Jaspe não dirigia, para a surpresa de absolutamente nenhum de seus familiares. Elu era um desastre toda vez que era colocade no controle de qualquer veículo e tinha pouco respeito por leis e normas desde que elu tivesse certeza que poderia se safar sem matar ninguém no processo. Portanto, elu não dirigia. É claro que isso costumava ser um problema, ter que se movimentar pela cidade numa bicicleta ou um skate enquanto haviam literais prêmios colocados pela sua cabeça era um risco constante, principalmente quando havia uma criança envolvida.
Por isso, Amity sempre ficava impressionada com a tranquilidade que elu esbanjava enquanto caminhava pelas ruas, cabeça erguida e braços cruzados atrás das costas, os olhos escondidos por trás dos óculos escuros, sua fotossensibilidade lhe obrigando a proteger suas pupilas da melhor forma possível. Elu era, na visão da prima, a imagem do poder, ume criminose sem medo de andar na rua, de retaliações, sem medo de perder o que tinha e sempre olhando reto, para frente. Era difícil, por vezes, compreender que essu era ê mesme garote que elu conhecia desde pequene, aquelu que se encolhia por trás dê pãe e evitava olhar no rosto de todo mundo, que focava no chão ou em qualquer ponto aleatório enquanto conversava, ou sequer aquelu que, com tanta tristeza no olhar, se isolava nos poucos encontros de família em que fora convocade, acariciando a própria barriga grávida e murmurando palavras de dor para si mesme.
Elu não parecia mais quebrade, carregava consigo a força e energia de uma onça pintada, também com ela o ar sedutor de alguém que sabe seu valor. Isso Amity invejava, elu sabia demonstrar ao mundo os mesmos sentimentos, convencer a todes que era muito mais do que algum dia sequer se dera crédito de ser, sabia imitar os jogos sociais que lhe rodeavam, aprendera a arte da manipulação com sua mãe, mesmo que ficasse enjoada toda vez que pensasse na origem de suas habilidades. Fora somente depois de alguns bons minutos que algume delus decidira se pronunciar.
- Amity, Amity - Ê mais velhe cantarolara, retirando-a de seus pensamentos.
- Sim, Jas Jas? – Ela inclinara a cabeça pro lado, concentrando o olhar nelu, seguindo o script que conhecia como a palma de sua mão.
- Eu sei que já disse isso, mas eu também sei que costumo reiterar bastante as coisas e não adianta lutar contra isso – Elu suspirara, o fato delu não ter continuado a canção aparentemente doendo tanto nelu quando na mais nova. - Vocês precisam conversar
- Eu sei – A Blight assentira, abraçando a si mesma. - Eu tô trabalhando nisso
- Mas você não deveria trabalhar sozinha – Elu a olhara dessa vez, as mãos ainda firmemente colocadas em suas costas, encaixadas na curva de sua coluna criada por um provável caso de lordose não diagnosticado. - Você tem seus irmãos, suas amigas, converse com elus primeiro, se abra de verdade pra pessoas que você sabe que vão estar aqui pra você antes de tentar se abrir pra alguém a quem você teme
A mente da ruiva parara por um certo momento, processando as palavras que acabara de ouvir.
- Onde você aprendeu a ter tanta maturidade emocional? - Ela respirara fundo, sabendo bem que isso não viera do seio familiar dês dues.
- Em parte, porque eu passei por coisas péssimas durante toda a minha breve existência nessa Terra – Jaspe rira, voltando a olhar para frente. - Em parte pelas pessoas que passaram por ela, aquelas que me ajudaram a crescer e aquelas que eu cresci por – Elu mantivera no próprio rosto um sorrisinho ao qual Amity não sabia exatamente como descrever, algo entre o orgulho e a mais pura admiração. - E em parte porque eu cresci assistindo Steven Universo
- Idiota – A Blight rira, dando um leve tapinha no ombro dê outre.
- Ai! - Elu soltara, exagerade, fazendo um pequeno bico de indignação. - Eu aqui tentando ajudar e você me tratando igual cachorro sem dono, os de verdade eu sei quem são
- Cite uma pessoa que te trata bem – A ruiva rira.
- Meu filho e minha namorada! - Elu mostrara a língua. - Deuses, eu só me envolvo com criança que gosta de humilhar
- Jaspe, eu sou uma adulta – Amity sorrira, assistindo ê mais velhe negar com a cabeça.
- Meus deuses, eu tô velho pra cacete, parece que foi ontem que eu larguei a família, casei com uma mulher linda, adotei não oficialmente dois pirralhos, me juntei ao tráfico, perdi a mulher, pari uma criança e tomei o poder de metade da cidade - Elu passara uma das mãos no cabelo, clicando a língua contra o céu da boca. - Um desastre
- Como você pode ter uma vida tão interessante? - Ela negara com a cabeça. - Eu só me consegui trauma nesse meio tempo
- Pelo menos a sua pessoa especial você tem chance de conseguir de volta, a minha tá morta e enterrada - Ê Blight mais velhe abrira um sorriso enorme ao perceber a completa indignação da mais nova.
- Jaspe, pelo amor de de-
- Amity! - Uma nova voz interrompera a fala da garota, que logo fora envolvida pelos braços da irmã mais velha. - Eu vou te matar!
- Em! - Ela dera dois tapinhas nas costas da mais velha, sinalizando para que ela lhe soltasse antes que a mais nova realmente fosse de base.
- Como assim você decidiu dormir na casa dê prime sem avisar ninguém? - Emira cruzara os braços, claramente indignada. - Eu quase morro de preocupação se essa praga não tivesse avisado
- Eu sou responsável - Ê garote dissera com orgulho antes de se virar, acenando com a mão brevemente. - Lida com os teus rolê, priminha, e não se esqueça do que eu te falei, byeeeee
Amity não respondera, voltando a focar os olhos na irmã, as palavras de Jaspe reverberando pela sua cabeça. Não havia ninguém no mundo que ela confiasse mais que seus irmãos e ela precisava conversar com alguém, precisava encontrar formas de resolver essa bagunça.
- Em... a gente precisa conversar – Ela murmurara, recebendo um olhar confuso e preocupado como resposta. Não tardara para que a mais velha assentisse.
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