E quando fomos bonzinhos
Vocês apenas fecharam seus olhos
Então quando formos malvados
Nós iremos traumatizar suas mentes
The Fight Song ― Marilyn Manson
Ele olhava calmamente a fumaça se dissipar no ar frio da noite, sentindo o vento balançar levemente o seu cabelo enquanto no lado de dentro do galpão um homem gritava a plenos pulmões.
Aquilo já estava começando a irritá-lo.
Suspirando Sasuke jogou a bituca de cigarro no chão e apagou a chama com a ponta do sapato, dando então meia volta e andando na direção da entrada do lugar sem pressa enquanto desabotoava o seu terno.
No interior um homem que não aparentava ter muito mais do que trinta anos estava amarrado em uma cadeira no centro da sala com três homens em pé ao seu lado. O rosto dele estava inchado e decorado por vários hematomas e lacerações além dos respingos de sangue já seco em sua camisa outrora branca.
― Ele já falou? ― Sasuke perguntou, tirando o paletó e entregando para Juugo que rapidamente o pegou, dobrou e colocou sobre um móvel à sua esquerda.
― Ainda não, chefe ― Suigetsu respondeu, limpando o canivete sujo de sangue nas calças do homem que começou a tremer quando Sasuke se aproximou.
― Mas já está tremendo? ― ele provocou, parando a frente do homem que parecia tentar se afastar. Inutilmente, claro.
A impiedade de Sasuke era notória dentro e fora da família. Não eram muitos os que podiam dizer que haviam tido um encontro com ele e saído vivos; nenhum deles inteiro. Ainda assim, ele detestava ter de sujar as próprias mãos, não valia a pena sujar os seus ternos com aquele sangue podre dos capangas das outras famílias.
Abaixando-se e deixando o seu rosto a centímetros do homem, Sasuke sorriu quando o outro fechou os olhos com força, abaixando a cabeça enquanto a tremedeira em seu corpo piorava.
― Sabe, eu sou um homem ocupado e definitivamente impaciente ― o homem começou a chorar baixo quando ouviu o som característico de uma katana sendo desembainhada ― Então porque não poupa o meu tempo e abre a merda dessa boca antes que o Suigetsu aqui resolva fazer uma visita à sua casa.
Levantando a cabeça de uma vez com os olhos arregalados o homem começou a implorar para que não fizessem nada à sua família e então em meio à soluços começou a dar todos os detalhes do que sabia enquanto Sasuke assistia a cena patética de braços cruzados.
― Dê um jeito nisso ― ele disse para Suigetsu, estalando um dedo e apontando para o homem quando ele finalmente terminou de falar, agora estava apenas chorando ― Eu detesto traidores.
Então deixando o trabalho para seus homens, ele pegou o paletó e o colocou novamente, satisfeito por não ter precisado sujá-lo de sangue. Quando chegou do lado de fora ouviu o som de mais gritos e então de tiros, que sequer o deixaram com vontade de olhar para trás. Tirando a chave do bolso ele andou até o Porsche preto estacionado a alguns metros da entrada da propriedade e entrou, mas antes que pudesse ligá-lo sentiu o celular vibrar em seu bolso com uma ligação.
Pegando-o ele olhou o nome que apareceu na tela e já tendo uma ideia do que viria a seguir deslizou o dedo sobre o botão verde para aceitar a chamada e levou o aparelho ao ouvido.
― Chefe ― a voz de Yahiko surgiu incerta do outro lado da linha e Sasuke começou a sentir os indícios de uma dor de cabeça.
Sabia muito bem do que aquilo se tratava.
― Você a perdeu, não foi? ― ele perguntou, ainda que tenha saído muito mais como uma afirmação. Não era como se ele tivesse dúvidas, de qualquer forma.
― Estávamos saindo do restaurante quando ela disse que precisava ir até o banheiro... só que ela não saiu.
Sasuke fechou os olhos e esfregou o rosto com a mão livre, segurando a vontade de xingar o capanga pelo resto da noite; não era como se fosse adiantar muito, de toda forma. Aquela não era a primeira vez que acontecia isso e ele duvidava que seria a última. A garota sabia ser escorregadia como ninguém e ele sabia que parte era por culpa dele.
― Estou a caminho ― ele disse e antes que o outro tivesse a chance de responder rapidamente encerrou a chamada, colocando o celular de volta no bolso e ligando o carro para que pudesse sair dali.
Manobrando o veículo ele tomou a estrada de terra e saiu pelo portão grande de ferro devolvendo o aceno de cabeça para os dois homens que vigiavam a entrada. Calculava que devia ser algo por volta das dez da noite, com sorte ele conseguiria chegar ao centro em torno de vinte minutos, sabia bem onde ela estaria escondida naquele dia.
Se ele pudesse a teria amarrado em uma cadeira ou até mesmo na cama. Simplesmente não adiantava dizer o que ela não poderia fazer, era o mesmo que falar com uma porta. Sasuke sequer perdia tempo brigando com os seus “guardas-costas”.
Quando por fim chegou ao centro da cidade com sorte achou uma vaga para estacionar em uma rua paralela à boate e em menos de cinco minutos já estava passando despreocupadamente pela fila de pessoas. O segurança que estava parado na porta sequer tentou impedi-lo de entrar; a primeira vez em que subiu a manga da camisa e mostrou sua tatuagem já havia sido o suficiente para garantir a sua entrada sempre que quisesse.
No interior do lugar pessoas andavam de um lado para outro com copos com bebidas coloridas nas mãos enquanto outras dançavam no centro do salão com a música alta e as luzes néon que iluminavam tudo das mais diversas cores. Escaneando tudo rapidamente, Sasuke desviou de algumas pessoas que esbarraram nele e então andou à caminho de um dos camarotes, vendo ao longe uma ruiva e uma morena rindo com drinks nas mãos enquanto tentavam ignorar dois homens em pé atrás que falavam qualquer coisa.
Abrindo os botões do seu paletó ele entrou no camarote sem cerimônia e então ignorando os homens que saíram xingando sentou-se ao lado da ruiva, cruzando as pernas e voltando a sua atenção para ela, vendo como ela suspirou e então e então o encarou de volta.
― Já brincou de se esconder o suficiente? ― ele perguntou calmo, encarando os olhos verdes sem piscar e franzindo o cenho para a peruca ruiva que ela tinha na cabeça.
― Demorou para vir dessa vez ― ela comentou, girando o copo na mão enquanto olhava para ele ― Se perdeu no caminho ou estava ocupado, hum?
― Sakura, você sabe que essa merda não é brincadeira ― ele retrucou sem tentar esconder o tom de reprovação e tirou o copo de bebida da mão dela, cheirando o conteúdo e fazendo uma careta antes antes de colocá-lo sobre a mesa ― Você fica aqui tomando essas porcarias, sem saber quem está por perto... isso não é lugar para você.
Sakura apertou os olhos irritada, grunhiu para ele e então deixou o corpo cair sobre o encosto do sofá redondo de couro, ignorando a forma que Sasuke a encarava e direcionando o seu olhar para um ponto do outro lado da boate.
Em outro camarote um homem ria descaradamente para as duas mulheres sentadas em suas pernas, uma mexendo no seu longo cabelo loiro e a outra passando uma das mãos no peito dele, enquantos dois outros homens de terno em pé ao seu lado ficavam observando o movimento ao redor.
― Onde devia estar então? ― Sakura questionou, sem parar de olhar para a cena e então indicando-a para Sasuke com um leve movimento da cabeça ― Presa em casa enquanto esse maldito fica aqui sujando o nome da minha família?
Para aquilo Sasuke não tinha resposta, principalmente quando sabia que Sakura tinha razão em parte do que dizia. Além do mais, ele podia negar para qualquer um, mas não para si mesmo. Ele meteria uma bala no meio da testa de Yamanaka Deidara naquele mesmo momento se pudesse. Faria um favor a si e sobretudo à Sakura que estava atada por um acordo entre famílias àquele lixo.
― Vamos embora ― ele disse simplesmente, ignorando a vontade de concretizar a cena que se passou em sua mente de ele matando o loiro sem se importar com quem estivesse vendo ― Seu pai deve estar te procurando como louco.
Sabendo que não tinha escolha Sakura se despediu de Ino ao seu lado e, dando uma última olhada ao inútil irmão dela que sequer se deu conta da presença das duas ali, abandonou a boate com Sasuke guiando-a com uma mão em suas costas.
Quando chegaram do lado de fora ele retirou o paletó que estava usando e jogou sobre os ombros dela quando a garota começou a esfregar os braços tentando se aquecer do frio da noite. Enquanto andavam até onde estava o seu carro ele mandou uma mensagem rápida para Yahiko informando-o que já havia encontrado Sakura e dizendo que já estavam a caminho da mansão.
O caminho todo foi em silêncio, senão pelo rádio que tocava alguma música que nenhum dos dois de fato prestava atenção. Somente quando pararam frente aos grandes portões de ferro que guardavam a imponente propriedade Haruno foi que Sakura soltou um suspiro baixo, provavelmente tendo uma ideia do que a esperava do lado de dentro.
Não era como se aquela fosse a primeira vez que ela despistava seus guardas e sumia com a melhor amiga para uma boate qualquer, porém ainda assim era de se preocupar a forma com que ela continuava jogando com a sorte. Como se não se importasse com o perigo que poderia rondar a qualquer esquina.
Quando por fim entraram na mansão, Sakura passou reto pelas duas empregadas que esperavam no hall de entrada e subiu a escada que levava ao segundo piso, com Sasuke a seguindo de perto. Andou pelo extenso corredor até parar de frente para a porta que ficava exatamente no fundo e então depois de bater duas vezes rapidamente entrou.
Um homem robusto estava de costas para a porta do grande escritório, olhando pela janela aberta enquanto fumava um charuto, mas virou-se tão logo ouviu o barulho da porta sendo aberta e em seguida fechada.
Com o olhar repreensor do pai sobre si e Sasuke a passos atrás dela em silêncio, Sakura franziu o cenho e desviou o olhar para a mãos juntas à frente do seu corpo. Podia sentir os dois pares de olhos queimando-a, um à sua frente e o outro atrás.
― Onde estava? ― Kizashi perguntou em voz irritada, recebendo apenas o silêncio em resposta ― Sakura, estou falando com você!
― Estava por aí ― ela respondeu a claro contragosto e então finalmente encarou o pai nos olhos ― Não sabia que era uma prisioneira na minha própria casa.
― Veja bem a forma que fala comigo! ― Kizashi falou em tom de advertência, distanciando-se da janela e andando até parar em frente à filha. Levantou a mão e puxou a peruca ruiva da cabeça dela ― Você não é mais uma criança, sabe bem os riscos que corre ao sair sem supervisão e continua a se comportar como uma adolescente rebelde. Já passou da hora de assumir suas responsabilidades.
À distância Sasuke apenas observava em silêncio, não cabia à ele se meter, principalmente quando o pai dela estava certo. Eles eram uma das famílias mais poderosas do Japão e justamente por isso os riscos aumentavam. Ter a filha do seu oyabun andando a seu bel prazer pela cidade seria um prato cheio para seus inimigos.
Irritada Sakura abriu a boca para retrucar, mas sabendo que não adiantava mordeu o lábio inferior com força antes de dar à volta e sair do escritório sem olhar para trás.
Kizashi suspirou fundo e andou até o pequeno bar que ficava no canto da sala. Encheu um copo com whisky e o passou para Sasuke antes de encher outro para si.
― O casamento é em menos de seis meses ― ele disse, depois de tomar um gole da bebida, voltando-se para Sasuke ― Mas ela não parece se importar minimamente com isso.
― Deidara estava lá ― Sasuke comentou, acabando com a sua bebida de um gole para tirar o gosto amargo que aquele nome deixava na sua língua.
Kizashi balançou a cabeça, entendendo a irritação da filha. Ao contrário da mãe dela que era calma e sensata, Sakura havia herdado todo o seu gênio explosivo. Além disso ele sabia que parte daquilo também era devido a ter sempre dado à ela tudo o que queria, como se tentando preencher a falta de uma mãe. Não era como se ela fosse mimada, mas não partilhava do ideal de uma esposa submissa, coisa que era forçada sobre as filhas de tantas outras famílias. Coisa que ele não conseguiu forçar sobre ela. Sakura tinha a personalidade que ele por vezes preferia que o seu filho mais novo tivesse.
― Algum problema com aquele homem? ― Kizashi perguntou então mudando de assunto. Encheu novamente seu copo e mostrou a garrafa para Sasuke que negou com a mão.
― Ele deu um pouco mais de trabalho do que esperávamos, mas no fim acabou cantando como um passarinho. Deixei Juugo e Suigetsu para limparem toda a bagunça.
Kizashi assentiu parecendo satisfeito.
― Disse algum nome?
― Uchiha ― Sasuke respondeu.
― Já é a segunda vez que nos dão dor de cabeça ― Kizashi ponderou e Sasuke concordou, lembrando do outro problema que tiveram com a carga de armas que estava vindo de Kiri ― Irei viajar pela manhã para me encontrar com Hiashi, Gaara irá comigo. Espero que isso esteja resolvido quando eu voltar.
― Não será um problema ― Sasuke assegurou em tom calmo.
Quando Kizashi ficou de costas ele entendeu como a deixa para sair e então deixou seu oyabun sozinho sem mais nada a dizer. Desceu as escadas com intenção de ir para a outra ala da mansão, mas quando passou pela cozinha não deixou de observar a garota sentada sobre o balcão de mármore com um copo de água em mãos. Seus olhares encontraram-se brevemente, mas ele rapidamente desviou o dele para a frente. Já tinha muita coisa na cabeça naquele momento.
(...)
Sasuke abriu os olhos de uma vez quando sentiu um peso extra afundar ao seu lado na cama.
Depois da breve conversa no escritório ele havia ido para o seu quarto na ala oeste da mansão e depois de ter tomado um banho demorado para relaxar seus músculos havia praticamente desmoronado sobre a grande cama king, soltando um longo suspiro quando seu peito nu entrou em contato com os lençóis de seda.
Estendendo a mão para a mesa de cabeceira ele acendeu a luz do abajur e pegou o celular desbloqueando-o e vendo que era pouco mais de duas horas da manhã, o que significava que não havia dormido muito mais de três horas.
Uma mão pequena rapidamente envolveu a sua e tirando o celular da sua mão o jogou para um canto qualquer na cama.
― Sakura ― ele suspirou, sem ter dúvidas de quem era. Em resposta ele sentiu como ela se sentou sobre ele e então se reclinou, beijando o seu pescoço ― O que está fazendo aqui?
Sakura continuou em silêncio, agora mordendo o maxilar quadrado enquanto seu quadril se movimentava sobre o dele, para a frente e para trás, sentindo o pau dele começar a enrijecer sob o tecido fino da única peça de roupa que ele usava no momento. Quando as mãos dele a seguraram com força no quadril ela sorriu, sugando com força o lóbulo da orelha dele da forma que ela sabia que ele gostava.
― Que merda, você está nua ― Sasuke xingou, subindo as mãos pela cintura fina e sentindo a textura da pele macia dela em contato com as suas palmas ásperas ― Não devia estar aqui. Seu pai…
― Está dormindo pesado como ele sempre dorme ― ela por fim respondeu, sussurrando no ouvido dele e dando uma última mordida no lóbulo da orelha antes de começar a fazer um caminho de beijos descendo pelo pescoço e então peito, passando a língua vagarosamente pelas várias tatuagens espalhadas pela pele extremamente branca. Seus quadris foram descendo até chegar na altura dos tornozelos de Sasuke e então ela parou, encarando-o com um sorriso de canto.
Sasuke sorriu de volta.
― Está com tanta vontade de ser fodida que sequer o esperou sair? ― provocou com a voz baixa e levemente rouca enquanto olhava para ela.
Devolvendo a provocação, ela segurou o elástico da boxer dele com as duas mãos e então a puxou para baixo o suficiente para que o pau grosso e duro fosse solto. Sem deixar de olhar para Sasuke, Sakura segurou o membro com uma das mãos e então se inclinou, rodeando a glande com a ponta da língua e descendo pelo comprimento, molhando-o para que isso ajudasse na masturbação e então subindo novamente. Quando ele a segurou com força pelo cabelo, ela desceu a boca até a metade, se deliciando com o gemido rouco que ele soltou.
― Vamos lá, você aguenta mais que isso ― Sasuke ciciou, ajudando-a com os movimentos quando ela começou a descer mais a boca ― Isso… que boca gostosa.
Sakura sugou com força, passando levemente a ponta dos dentes enquanto sentia o aperto em seu cabelo aumentar. Ela adorava ver como era capaz de deixar um homem tão poderoso quanto aquele tão entregue à ela, totalmente controlado pelos seus desejos mais primitivos.
Quando o sentiu aumentar o ritmo dos quadris ela se separou rapidamente, sorrindo quando viu o cenho dele franzido iluminado pela luz baixa do abajur. Subindo novamente até a altura da cabeça dele, ela tentou alcançar os lábios levemente finos com os seus, mas antes que pudesse tocá-lo sentiu seu corpo ser virado sobre a cama, deixando-a com as pernas abertas.
Com o peito subindo e descendo rapidamente por conta da respiração acelerada, Sakura permaneceu imóvel enquanto via Sasuke terminar de se livrar da boxer e então se colocar entre as pernas dela, olhando-a de cima com os olhos nublados pelo desejo. Com cuidado ele ergueu a perna direita dela pelo ombro, deixando um beijo demorado na sua coxa e em seguida o mesmo com a outra.
― Está mesmo com vontade, não está? ― ele provocou, descendo dois dedos pela virilha dela e então pelo clítoris onde então começou a massagear levemente em movimento circulares usando a umidade dela ― Sua boceta está ensopada.
Quando ele a penetrou de repente com os dois dedos Sakura fechou os olhos e arqueou levemente o corpo enquanto soltava um gemido sôfrego. E quando ele desceu a cabeça para o meio das pernas dela e começou a sugar o seu clítoris com força foi a vez dela de agarrar com força o cabelo dele.
Sem parar com o movimento dos seus dedos que entravam e saíam dela com rapidez, Sasuke usou a outra mão para separar os lábios inchados e então lambê-la de cima abaixo, enquanto observava o corpo dela se retorcer na cama.
― Sasuke ― ela gemeu o nome dele baixo, olhando para baixo com os olhos semicerrados e sentindo o prazer aumentar quando viu os olhos escuros nublados ― Eu vou… ah…
― Deixa vir, amor, goza na minha boca.
As pernas dela começaram a tremer juntamente com o calor que se espalhou rapidamente pelo seu corpo e em poucos minutos ela mordeu os lábios para não gritar o nome dele quando o seu clímax chegou rápido, fazendo-a dobrar os dedos dos pés.
Soltando todo o peso do corpo sobre a cama, ela estava tentando recuperar o fôlego quando sentiu um beijo suave pouco abaixo do seu umbigo antes de ter o corpo virado novamente, deixando-a apoiada em suas mãos e joelhos.
― Empina pra mim ― Sasuke falou roucamente, esfregando a glande na entrada dela e então penetrando-a de forma lenta e tortuosa até que o seu quadril se chocou com a bunda dela ― Boceta apertada…
Sakura sequer teve tempo em reclamar pelo tapa estalado que levou em uma da nádegas antes que ele começasse a fodê-la com força, fazendo-a gemer alto por ainda estar sensível pelo orgasmo recente.
Sakura afundou a cabelo no travesseiro, tentando abafar os gemidos altos que teimavam em sair da sua garganta e agarrou os lençóis com força enquanto seu corpo se movimentava pela força das estocadas dele.
Enrolando uma das mãos no cabelo dela, Sasuke puxou-a para cima de forma que seu peito ficasse encostado nas costas de Sakura e então a fez virar a cabeça de lado, mordendo o lábio dela enquanto a sua mão livre beliscava o bico intumescido do seio dela.
Ele a apertou contra si, sentindo suas peles suadas deslizando uma na outra e quando sentiu o seu orgasmo se aproximando, desceu a mão que estava no seio dela até o meio das suas pernas e voltou a esfregar o clitóris inchado para que ela gozasse uma segunda vez antes dele. Logo com mais algumas estocadas e com a boceta dela se apertando em torno do seu pau Sasuke se deixou derramar dentro dela, fechando os olhos pela força das sensações e apertando o corpo feminino contra si.
Caíram exaustos e embolados sobre os lençóis amassados enquanto procuravam recuperar o ritmo normal de suas respirações. Com um dos braços Sasuke puxou Sakura para o seu peito e beijou o topo da cabeça dela quando ela escondeu o rosto na curva do pescoço dele.
― Isso é errado ― ele disse após ter recuperado parte do seu fôlego e sentindo sua mente ir clareando aos poucos.
Sakura por sua vez nada disse, apenas o abraçou com mais força enquanto Sasuke fechava os olhos e suspirava frustrado.
Era sempre do mesmo jeito. Os dois cegos demais por toda a gama de sensações e emoções que sentiam entre eles, e entregando-se de corpo e alma aos seus desejos para no final o peso do silêncio ser o acusador do que eles faziam.
Ele sabia que não era certo. Sakura além de prometida a outro homem desde os quinze anos também era filha do homem que o abrigou quando ele vagava na rua sem lembrar nada além do primeiro nome e idade, sem ter sequer onde dormir ou o que comer. Sasuke sentia como se estivesse apunhalando Kizashi pelas costas depois de ele ter sido quase como um pai para ele, tirando-o das ruas e dando um propósito para a sua vida.
Por outro lado, ele sabia que não se tratava de simplesmente ignorar tudo o que sentia pela mulher em seus braços. Estava perdido, estava fodido desde a primeira vez em que seus olhos cruzaram com aquele verde intenso, desde que a salvou de se afogar quando ele tinha dez anos e ela apenas seis.
Não era como se eles tivessem crescido como irmãos. Apesar de tudo o que havia ganhado dentro daquela casa, Sasuke sabia bem qual era o seu lugar. Ele era o kobun, sim, o homem de confiança de Kizashi, mas ainda assim um que não podia oferecer qualquer coisa à filha dele. Vê-la crescer junto à ele por todos aqueles anos e mais tarde desejá-la como aquilo que nunca poderia ter foi o seu martírio pessoal.
Ele não estava satisfeito com isso, mas estava conformado a se afastar dela cada vez mais, como dois estranhos que se olhavam de esguelha pelos corredores, mas que ainda assim não se atreviam a falar.
Era o seu martírio e ele iria aceitá-lo. O que não contava, no entanto, é que Sakura tivesse muito mais colhões do que ele.
― E por que parece tão certo? ― ela questionou, da mesma forma que havia feito três anos atrás, no aniversário dela de dezenove anos, na noite em que tudo mudou.
Foi a vez dele não responder. Virando-a para que ficassem um de frente para o outro Sasuke olhou naquele par de olhos que tanto amava e desceu os seus lábios sobre os dela de forma suave, tão contrário à tudo o que havia transpirado entre os dois há poucos minutos atrás.
Aquilo tudo era uma merda. Era errado. Ele provavelmente estava cuspindo no prato em que comeu e traindo àquele que mais confiou nele, que deu à ele tudo o que tinha.
Mas Sasuke a amava. Amava aquela mulher como jamais havia amado nada em sua vida. De forma tão intensa, insana e totalmente desprendida como apenas um homem sem nada a perder como ele poderia amar.
Sakura o fazia querer ter muito mais do que podia e aquilo no mundo deles era perigoso. Era uma droga de vida, mas era a que eles conheciam. E eram obrigados a aceitar, não importa o quanto errado fosse. Não havia outra alternativa.
Era em momentos como aquele que todo o luxo ao seu redor parecia insignificante, vazio. Nesses momentos ele queria apenas poder ter os dois ao mesmo tempo, queria poder ter o que ele amava e quem ele amava.
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Quase uma semana havia se passado desde que o oyabun havia viajado para tratar de negócios com os Hyuuga. Isso significava que Sasuke tinha poucos dias para resolver os problemas que eles tinham com os Uchiha.
Três dias atrás eles haviam dado problema com outro carregamento de armas que estava vindo de Iwa. Emboscaram os homens e levaram toda a mercadoria, deixando quase nenhuma testemunha. Em retaliação Sasuke mandou Hidan com seus homens para um dos maiores pontos de drogas que a outra família havia conseguido na cidade e eles literalmente acabaram com o lugar.
Ele havia conseguido alguns contatos que apontavam para negócios de contrabandos que eles teriam nos arredores de Oto, mas nada muito concreto e isso enfurecia Sasuke que sentia como se estivesse andando em círculos.
Sakura, por outro lado, estava mais tranquila desde que seu pai havia viajado e não havia escapado dos seguranças um dia sequer, o que já era uma dor de cabeça a menos para Sasuke.
E nessa quase uma semana, era fácil fingir que Sakura e ele podiam ser alguma coisa. Era doloroso ter esperanças com ela dormindo em seus braços todas as noites com o corpo quente e o coração batendo rápido. Era doloroso porque ele sabia que aquilo tudo era uma fantasia.
A realidade sempre batia em suas caras na manhã seguinte. Uma noite de prazer não era o suficiente para que tudo virasse realidade.
Sasuke estava sentado no sofá da sala de estar com um copo de whisky quando ouviu a porta do hall de entrada bater e então fechar com força. Havia chegado há pouco mais de uma hora, totalmente frustrado por ter que lidar com outro problema. Era como se tivesse de resolver tudo sozinho.
Ele deixou o copo vazio na mesa de centro e então se levantou sabendo muito bem de quem se tratava. Andou a passos moderados até o hall e por muito pouco não a perdeu antes que ela pudesse sair correndo escada acima. Ele percebeu imediatamente que algo não estava certo. Geralmente Sakura não perderia a chance de ir atrás dele e provocá-lo, principalmente com o pai fora da mansão.
― Sakura ― ele a chamou e viu a forma que ela enrijeceu os ombros ― O que aconteceu?
― Nada ― ela respondeu, mas rápido demais. Parecia se esquecer de que nunca conseguia enganá-lo.
― Vire-se ― ele disse baixo, mas firme, deixando claro que não era uma opção. Ela, no entanto, continuou parada ― Sakura, olhe para mim.
Alguns segundos se passaram, segundos em que o único movimento vindo dela era da respiração, que por sinal estava muito ofegante, ele não deixou de reparar. Já estava abrindo a boca para repetir o que havia dito quando ela finalmente se virou.
E é claro que a primeira coisa que ele notou foi aquela marca no rosto dela. Independente do que ela estivesse usando, até mesmo se não estivesse usando nada, Sasuke a olhava primeiro no rosto. Ele amava cada parte do corpo de Sakura, mas era apaixonado pelos olhos dela.
Mas aquela marca que já começava a ficar roxa no rosto dela não devia estar ali, assim como também não devia haver aquela pequena laceração no lábio inferior que estava sem o característico batom vermelho que ela tanto amava usar.
Sasuke não saberia explicar como conseguiu mover os pés e se aproximar dela, porque estava sentido que a sua alma havia saído do corpo, bem como o sangue havia gelado. Mas de alguma forma ele se moveu e levou uma das mãos até o rosto delicado dela, movendo a mecha solta do cabelo rosa para o lado de modo a ver melhor a marca.
Que merda era aquela?
― Quem foi? ― ele perguntou, surpreendendo-se pelo quase rosnado que saiu dos seu lábios. Ele raramente perdia o controle, praticamente nada o tirava da sua apatia disfarçada. Nada exceto ela ― Quem foi o filho da puta que fez isso?!
Ela puxou o rosto da mão dele e tentou escapar, mas ele a segurou rapidamente pelo pulso antes que pudesse correr.
― Um homem morto ― ela respondeu por fim e o tom de voz frio que ele nunca a ouviu usar foi o suficiente para assustá-lo e assim Sakura correu escada acima.
Sasuke permaneceu alguns segundos congelado no lugar, reagindo somente quando ouviu uma porta no andar de cima bater com força.
Ele passou as mãos pelo cabelo com força, mania que tinha sempre que estava extremamente frustrado. Seus olhos percorreram o vazio enquanto ele tentava pôr a mente no lugar. Precisava pensar friamente para saber o que havia acontecido e Sakura já havia deixado claro que não estava disposta a falar, ao menos não naquele momento.
Estava tão distraído com os pensamentos voando por sua cabeça que só ouviu o celular vibrar no bolso da calça quando a pessoa pareceu estar desistindo. Quando o aparelho voltou a vibrar ele pensou em ignorá-o, mas então sabendo que poderia ser algo importante o puxou do bolso quando estava quase desligando novamente.
― Sasuke? ― ouviu uma voz feminina questionar assim que atendeu a chamada. Levou alguns segundos para saber de quem se tratava já que não havia visto o nome no visor antes de atender.
― Ino? ― perguntou estranhando a chamada repentina.
― Sasuke, a Sakura já chegou? Eu estou tentando ligar para ela há mais de uma hora, mas ela não atende e…
Ela disse mas alguma coisa, mas ele não conseguiu ouvir. “Ela estava na cada da Ino” foi o que ele lembrou finalmente. Sakura havia saído de casa dizendo que ia para a casa da amiga, então havia uma boa chance de que a Yamanaka soubesse do que havia acontecido. Na verdade, a julgar pelo tom nervoso dela, Sasuke podia jurar que ela sabia exatamente o que havia acontecido.
― Sasuke…?
― O que foi aquela merda no rosto dela? ― ele perguntou, sem se importar em interrompê-la ― Quem foi o filho da puta?
Silêncio.
Por alguns instantes ele pensou que a ligação havia caído, mas então conseguiu ouvir claramente a forma que a loira puxou o ar com força do outro lado da linha.
― Ino, eu sei que você sabe ― ele pressionou quando o silêncio perdurou ― Eu não sei quem vocês podem estar querendo proteger, mas…
― Foi o Deidara ― ela respondeu tão rapidamente que ele mal ouviu o nome, mas ainda assim foi impossível não notar o desprezo no tom de voz da garota. Sasuke se lembrou então de Sakura dizendo que Ino simplesmente odiava o irmão mais velho ― Ele chegou bêbado em casa depois de aproveitar a ausência do nosso pai para ficar dois dias fora... e então quando a Sakura fez um comentário a respeito do estado dele... ele.... o maldito riu e então simplesmente deu um tapa no rosto dela. Aí...
Sasuke sabia que ela ainda estava falando do outro lado da linha, mas naquele momento não conseguiu distinguir muito mais do que o som do celular caindo no chão.
Ele havia batido nela.
O filho da puta havia se atrevido a pôr as mãos imundas sobre ela.
Sasuke não se importava com o sobrenome dele; não se importava com merda de acordo de nenhum e nem mesmo se importava com o castigo que certamente receberia, castigo esse que ele sabia que seria bem pior do que um simples mindinho decepado.
Isso, todavia, sequer o preocupava naquele momento. Uma única coisa tomava os seus pensamentos. Yamanaka Deidara precisava morrer.
Ele ignorou os capangas que correram atrás dele quando o viram sair totalmente descontrolado da mansão e quase derrubou o portão quando saiu por ele cantando pneus. O sangue que até pouco tempo estava gelado em suas veias agora fervia pelo mais puro ódio e Sasuke podia jurar que estava enxergando tudo em vermelho.
Estava tão distraído pela raiva que não percebeu quando um carro se jogou contra a traseira do seu e o tirou da pista.
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Quando seus olhos se abriram a primeira coisa que ele sentiu foi uma dor aguda se espalhando pelo seu corpo e devido a isso os fechou novamente.
Quando conseguiu respirar algumas vezes de forma a tentar ao menos acostumar com as pontadas, ele tentou abrir novamente os olhos e dessa vez conseguiu manter o foco. A segunda coisa que Sasuke percebeu foi que estava em um lugar desconhecido; e, a julgar pelas cordas que ele sentiu prendendo os seus braços contra as costas, definitivamente não eram amigos que o haviam levado até ali.
Sasuke olhou atentamente ao redor e com isso percebeu que estava sozinho em um quarto que a primeiro momento pareceu ser uma espécie de depósito, mas que sabia com certeza que era bem mais do que isso. Haviam algumas caixas pelos cantos e algumas cordas penduradas. O lugar possuía uma janela no alto de uma das paredes, mas tão pequena que talvez nem mesmo uma criança fosse capaz de passar por ela; a única porta era de ferro e dos grossos pelo o que ele pôde perceber.
Ele tentou afrouxar as cordas no braço, mas a única coisa que conseguiu foi deixá-las mais apertadas, o que deixou claro que aquilo era obra de alguém que sabia muito bem o que estava fazendo.
Frustrado, Sasuke grunhiu baixo e deixou o corpo tombar nas costas da cadeira, ignorando a dor que sentiu nas costelas; não se surpreenderia se estivesse com uma ou duas fraturadas. Ele só se lembrava de ter saído a toda velocidade da mansão e em seguida apenas de uma luz muito forte vindo pela traseira do seu carro, depois disso estava tudo borrado. De qualquer forma, era óbvio que não havia sido um simples acidente, havia sido proposital, ou ele não estaria ali agora.
Quando a porta foi aberta de repente o corpo de Sasuke enrijeceu, já se preparando para o que viria a seguir. Ele permaneceu em silêncio observando dois homens entrarem um atrás do outro antes que a porta fosse novamente fechada.
Eram dois homens altos e de cabelos escuros, sendo que enquanto um o tinha curto e bagunçado o outro trazia o dele longo e amarrado num rabo de cavalo baixo. Estavam ambos vestidos com ternos escuros e não tentaram disfarçar as armas presas em seus coldres que podiam ser vistos através dos paletós abertos.
Sasuke não havia visto qualquer um dos dois antes, mas a julgar pela forma que eles o encaravam ele soube que eles não eram simples capangas; os olhos embanjavam superioridade enquanto o estudavam.
― O kobun de Haruno Kizashi ― o de cabelo curto foi o primeiro que se pronunciou, olhando para o outro ― Tiramos a sorte grande, primo.
O outro homem, no entanto, o ignorou totalmente. Seu rosto estava tão impassível como se usasse uma máscara. Ainda assim, Sasuke não pôde deixar de notar como os olhos escuros pareciam estudá-lo como a um animal exótico.
― Qual o seu nome? ― ele por fim perguntou, num tom de voz tão indiferente quanto a sua expressão.
Sasuke nada respondeu. E então mal viu o soco que veio certeiro contra o lado esquerdo do seu rosto, fazendo a sua cabeça virar para o lado devido a força. Quando a sua cabeça parou de zunir ele mexeu a mandíbula para confirmar que ela estava no lugar e então cuspiu no chão o sangue que acumulou em sua boca.
Virando-se novamente para a frente ele não se surpreendeu por notar que o homem que o havia socado ainda permanecia sem expressão, ao contrário do seu primo que ria como se tivesse acabado de ouvir uma piada muito boa.
― Devia colaborar ― o de cabelo comprido falou novamente, dessa vez no entanto Sasuke pôde notar um leve tom de impaciência em sua voz ― Será melhor para você se colaborar... será mais rápido.
Sasuke novamente ficou em silêncio. Não importava com o que o ameaçassem ou mesmo o torturassem. Ele não iria trair o seu oyabun, não iria trair a sua família.
Esperou por um novo soco, mas ficou confuso quando os dois apenas continuaram a encará-lo. Então trocaram um rápido olhar entre eles e quando o de cabelo curto tirou uma lâmina da cintura e andou em sua direção, Sasuke tentou preparar o corpo para o que viria.
Quando a sua camisa foi cortada e os trapos foram puxados do seu corpo ele mal se mexeu, ainda que as costelas tivessem protestado com o movimento brusco. Ele sentiu o fio gelado da lâmina contra a pele das suas costas, mas quando achou que algo mais aconteceria, de repente sentiu o homem às suas costas ficar tenso e se afastar.
― Itachi ― ele chamou o outro nervosamente ― Você… você precisa ver isso.
Sasuke estranhou o pedido, mas ainda assim permaneceu em silêncio, observando pelo canto dos olhos o outro se aproximar e também parar atrás dele.
Quando sentiu a ponta de um dedo passando levemente pela cicatriz que ele tinha nas costas dessa vez ele inconscientemente se moveu para a frente. Isso aconteceu todas as vezes em que alguém tentou tocá-la antes, até mesmo com Sakura da primeira vez que viu e tocou aquela cicatriz enorme e de formato estranho que ia praticamente de uma ponta a outra. Ele não sabia do que era ela, apenas que fazia parte da sua vida passada, já que ele havia chegado aos Haruno já tendo-a.
― Qual é o seu nome? ― a pergunta foi feita novamente e ele sabia que havia sido o de cabelo comprido a julgar pela voz. Dessa vez no entanto, estranhou quando sentiu todo o nervosismo que ela possuía.
E contra tudo o que ele acreditava, contra a sua mente e senso de autopreservação que o mandava se calar, ele se viu respondendo.
― Sasuke.
O homem saiu rapidamente de trás dele e então se pôs a sua frente, segurando o seu rosto com as duas mãos e virando-o de um lado para o outro enquanto parecia estudar as suas feições.
Dessa vez o que Sasuke sentiu em contato com a sua pele não foi uma lâmina, mas sim algum tipo de líquido. O que o homem disse a seguir arrepiou todo o seu corpo e o fez perceber do que o líquido se tratava: lágrimas.
― Otouto. Eu encontrei você… finalmente te encontrei.
.
.
Quando abriu os olhos Sasuke imediatamente viu uma cabeça repleta de cabelos rosados exatamente à frente do seu rosto. Era para aquilo que estava acordando nos últimos dias.
Para seu alívio, ele não havia quebrado as costelas, como havia temido, mas o acidente havia provocado alguns ossos luxados e com isso o médico havia dito que ele precisava manter repouso por uns bons dias. E é claro que ele havia insistido que aquilo era bobagem, mas não teve como ir contra uma mulher de um e sessenta e grandes olhos verdes que ficava realmente assustadora quando queria.
― Sakura ― ela a chamou, balançando-a levemente ― Acorde.
Ele não se importava de tê-la ali ao seu lado, claro que não, mas não sabia o que diria ao pai dela caso ele a visse ali dormindo na sua cama, ainda que ele estivesse convalescente.
Depois de balançá-la mais algumas vezes e perceber que ela só acordaria quando quisesse, Sasuke suspirou e olhou para o teto, deixando a mente vagar para tudo o que havia acontecido nos últimos dias.
Descobrir que os Uchiha, a máfia rival que tanto havia dado dor de cabeça nos últimos meses, era a sua família perdida havia sido um verdadeiro choque, para dizer o mínimo. Literalmente a última coisa que esperava. De repente ele tinha um primo, na verdade, vários primos, além de um irmão e um pai e uma mãe que vieram rapidamente ao seu encontro assim que foram chamados. Ele havia acabado de ser solto do seu rapto, levado para uma sala dentro de uma mansão que parecia estranhamente familiar, ainda que ele não se lembrasse dela e logo estava com o corpo pequeno de uma mulher com longos cabelos negros apertado contra ele.
Havia sido coisas demais para uma única noite e mesmo que quase duas semanas houvesse se passado desde então, Sasuke ainda sentia como se ele estivesse vivendo dentro de um sonho.
Ao contrário do que acontece nos filmes, ele não havia recuperado todas as memórias assim que reencontrou a sua suposta família, mas também não havia como negar o sangue em comum quando parou para notar todas as semelhanças entre eles. Havia fotos e mais fotos de uma infância que ele não se lembrava de ter vivido, mas que estavam ali para atestar tudo. E havia uma resposta até para a cicatriz; a cicatriz sobre a qual ele havia parado de pensar com os decorrer dos anos. Itachi, seu irmão mais velho, havia explicado que aquilo havia sido decorrência de uma queda muito feia de uma árvore quando ele tinha apenas seis anos.
De repente, todas as peças haviam se encaixado.
Ele talvez nunca viesse a se lembrar do que viveu nos primeiros dez anos de vida, mas agora ele sabia que aquela vida havia de fato existido.
Quando a garota ao seu lado começou a se mover ele olhou para o lado e então afastou o cabelo dela para o lado, de modo a ver melhor o seu rosto. A feia coloração roxa havia desaparecido, para o bem da sua sanidade, mas havia a pequena cicatriz provocada por um anel e aquela talvez nunca fosse sair. Quando a via Sasuke tinha vontade de levantar e ir atrás do filho da puta, até se lembrar de que não havia mais um filho da puta no qual ele pudesse bater.
Quando voltou para a mansão ele descobriu que Yamanaka Deidara havia “misteriosamente desaparecido”. Sakura não havia dito nada e Sasuke não havia perguntado, mesmo quando o corpo foi encontrado alguns dias depois. Supostamente ele havia sido morto pelos traficantes com os quais havia se metido, essa foi a resposta que tiveram.
Para Sasuke o que importava era que aquele assunto havia sido “resolvido” e isso bastava para os dois.
Também para Kizashi que não perderia o acordo com os Yamanaka já que o casamento agora ocorreria entre seus filhos Gaara e Ino.
― Hey ― Sakura o chamou com a voz ainda rouca de sono e Sasuke sorriu levemente, beijando a ponta do nariz dela.
Ele debruçou-se para beijá-la, mas antes que seus lábios se encostassem a porta foi aberta de repente fazendo com que Sakura rapidamente sentasse na cama e arrumasse a roupa e cabelo.
Felizmente quem passou por ela não foi Kizashi, como os dois temeram, mas sim Itachi.
― Desculpe, não sabia que tinha companhia ― o mais velho comentou, olhando de um para outro com diversão dançando nos olhos escuros ― Posso voltar depois se quiserem.
― Não precisa, eu já estava saindo e… ― Sakura começou a se levantar, mas Itachi estendeu uma mão, sinalizando para que ela permanecesse sentada.
― Não se preocupe, eu serei rápido. Vim ver como Sasuke está enquanto nossos pais conversam ― ele explicou e Sasuke estranhou o tom de voz que ele usou na última frase ― Mamãe ainda está triste por não vir para casa.
Sasuke reconheceu uma leve repreensão no tom de voz do irmão, mas preferiu não dizer nada. Seus pais haviam insistido para que ele passasse a recuperação em casa, bem como já se mudasse para lá, mas ele preferiu aceitar o pedido de Kizashi para que continuasse na mansão Haruno. Seu oyabun não havia dito com essas exatas palavras, mas Sasuke sabia que ele tinha noção do seu desconforto. Os Uchiha poderiam ser sua família de sangue, mas até que se acostumassem uns aos outros ainda continuavam sendo também estranhos. Teria que ser um processo talvez um pouco longo. E além disso, ele ainda tinha suas responsabilidades de kobun.
― Hn ― Sasuke grunhiu simplesmente, preferindo não afirmar ou negar nada.
― Certo, certo. Eu tinha de ao menos tentar, não? Mas sei que também não quer ficar longe da sua namorada. Ainda que muito em breve não irá mais precisar.
― Itachi… ― Sasuke começou a dizer quando notou Sakura tensa ao seu lado, mas então se deu conta do que o irmão havia dito por último ― O que você quer dizer com isso?
Itachi sorriu.
― Nosso pai disse que terá uma dívida de vida com os Haruno por terem abrigado e cuidado de você por todos esses anos. Eles estão acertando suas diferenças e fazendo um acordo de paz. Será bom para todos. E bem… o que melhor do que um casamento para selar tudo, não é?
A mente de Sasuke parou de funcionar por alguns instantes e todo o seu corpo enrijeceu.
Um casamento? Itachi estaria querendo dizer que…
― Bem, nossos pais à essa hora já devem ter acabado a reunião, melhor eu ir. Mamãe disse que virá amanhã para visitá-lo ― Itachi começou a andar na direção da porta mas parou antes que pudesse alcançar a maçaneta, virando-se novamente e olhando para Sakura ― Eu já ia quase esquecendo de dizer: seja bem-vinda à família, imouto.
E então ele saiu, fechando a porta delicadamente e deixando os outros dois dentro do quarto ainda chocados demais para reagir.
As coisas aparentemente iriam mudar muito em breve.
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