Ato 2: O agora.
Cena 00
O homem andou pelos corredores de cabeça baixa, sob os olhares que lhe julgavam, sob as ameaças de morte, sobe a humilhação e a culpa.
Aquele rapaz, o tal loiro com tatuagens no pescoço, que vivia com um cigarro preso entre os lábios, não estava lá para o julgar. Isso fazia doer menos, mas não fazia parar de doer.
Foi embora, sem deixar rastros.
Era hora de começar de novo.
Cena 01
Três copos vazios sobre a mesa, um caído, deixando o pouco de líquido que ainda continha escorrer pela mesa.
-Mais um!
O homem de cabelos castanhos disse animado, e agora eram quatros copos vazios sobre a mesa. Todo o ar estava repleto de fumaça, branca e cinza, um cigarro entre seus lábios e outro entre os lábios de seu amigo que parecia muito mais alterado que si mesmo.
O mesmo homem de cabelos castanhos, olhos cansados e pele levemente morena, afundou-se mais no sofá, observando o quinto copo de bebida em sua mão, fez o líquido girar de um lado para o outro algumas vezes, e virou tudo na boca, deixando um pouco escorrer pelo canto dos lábios, e um pouco cair em sua mão.
Respirou fundo, sendo obrigado a encarar seu amigo afagar o namorado que já dormia no sofá, ignorando o forte cheiro de diversos tipos de cigarros no ar.
-Foda-se...
Disse para si mesmo antes de levantar do sofá e andar pelo pequeno apartamento velho com dois sofás e nenhuma cadeira até seu quarto ainda mais velho, com uma cama e nenhum armário.
Cena 02
Seis homens, acertam com chutes e socos o rapaz loiro no chão. Gritam palavras ofensivas como “viado” ou “monstro” e continuam a o acertar na área do estômago e da cabeça.
O nariz do rapaz já sangra, e um pouco também sai por sua boca, ele não ousa chorar, nem mesmo reclama, parece completamente alheio à surra que está a levar, seu cerebro parece ter sido completamente desligado.
Logo os seis homens se afastam do rapaz que continua atirado no chão, deitando-se de costas no chão sujo da rua, observa o céu enquanto lentamente começam a cair algumas gotas d'água contra seu rosto. A chuva torna-se mais grossa, o deixando completamente enxarcado, ao mesmo tempo que lava o sangue em seu rosto.
Cena 03
Mãos contra seu dolorido membro, não sabe se deve apertá-lo, ou apenas mover a mão.
Em sua mente apenas a imagem do loiro rapaz, que um dia tanto amou e desejou, passava e o marcava ainda mais, e o excitava ainda mais.
Nem mesmo a água fria do chuveiro parecia apagar o calor que sentia e que se apossava de todo seu corpo de uma só vez.
-Jaejoong...
Ele murmurou passando a mão mais uma vez por si mesmo, e apenas o som daquele nome já o fazia sentir como se estivesse a beira de seu ápice, que tanto era prazeroso quanto era assustador como estar olhando para baixo na beira de um abismo.
Cena 04
A janela do quarto estava aberta, em uma noite fria.
Uma mochila preta foi jogada por ela, seguida de um corpo que desceu pela parede em segredo.
Era doloroso dizer adeus àquela vida, era doloroso ter que evitar as consequências de ser tudo que era e o que queria ser.
Amava demais para deixar o tempo passar sem fazer nada, amava demais a si mesmo para fingir que poderia tudo ficar bem algum dia, e que poderia um dia esquecer de fato aquele que lhe ensinou mais do que algumas equações.
Não havia tempo para dizer adeus para todos que deixava para trás, só havia tempo de correr, atrás do tempo que já perdeu.
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