~Lydia Martin~
— Eu não consigo sorrir, Stiles.
Quando dei por conta, já havia falado. Já havia dito a verdade para ele, algo que ninguém sabia. Queria bater em mim mesma, arrancar meus cabelos como forma de punição por dizer algo tão pessoal. Involuntariamente, lembrei da forma bruta que Chris agarrou meus cabelos na última vez que me puniu e arrancou tufos sem piedade alguma, também como ele me encheu tapas e socos, seus dedos grossos e fortes deixando diversas marcas em meu dorso.
Mas o pior, foi a forma violenta como ele me estuprou. Ele enterrava com toda a força que tinha e lembrei de gritar continuamente de dor, depois sua mão veio para o meu pescoço e começou a me enforcar para que não gritasse...
— Ei, Lydia. Por que está chorando? O que aconteceu?
Aquelas duas perguntas me trouxeram de volta a realidade e pude perceber que havia começado a chorar e a tremer, meu coração havia se acelerado bruscamente de nervosismo, eu chorei na frente dele! Era a última coisa que deveria ter feito. Também não tive tempo de responder, pois Stiles me puxou para perto dele e me envolveu em seus braços.
Aquele gesto praticamente me fez pular do chão de susto, o que ele estava fazendo? O que era aquilo? Por o que eu estava com a cabeça escorada no peitoral dele? Fechei meus olhos e tentei respirar fundo, mas o formigueiro que percorria todo meu corpo impedia minha mente de trabalhar, e eu entendi o porquê: Estava tendo contato demais com ele.
Por impulso, desfiz o contato entre nós e recuei alguns passos para longe dele, finalmente sentia minha mente leve, sentia que podia respirar com tranquilidade.
— Stiles, eu sinto muito, não deveria... Eu... Não sou assim, não sou uma garota chorona, eu...
— Ei, Lydia. Calma, por que está se desculpando? Você não fez nada de errado.
"Eu não fiz?" Me perguntei mentalmente, Chris sempre dizia que se eu chorasse, seria punida. Então, porque Stiles estava dizendo que não fiz nada de errado?
— Lydia, eu não sei pelo que você passou, mas sei que quando se sentir confortável para me contar, você vai. Mas isso é bom.
Bom? Do que aquele aquele garoto estaria falando?
— Porque significa que vou ter a honra de vencer seus medos e te fazer sorrir.
Imediatamente, meu rosto ganhou uma coloração avermelhada e arfei com o comentário dele. Primeiro pensei ser algum tipo de piadinha, mas quando encontrei suas íris castanhas, foi como uma confirmação de que era verdade. E aquilo fez meu coração se acelerar de uma forma indescritível, algo totalmente novo.
— Mais uma coisa, seja você mesma, afinal, estamos indo estudar, não lhe apresentar seu sogro e sogra. — continuou o garoto em seu típico tom brincalhão.
Apenas movi a cabeça em concordância e o segui até a casa, Stiles abriu a porta e entrei depois dele. A garota de cabelo castanho sentada no sofá levantou-se ao nos ver e sorriu para mim. Algo me dizia que era um sorriso falso, muito falso.
— Hey, Lydia. Stiles não parava de falar de você. — o sarcasmo era evidente na voz da garota.
— Primeiro que não é verdade, e segundo, cala a boca, Cora. — rebateu o garoto, me impedindo de dar alguma resposta a ela.
— Você deve ser a Lydia.
A voz feminina me fez praticamente saltar de onde estava e me virei imediatamente para ela. Tinha uma semelhança quase exagerada com Stiles, certamente a mãe dele. O mesmo brilho nos olhos castanhos, a mesma cor do cabelo, o mesmo sorriso torto... Desde quando eu fico reparando tanto naquele garoto?! Argh! Foco, Lydia. Seja gentil, você sabe ser gentil, você foi educada por sua mãe, vai, você consegue.
— Olá, Sra.Stilinski. Muito prazer em conhecê-la. — meu tom saiu extremamente formal, quase como se eu tivesse decorado as palavras.
A mulher ergueu as sobrancelhas e não demorou a gargalhar a minha frente, o que me deixou apreensiva. Podia eu, ter feito alguma piada sem perceber?
— Oh, Lydia. Por favor, não sou tão velha assim para ser chamada de senhora. Também não precisa agir formalmente, quero conhecer a verdadeira garota que pôs juízo na cabeça do Stiles. Até porque, ninguém aqui em casa sabia que havia um cérebro dentro dele.
— Mãe! — ouvi Stiles quase gritar por ela, claramente apreensivo.
— Me chame de Cláudia, por favor. — ela continuou, ignorando o chamado do filho.
— Tudo bem... Cláudia. — repeti. — E obrigada, eu acho.
— Tia Cláudia, já terminei com o estrogonofe, está na mesa.
A voz de Scott atraiu minha atenção e o encontrei na entrada da cozinha.
— Obrigada, Scott. Você sempre me salvando, se dependesse desses dois... — ao invés de completar, a mulher simplesmente lançou olhares a Stiles e Cora. — Vamos todos comer, devem estar com fome.
Fui por último, não queria olhares sobre mim, mas graças a isso fui obrigada a sentar ao lado de Stiles, melhor impossível, não?
— O Tio John não vai almoçar com a gente? — questionou Scott.
— Ele teve de resolver uma emergência de última hora no trabalho. — explicou Cláudia, enquanto foi no armário buscar uma pilha de pratos, e por impulso, me levantei e fui ajudar a mulher, que sorriu para mim. — Obrigada, Lydia.
— Sem problemas. — levei os pratos até a mesa e ela os talheres, quando percebi o olhar de Stiles sobre mim, fui obrigada a soltar: — O que foi? Nunca serviu a mesa na vida, não?
— Ele quebra metade dos pratos toda vez que tenta. — explicou Scott.
Stiles resmungou e mostrou o dedo do meio ao McCall.
— Não é verdade.
— Infelizmente, é. Stiles já quebrou um jogo de peças de chá que ganhei de presente, tão caro e tão lindo... — comentou Cláudia. — Desde então, ele nunca mais toca em prato aqui em casa.
— Vocês podiam ter me avisado que estavam planejando me fazer passar vergonha, eu já trazia o kit completo.
— Dramático. — ouvi Scott murmurar.
Me sentei e esperei todos se servirem para fazer o mesmo. O estrogonofe era o prato principal, obviamente.
— Experimente, Lydia. — ouvi o pedido ansioso de Cláudia.
— Não ligue, ela adora se gabar pela comida que faz. — comentou Stiles ao meu lado.
Aparentemente, a mulher ouviu, pois uma faca passou voando ao lado de Stiles, que arregalou os olhos enquanto Scott e Cora começaram a rir. Era a segunda vez que ouvia a garota se pronunciar desde que entrei na casa.
— Não me teste, garoto. — Cláudia declarou.
Confesso que também senti medo do olhar da mulher, então tratei de experimentar o estrogonofe para evitar que a próxima faca atingisse o rosto lin... O rosto de Stiles. E quando aquela comida entrou na minha boca, foi como se eu estivesse comendo um pedaço do paraíso, podia ser facilmente descrita como uma comida divina, aquele sabor era simplesmente... Indescritível. Há anos era eu quem cozinhava em casa e nunca fui muito perita nisso, então, comer algo tão delicioso assim, era como se fosse minha primeira vez.
— É maravilhoso! — exclamei, meus lábios estavam formando uma posição estranha.
— Você sorriu! — Stiles exclamou em um sussurro ao meu lado.
— Ahn? — tive de questionar para ter certeza.
— Você está sorrindo, Lydia!
Demorei cerca de três minutos para perceber que aquela posição estranha em que meus lábios estavam, era um sorriso.
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