História Caos - Único

Eu já admiti,

que eu não sei mais partir...

— O quê estamos fazendo? — Ele me perguntou enquanto estávamos em sua cama, como sempre.

Eu gostaria de ter uma resposta para o questionamento de Jouta, porém, me faltam palavras ou desculpas o suficiente para isso. Honestamente? Também não sei porque estamos nos levando para esse rumo novamente.

Fiquei em silêncio, delineando a tatuagem de asas em suas costas nuas.

— Eu não sei.

Tudo começou a alguns meses atrás quando nos encontramos em um show. A banda dele estava se apresentando, tocando uma música de autoria própria que chamou a minha atenção.

Como um ímã, nossos olhos se encontraram e não se dispersaram pelo resto da noite até ele parar de tocar, descer do palco e vir em minha direção.

Lembro que não foram necessárias palavras, porque assim que tivemos oportunidade, nos beijamos. Perdi meus dedos por seus cabelos, deixei que meus lábios se moldassem aos seus.

Seus dedos calejados pelo baixo que toca com tanto apreço me seguraram pela cintura, me arrancando um suspiro pesado nas pausas dos nosso beijos.

— Muito prazer, Jouta Kakyoin Kujo. — Você sussurrou, me olhando e sorrindo de canto.

— Domenico Pucci. — Respondi no mesmo tom, com meus lábios próximos a sua orelha.

Você segurou minhas mãos, me puxando para fora daquele lugar.

E de bar em bar

Qual é o meu lugar?

Se eu me solto, você me arrasta...

— Para onde vamos? — Questionei. Ele parou, se virou em minha frente e me beijou novamente.

— Confia em mim. — E assim eu fiz.

Confiei tanto que não consigo mais parar. Se eu soubesse, tivesse consciência que iríamos nos perder tão fácil um no outro, talvez não tivesse ido com você naquela noite.

Porque eu não sei mais parar de te ver.

De uma noite, passamos a nos encontrar gradativamente. Uma casualidade que se tornou uma rotina, nos víamos quase todos os dias e eu percebi que aquele era meu fim, porque o tom dos seus olhos se tornaram a minha cor favorita.

E eu quis que fosse uma vez só, que ter você não virasse uma necessidade particular, um egoísmo que gosto de ter para mim e em minha cama. Ainda que meu orgulho queira gritar para não te pedir para ficar, acabo cedendo mais uma vez.

Eu já me proibi

De pedir perdão, de me sabotar

De me arriscar, tentar me redimir...

— Por que continua me chamando para vir aqui? — Se levantou, parando em frente a minha janela e acendendo um cigarro. — Por que insistir em algo que não sabemos se pode dar certo?

Respirei fundo, soltando o ar devagar sem parar de observá-lo.

Levantei da cama, me aproximando e parando a poucos centímetros de distância dele. Por longos segundos, fiquei em silêncio apenas observando o quão lindo ele é. Por mais que essa seja a primeira vez que esboço algo além de um desejo carnal por alguém, não estou mais tão assustado como antes.

Porque dessa vez parece certo, até demais.

— Porque eu cansei de manter a minha paz, Jouta. Fazia tanto tempo que não encontrava alguém para me bagunçar dessa forma. —  Ele apenas riu de canto, segurou em minha cintura e me encarou.

— Eu sou um caos, Domenico. — Seus lábios começaram a se aproximar dos meus, parando a poucos milímetros de distância

— Eu gosto do caos que você me traz, Jouta. — E cansado da distância mínima entre nós, eu o beijei.

Realmente não sei onde estamos ou se isso que temos — e podemos chamar de relação — dará em algo, porém, quero arriscar. Quero me perder mais vezes em seu corpo, beijar suas tatuagens e olhar em suas tatuagens. De fato, ele é um caos; bagunçou minha rotina e sentimentos facilmente, e mesmo assim, quero continuar arriscando me perder para encontrá-lo.

Mais uma vez e em mais uma noite.

E agora eu não quero mais

Manter a minha paz

Eu gosto do caos que você me traz.