Ora, era óbvio que ela saberia!
Loren era perfeita aos meus olhos.
Era uma perfeita religiosa, era perfeitamente educada, inteligentíssima, lia um livro por semana, no quesito bruxa era perfeita também, sabia muita coisa da qual conseguia fazer, sabia muito mais do que eu, reconhecia as magias, sabia diversos encantos, percepção mágica incrível — muito boa, mas eu tinha algumas amostras de ser a bruxa central, mas conversaremos sobre isso mais tarde — e um espetáculo no que se diz de aparência.
E ela percebeu, é claro.
Perceberia de longe, a quilômetros.
— Não gosto disto! — Disse ela — Sabe o porquê.
Reviro os olhos.
Puff… Loren é tão ultrapassada!
ISSO!
Já posso começar a lista de suas imperfeições!
Mas iria falhar miseravelmente. Dentre tantas perfeições quem se importaria com um pequeno defeito?!
Suspiro.
— Por que Millie não poderia ficar com ele, Loren? — Perguntou Sadie — Seria tão romântico! — Sua voz já transparecia estar sonhadora.
Ri de Sadie. Eu a adorava! Sadie era a nossa parte sonhadora em uma só. Era tão doce. Me perguntava em como seria Sadie irritada. Tão calma, nunca a vira brava. Era a definição de leveza.
Totalmente oposta a mim.
— Eles são seres traiçoeiros! Completamente sem vida! — Brandou Loren — Só sentem sede! Irão te matar quando bem entenderem e quererem!
Sadie franziu o cenho e parecia pensar.
Voltei o meu olhar à Loren.
— Não acha que está levando isso longe demais, Loren? — Perguntei.
— Não, Millie, — Disse brava — eu que está totalmente encantada pela fera! Não duvido que se apaixone!
Olhei-a horrorizada.
—Loren! — Chamei sua atenção — Por mais que seja errado aos seus olhos…
—E aos de quem pensa racionalmente… — interrompeu-me.
Respirei fundo.
—Eu o conheci ontem! Sei que é perigoso, mas eu sou uma dama! Não é normal apaixonar-me tão fácil, seria no mínimo deselegante!
Ela virou para o meu rosto e parecia prestes a chorar.
—Aaah, Millie! — Disse sentando-se ao meu lado na cama e pegando em minhas mãos — Prometa-me que irá tomar cuidado! — Assenti — Não caia em sua conversa! Por favor! — Disse fazendo força para respirar — Oh, eu acho que morreria se algo acontece à alguma de vocês!
E me abraçou.
Eu encontrava o carinho que mamãe não havia nos dado em Loren.
Eu não iria mentir em falar que a amava. Porque realmente era verdade.
Assim que desfizemos o abraço, sorri fraco para ela que retribuiu, mas logo cessou.
Franzi o cenho.
E me senti a pessoa mais egoísta — pela segunda vez, parabéns para mim! — do mundo. Não perguntei nada a ela sobre o seu casamento. Era uma completa desnaturada.
—Está tudo bem, Loren?
—Claro que sim! Por que não estaria? — Refez o sorriso em um passe de mágica.
—Oh, Loren! Sinto muito! — Eu disse.
Ela abraçou-me pela segunda vez naquela madrugada. E eu apertei-a forte.
—Millie, você não sabe o quanto ele é horrível! — Disse desesperada.
—Eu sei, Loren… — Eu disse calma — Ele é um horror!
—Disse-me que me mataria se o envergonha-se em qualquer ocasião.
Abracei-a mais forte ainda.
Era o Jacó sendo ele mesmo. Sempre fora uma pessoa vazia. Nunca havia gostado de sua pessoa.
Era só uma diversão… Mas não é assunto de agora.
—Pois bem! Por que não dormem aqui comigo? —Perguntei.
Elas concordaram sorridentes. E apagamos a vela da qual elas haviam acendido para me acordar.
Sadie encostou a cabeça na minha pelo meu lado direito e Loren deitou com a cabeça em meu ombro pelo lado esquerdo, olhando o luar.
E nesse momento, mais do que nunca, eu vi que éramos só nós três no mundo. Mesmo que houvesse outras bruxas, elas não eram as bruxas Leroux, nem faziam ideia de nosso estilo de vida.
Estávamos sozinhas. Apenas nós. Mais ninguém.
Acordei no meio da noite, mas minhas irmãs já não se encontravam ao meu lado.
Mas havia mais alguém lá. Estava por baixo dos panos que cobriam meu corpo aquecido.
Eu usava uma camisola quase transparente. Era de seda rosa. Era muito leve, não sentia que estava usando-a.
Eu estava debruçada na cama, olhando o luar que banhava Notre Dame quando percebi que algo a mais estivera na minha cama.
Senti um hálito passar pelas minhas pernas e ao chegar nas minhas costas beijando-as.
Receosa, olhei para trás em trocas de explicações.
Um cabelo negro e cacheado, presos em um rabo de cavalo, envolvia a cabeça que beijava-me.
Ele desviou sua atenção de minhas costas e olhou-me.
Era Finn.
Senti um arrepio percorrer-me.
Estivera em cima de meu corpo, agora, beijando o meu pescoço.
Parou e foi ao meu ouvido.
—Minha.
Amoleci mais do que era permitido amolecer.
Beijava-me mais feroz do que antes.
Saiu de cima de mim e virou-me.
Eu estava presa em seus braços. Os mesmos sustentam todo o peso de meu corpo, que, pende para trás.
Eu poderia-me julgar nua. Mas aquilo não era de tão mal naquele momento.
Cheirava os meus ombros e pescoço, parecia querer me ter para si de qualquer custo. Seu nariz subiu de meu pescoço a minha boca, a qual passou um dedo.
Sua mão segurou um lado de meu rosto e aproximou o seu.
E beijou-me.
Era um beijo forte. Cheio de saúde.
Eu era só sua.
Ele desfez e me colocou sentada na cama enquanto descia até o meu ventre.
E…
OH, FINN!
—Millie?! Millie! — Disse uma voz distante.
Abri os olhos, estranhando a quase claridade.
Sadie e Loren estavam me olhando de cima.
—Millie acorde! Está gemendo! — Disse Loren.
Me sentei na cama, vendo que tudo aquilo era apenas um sonho.
— O que estava sonhando? — Disse Sadie transparecendo malícia.
Olhei-a feio.
—Eu não estava sonhando. —Menti.
Mas Loren percebeu.
Suspiro.
—Millie?! Estava sonhando com ele? — Perguntou preocupada.
Olhei-a em dúvida.
Dizia a verdade ou não.
De qualquer forma ela perceberia, então;
Assenti olhando para a coberta que cobria-me.
Ela gemeu em preocupação.
—Oh, não! Millie, ele está te perseguindo! — Disse ofegante.
—Como assim? — Perguntei com as sobrancelhas unidas.
—Eles podem entrar em seus sonhos, Millie! Isso não é legal! —Disse sofredora — Quer dizer que ele tem te desejado!
Revirei os olhos.
—Loren, acalme-se! Ele não é louco de se condenar para o resto da vida apenas por uma bruxa de dezesseis anos!
Ela olhava-me franzindo a testa.
Logo depois de discutirmos sobre, fomos dormir de novo, e desta vez, não fui levada a Finn.
Já era tarde, domingo quieto, sem muitas novidades.
Suspiro.
Se ao menos o visse em um presságio, seria muito mais interessante.
Era o que eu queria, pelo menos.
Estivemos na igreja naquela tarde.
Mas com meu dom, pude perceber que algo estava estranho. Uma energia diferente.
Estava, gelado, por assim dizer.
Minha pele cálida levantou as minhas pestanas hastearam junto a um arrepio que percorreu pela minha espinha.
Vampiros.
Olhei ao meu redor ao estar sentada no banco da catedral enquanto todos rezavam.
Na primeira fila do lado esquerdo da catedral, ficava algumas pessoas que eu conhecia.
Estava dois garotos da festa e ao lado, estava Noah.
Eu já tinha tirado as conclusões de que Noah seria um vampiro também. É claro, estivera bem na minha frente o tempo todo.
Eles, por mais estranho e assustador que seja, rezavam. Todos com as mãos juntas, recitando junto ao padre a reza.
Puff… Parecia piada.
Se bem, que seria piada eu rezar também, então vamos esquecer isso.
Franzi as sobrancelhas.
Noah disse-me que Finn estivera ajudando a todos, o que eu sincronizei com o acaso de Finn conversar com meu pai e PAM!
Cheguei a conclusão de que Finn provavelmente estava prestando serviços à igreja.
Suspiro…
Modéstia parte, eu era um gênio, pois o vi um pouco depois no andar de cima da catedral, que, era como sacadas, era apenas um fino corredor em volta da catedral.
Ele estava com uma roupa mais clara que o normal e olha só…
Estava rezando de olhos fechados, quieto e com as mãos juntas.
Parecia crer tanto naquilo.
Isso deixou-me em dúvida.
De acordo com Loren, vampiros eram criaturas mortas e sem sentimento algum, só estavam na terra para cumprir com seus prazeres, vivam apenas por isso e não ligavam para nada.
E o prazer, instantaneamente, seria desfazer a sua sede, creio eu.
E então, por que ele estaria rezando?
Complicado de ser entendido, presumi.
O padre encerrou a primeira reza e ditou um comunicado.
Nada importante.
Mas Finn encontrou-me.
Olhei em seus olhos e ele sorriu e logo depois voltou seus olhos ao padre.
Teria percebido que eu estivera te encarando?!
Quando voltou os olhos ao padre, seu sorriso não cessou, ainda sorria.
Suspiro.
Ah, ele é um espetáculo.
—Millie?! Preste atenção! — Loren disse baixo.
—Loren, ele está aqui! — Respondi no mesmo tom.
Ela arregalou os olhos.
—Bem que eu tinha me sentido estranha, achei que era frio.
Franzi as sobrancelhas.
E ele ainda sorria.
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