Boyfriend
Cap.03: Lu Han É Muito Curioso
A M A R O
O altão segurou as mãos do ruivinho enquanto o mesmo permanecia sentado sobre a mesa, ambos já haviam posto colírio nos olhos, assim como mandava o plano de Jongin, um plano bem furado, mas era o que tinha pra hoje. O Kim já estava na portaria esperando o momento em que o casal de chineses chegaria, para então poder avisar ao Park que havia chegado o momento certo do beijo.
Era o auge daquela novela, o momento em que estava todo mundo na ponta da cadeira esperando ansioso. E com todo mundo, basicamente era Kim Jongin, que estava mais do que pronto para assistir aquela cena de camarote. Não que ele fosse a pessoa mais errada do mundo e estivesse se divertindo enquanto tecnicamente todo mundo sofria.
Jamais.
Naturalmente que ChanYeol não havia aceitado tudo facilmente, na verdade, ele deu o maior show, se recusando de todas as formas a beijar um homem. Mas no fim das contas, Jongin deu um discurso sobre a importância que o investimento dos chineses tinha e como aquilo era necessário. Tudo era em nome da empresa!
E era nessas horas que Chanyeol se perguntava em que momento havia esquecido de colocar a palavra “limite” em sua vida.
O nome "Kai" acabara de surgir na tela do celular do mais alto, o avisando de que os chineses já estavam subindo. Chegara a hora do tão temido beijo, e acredite, ChanYeol ainda se perguntava se aquilo era realmente necessário ou se Jongin só estava zoando com sua cara. Vai saber, né? Jongin já o metera em tantas confusões que mais uma não faria tanta diferença assim.
Aquela seria uma história que contaria para seus netos, com certeza. Se chegasse a tê-los, pois do jeito que as coisas estavam, não sabia se iria durar até lá.
— Desculpe, Sr. Park, mas se fizer essa cara para os chineses eles não vão acreditar em nada, pareça mais... Apaixonado. — Baekhyun mordeu o lábio inferior tentando conter sua pequena irritação, em sua opinião, ChanYeol não deveria ficar tão relutante com tudo, se havia concordado em fazer aquilo, deveria seguir com o plano todo sem pestanejar.
— É fácil pra você me beijar, já beijou outros homens, eu nunca beijei um homem em toda a minha vida! — o Park já estava começando a se exaltar, seus nervos estavam a flor da pele e só de imaginar sua boca encostando na de outro cara... Ah! Isso era um pesadelo!
Os olhos de Baekhyun se reviraram automaticamente. Dramático, ChanYeol estava sendo dramático, nada mais do que isso. Não era tão ruim assim beijá-lo, era? Bocas são bocas, no fim das contas era só fechar os olhos e fim.
Além disso, poderia ser um pouco mais criativo e contar com a própria imaginação naquele momento.
— Sr. Park, só fecha os olhos.
— Byun, eu estou querendo dizer que...
O barulho do trinco da porta foi ouvido, ninguém entrava sem bater, então significava que só podiam ser os chineses, Jongin já havia dito que Lu Han tinha o costume de entrar sem bater. ChanYeol continuava relutante e distante, até Baekhyun tomar a iniciativa e puxá-lo pelo casaco para mais perto, assim colando seus lábios aos do Park. O menor sentiu que ChanYeol havia se assustado e iria se afastar, por isso o segurou pela nuca com as duas mãos. A voz de Lu Han se fez presente em uma exclamação desconexa, ChanYeol foi obrigado a se acalmar.
As mãozinhas do Byun seguraram o altão pela nuca o impedindo de se afastar, e aos poucos o Park foi se acalmando, só precisava relaxar "Ah, qual é, ChanYeol? É só uma boca, e o Baekhyun é pequenininho, é só imaginar que é uma garota". Relaxar, só precisava relaxar, manter a sua cabeça bem longe e relaxar.
ChanYeol deixou que suas mãos segurassem a cintura do ruivinho, tudo bem, era só um beijo em troca de um contrato milionário assinado, não era um preço tão alto assim a pagar. Com os olhos fechados ele deixou que sua boca abrisse devagar e sua língua escorresse devagar para dentro da boca do Byun. E não era tão ruim assim, beijar Baekhyun até que não era o fim do mundo, isso não o tornava menos homem ou coisa do tipo, muito pelo contrário, na cabeça de ChanYeol, beijar um homem e não sentir nada demais era um degrau a mais em sua escada de masculinidade.
Vai saber né? Park ChanYeol era um cara complicado.
Baekhyun terminou o que começou, se afastando do maior, o pequeno Byun o abraçou pela cintura recostando sua cabeça no peito do maior. ChanYeol, por sua vez, ainda com os olhos fechados, recostou seu queixo sobre a cabeça do ruivinho. Permaneceram na mesma posição por alguns segundos, enquanto o colírio fazia efeito e algumas lágrimas desciam pelos olhos de ambos.
Jongin pigarreou.
E é aí que todo o trabalho de ator de Park ChanYeol e Byun Baekhyun entra em cena. Tinha o texto decoradinho, já que Jongin fez eles repassarem tudo várias vezes como se fosse um diretor de teatro, e daqui pro fim daquela história descobririam que Jongin às vezes fazia uns bicos disso.
ChanYeol soltou-se de Baekhyun com uma falsa expressão assustada, Baekhyun por sua vez olhou para trás antes de descer da mesa rapidamente. O pequeno enxugou suas lágrimas de crocodilo antes de abaixar a cabeça e tentar sair correndo. O Park segurou no pulso do ruivo antes que ele se afastasse demais.
— Não, Baekhyun, fique. — foi a única coisa que o maior disse.
O Byun encolheu-se ficando atrás do altão. E acredite, Jongin estava ficando vermelho tentando segurar a risada, era impressionante, os dois eram atores natos. Estava bom o suficiente para que desejasse ter um balde de pipocas, mal podia esperar para eles ficarem sozinhos e poder fazer os comentários mais inconvenientes possível.
— Sr. Lu, Sr. Oh, este é Byun Baekhyun, meu... Namorado.
Fingindo relutância, o pequeno saiu de trás do Park, que segurava seu sorriso com todas as forças. Lu Han olhava a cena com os olhos brilhando, sua expressão era a de quem tinha acabado de assistir um casamento ou coisa do tipo.
— Uh. — acredite, Sehun teve que segurar o braço do marido para ele não fazer nada fora dos padrões de comportamentos ditos como normais — Nós não queríamos atrapalhar nada, desculpe.
— Não, tá tudo bem, nós já resolvemos o que precisava ser resolvido. — um sorriso pequeno brotou nos lábios do Park.
Que ainda não acreditava que tinha mesmo encostado na boca de outro homem. Ah, a ficha iria demorar a cair, com certeza. Iria ficar pensando nisso um bom tempo depois até entender certinho.
— ChanYeol, eu preciso voltar ao trabalho. — o ruivo sussurrou em sua tentativa de parecer nervoso e com medo. O altão apenas balançou a cabeça em positivo e o Byun escapuliu para fora da sala.
As quatro pessoas que restaram na sala permaneceram em um silêncio constrangedor por alguns instantes. Com Lu Han sorrindo de forma exagerada, Sehun com vergonha do marido sorrir tanto, Jongin rindo internamento da cara do amigo, e ChanYeol tentando encarar a realidade da vida de um homem de negócios.
Que estava toda errada, porque claramente não foi assim que imaginou quando era mais novo.
— Bem, vocês vieram conhecer a empresa, não foi? — Jongin foi o primeiro a se pronunciar para tentar tornar o ambiente mais comunicável.
ChanYeol ainda estava paradão e completamente no mundo da lua.
— Uh? — Lu Han já estava no mundo lua também, demorou alguns segundos para se recompor — Ah sim, viemos conhecer a empresa, mas eu acho que acabei conhecendo detalhes até demais, pela reação de vocês eu acho que isso era algo bem particular.
E aí está o ponto onde ChanYeol queria chegar, o ponto em que as coisas planejadas davam certo e Lu Han acreditava que tudo aquilo havia sido real. Ah, mas tinha que dar certo, pois do contrário iria jogar Kim Jongin na linha do trem.
— É, por favor, não comente isso com ninguém, é muito... Particular. — o altão manteve seus olhos fixos no chão, para depois levantar a cabeça em um sorriso propositalmente falso e exagerado — Mas, bem, vamos conhecer a empresa!
[...]
ChanYeol ficou o tempo todo com uma expressão nervosa, mas essa era verdadeira, sua cabeça ainda estava confusa pelo simples fato de ter beijado um homem, então, sempre que avistavam Baekhyun andando pela empresa ou passavam próximo a mesa do mesmo, era bem fácil ficar ainda mais nervoso e abrir um sorrisinho amarelo. E claro que isso não passou despercebido pelos olhos de Lu Han, que já não focava mais em nada sobre a empresa, apenas no jeito que o mais alto ficava desconcertado quando passavam pelo ruivinho.
— Sr. Park, acho que já vi o suficiente por hoje. — o chinês aparentava estar compadecido diante da falsa situação — Que tal nos encontrar hoje a noite no seu apartamento? Assim sentamos e conversamos melhor sobre o contrato.
Okay, isso não estava nos planos. Mas o que seria umas horinhas a mais para um contrato milionário? Ele podia se esforçar mais um pouco.
— Tudo bem. — o sorriso amarelo era natural — Minha secretária vai te passar o endereço, assim eu posso explicar o... o que você viu.
Lu Han parecia satisfeito além de tudo, enquanto Sehun ao seu lado tinha certeza de que o marido iria começar a fazer o que sempre fazia, se intrometer na vida particular dos outros. Lu Han era um ativista dos direitos dos casais homossexuais, e quando ele encontrava um... Sai de baixo!
[...]
Claro que quando anoiteceu ChanYeol começou a ficar nervoso novamente, e Jongin só fazia as coisas piorarem, o horário de expediente já havia chegado ao fim, e agora apenas ele, Jongin e Baekhyun se encontravam na empresa, ambos traçando os planos para a grande noite, que de grande não tinha nada.
— Ótimo, os chineses vão chegar às 20h, temos até lá para tornar o seu apartamento menos "aqui jaz um solteirão hétero", aquele lugar cheira a mulher de longe, temos que arrumar tudo aquilo.
Baekhyun queria vomitar só de imaginar como estaria a sala do indivíduo.
— Primeiro vamos passar na casa do Baekhyun e pegar algumas coisas, alguns DVD's pra espalhar pela sala, alguma fotografia, uns livros, umas roupas, tudo que passe a impressão de que ele costume dormir lá, bem, e também trocar de roupa. — Jongin estava empolgado, para ele, era como dirigir um dorama, só que com mais ação e beijos mais quentes — Tudo tem que sair perfeito, o Lu Han precisa cair na sua conversa e assinar os contratos.
Mesmo que ChanYeol achasse que isso já era demais, não podia perder tempo contestando com Jongin, o moreno certamente que iria teimar até convencê-lo. E estando completamente vencido e sem ter mais o que fazer, o altão seguiu Jongin em direção a sua sina.
Baekhyun não disse nada, apenas seguiu os dois morenos para o que ele julgava ser apenas o começo de algo que demoraria a ter fim. O ruivo de besta não tinha nada, ele sabia só de olhar para Lu Han, que o chinês iria se meter além dos limites, o empresário tinha cara de quem gostava de "ajudar" no relacionamento alheio, e isso não era bom para eles, Lu Han acabaria tornando aquela situação cada vez mais profunda, piorando ainda mais a mentira criada por Jongin.
Deveria ter parado ali, era bem melhor pular daquele barco antes que ele afundasse, assim daria tempo de pegar um bote salva vidas. Ou pelo menos deveria ter dito alguma coisa, quem se falasse a respeito do que achava de Lu Han preparasse os outros dois de uma forma melhor e pudesse ajudar Jongin a pensar mais rápido. Até porque tudo sempre saía da cabeça do Kim.
A culpa era toda de Jongin, se tudo desse errado, a culpa era toda de Jongin!
O carro luxuoso do Kim parou em frente a casa do Byun, as luzes estavam acesas o que indicava que havia alguém em casa, o menor saiu do carro sendo acompanhado pelo moreno, que andava como se estivesse dentro de um filme. Jongin tinha que parar de assistir doramas. Baekhyun abriu a porta, avistando logo de cara, sua mãe sentada em frente a TV assistindo alguma novela, enquanto sua irmã mais nova brincava no chão com algumas bonecas. E assim que ouviu o barulho da porta, a Sra. Byun virou-se dando de cara com o filho acompanhado de um rapaz bonito.
— Boa noite, querido, chegou cedo hoje. — a mulher levantou-se do sofá andando em direção ao filho, era aparentava ainda ser bem jovem, os cabelos curtos e em tons negros eram bem cuidados, e ela era ainda mais baixa que o filho — E quem seria esse rapaz tão bonito?
Jongin sorriu com o elogio e se curvou diante da mulher demonstrando que além de bonito também era educado.
— Boa noite, Sra. Byun, eu sou Kim Jongin, trabalho com seu filho.
— Oh, que rapaz adorável. — é porque a senhora não conhece — Ele é seu namorado, filho?
Ah é, esse é mais um detalhe sobre a mãe de Baekhyun, ela quer que ele arrume alguém, então sempre que ele aparece com alguém em casa, ela faz a mesma pergunta. E quando Jongin abriu a boca para responder, Baekhyun sabia que ele falaria alguma grade merda.
Metade dos problemas seriam resolvidos se eles só tapassem a boca do Kim com uma fita, melhoraria e muito a maioria das situações constrangedoras.
— Não, na verdade eu sou o melhor amigo do namorado dele, viemos buscar algumas coisas já que como trabalhamos juntos, vamos ficar até tarde hoje terminando um trabalho muito importante.
Ela só ouviu a parte do namorado.
Baekhyun queria matar Jongin, mas isso não era nenhuma novidade, todo mundo queria matar Jongin naquele história, ou pelo menos deixar bastante machucado e no meio de uma estrada deserta.
— Está namorando, filho? — a mulher abriu um sorriso tão largo que dava pra ver até de costas — Não me falou isso.
Pensa rápido.
— É que ele ainda não se aceita muito bem, sou seu primeiro namorado, quando ele se sentir confortável eu te apresento ele, tudo bem?
A Sra. Byun pareceu confortável, seu sorriso intacto demonstrava que havia caído na conversa. E para fugir de mais perguntas, Baekhyun saiu puxando Jongin para o andar de cima, onde ficava seu quarto. A vontade que tinha era de jogar o maior pela escada, mas ser preso por assassinato não era algo que queria no momento.
Ao chegarem no quarto do menor, Jongin parecia levemente decepcionado, não era nada do que ele esperava achar, o quarto de Baekhyun era tão hétero quanto qualquer um.
— Seu quarto não parece gay.
— Quem é gay sou eu, e não o meu quarto! — o menor respondeu de forma malcriada, estava terrivelmente estressado com Jongin — Só porque eu gosto de homens não significa que meus gostos pessoais mudariam em algo, você está olhando demais pelo esteriótipo!
É, ele tinha razão, estava viajando demais com os filmes que assistia. Jongin precisava parar de basear as coisas em filmes, uma hora isso iria metê-lo em um problema muito grande e talvez sem volta.
Na verdade, o estava metendo naquele momento.
— O que me faz lembrar... Por que disse a minha mãe que estou namorando? — o Byun não resistiu e acabou dando um tapa no braço do moreno — Agora ela vai ficar fazendo perguntas o tempo todo!
Jongin alisou o local da pancada, o baixinho tinha uma mão pesada quando estava com raiva, lembraria disso, da próxima vez manteria uma distância segura. Naquele momento Baekhyun já havia esquecido completamente de que Jongin era um de seus chefes e que poderia o demitir. Mas é claro que por enquanto ele não se arriscaria a tal coisa.
Iria ficar se lembrando disso o tempo todo, era meio que ter um poder muito grande em suas mãos, mesmo que temporariamente.
— Eu estou apenas pensando em tudo, precisamos sempre ter um plano B, e quando isso acabar você pode dizer a sua mãe que vocês dois terminaram.
Baekhyun se remexeu um pouco, ele sempre remexia os ombros quando ficava irritado ou quando era contestado. E mesmo estando com uma séria vontade de bater em alguém — Jongin — o menor buscou uma mochila para juntar tudo aquilo que julgava necessário para enganar o chinês.
E Jongin pegou tudo o que viu pela frente, CD's, livros, peças de roupas, um par de chinelos, um porta-retrato com uma foto do ruivo, e até mesmo um perfume, tudo o que coube na mochila. Estando tudo pronto, Jongin saiu do quarto para que Baekhyun trocasse de roupa — ele não queria sair, mas o menor o empurrou — e por fim, desceram.
A Sra. Byun ainda estava sentada na sala. Baekhyun se despediu da mãe e da irmã avisando que talvez voltasse muito tarde e que não precisariam esperar por ele acordados. E finalmente estavam no carro, a caminho do apartamento onde ChanYeol morava — no caminho passaram na casa de Jongin para ele poder se trocar.
Chegando lá o encontraram terminando de arrumar tudo, a sala até mesmo parecia uma sala de estar de uma família decente, estava tudo tão bem arrumadinho que Jongin até mesmo fechou a porta achando que estava entrando na casa errada. Foi preciso ChanYeol soltar uma piadinha para que o mesmo voltasse.
— Não acredito que tinha um chão por baixo daquela pilha de roupas. — foi a primeira de muitas piadinhas que Jongin faria naquela noite — Mas não temos tempo a perder, vamos organizar tudo para quando os chineses chegarem.
Com "vamos" organizar tudo, Jongin queria dizer que apenas ele arrumaria tudo enquanto os outros dois apenas ficavam olhando e o acompanhando pela casa, tudo consistia em assistir o Kim fazer seu show de "casa de casal", e acredite Baekhyun tentou se meter, mas foi impedido por ChanYeol que apenas disse um "deixa ele".
O Kim pôs a foto de Baekhyun sobre o criado mudo ao lado da cama de ChanYeol, bem do lado que o altão costumava dormir, deixou um casaco do Byun sobre a cama e borrifou o perfume do mesmo no quarto para se misturar ao de ChanYeol. Largou o par de chinelos, pequenos e fofinhos, do ruivo na sala perto do sofá, deixou alguns livros rabiscados com o nome dele pela sala, e alguns DVD's que também tinham o nome dele perto da TV. E para completar tudo, só faltava um pequeno detalhe.
— Tenho uma surpresa pra vocês! — Jongin estava satisfeitíssimo quando tirou algo de sua própria mochila — Ta-da!
Era um porta-retrato simples, com bordas de vidro, nele havia uma das fotos que haviam tirado no escritório no dia anterior, onde ChanYeol abraçava Baekhyun com o braço direito ao redor dos ombros do menor, e Baekhyun sorria pequeno. Aquela foto tinha sido tão difícil de ser tirada, claro que Jongin iria usar ela o tempo todo, podiam apostar que iria.
— Você está se divertindo com isso, não está? — a pergunta foi feita por ChanYeol, que desconfiava da forma alegre e animada que Kai fazia tudo.
— Ah, pode apostar que estou!
E ele nem fazia questão alguma de esconder.
Faltava cerca de meia hora para a chegada dos chineses, e enquanto isso, Jongin repassava aquilo que os dois deveriam fazer, era tudo muito simples, eles só precisavam saber atuar bem. Claro que no fundo, todos ali sabiam que algo acabaria dando errado ou saído fora do planejado. Mas não custa nada tentar.
Ligaram o DVD colocando o filme favorito de Baekhyun, Os Três Mosqueteiros, para dar a impressão de que eles estavam assistindo, e até assistiram um pouco enquanto esperavam pelos chineses. Jongin saiu minutos antes, ele não podia estar ali quando Lu Han e Sehun chegassem.
20h em ponto o barulho da campainha foi ouvido, Baekhyun correu para a cozinha como o combinado, e ChanYeol se levantou para atender a porta. Eram eles, e vestidos de forma informal os dois aparentavam ser ainda muito jovens.
— Boa noite, estamos fora do escritório, posso te chamar apenas de ChanYeol? — Lu Han abriu um sorriso espontâneo enquanto o mais alto dava passagem para que o mesmo entrasse. Sehun vinha logo atrás, e como sempre, muito calado — Pode me chamar apenas de Lu Han.
— Oh claro, me chame de ChanYeol.
Intimidade era uma coisa boa naquele momento. Uma coisa preciosa.
Lu Han e SeHun se acomodaram no sofá confortável da sala, enquanto o altão desligava a TV.
— Vou desligar isso, para não se atrapalhar. — foi o que o mais alto disse enquanto procurava pelo controle da TV, que havia sido levado por Baekhyun propositalmente — O controle sumiu de novo. — e ele até mesmo procurou embaixo de algumas almofadas, mesmo sabendo que não estava, ótimo ator esse menino — Baek, o controle está com você? — o moreno alteou o som da voz para que o menor ouvisse da cozinha.
Claro que Lu Han virou os olhos em direção a todas as portas procurando pelo menor, SeHun estava quase rindo da curiosidade do marido, Lu Han não mudava nunca. E não demorou muito para Baekhyun aparecer com o controle na mão, e um copo na outra, o ruivinho fingiu estar surpreso com a presença dos empresários.
— Olá. — o Byun se curvou rapidamente e deu meia volta para a cozinha.
— Espere, por favor. — e o Lu Han intrometido ataca novamente, era óbvio que ele iria fazer aquilo — Nós viemos resolver o constrangimento de mais cedo, e nos desculpar por ter entrado sem bater.
Baekhyun voltou a olhar para eles, olhou para ChanYeol antes de responder alguma coisa.
— Está tudo bem. — sorriu pequeno e tentou voltar para a cozinha, mas dessa vez quem o impediu foi ChanYeol.
— Fique conosco, uh?
O menor assentiu e sentou-se com o Park no sofá menor que ficava de lado do sofá em que os chineses estavam. E talvez pelo constrangido beijo de mais, os dois acabaram se sentando um pouco distantes um do outro, mais um detalhe que Lu Han não deixaria passar.
— Desculpe me intrometer mais uma vez, — naturalmente isso indicava que Lu Han se intrometeria muito — Mas há algo errado entre vocês dois? Estão tão distantes.
Tá aí uma coisa que ninguém esperava que ele fosse falar. E agora? Pensa rápido. Baekhyun que de bobo não tinha nada, pensou logo numa forma de livrar a si mesmo do problema. O menor levantou-se bruscamente do sofá, como alguém que acabara de lembrar de algo muito ruim.
— Conta pra eles, ChanYeol, conta pra eles o que está havendo! — e dito isto o ruivo foi embora, mas dessa vez ao invés de ir para a cozinha, ele dobrou o corredor indo possivelmente para o quarto do maior.
Se ChanYeol já estava com o cu trancado, agora que não passava mais nem uma agulha. Lu Han olhava a cena perdidinho da Silva, e SeHun... Tava do mesmo jeito mesmo. O Park suspirou alto, mas dessa vez era um suspiro sincero, ele estava mesmo em um beco sem saída, e precisava pensar em algo rápido.
— Não vai atrás dele? — o chinês perguntou curioso.
Poderia fazer isso, mas o que faria depois? Não, ele precisava pensar em algo agora. O que Jongin diria? Com certeza alguma coisa maluca e sem fundamento algum, mas ao mesmo tempo que se encaixava com a verdade e fazia com que as pessoas acreditassem. Poxa, Jongin que era o melhor mentiroso do grupo, alguma coisa ChanYeol deveria ter aprendido em anos de amizade.
— Baekhyun quer tornar nosso relacionamento público, mas eu não me sinto pronto para assumir minha sexualidade, ele é meu... Primeiro namorado. — o Park se sentia orgulhoso diante da desculpa perfeita que havia inventado, agora tudo certamente ficaria mais simples.
Esperança é a última que morre.
A cara de Terapêutico de Casal que Lu Han fez já dizia tudo. SeHun, que o conhecia muito bem, já sabia no que aquilo iria dar, e não acabaria bem, isso ele já podia ter certeza.
— Não se preocupe, querido, vou te ajudar a resolver seus problemas com o pequeno Baekhyun, não sossegarei até que estejam bem.
Ah, isso não podia significar algo bom, isso ChanYeol tinha absoluta certeza. Tentou disfarçar ao máximo sua cara de decepção naquele momento, pois pelo visto as coisas estavam apenas começando a se complicarem. Era que nem os religiosos falavam “era o princípio das dores”.
Socorro.
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