1993
Sinto a dormência em meu corpo quando me forço a levantar. Minha cabeça dói e mal consigo abrir os olhos devido a claridade. Esfrego os rosto na tentativa falha de acordar e olho em volta. O quarto continuava uma bagunça, roupas espalhadas pelo chão, pratos de comida... Eu não me importo. Vou até o banheiro e tomo um banho de água fria. Depois, checo o relógio e vejo que estou quase 20 minutos atrasado para escola. Visto minhas roupas escuras e desço desanimado até a cozinha.
— Que merda você ainda está fazendo aqui, Finn?! — Meu querido irmão, Nick, pergunta irritado do sofá.
— Eu perdi a hora. — Dou de ombros.
— Perdeu a hora? Igual nas últimas dez vezes?!
— Relaxa, Nicholas. — Pego a mochila que estava encostada ao lado da porta.
Eu consigo ouvir ele resmungar alguma coisa quando saio na rua mas não dou importância. Pego a bicicleta e pedalo pelas ruas de Seattle até chegar na escola. O pátio já estava vazio pois as aulas já haviam começado.
Ando pelos corredores vazios até chegar na sala. Bato na porta e o professor a abre bufando.
— De novo, sr. Wolfhard? — Abaixo a cabeça enquanto concordo. — Entre em silêncio.
Ignoro os cochichos em minhas costas enquanto vou me sentar na última carteira.
Consigo os olhares de Caleb e Gaten em mim durante toda a aula, simplesmente ignoro e me concentro em rabiscar o caderno.
Eu não percebo quando o sinal bate e menos ainda que já estou sozinho na sala.
Junto minhas coisas desorganizadamente e as jogo dentro da mochila. Caminho até a porta da sala mas não antes de o professor me parar.
— Sr. Wolfhard, eu gostaria que você passasse na direção, por favor.
— Por que? Eu fiz alguma coisa?
— A diretora só quer conversar. — Suspira e sai da sala.
Volto aos corredores sentindo os olhares maldosos caindo sobre mim. Bato receoso na porta e sou respondido com um “Entre”. Vejo Nick sentado em uma das poltronas enquanto balança a perna.
— Está tudo bem? — Pergunto encolhendo os ombros.
— Sente, Finn. — Meu irmão diz impaciente. Assim o faço.
— Eu chamei seu irmão aqui para falar sobre suas notas e os atrasos excessivos. — A diretora fala ajeitando seus óculos. — Nós já toleramos isso por quase dois anos.
— Eu sei. Não vai se repetir. — Murmuro.
— Espero que não. Mas, para garantir que você se saia bem nesse ano e consiga se formar, eu e seu irmão achamos melhor você fazer algo extracurricular.
— Extracurricular? — Franzo o cenho.
— Sim. Aqui está uma lista do que você pode fazer para ajudar nas notas. — Ela me entrega uma filha de papel.
Tinham esportes, teatro, clube de matemática... Nada que realmente chamou minha atenção. Aos 17 anos eu tinha certeza que não tinha nenhum talento. Não era bom em futebol, não sabia desenhar, e era terrível em matérias de exatas.
— Hum, eu não... Não me identifico com nada disso. — Falo.
— Você gosta artes, não gosta, Finn? — Meu irmão pergunta.
— Sim, mas... — Dou de ombros.
Nick revira os olhos claramente irritado por estar ali.
— Finn, nós temos um grupo que vai semanalmente no hospital municipal para animar as crianças. — Da um sorriso. — Eles vão lá semanalmente para conversar com elas. Você pode se juntar ao grupo.
— Hum, crianças? Eu não sou muito bom com-
— Ele topa. — Nick me corta.
Eu olho de sobrancelhas arqueadas.
Deus, isso é necessário? Eu só queria voltar para casa.
— Ótimo. Você pode falar com Noah Schnapp, ele vai te explicar sobre as visitas e vocês podem combinar o que vão fazer.
— Obrigado, sra. Buono. — Nicholas se levanta e me puxa pelo braço até o corredor. — Você tem noção do que faz, Finn?! — Sussurra irritado. — Suas notas estão péssimas, faculdade nenhuma te aceitaria!
— Elas não estão assim tão ruins. Eu poderia recuperar. — Mexo o pé ansioso.
— E seus trabalhos e lições de casa? Tudo atrasado! Finn! Você está assim a quase dois anos!
— Me desculpe por estar sofrendo pela nossa mãe, Nicholas! — Digo entredentes com a respiração cortada. — Vá para casa. — Puxo meu braço.
Começo a caminhar até o estacionamento onde havia deixado minha bicicleta. Eu levaria mais faltas, porém não conseguia mais ficar naquele lugar
— Finn! — Sadie me puxa pelo braço antes que eu chegasse lá fora.
Caleb, Gaten e Jack estão atrás delas parecendo desapontados.
— O quê? — Soo rude.
— O que você fez dessa vez, Wolfhard? — McLaughlin me questiona.
— Nada. — Bufo. — Posso ir agora?
Eles se entreolham. O garoto cacheado resmunga alguma coisa irritado.
— Até quando você vai ficar assim? — Jack pergunta.
— Hum? Você tá brincando comigo?
— Não. Faz dois anos!
— Como você pode dizer isso, Grazer?!
— Quer saber? Esqueça. Eu cansei de te ver afundar nesse abismo que você chama de vida. — Solta uma risada irônica antes de marchar para o outro.
— Ele só está preocupado com você. — A ruiva tenta explicar.
— É, sei. — Olho irritado para os três antes de sair.
Pego a bicicleta e pedalo rapidamente para casa ignorando as lágrimas acumuladas em meus olhos.
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