebrar o contato de seus olhos, sem quebrar o clima desconfortável e tenso.
— Eu não sou mais aquele homem. - Sua resposta inexpressiva era dominada por uma dureza a qual Willa sentiu e reprimiu o desejo de confortar seu ombro e abraçá-lo. Oh, merda. Isso não era nada bom. - E pela sua tentativa de me enrolar, devo crer que ele te fez algo muito ruim. - Isso era definitivamente péssimo.
— Não quero falar sobre isso. - Fairchild quebrou o olhar, ganhando uma postura protetora. – Não agora.
— Não quis invadir sua privacidade. - Ele respondeu com sinceridade.
— Não tem nada haver com privacidade. - Ela respondeu com amargura, cruzando os braços, protetoramente. - São os meus demônios. - Willa revelou com um olhar dominado por um pesar desconhecido aos olhos de Bucky. Confuso, ele observava a californiana diante de si com uma soturnidade desconcertante. Willa odiava quando ele a olhava assim, ela se sentia bloqueada do seu cerne e estranhamente irritada por isso. - Eu só estou tentando mantê-los dentro de mim, pois temo pelo que vai acontecer se eu os exorcizar e a última coisa que você precisa é fazer parte desse meu calvário. - Ela revelou sem se importar com a profundidade por trás de suas palavras. O bom de estar e falar com Bucky era que ele não rondava, investigava e tentava a todo modo arrancar uma confissão emocional de você. Talvez isso tivesse haver por ele mesmo não querer que repetissem tal atitude com ele. Willa se perguntava se aquela era uma camada do Bucky dos Anos 40 ou algo recentemente adquirido.
— O Steve sabe? - Willa queria compreender o fascínio de Bucky com o seu relacionamento com Steve. - Do que esse homem fez com você? - Willa mordeu o lábio inferior com um olhar admirado. Ele não apenas compreendeu o que ela deixou subentendido, como mostrou... Se importar com ela? Fairchild não era nenhuma psiquiatra, mas definitivamente isso era uma melhora não apenas a ser admirada, como também adorada. Bucky havia passado por tanta coisa desde que escapou da Hidra: quase foi pego por eles novamente, virou um fugitivo da Hidra, da CIA e do próprio Steve, foi acusado de um atentado nas Nações Unidas, a qual não cometeu, quase foi morto pela CIA e por fim, tentou enfiar uma bala na própria cabeça. E ali estava ele, superando tantos obstáculos com apenas uma questão. Será que ele sentia essa mudança em si? Será que ele compreendia agora porque ele devia lutar invés de se matar e desistir de tudo que ele podia conquistar, da diferença que ele podia vir a fazer, não apenas a ele? Será que ele tinha ideia da felicidade de Willa por vê-lo conquistando aquilo?
— Não. Ninguém sabe. - Ela sussurrou com um discreto e admirado sorriso.
— Eu pensava que ele fosse o seu amigo. - Bucky rebateu com o cenho enrugado, o que endurecia o seu semblante, mas o seu olhar quebrava aquela dureza neutra e lhe dava um agradável ar questionador com um Q de curioso.
— E é. Isso não quer dizer que vou atormenta-lo com os meus piores pesadelos. - Willa deu de ombros, observando o campo com uma particular melancolia.
— Mas você se atormenta com os dele. - Bucky comentou dando um passo em sua direção, resoluto ele meneou levemente a cabeça com um olhar perdido em sua mente. - E os meus, e suponho que com os de Wilson e Wanda também. – Ele havia notado como Willa era apegada a Sam e a jovem Maximoff.
— Qual é o seu ponto? - Ela o cortou semicerrando os olhos, sentindo a boca de seu estômago fechar com um frio descendo lentamente pela sua espinha.
— Não tem. - Ele respondeu lentamente, pensativo. - Só estou tentando te entender. - O seu olhar era algo particularmente intrigante. O sol ajudou para Willa não saber ao certo a sua cor; eram verdes ou acinzentados? O tom desconcertante vinha por conta da verdade por trás daquele olhar. Era como se ele a visse. Realmente a visse. E quisesse ver muito mais de si. Normalmente, ela tinha a sensação de que ele estava tão alheio ao mundo, com seu olhar distante e introspecção, mas ali, naquele breve instante entre o antes e o agora, Bucky tinha o olhar dominado por uma chama repleta de vida, fascínio, curiosidade e profunda sinceridade. Willa se encontrou fascinada e apenas despertou de seu transe ao assistir Bucky mover o seu corpo subitamente: pesado e resoluto, ele passou ombro a ombro com si, não acreditando que ela era merecedora de um olhar seu, todavia singela e meramente imperceptível roçou os dedos da sua mão humana, na mão livre de Fairchild. E inconscientemente, Willa fechou os seus olhos, respirando profundamente lutando contra aquele conflitante sentimento. Ela não queria ser incompreendida. Ela não queria terminar aquela conversa com aquela desconfortável sensação em seu coração. E ela não fez nada, apenas sentindo e ouvindo seus passos retumbarem e ele continuando o seu caminho, para longe de si. - Respondendo à sua pergunta: Wanda estava preocupada com você, queria saber se você tomou café.
— Não, nem lembrava disso. - Ela respondeu desnorteada.
— É, imaginei. - Ele retrucou com dureza e parou os seus passos, deferindo um olhar sobre o ombro para ela. Ela sustentou o seu olhar e ele enrugou o cenho crispando os lábios. Por um instante, ela pensou que ele voltaria. Por um instante, ele achou que ela seguiria em frente, até lhe alcançar. Nada disso ocorreu. Então resoluto, ele não voltou atrás e partiu indo rumo ao celeiro. E ela ficou ali, imóvel.
E naquele instante Willa encontrou-se com três enormes dúvidas: o que havia acabado de acontecer ali entre eles, porque ela se sentia daquele modo e porque depois de tanto tempo sem ser assombrada por sua presença, ela estava pensando em Pietro?
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