Terça-Feira , 6:30 da manhã. Londres – London Hilton, suíte executiva.
Uma manhã como outra qualquer. O mesmo céu nublado, a mesma brisa incômoda do Outono, os mesmos pássaros disputando quem cantava mais alto e o mesmo braço escapando do amontoado de edredom tateando a mesinha à procura do objeto que bradava La Marseillaise. Os reflexos ainda estavam lentos por conseqüência de uma segunda-feira regada à Moët Chandon, o que custou um urro frustrado e abafado por não conseguir calar o maldito celular. Debaixo do grosso e confortável edredom Villanelle se revelou para os primeiros minutos da manhã, olhos estreitos ainda se acostumando com a claridade enquanto se esticava no colchão. Deu fim ao hino da França, tornou a cerrar as pálpebras e respirou fundo.
Era o seu último dia no Hotel. Era uma rotina que ela tinha adotado depois de passar dois anos morando com o tio e a prima em Londres. Uma necessidade de independência e liberdade, coisas que ela até tinha na residência de Konstantin, porém não o suficiente. É difícil manter uma vida sexual ativa quando se tem uma pirralha e um velho rabugento dormindo no final do corredor, e é ainda mais insuportável fazer suas conquistas saírem em pleno café-da-manhã sob olhares incisivos de Konstantin e Irina.
Sempre gostou de hotéis, eles eram práticos. Não havia questionamentos, julgamentos contanto que sua experiência com eles fosse a mais satisfatória possível. Contudo, custaram seis anos para que Villanelle saísse debaixo das asas protetoras e provedoras do tio para alcançar a sua própria independência. Quatro anos em Paris e mais dois na capital inglesa. Foi somente com vinte e quatro anos que ela se deu ao luxo de passar temporadas de seis meses pelos hotéis de Londres, quando finalmente sua empresa de Arquitetura alavancou.
Sim, Oksana Astankova - verdadeiro nome e oriunda da Rússia – era uma arquiteta formada pela Sorbonne University em Paris. O “Villanelle” nasceu na faculdade como uma marca própria e se tornou a sua identidade nos negócios. Sua graduação só foi possível graças à Konstantin, que a resgatou de um passado que ela lutava todos os dias para esquecer. Este arcou com todos os custos frisando que sua sobrinha seria um investimento de longo prazo. Investimento este que se estendeu após a faculdade quando os dois resolveram abrir a V.A Arquitetura & Engenharia. E como toda empresa, o início é sempre difícil. Até Villanelle começar a freqüentar feiras e eventos de arquitetura, expandindo a própria network e espalhando o seu nome. Até que uma pessoa certa e na hora exata sugeriu os seus traços e planejamentos, e sua empresa teve um boom astronômico em pouco mais de um ano. Villanelle ascendeu no ramo num ritmo absurdo sendo obrigada a agregar engenheiros e divisões dentro da companhia. Hoje o empreendimento conta com profissionais de paisagismo, engenharia civil e urbana, design de interiores e um grupo seleto de arquitetos.
Por mais clichê que soasse, grandes poderes trazem grandes responsabilidades. Comandar uma empresa em ascensão tem os seus prós e contras. E por enquanto Villanelle só gostava de lidar com os prós – dinheiro, conforto, respeito e palavra final em todos os projetos. Os contras, toda a parte burocrática ficava com Carolyn Martens. Uma ex-professora – hoje aposentada – e que foi a sua guia na graduação, ocupava um dos cargos mais importantes na agência: conselheira pessoal de Villanelle. O braço direito dela. Ela também foi a responsável pela guinada na V.A Arquitetura & Engenharia, sendo a pessoa certa e na hora exata.
Tendo uma situação financeira relativamente próspera, Villanelle começou a exercer o estilo de vida que sempre sonhou. Ou seja, roupas caras e de alta costura, viagens internacionais, um gosto peculiar por espumantes, refeições custosas, freqüentadora de restaurantes com estrela Michelin e dona e proprietária de um apartamento duplex de cobertura em Paris – sua cidade favorita. Sua companhia era o que a impedia de retornar à capital do amor, uma vez que ela estava localizada em dois andares de um dos prédios comerciais no centro empresarial de Londres.
Contudo, hoje era um dia diferente. Por mais que hotéis fossem práticos e bem localizados, o ciclo semestral começar a se tornar tedioso, repetitivo. Já não basta aturar as reuniões internas e com clientes no escritório – todas elas sendo um verdadeiro teste de paciência -, o cotidiano de uma vivência em um local que não te pertence começou a incomodá-la. Seria uma coisa temporária, óbvio. Mas o suficiente para que ela experimentasse algo novo, uma mudança um tanto quanto brusca. De um hotel luxuoso e bem localizado no centro de Londres para uma casa de dois andares no subúrbio inglês, numa vizinhança enjoadamente familiar. Villanelle faria um teste de adaptação, pelo menos por seis meses. Caso desse errado o imóvel seria como um investimento futuro para venda ou aluguel.
Desceu da cama já se desfazendo das peças de seda que compunham o pijama e seguiu para o banheiro, dando início à sua rotina matinal. Ao sair do banho, Villanelle desfilou de toalha até ao closet – quase vazio, uma vez que suas malas já estavam praticamente prontas – e pegou o terno bordô devidamente separado com um par de Louboutin preto. Armava as madeixas loiras num coque aprumado no alto da cabeça quando três batidas características na porta ecoaram no quarto.
“Bom dia, Ms. Astankova. Seu café-da-manhã.”
Sebastian era quem lhe trazia suas refeições matinais de segunda a sexta, uma exigência de Villanelle por ter ser afeiçoado pelo rapaz. E dependendo do seu humor, às vezes o jovem ficava mais do que devia no quarto, e estes eram os dias em que a loira chegava atrasada no escritório. Mas hoje não seria um desses dias. Villanelle o atendeu somente de calcinha e sutiã, se preocupando apenas com em engolir o máximo de torradas possível num curto período de tempo. Sinalizou para que ele aguardasse um segundo enquanto revirava bolsa Prada Esplanade. Retornou lhe entregando um cartão.
“Você devia se consultar com um desses.”
O rapaz enrubesceu instantaneamente e abaixou a cabeça, completamente humilhado. Villanelle inclinou levemente a cabeça e arqueou as sobrancelhas. Sentia-se confusa. Torceu ainda mais o nariz quando o viu dar meia volta e se dirigir à porta do quarto.
“Hey! Só porque era divertido te fazer de idiota não significa que outras mulheres vão gostar da sua pressa!”, a loira bradou do batente da porta vendo o homem ir embora com longas passadas. “Devia me agradecer!”, mas ele já tinha sumido pelo corredor.
A executiva fechou a porta aborrecida com a extrema falta de educação do funcionário.
“Rude.”, murmurou enquanto bebericava o cappuccino. “Por isso que eu prefiro as mulheres.” Disse para o próprio reflexo no espelho.
***
“... Sim, deixe na recepção. Só tenho uma mala no quarto, o resto já está com a equipe de mudança. A casa será liberada até ao final do dia. Assim que eu sair do escritório eu passo aí e pego.”
Villanelle tagarelava com um AirPod no ouvido enquanto cruzava o portão da garagem do prédio onde o seu escritório estava situado. Estacionou o Audi TT Roadster prateado na vaga reservada a ela e desceu no carro atendendo outra ligação, dessa vez de Irina.
“Você não devia estar em aula?”
“Traduza isso para o francês: vidro verde para o verso do verme.”
Ela parou.
“Verre vert vers vers vers?”
A risada de Irina foi escandalosa do outro lado da linha e o suficiente para deixá-la com tímpano zunindo pelo resto da manhã. Villanelle continuou andando em direção ao interior do edifício, ignorando todos os acenos e “bom dia” que recebia pelo caminho. Estava levemente atrasada e tinha a certeza de que Carolyn ficaria no seu pé pelo restante do dia.
“Eu e papai vamos passar aí mais tarde para almoçarmos. Como anda o seu mandarim?”
“Tão excelente quanto o seu coreano, pirralha. Eu preciso ir, Irina. Só me avisa quando estiverem chegando. E Sai do banheiro e volta para a sua aula!”, provocou de volta enquanto continuava o trajeto.
Villanelle saiu do elevador já atravessando as portas de vidro da recepção da V.A Arquitetura & Engenharia, cumprimentou brevemente as duas recepcionistas e seguiu para a última sala do corredor. Sua empresa ocupava dois andares inteiros do prédio, o 24º e o 25º. O primeiro era composto pela contabilidade, recursos humanos, departamento pessoal e com um espaço reservado para a parte de paisagismo e design de interiores. Continha também uma sala de reuniões e exposição de maquetes. O segundo era onde ficavam as salas de Villanelle e Carolyn. Havia um espaço ainda maior de reuniões e apresentações. No 25º ficavam os engenheiros e os arquitetos, cada um com suas respectivas salas e materiais de trabalho.
A loira cruzou o corredor acenando para seus funcionários, vez ou outra bisbilhotando os projetos que estavam à vista. Carolyn lhe daria um resumo de cada um ao longo do dia, desta forma ela estaria inteirada da evolução deles – tanto em aspectos técnicos quanto ao relacionamento com os clientes. Passou pela porta dupla se deparando com a silhueta conhecida de sua ex-professora - e hoje mentora – observando Londres nublada pelos vidros escurecidos do escritório. Sua atenção foi cortada para o característico copo de café lhe esperando, como Carolyn fazia todas as manhãs.
“Bom dia, Martens.”
“Você está atrasada.”
“Não diga, Sherlock?!”
Ela rodeou a enorme mesa quadrada já ligando o computador, desfazendo-se da bolsa de grife, abrindo os dois botões do paletó bordô e se jogando na cadeira cromada acolchoada e revestida de couro legítimo.
A decoração da sala era minimalista e monocromática: móveis pretos com detalhes em cromo contrastando com as paredes impecavelmente brancas. A mesa de Villanelle era um quadrado perfeito com uma pedra de mármore escura e com três gavetas de cada lado. Em cima do mármore estavam o telefone, dois monitores, um notebook, um tablet, porta-retrato contendo a foto dela com Irina e Konstantin no Natal do ano passado, duas luminárias e uma miniatura da Torre Eiffel. Pelo ambiente podiam-se ver prateleiras com livros dos mais diversos autores, desde filosofia até história em quadrinhos. E havia algumas plantas/projetos emoldurados – todos assinados por Villanelle. Mas a sua mais recente aquisição era um quadro com a figura do Elton John devido à sua súbita obsessão com o cantor.
A sala também contava com um banheiro privativo e um anexo. Este sendo a saleta onde Villanelle passava horas planejando, desenhando, traçando. Era compacto, mas com espaço suficiente para uma mesa-prancheta, uma minúscula escrivaninha com uma mesa digitalizadora e todos os materiais necessários para elaboração de projetos.
“Peel desmarcou mais uma vez a reunião. Mas ele quer saber se as mudanças foram feitas.”
Carolyn lhe informou ainda sem tirar os olhos da janela. Villanelle exasperou de forma exagerada na cadeira. De longe, Aaron Peel era um dos seus clientes mais chatos e exigentes com quem a russa teve o desprazer de trabalhar. Não precisa ser muito esperta para notar que o sujeito tem um ego mais alto do que o Empire State, e acha que todos ao seu redor devem se curvar para ele só porque o babaca é CEO de uma das maiores empresas de desenvolvimento tecnológico atualmente, a Pharaday. O que Peel não esperava era que Villanelle tinha um ego tão grande quanto seu e em seu território – no escritório – quem manda é ela. A russa fazia o que estava possível para adaptar as exigências e mudanças bruscas do projeto inicial, mas o sujeito tinha epifanias a cada dois dias.
Ainda estavam em processo de finalização da planta da nova sede da Pharaday e pelo modo como as coisas caminhavam, Villanelle suspeitava que ela teria muitas modificações para fazer antes de chegarem a um consenso.
“Vou trabalhar nelas hoje à tarde. Quanto ao resto? Mais alguma dor de cabeça que eu preciso ser informada?”
“Ainda estou finalizando a lista de empreiteiras para futuros contratos, já que não renovaremos com algumas esse ano. Consegue analisá-las até sexta, Villanelle?”
A loira cruzou os pés em cima da mesa, exibindo o par de Louboutin exalando certa satisfação pessoal. A movimentação chamou atenção de Carolyn, que finalmente se virou para fitá-la com a mesma inexpressividade tediosa de sempre. Era por isso que Villanelle gostava tanto dela, desde a época da faculdade. Carolyn não era forçada tentando transparecer interesse ou qualquer máscara para se adaptar ao meio. Era bem claro que a coroa estava de saco cheio da porra toda e que só dava aulas por obrigação. A falta de filtro e sinceridade brutal foi crucial para que a loira a escolhesse como orientadora do projeto final do curso.
E mesmo aposentada e trabalhando com ela, Villanelle ainda consegue ver que a coroa continua de saco cheio da porra toda, porém a única jovem inconseqüente que ela tem que aturar todos os dias é a própria Villanelle. Era um relacionamento/amizade que dava certo, pois ambas eram desapegadas e com um modo de pensar bem parecidos. A perspicácia de Carolyn fascinava Villanelle e a inteligência de Villanelle fascinava Carolyn.
“Depende. Quando você vai me apresentar para as suas amigas? Já faz um tempo que eu não-”
“Oh Deus. Lá vamos nós...”
“... como uma mulher madura. E você sabe que as experientes são as minhas favoritas, Martens.”
“Nem são dez da manhã, Villanelle. Você tem até sexta para analisar a lista.”
A mulher mais velha deu meia volta já se encaminhando para a porta.
Viu? De saco cheio da porra toda.
A loira sorria mais atrás, na mesma posição, observando a saída dramática dela.
“Lembre-se de que eu gosto mais das casadas! Adoro destruir um casamento, Carolyn!”
***
Um dos seus passatempos favoritos era se comunicar com Irina em diversos idiomas na presença de Konstantin. Era divertido vê-lo perdendo a paciência gradualmente por ser excluído da interação. Às vezes ela e a prima nem estavam engajadas numa conversa propriamente dita, só estavam xingando uma à outra ou falando obscenidades em quatro línguas diferentes.
Essa era uma dessas situações. Irina e ela estavam devorando a sobremesa, presas no próprio mundinho delas e competindo entre si para ver quem conseguia falar a frase com a maior quantidade de palavrões possível. Enquanto isso, Konstantin desfrutava do seu café com uma feição de poucos amigos ao lado da filha, visivelmente incomodado com o que ocorria.
“Villanelle, você vai precisar de alguma ajuda com o restante da mudança hoje?”, ele tentou.
“Shh, rabugento. Não seja mal educado. Não vê que eu estou numa conversa séria com a pirralha?!”
“É pai. É falta de educação.”
O coroa resmungou baixo em russo arrancando risadas das duas figuras femininas.
***
O seu dia só começava, de fato, após o almoço. Antes disso era só a obrigação de levantar da cama e passar as manhãs no escritório respondendo email e absorvendo os relatórios diários de Carolyn acerca da saúde da empresa e dos projetos em andamento. Por volta das duas da tarde, Villanelle já não se encontrava na grande sala e a sua presença só seria vista caso tivesse alguma reunião marcada com os chefes de departamento. A loira se escondia no cubículo anexo de sua sala debruçada sobre a mesa-prancheta traçando, calculando e detalhando projetos. Carolyn sabia que ela não gostava de ser incomodada nesses momentos, só se mostrava disponível em casos emergenciais.
Ali, naquela saleta, era a zona de conforto de Villanelle. Um terreno que conheceu ainda pequena, com traços bagunçados e abstratos. O desenho sempre lhe acompanhou, era uma válvula de escape para uma pessoa que nunca soube expressar bem o que sentia, mas que conseguia transparecer num pedaço de papel com alguns rabiscos.
Acabou virando um hábito. E o hábito se tornou um dom. E o dom virou algo promissor. E descobriu que montar plantas vem atrelado com uma série de desafios, e não há nada mais excitante para Villanelle do que um desafio. Então por mais que clientes como Aaron Peel sejam insuportáveis, adequar as exigências deles é só mais um desafio a ser superado. Afinal de contas, Villanelle Astankova já tem uma reputação no ramo por justamente fazer qualquer coisa possível sob a sua supervisão.
O movimento da porta se abrindo a fez erguer os olhos e retirar os fones de ouvido – Crocodile Rock estourando nas almofadas -. Viu Carolyn parada lhe olhando incisiva.
“Já são quase sete da noite. O hotel ligou querendo saber que horas você vai passar lá.”, ela a informou tomando a liberdade de adentrar mais no seu mundo.
Villanelle girou a cadeira e olhou para a única janela do cômodo vendo que já havia anoitecido. Verificou o celular só por garantia. E o visor lhe mostrou o 07:14pm.
“Mais alguém ligou?”
Ela negou.
Com certeza ligaram, mas Carolyn lhe daria essas dores de cabeça na manhã seguinte. Agradeceu internamente por isso.
“Termine isso amanhã. Você tem uma casa recém-reformada e recém-mobiliada te esperando, Villanelle. Aproveite.”
Pensou em soltar uma piada ou provocação, mas então notou o quanto estava mentalmente esgotada. Às vezes a sua necessidade de perfeccionismo drenava toda a sua energia. São horas analisando cada detalhe da planta e visualizando variáveis positivas e negativas do projeto. Decidiu responder apenas com um leve aceno para a mulher mais velha. Despediram-se em silencio.
***
O relógio marcava 09:37pm quando o Audi TT Roadster prateado cruzava a vizinhança de classe média. Os dois lados da calçada com casas de dois a três andares, todas cercadas e com os respectivos carros estacionados nas garagens. Boa parte com as luzes acesas no interior delas, alguns latidos podiam ser ouvidos misturado com choros de bebês e gritos de crianças.
Diminuiu a velocidade ao identificar aquela que seria a sua residência pelos próximos meses. Ela se destacava das demais por causa da reforma, aparentando estar recém-construída. Era uma casa com fundação, dois andares, um pequeno jardim recém-plantado rente às cercas da varanda do primeiro andar. Era fechada com cercas médias e com uma garagem de anexo com espaço para dois carros. O primeiro andar era composto de uma sala de estar, sala de jantar, cozinha e banheiro. No segundo andar ficavam os três quartos, sendo um deles a suíte máster – esta ficava no fundo com uma visão do bosque que rodeava a vizinhança. A suíte era o único cômodo do andar superior com uma sacada. Além dos três quartos ainda havia uma pequena sala que Villanelle tinha transformado numa compacta biblioteca. Os dois quartos adjacentes tinham se tornado escritórios – um para desenho – e outro com um computador e documentos. O quintal contava com uma churrasqueira e uma piscina devidamente coberta com a lona, além de um portão que dava para o bosque.
A russa acionou o controle da garagem e estacionou o conversível. No banco de trás estava a última mala da mudança. Ela podia entrar pela porta da garagem que fazia conexão direta com a casa, mas qual seria a graça? Estava oficialmente se mudando e isso merecia uma entrada triunfal pela porta da frente. Portanto, saiu da garagem com mala logo atrás já seguindo para os degraus da varanda.
“Hey! Oi!”
Villanelle se virou em direção à voz e olhou para a casa ao lado. Identificou uma silhueta de estatura baixa, levemente agasalhada, com traços orientais e claramente segurando uma xícara de chá. A mulher sorria de forma contida e acenava timidamente da varanda da própria residência.
“Bem vinda! Sua casa ficou bonita depois da reforma.”
Ela abriu a boca para responder, mas a resposta morreu na garganta quando uma segunda voz surgiu no interior da casa da baixinha oriental, mais grossa e abafada. Não teve muito tempo de absorver todas as características de sua vizinha, pois no instante seguinte a mulher lhe virava as costas – “Rude!” – e voltava apressada para dentro de casa.
A última coisa que Villanelle reparou era que ela tinha um cabelo ondulado e volumoso espetacular.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.