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História Casados por Dinheiro - Sozinha! - História escrita por Fehchann - Spirit Fanfics e Histórias
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História Casados por Dinheiro - Sozinha!


Escrita por: Fehchann e KookSammy

Notas do Autor


Demorei mais cheguei!
Gente me desculpem a demora, mas eu estava completamente sem tempo para nada. Nada mesmo. O trabalho está me sugando todo o tempo, estou tendo que trabalhar em casa, sinceramente é um saco, mas fazer o que essa vida de assalariada é complicado. Pois bem, estou atrasada com os comentários e com a fic e com tudo mais. Tentarei por tudo em dia, só tenham um pouco de calma. O capítulo está ENORME! Espero que gostem e preparem ps corações vão precisar.
Bora lá?Boa leitura!

Capítulo 24 - Sozinha!


Fanfic / Fanfiction Casados por Dinheiro - Sozinha!

-Quem aquele filho da mãe pensa que é para falar comigo daquela forma? Ele é um mimado filho de uma...

-Hinata...

Naruto me cortou pela milésima vez ao perceber que eu estava passando dos limites. Dane-se, eu estava puta da vida com o Sasuke e precisava xingar alguém e no caso o meu ouvinte era o Naruto.

-Você precisa se acalmar, essa sua raiva só vai te fazer mal.

-Você quer que eu faça o que? Ligue pro Sasuke e marque um jantar a luz de velas com direito a presentinhos?

Empurrei uma almofada para longe de mim encolhendo as pernas e abraçando elas. Eu queria ficar sozinha, mas ao mesmo tempo não queria ficar longe do Naruto. Ele era a minha paz naquele maldito inferno que o Sasuke havia me colocado.

-Qual sua atitude perante o fato ocorrido? Sabe que o que ele fez é crime não sabe?

Crime era pouco para nomear as atitudes do Sasuke. Ele tinha passado de todos os limites. Ele quebrou a confiança que eu tinha nele, acabou com sentimentos valiosos que eu nutria por ele. E acima de tudo ele acabou com o respeito que eu sentia.

Olhei para a janela do meu quarto vendo as pequenas luzes da cidade. Era mais de uma da manhã e eu ainda estava irada com o que tinha acontecido. Eu simplesmente não conseguia esquecer a filhaputisse que o Sasuke havia feito comigo.

-Eu não sei o que eu vou fazer. Contar pro Madara é o certo a se fazer, mas sei lá me sinto estranha ao pensar sobre isso.

-Melhor você deitar a sua cabeça no travesseiro dormir e pensar com calma. Vou fazer um chá pra você.

-Eu não quero chá,

Pulei da cama indo até o banheiro e voltando com um frasco na mão.

-O que é isso?

-Calmantes para dormir. Se eu não tomar um não sei o que serei capaz de fazer.

-Tem certeza que você precisa disso?

-Absoluta!

Peguei dois comprimidos colocando na boca e tomando água logo em seguida. Em breve ele faria efeito e eu esqueceria tudo que tinha acontecido. Não era um pedido era um suplica ou eu ficaria louca!

...

 

Eu estava preocupada. Não, na verdade preocupação era pouco para o que eu estava sentindo. Era manhã de sexta feira e Sasuke não havia voltado para casa. Eu esperei pacientemente a quinta feira inteira para que ele voltasse, ele me pediu para não esperá-lo, mas eu esperei feito uma idiota e nada. Acabei pegando no sono e acordando agora a pouco sem nenhum sinal dele.

Olhei o relógio da sala percebendo que ainda era muito cedo. Mas eu precisava de respostas. Disquei o número do Sasuke do telefone da sala esperando que ele me atendesse. Chamou, chamou, chamou, caiu na caixa postal. Nada! Será que ele tinha ido viajar sem me falar nada? Era algo típico dele, mas ele avisaria ou não?

Peguei a pequena agenda dentro da gaveta procurando o número da Hinata. Eu sabia que era cedo, mas eu ligaria mesmo assim. Chamou, chamou, chamou, ninguém atendeu!

Que diabos! Minha penúltima opção era o Naruto, ou eu ligaria pro Madara se isso não desse certo. Procurei o número dele discando logo em seguida. Chamou, chamou...

-Oi!

Quase gritei quando ele atendeu. Será que eu tinha acordado ele?

-Te acordei?

-Sakura?

-Sim, eu te acordei?

-Não, eu estou acabando de chegar em casa, estava com a Hinata o que houve?

-Naruto o que aconteceu com o Sasuke?

Ouve uma pausa muito dramática por sinal e Naruto pigarreou do outro lado da linha.

-Sasuke não está em casa?

Porque aquilo não estava me parecendo algo bom? Porque a sensação de que algo aconteceu ficava me incomodando e agora por sinal tinha piorado?

-Não. Por isso estou ligando, porque Sasuke não está em casa. O que houve?

-Bom eu não sei onde ele está, mas sei o que aconteceu.

-O que aconteceu?

Falei sentindo a minha voz tremular um pouco. Todas as possíveis e impossíveis ideias surgiram na minha cabeça. Algum acidente, uma fatalidade. Porque nesses momentos de suspense só pensamos no pior?

-Ontem Sasuke e Hinata tiveram uma briga feia no escritório, os dois se ofenderam mutuamente. Madara os afastou por tempo indeterminado. Creio que Sasuke deve ter ficado abalado assim como Hinata ficou, a briga foi das feias.

-Porque isso? Eu não posso acreditar que eles brigaram, os dois são inseparáveis.

-Inseparáveis até o Sasuke fraudar livros de contabilidade. Livros que Hinata toma conta.

A surpresa foi tanta ao saber sobre aquilo que sentei no sofá sentindo meu corpo todo estremecer e um frio se instalar bem no meio das minhas costas.

-Sasuke fez isso?

-Fez, e para piorar ameaçou a Hinata de todas as formas possíveis. Falou coisas horríveis. Hinata passou a noite toda em claro chorando e se culpando. Ela está péssima.

-Meu Deus! Como Sasuke conseguiu ir tão baixo da noite pro dia?! Eu não posso acreditar.

-Ganância Sakura, só posso pensar nessa palavra para descrevê-lo.

Um estalo repentino se deu na minha cabeça e me trazendo á tona a imagem daquele homem repugnante noites atrás.

-Naruto isso tem alguma ligação com aquele sujeito que esteve aqui?

-Eu ainda não sei Sakura, mas eu vou descobrir e mesmo que eu não descubra sei que a verdade virá à tona logo.

-Você sabe por que o Sasuke fez isso? Algum motivo deve ter obviamente.

-Estão desconfiando que ele comprou jóias raras contrabandeadas.

Meu corpo todo se arrepiou percebendo que o Sasuke tinha passado de todos os limites possíveis.

-Naruto isso é um crime...

-Eu não quero ser o Sasuke quando Madara descobrir.

-Hinata vai contar?

-Hinata ainda não sabe ao certo. Ela está muito abalada. Falei que era para ela esperar o lançamento da nova coleção, mas ela sequer me deu resposta.

-Mas e a coleção pode ser afetada por isso, caso ela conte?

-Creio que não. Ela não vai jogar a merda que o Sasuke vez no ventilador, a imprensa estará em peso no evento e isso seria a pior atitude que ela poderia tomar. Ela vai conversar com o avô longe de todos eu espero.

Se Sasuke não estava em casa, ele só poderia estar em algum hotel. Talvez pensando no que fez. Tentando se redimir de alguma forma assim eu pensava e esperava.

-Muito obrigada pela informação. Tenho que ir visitar meu pai, se você puder encontrar o Sasuke para mim...

-Dê um tempo para ele, ele vai aparecer mais cedo ou mais tarde. Ele está dando o seu showzinho.

-Queria que não fosse preciso ele se rebaixar tanto para alguém perceber ele.

-Sasuke sempre gostou de chamar a atenção, só que dessa vez ele fez merda. Eu vou dormir um pouco porque estou pregado. Conversamos mais tarde, qualquer coisa pode ligar.

-Muito obrigada Naruto.

-Não há de que!

Desliguei o telefone tentando encontrar bem dentro de mim alguma explicação de o porquê Sasuke estava fazendo aquilo, mas simplesmente a única palavra que veio a minha mente foi uma palavra á falada pelo Naruto.

Peguei o telefone novamente discando o número do Sasuke pela última vez. Chamou, chamou, chamou...

-Oi...

A voz dele parecia embargada, parecia que ele tinha bebido além da conta. Como sempre Sasuke e seus problemas com o álcool.

-Sasuke...

-Sakura não liga para mim. A última coisa que preciso é das suas lições de moral, eu não quero falar com você, eu já me sinto um inútil por mim mesmo...

Desliguei o telefone sem pensar duas vezes. Era muito arrogante mesmo, eu ali tentando ajudar e ele dando uma de todo poderoso. Pro inferno ele e o rei que ele carregava no estomago.

O telefone começou a tocar chamando a atenção de Maria que entrava na sala.

-Se for o Sasuke não estou. Maria estou indo ver meu pai, mas ele não precisa saber de nada.

Não esperei que ela falasse alguma coisa, peguei a minha bolsa saindo, mas ainda ouvi quando ela disse o meu nome. Então era mesmo o Sasuke. Ele não era nenhuma criança para ter que puxar o saco dele e eu que não seria essa pessoa, estava cansada de ter que cuidar dos outros e esquecer de mim. Minha prioridade era o meu pai, nada mais que isso.

Chamei um táxi dando o endereço da clínica e partimos rumo a cidade movimentada. A minha cabeça parecia um emaranhado de fios prontos pro curto circuito, eu pensava no meu pai, no meu irmão desaparecido, no Sasuke ignorante, no casamento da minha melhor amiga e no meu ex que havia voltado depois de tantos anos. Como eu disse antes, a minha cabeça parecia que ia explodir.

Chegamos em pouco tempo á clínica. Pedi que o taxista me esperasse afinal naquele lugar era meio difícil conseguir outro táxi e já me direcionei rumo à recepção na esperança de logo ver o meu pai.

-Bom dia eu gostaria de ver o meu pai, o senhor Kizashi Haruno

-A senhora é Sakura Haruno?

-Sim, sou eu.

-O doutor gostaria de falar com a senhora. A sala dele é no terceiro andar, sala 88.

-Ta bom. Muito obrigada.

-Por nada.

Sai em direção aos elevadores indo para o terceiro andar. O que será que o médico queria falar comigo? Será que era algo preocupante sobre o meu pai? Será que ele não estava bem?

Já me sentia estranha, nervosa, apavorada, sem estruturas para aguentar qualquer que fosse a notícia. Respirei fundo antes de bater na porta daquela sala e esperar. Um senhor estranho me recebeu com um sorriso encantador, mas eu sequer sabia quem era ele.

-Sou Sakura Haruno a recepcionista me pediu para vir até aqui.

-Ah sim a filha do senhor Kizashi não é mesmo? Queira entrar sou o doutor Hideki, estou cuidando do seu pai agora.

-Ele mudou de médico?

-Eu sou neurocirurgião e acompanhei a cirurgia. Então todos os pacientes que eu tive contato são meus pacientes.

Eram tantos médicos que eu sequer sabia o nome deles, melhor nem pensar muito sobre isso. O médico me indicou uma cadeira e eu me sentei pronta para ouvi-lo.

-O senhor precisa me dizer alguma coisa?

-Como você deve saber o seu pai foi hoje para o quarto. Ele passou os últimos dias mais dormindo do que acordado o que é super normal. Hoje começaremos a introduzir a alimentação via oral normalmente. É normal que o paciente sinta dores de cabeça por muitos dias depois da cirurgia, é normal não precisa se preocupar, ele está sendo medicado para diminuir a dor.

Senti um alivio instantâneo percorrer todo o meu corpo. Meu pai estava bem.

-Mas há algo de errado...

O alivio que eu senti foi-se embora de uma única vez me deixando completamente aflita.

-O que o meu pai tem?

-A pressão arterial dele está muito alta, os remédios que estamos lhe passando não estão fazendo o efeito que deveria ser feito então estamos nesse momento rezando para que o corpo dela reaja e ele consiga.

Meus olhos arderam instantaneamente me fazendo perceber uma lágrima que começava a cair.

-Sei que deve ser difícil para você, estamos fazendo o impossível para que ele saia dessa. Para ser bem exato estamos contando com a força de vontade do seu pai para continuar vivo.

-Preciso vê-lo.

Foi a única coisa que eu consegui falar naquele momento. Precisava vê-lo, precisava ter contato com o meu pai.

-Venha comigo. Você poderá ficar apenas dez minutos. Outra coisa, seu pai voltou a se lembrar graças a Deus ele se lembra de tudo e tem chamado por você e por alguém com nome de Sasori.

Cheguei a ficar tonta com a possibilidade de o meu pai chamar o meu irmão. Eu precisava descobrir onde aquele infeliz estava e arrastar ele até o meu pai antes que fosse tarde de mais.

-É o meu irmão. Meu pai deve estar com saudades.

-Acho melhor você providenciar uma visita, pois nunca se sabe não é mesmo?

Eu queria enforcar aquele sujeito. Meu pai era forte, meu pai superaria qualquer coisa, mesmo aquele médico desacreditando.

Caminhei em silêncio por um corredor muito claro e frio. Algumas portas estavam abertas e eu podia ver gente de todas as idades em macas, incubados, doentes em estados críticos e outros nem tanto. Paramos em frente ao quarto 201. O médico me deixou sozinha, agora seria eu e meu pai. Finalmente eu poderia estar com ele algum tempo.

Entrei tentando não fazer tanto barulho. Ele estava virado de costas enquanto uma enfermeira terminava o curativo em sua cabeça. Ela me olhou dando um sorriso.

-O senhor tem uma visita linda, mas não se mexa ela virá até o senhor.

-É a minha filha?

Confirmei para a enfermeira que sorriu.

-É ela sim.

-Ela é linda não é mesmo?

-Linda, me lembra muito o senhor.

-Ela se parece mais com a mãe.

Caminhei até eles dando a volta na cama e ficando frente a frente com o meu herói, o homem que me completava.

Ele me olhou dando um sorriso lindo e preenchendo o vazio que eu sentia dentro de mim, logo seu braço estava estendido na minha direção. Fui ate ele lhe dando um abraço, queria que tivesse sido forte, mas coloquei pouca força visto o estado dele.

-Como você está minha filha?

-Eu quem deveria estar lhe perguntando isso pai. Como o senhor está?

-Estou bem, um pouco careca, diga-se de passagem, mas bem. Tenho moças lindas comigo o dia todo.

Sorri vendo a alegria tomar conta dele. Meu pai parecia tão bem, como que uma pressão arterial podia colocar ele entre a vida e a morte? Não isso não podia ser e eu não podia ficar pensando naquilo.

-Está lindo.

-Espere só até eu estiver longe daqui. Serei cantado por todas as mulheres. Elas gostam de um careca.

Era bom ver que o bom humor do meu pai estava intacto. Que felicidade poder vê-lo tão bem.

-Eu tenho certeza que sim, mas eu preciso conhecer as pretendentes, mamãe iria gostar de uma analise minuciosa.

-Eu não posso ter um segundo de safadeza que ela já me barrar. Sinto-me um pouco travado.

Comecei a rir tirando dele algumas risadas.

-Você terá todo o tempo de mundo para paquerar e arrumar quantas namoradas quiser pai.

-É disso que eu estou falando.

Puxei uma cadeira me sentando de frente para ele enquanto segurava sua mão. A enfermeira nos deixou dizendo que eu só teria mais cinco minutos. Odiava aquilo de tempo, se pudesse ficaria ali ouvindo o meu pai pelo resto do dia.

-Me conte como estão as coisas. Seu irmão como está?

Eu sabia que mais cedo ou mais tarde ele perguntaria sobre o Sasori. Eu mentiria é claro, não podia dizer para ele que o seu filho estava desaparecido.

-Ele está bem pai, eu vou trazer ele aqui não se preocupe.

-Ele arrumou um serviço decente?

Eu odiava mentir, mas preocupar meu pai era algo que eu não queria de forma alguma.

-Conseguiu sim, ele está bem pai não se preocupe.

-Fico tão feliz que ele esteja bem. Estava preocupado com ele, você sempre se virou sozinha, mas ele sempre muito dependente de tudo.

-Não se preocupe, logo, logo o senhor sairá daqui.

-Enquanto eu não saio, por favor, tome cuidado, se cuide. Eu preciso de você bem. Quando eu sair daqui serei eu á cuidar de você.

-Claro que será o senhor. Precisamos sair para pescar.

-Sairemos...

Era bom ver que meu pai estava fazendo planos para um futuro próximo. Ele nunca gostou de pensar no futuro porque acreditava não ter um, mas vê-lo daquele jeito fazendo planos era incrível.

Segurei uma lágrima que insistia em cair. Eu estava feliz. Eu via nele uma grande melhora, algo que eu não via há dias, ou meses. Ele estava bem, eu confiava nele e na sua força de vontade.

-O senhor está bem mesmo?

-Claro que estou minha filha. Sinto algumas dores na cabeça, mas o médico disse que é normal então é normal.

-É normal sim. qualquer coisa diferente que o senhor sinta o senhor deve comunicar o médico. Não fique escondendo para o senhor possíveis dores pai.

-Eu não vou fazer isso, prometo.

-Eu espero mesmo, porque o senhor tem a péssima mania de esconder dores e isso pode ser prejudicial.

-Eu sei, eu sei. Você vai me dar broncas?

-Claro que não.

Puxei um pouco a mão dele lhe dando um beijo no mesmo momento que a enfermeira entrou.

-Sinto muito senhorita o tempo terminou. Seu pai vai se alimentar agora.

Olhei para ele dando um sorriso e recebendo outro em troca.

-Você promete que trás o seu irmão até mim?

-Prometo sim pai, logo ele estará aqui com o senhor não se preocupe. Há o senhor deve gostar de saber que Ino vai casar e que o Pain está na cidade.

O sorriso do meu pai se ampliou. Ele adorava o Pain, sempre o tratou como filho.

-Peça á eles que venham me visitar. O Pain precisa vir me ver. Anos que eu não o vejo.

-Ele disse que viria, talvez o serviço ocupou ele demais. Falarei com ele para vir te ver.

-Vocês dois...

-Não pai, nós não voltamos.

-Inferno!

Comecei a rir fazendo ele rir também. Segurei firme sua mão me aproximando dele e lhe dando um beijo no rosto.

-Eu volto assim que der. Fique bom logo.

-Eu ficarei minha filha. Lembre-se que eu te amo!

-Também te amo pai.

Me despedi dele com outro beijo saindo logo em seguida. Como o médico não acreditava na recuperação do meu pai se eu o achei tão disposto e cheio de vida? Aquilo não fazia sentido e de certa forma eu nem queria ficar pensando naquilo.

Fui até o táxi dando o endereço da minha antiga casa. Eu precisava de respostas, respostas sobre o Sasori.

Enquanto seguíamos por ruas e mais ruas sem fim eu ficava tentando imaginar onde é que meu irmão estava. Eram tantas as possibilidades que em todas o meu irmão se encaixava.

-Chegamos senhora.

O taxista chamou a minha atenção me fazendo olhar para o lado de fora. A minha casa estava toda fechada, parecia abandonada, o mato crescia do lado de fora dando á ela um ar de casa velha e desleixada. Sai do táxi pedindo ao motorista que me esperasse. Caminhei até a porta tocando a campainha e nada. Forcei a maçaneta e nada. Trancada. As janelas pareciam trancadas também, onde o Sasori estava?

-Sasori!

Chamei na esperança dele estar dentro de casa dormindo, mas nada de ter uma resposta satisfatória.

-Você está caçando o traste do seu irmão?

A voz conhecida atrás de mim me chamou a atenção. Olhei para trás vendo o senhor Pascal nosso vizinho que parecia mais nos odiar do que querer o nosso bem.

-Sim eu estou procurando ele, o senhor sabe onde ele está?

-Eu tenho cara de informante?

Como sempre o mau humor era o seu maior aliado.

-Desculpa senhor Pascal eu só preciso saber onde está o meu irmão.

-E onde você estava? Anda sumida daqui. Agora se veste melhor, parece mais cuidada. O que você anda fazendo?

O tom de voz que ele usava comigo era como se eu tivesse me tornado uma prostituta, claro que eu esperava esse tipo de reação dos meus vizinhos já que passei tanto tempo longe e voltei completamente diferente.

-Muito obrigada por nada senhor Pascal.

Já ia passando do lado dele quando ele segurou o meu braço me fazendo olhar para ele.

-Sabe eu não ia te contar, mas decidi que é melhor você saber.

-Saber o que?

Eu estava agoniada. Ele sabia onde o meu irmão estava, então porque diabos ficava enrolando?

-O seu irmão aquele marginal está onde deveria estar. Preso, em uma cela de onde ele não vai sair até que pague por tudo que vez. Aquele rato imundo.

Puxei meu braço das mãos daquele senhor sentindo algo dentro de mim se revirar. Medo angustia tristeza. Eu não podia acreditar que meu irmão tinha sido preso. O que ele tinha feito? Será que ele roubou? Meu Deus, eu precisava de explicações.

-O senhor sabe o que houve?

-Eu não graças a Deus, eu apenas vi quando aquele senhor rico chegou em seu carrão importado e entrou ai para dentro. Seu irmão saiu logo depois carregado por policiais.

-Senhor rico? Como assim?

-Não me pergunte eu não sei quem é. Sei que ele fez a coisa certa afinal seu irmão é um criminoso assassino.

-Meu irmão não é assassino!

Gritei sentindo lágrimas tomarem conta de mim.

-Assassino sim e eu acho é bem feito por ele estar preso e cuidado para você não acabar na mesma vida que ele, vai lá saber com quem está se relacionando.

-Não que seja da conta do senhor, mas eu garanto que estou muito melhor do que o senhor, um homem nessa idade fazendo fofoca.

Deixei aquele senhor sozinho me xingando de todos os nomes possíveis saindo rumo ao carro. Entrei pedindo que o motorista me levasse pra casa. Nesse momento eu já não conseguia parar de chorar. Como eu ia achar o meu irmão? Havia vários presídios e eu sequer tinha ideia de para onde ele tinha sido levado. Sem falar que eu precisava descobrir quem era o senhor rico que havia conversado com ele antes da policia chegar. Será que meu irão tinha feito algo para esse sujeito? Muitas perguntas e todas elas sem resposta. Inferno eu estava completamente perdida!

 

 

...

 

 

Era sábado e eu ainda não tinha voltado para casa. Queria distância da Sakura porque olhar para ela me fazia sentir um perdedor. Eu tinha feito coisas que pensei que jamais faria e nessa altura do campeonato ela já sabia de tudo e me achava um fraco perdedor por ter me rebaixado á tanto para conseguir o que eu almejava.

Olhei para a tela do celular percebendo que em poucas horas eu teria uma festa para ir afinal o lançamento da nova coleção iria acontecer e obviamente eu iria estar presente apesar dos pesares.

Desliguei o celular percebendo que Karin ainda me ligava. Em uma das minhas várias crises de estresse eu tinha ligado para ela. Eu precisava de alguém, eu precisava me perder daqueles pensamentos e sexo me daria aquilo, o problema foi quando ela chegou e eu simplesmente não consegui fazer o que deveria ter feito. Foi frustrante, foi revoltante, foi humilhante. O rosto da Sakura ficava aparecendo na minha cabeça e eu não consegui. Maldita a hora que eu fui me apaixonar, não espera... aquilo não era verdade eu não estava apaixonado até porque paixão era algo que me fazia perder completamente a noção de tempo e eu precisava de foco para resolver a merda que eu fiz.

Recolhi as minhas coisas daquele quarto de hotel colocando dentro de uma bolsa que eu havia comprado. Ficar aquele tempo longe de casa só me piorou porque eu sentia a raiva a flor da pele. Eu precisava me acalmar. Peguei a garrafa ainda cheia de uísque colocando dentro da bolsa e saindo. Passei na recepção pagando as minhas diárias e saindo logo em seguida. Era pouco mais de seis da tarde. Chegaria em casa tomaria um banho e sairia para o lançamento. Sakura provavelmente já estaria pronta me esperando e seguiríamos para o evento.

Minha cabeça estava girando, devo confessar que foi difícil dirigir, mas por sorte eu consegui e logo estava estacionando o carro em frente a minha casa.

Assim que entrei na sala aquele cachorro correu até mim pulando nas minhas pernas.

-Pulguento. Cadê sua dona?

Ele apenas me olhou balançando o rabo. Maria entrou na sala me olhando com cara de desentendida.

-Senhor o senhor aqui?

-Claro Maria essa é minha casa. Onde está a Sakura?

Maria me olhou desviando o olhar, depois olhando pro chão. O que ela estava me escondendo?

-Senhor a senhora Sakura saiu há uns vinte minutos.

-O que?

-Ela estava linda usando um vestido de festa.

Eu não podia acreditar que Sakura tinha saído sem mim, ido para o lançamento sem mim.

-Ela te falou se iria pro lançamento da nova coleção?

-Senhor eu acho que ela foi a um casamento. Ela falou algo sobre isso, disse que deixou um bilhete para o senhor.

A minha raiva estava por um fio. Eu queria gritar, queria esmurrar alguma coisa, quebrar alguma coisa. Eu precisava beber.

-Com quem ela foi?

Só de pensar que ela tinha ido para aquele casamento quando eu tinha sido bem claro sobre ela não ir eu sentia tudo em minha volta girar. Estava com raiva, na verdade raiva era bem pouco comparado ao que eu estava sentindo.

-Parou um carro bem bonito ai fora e um senhor muito educado levou ela.

Conta Sasuke... conta até mil antes que você faça besteira.

-Como era esse cara?

-Aparência jovem, cabelos ruivos...

Antes que Maria continuasse a falar peguei a primeira coisa que vi na frente jogando no chão e assustando aquela senhora que me olhava como se eu fosse um louco.

-Senhor...

-Sai daqui Maria e leva esse cachorro junto antes que sobre até para ele.

Ela fez o que eu mandei saindo rápido da minha frente. Corri pro andar de cima abrindo a porta do quarto da Sakura e observando tudo vazio e arrumado ah não ser por um sutiã caindo no chão.

Peguei aquela peça sentindo que eu podia rasgar aquele pedaço de pano com um simples puxão tamanha era a raiva que eu sentia.

Eu precisava pensar. Tinha um evento para ir onde eu iria recuperar minha dignidade ou buscaria a Sakura naquele casamento e acabaria com a festa dela e daquele sujeito.

Sentei na cama pensando nas possibilidades.

Eu poderia ir ao lançamento e depois que tudo estivesse resolvido iria atrás da Sakura. Ela não teria como escapar de mim e eu ainda sairia vitorioso.

Aquela noite entraria para a historia!

 

...

 

Pain falava sobre a Konan como se ela perfeita em tudo que fazia. Ele até me mostrou uma foto dela e ela era muito bonita mesmo.

-Você tem sorte por ter se casado com alguém que ame verdadeiramente.

-Porque fala isso?Você não se casou?

Parei para pensar em tudo que já tinha vivido com o Sasuke. No começo tudo foi tão automático, mas em algum determinado momento as coisas mudaram,mudaram completamente e eu me apaixonei.

-Não é isso. É que você fala dela de uma forma tão mágica.

-Eu amo ela. Quando fui embora pensei que jamais amaria alguém a não ser você, mas então ela apareceu e mudou tudo. E veja você, parece que também se encontrou no amor, te encontrei casada!

Sorri me lembrando do meu “marido” que não aparecia em casa há alguns dias. Isso que eu chamava de casamento mágico, onde o marido some do nada e apronta coisas que prefiro nem lembrar.

-Você ficou de ir visitar meu pai.

Desconversei tentando não pensar mais no Sasuke.

-Eu vou ainda, talvez amanhã quem sabe. Eu estava resolvendo algumas pendências.

-Eu entendo, não quero te pressionar quanto á visitar meu pai, mas ele ficaria feliz em te ver.

Ocultei a parte em que meu pai estava entre a vida e morte porque não queria que ninguém sentisse pena dele, isso eu não queria de forma alguma. Piedade é algo lamentável.

-Fechei negócio com a empresa do seu marido.

Desviei meu olhar da rua olhando pro Pain que dirigia sem tirar o olhar da estrada.

-Sério?

-Sim, vou produzir a nova campanha deles. Das jóias que serão lançadas hoje. Eu vi uma prévia, devo confessar que são lindas.

Sorri comigo mesma percebendo que ele estava elogiando algo que eu havia feito.

-Eu ainda não vi, mas deve ser tudo lindo.

-De fato. Eu não coloquei tanta fé antes de ver, em outros países as jóias são para aqueles que têm dinheiro, mas pela simplicidade dessa nova coleção creio que será um sucesso entre todas as classes e por isso eu acabei me surpreendendo e aceitando a proposta do Madara. Será um sucesso.

Eu queria estar naquele lançamento, mas Ino precisava de mim. Eu era a sua melhor amiga não podia deixar ela na mão de forma alguma.

Ajeitei a pequena bolsa no meu colo olhando o vestido que eu usava e alinhando ele ao meu corpo.

Ele era lindo, um bege quase cor de champagne com uma tira dourada em volta da minha cintura e renda no busto que caia levemente pelos braços dando um ar mais sério. Eu precisava me manter como uma mulher casada mesmo estando longe do meu marido.

-Acho que já te elogiei hoje, mas você está linda. Creio que mais bonita que a noiva.

-Não fala isso nem brincando. O dia é da Ino ela me mataria se eu brilhasse mais que ela.

Ri fazendo ele sorrir junto comigo. Conhecíamos a Ino e provavelmente ela estaria deslumbrante em um vestido caríssimo e cheio de detalhes.

Pain parou o carro em frente ao clube onde seria o casamento, me lembrei que havia deixado um bilhete para o Sasuke com endereço e tudo certinho quem sabe por um milagre ele não iria até o casamento. Não custava sonhar.

Saímos do carro nos direcionando para a recepção que já estava cheia de gente. Vi os pais da Ino que acenaram para mim, além claro de alguns amigos de infância menos presente na minha vida. Ino era de classe média muito diferente de mim, mas nunca me desprezou nem nada, ela era diferente das demais pessoas, ela queria o meu bem e torcia pelo meu sucesso mesmo nós sendo de classes totalmente diferentes. Olhei para todos os lados percebendo que aquele casamento tinha sido feito sob medida para ela, tudo ali tinha a sua cara o seu toque pessoal.

-Vamos?

Sorri ao perceber Pain estender o braço para que eu me apoiasse á ele.

-Claro.

Fiz o que ele propôs seguindo-o para dentro e seguindo para onde seria a cerimônia. Fomos para o nosso lugar nos acomodando. Os outros padrinhos já estavam todos acomodados, agora era só esperar que Ino entrasse toda linda. Enfim eu casaria a minha melhor amiga.

 

...

 

“Não fique bravo comigo, eu precisava ir a casamento ela é minha melhor amiga. Se resolver apreça. O endereço está aqui...”

Pela milésima vez eu lia aquele maldito bilhete. Estava indo rumo ao salão onde seria o lançamento da nova coleção e depois que eu me resolvesse ali eu me resolveria com a Sakura.

Enfiei o papel no bolso sentindo aquilo pesar. Calma Sasuke vai dar tudo certo. Ainda dentro do carro vi a garrafa de uísque no banco do meu lado, assim que parei no farol tomei um gole sentindo o liquido descer queimando pelo meu estomago. Eu não havia comido nada há muitas horas e seria um erro beber algo tão forte, mas foda-se eu precisava daquele liquido para me impulsionar para frente para os meus planos.

Parei o carro bem na entrada do salão sendo abordado por um segurança.

-Senhor, o senhor não pode deixar o carro aqui.

-Você sabe quem eu sou? Provavelmente não. Sou eu que estou realizando essa merda toda aqui hoje. Meu carro fica onde eu quero que ele fique.

O homem me olhou abaixando o olhar e saindo do meu caminho. Algumas pessoas me olhavam, mas sinceramente eu não estava nem um pouco me importando.

Sai em direção ao salão principal, havia muitas pessoas, a imprensa estava em peso e eu podia ver o meu avô desfilar com Hinata de um lado para o outro.

Eu precisava conversar com o meu avô, explicar tudo que havia acontecido afinal Hinata havia me ameaçado de contar tudo para ele e nessa altura de campeonato ele já deveria estar sabendo.

Senti um toque no meu ombro que me fez virar subitamente. Naruto!

-Cara o que houve com você? Você está horrível.

Só quando Naruto disse aquilo que me dei conta que não estava como as outras pessoas. Eu não usava um terno fino e caro, eu usava calça de moletom e camisa polo. Totalmente desconecto daquele ambiente.

-Não é da sua conta Naruto. Preciso conversar com o meu avô.

-Cara você precisa é se acalmar está com cheiro de álcool, quanto você já bebeu? Sakura estava preocupada com você.

Só a menção do nome daquela mulher conseguia me tirar do sério. Que porcaria ela estava fazendo com a minha cabeça?

-Preocupada o caralho! Ela está em um casamento com outro isso não é estar preocupada.

Esbravejei vendo Naruto se assustar um pouco e dar alguns passos para trás. Chamei a atenção de algumas pessoas que pararam de conversar e nos olhavam.

-Sasuke vamos sair daqui, você não está bem.

Naruto segurou o meu braço me deixando mais puto da vida do que eu já estava. Puxei meu braço de suas mãos saindo em direção ao meu avô. Antes que eu pudesse chegar perto dele vi Hinata se virar me olhando como se pudesse me matar com apenas um olhar. Meu avô se virou no mesmo segundo me fitando com uma expressão muito seria mais seria do que eu podia imaginar que ele me fitaria.

-Eu preciso conversar com você...

-Ainda não. Eu preciso dar um comunicado primeiro.

Meu corpo todo gelou quando meu avô saiu em direção ao pequeno palco montado pegando o microfone.

-Um minuto da atenção de vocês por gentileza.

A imprensa toda se voltou para ele. Alguns tiravam fotos, outros faziam anotações. Hinata sorria e Naruto chegou ao seu lado abraçando ela. Me senti completamente sozinho naquele momento, mas eu não estava. Eu preciso manter o foco.

-Bom como todos devem saber hoje é o lançamento oficial da nova coleção das joalherias Uchihas. Daqui a pouco o nosso Designer Naruto Uzumaki irá nós proporcionar informações privilegiadas e em primeira mão dessa coleção que deve ser uma das melhores coleções da marca Uchiha. Antes disso eu queria dar uma informação sobre o andamento do cargo de novo diretor majoritário das empresas. Há alguns meses eu anunciei a minha aposentadoria deixando assim vaga a minha cadeira. Devo confessar que achei que a melhor pessoa há me substituir seria o meu neto Sasuke Uchiha...

Senti meu corpo todo criar vida novamente e estremecer, o que o Madara estava querendo com aquilo?

-... eu achei que seria ele, mas ele me decepcionou como jamais fui decepcionado. Aconteceram fatos que não vem ao caso agora que me colocaram na dúvida sobre largar ou não as empresas que eu tanto batalhei para alavancar no mercado joalheiro. Hoje eu tenho plena certeza que as empresas Uchihas precisam de mim. Não posso deixar um cargo tão importante e com tantas funções para AMADORES. Eu Madara Uchiha cancelo aqui hoje nas vossas presenças que não deixarei a diretoria das empresas Uchihas além de reformular toda a mesa da diretoria.

Não, não, não. Ele não podia fazer isso ele não podia tirar de mim o que eu tanto batalhei para ter. Era direito meu, eu assumiria hoje as empresas. Porque ele fez aquilo? Porque Madara foi justamente no meio daquela gente toda falar que eu não servia para o cargo?

Hinata me olhou por cima do ombro do Naruto abaixando o olhar e olhando para o chão. Então ela tinha contado aquela vadia tinha falado pro Madara o que eu tinha feito? Eu não podia acreditar naquela traição eu não podia aceitar.

-Você vem comigo...

Quando me dei por mim, Madara me puxava pelo braço entre as pessoas. Respirei fundo sentindo todas as minhas forças voltarem para onde elas nunca deveriam ter saído, eu iria precisar de pulso firme para aguentar o sermão do meu avô.

Entramos em uma sala pequena onde ninguém podia nos ouvir. Olhava para o meu avô com desprezo afinal ele tinha tirado de mim o que sempre foi meu por direito.

-Você não pode tirar a presidência de mim. Ela é minha por direito.

-Não ela não é. Sabe Sasuke eu trabalho duro há mais de quarenta anos. Comecei por baixo, tive tantos empregos que às vezes nem consigo contar. Nasci em uma família humilde. Eu nunca soube o que é ter riqueza e coisas materiais com apenas um estalo de dedos. E veja só eu sou o DONO de uma das empresas mais famosas do Japão.

-Vô eu...

-Cala a boca Sasuke eu ainda não terminei de falar. Eu olho para você hoje e vejo um pedaço de lixo. Eu não posso te reconhecer. Você não se tornou nem metade do que eu desejei que se tornaria. Você parece não ter nem um terço da educação que eu te dei.

-Você não pode falar assim comigo...

-Posso e vou. Fui eu quem criou você. Eu quem te dei te tudo do melhor, fui eu quem permiti que você perdesse o foco da vida pura e digna que eu carrego comigo. A sua índole me assusta os seus atos me assustam e eu não vou deixar que a empresa que eu batalhei tanto para fazer crescer caia por causa de uma burrada de um moleque mimado. Aquelas jóias já foram devolvidas ao dono, mesmo eu tendo pagado uma fortuna para que isso fosse possível. E você teve sorte que eu não os denunciei na policia porque deveria ter sido o que eu deveria ter feito.

A raiva tomava conta de mim, eu queria gritar, queria defender o que era meu por direito, mas se fizesse escândalo toda à impressa que estava ali teria reportagens para mais de dias e não era isso que eu precisava.

-Vocês acham que consegui aquelas jóias do dia pra noite? Eu tive que batalhar muito.

-Claro que teve, são ilegais. Se a policia descobrisse vocês estariam atrás das grades hoje e eu não quero mais um Uchiha na cadeia.

Comecei a andar de um lado para o outro sentindo que precisava sair dali o mais rápido possível antes que explodisse de vez com o meu avô.

-A Hinata não devia ter se metido em minhas coisas.

-Se engana ao achar que Hinata me contou. Ela largou o cargo dela para te defender. Eu descobri sozinho. Você acha que sou burro Sasuke? Orochimaru veio até mim me entregando documentos que você assinou. Fui ameaçado, acho que você sabe que ele é um dos maiores criminosos do país e o que ele mais quer é dinheiro. Conseguiu muito com você, mas sabia que poderia conseguir muito mais comigo me ameaçando.

Não Orochimaru não era desses, ele não me trairia assim, sabia o quanto eu queria aquelas jóias para crescer na empresa, ele não poderia...

A minha ficha caiu ao perceber que sim ele podia. Orochimaru era perigoso, um dos maiores se não o maior traficante de país.

-Eu não me arrependo do que fiz e sabe eu faria de novo. A diretoria é minha por direito e eu faria o que fosse necessário para tê-la.

-Você perdeu completamente a índole Sasuke. Eu não sei o que faço com você.

-Não faça nada. Como você disse eu não mereço a diretoria e por tanto eu não mereço nada que venha de você.

Sai daquela sala cuspindo marimbondos. Estava com raiva completamente perdido em pensamentos insanos. A raiva me consumia, eu podia até senti-la tomando conta do meu corpo.

Naruto falava alguma coisa enquanto eu passava por entre as pessoas. Queria ir embora queria sumir daquele lugar.

“-É com grande satisfação que eu Naruto Uzumaki passo todos os direitos autorais da nova coleção para uma pessoa tão especial como a Sakura Uchiha. Ela não é experiente no ramo, mas desenhou todas as peças. Como ela mesma me disse a nova coleção é como um amor que começa a acontecer aos poucos se tornando tudo. Simplesmente acontece retrata o amor de uma mulher ou de um homem por seu parceiro ou parceira. Queremos retratar aqui hoje o amor simples e puro. Ela é a criadora de todas as peças, infelizmente ela não pôde estar presente e creio que ela não ficará feliz ao saber que divulguei seu nome, mas eu precisava compartilhar com o mundo a grande profissional que ela se tornou. Também é com satisfação que eu comunico a parceria das empresas Akatsuki nas propagandas e divulgações da nova coleção.”

As pessoas batiam palmas e assobiavam enquanto imagens das mais diversas jóias passavam no telão daquele salão.

Como assim Sakura havia desenhado aquelas jóias? Porque eu sendo o marido dela e dono de tudo aquilo não fiquei sabendo? Porque ela escondeu algo de mim sabendo que eu quem deveria ser o primeiro, a saber, sobre aquilo? Porque ela escondeu aquilo de mim? Será que ela tinha desenhado aquelas jóias pra outra pessoa para se declarar?

Meu Deus como eu não saquei aquilo antes? Ela tinha desenhado aquelas jóias pra se declarar para aquele sujeito e por isso ele tinha concordado em fazer a campanha das empresas Uchihas. Não eu não podia acreditar, eu não queria apesar de estar na minha cara à traição dela.

Sai rumo ao meu carro, precisava ir até aquele casamento e tirar a limpo aquela historia. Eu não iria permitir uma traição como aquela. Se Sakura estava acostumada com aquele tipo de atitude eu iria mostrar para ela como eu lidava com vadias.

 

...

 

Gaara já estava no altar, lindo e impecável como sempre em um terno alinhado e caro provavelmente. Ele sorria para todos e sorriu mais ainda para mim a meu ver. Ele não conhecia o Pain então apenas deu um cumprimento leve se mostrando educado.

Alguns dos padrinhos que estavam no banco da frente se viraram para trás me olhando e dando alguns sorrisos fazendo Pain colocar sua mão sobre a minha chamando minha atenção.

-Você está fazendo sucesso Sakura. E quem pode culpá-los é a mulher mais linda daqui.

-Espere só até Ino aparecer ninguém terá olhos para mim apenas para ela.

-Por falar na noiva...

Uma música suave começou a tocar e todos se levantaram. Ino estava na porta sendo amparada pelo seu pai. Eles caminharam lentamente pelo corredor. Não tinha como não me lembrar do meu casamento. Tantos pensamentos tomaram conta de mim, tantas dúvidas e incertezas. Tantas possibilidades e nenhuma havia sido atingida.

Será que se eu tivesse casado com o Pain eu teria outra vida? Será que eu seria feliz? Será que eu estaria o amando como eu amo o Sasuke?

Desviei meus pensamentos desnecessários prestando atenção na cerimônia. Ino estava visivelmente emocionada. E durante longos minutos ela precisou se controlar para não cair em lágrimas. Eu conhecia a minha amiga e ela estava a ponto de chorar.

Ao fim da cerimônia saímos para a recepção esperando que os noivos estivessem no salão para cumprimentá-los. Logo os dois apareceram no umbral da porta. Obviamente eu e Pain fomos os primeiros a aparecer para lhes desejar os parabéns.

-Eu espero que você seja muito feliz.

-Eu serei. Obrigada por ter vindo, sem você esse dia não seria tão especial.

-Obrigada por nunca ter me abandonado.

-Eu não poderia você é minha melhor amiga, melhor, você é minha irmã.

Abracei a Ino sentindo que lágrimas já desciam pelo meu rosto.

-Não chora Sakura se não eu choro também.

-Você sabe que sou emotiva.

-Não precisa ser tanto. Sasuke veio?

Olhei para trás tentando localizar meu marido. Não ele não tinha ido.

-Parece que não.

-Ele ficou chateado pelo Pain ser seu acompanhante?

-Ino não se preocupe com o Sasuke aproveite sua festa. Não vamos pensar no que ele achou ou não achou eu me resolvo depois com ele.

-Ta bom. Fiquem à-vontade eu vou estar por ai. Reservei uma mesa para vocês. Como pensei que Sasuke viria tem uma terceira cadeira.

-Quem sabe ele ainda não chega.

Sorri tentando disfarçar o meu incomodo. Não ele não chegaria porque conhecendo o Sasuke como eu conhecia eu sabia que ele estaria completamente emburrado me xingando em um canto ou sendo o Sasuke de sempre em uma festa cheia de gente importante como teria naquele lançamento.

Nos acomodamos sendo logo servidos por um dos garçons. Pain me contava sobre campanhas famosas que ele já havia feito. Parecia ser algo interessante, ficar por trás das câmeras dizendo o que deveria ou não ser feito e depois ver o seu projeto criando vida e sendo visto por muitas pessoas.

-Isso parece um encontro.

Pain disse em determinado momento do jantar me fazendo reparar na cena. Só nós dois estávamos em mesa com dois lugares. Eu iria matar a Ino, aquilo parecia ser coincidência demais e de fato parecia um encontro.

-Acho que Ino passou dos limites.

-Espero que seu marido não me mate por estar aqui com você, não sei lidar com pessoas ciumentas e ele me parece um tanto quanto ciumento.

-De fato é um pouco, mas é apenas um coquetel de casamento nada de mais.

-Nunca se sabe o que podem ver atrás de uma casualidade, algumas pessoas levam o ciúme á um grau extremo.

Eu sabia que Sasuke era ciumento, ele já tinha demonstrado isso em outros momentos, mas ele nunca passaria dos limites, pelo menos eu achava isso.

O jantar corria tranquilamente, eu tentava não pensar no Sasuke, mas algo me incomodava. Como se alguma coisa fosse acontecer. Meus pressentimentos nunca me enganavam, mas o que poderia estar de errado em um casamento? Ou será que o que estava errado era no lançamento? Eu precisava parar de pensar naquelas coisas ou surtaria.

 

...

 

Eu tinha chegado á mais ou menos uns dez minutos naquele maldito lugar. Queria não ser consumido pela raiva, mas estava sendo difícil, na verdade impossível.

Mesmo depois de tomar quase uma garrafa de uísque no decorrer do caminho até aquele casamento eu ainda estava completamente consciente dos meus atos e o ato que eu praticaria agora seria decisivo na minha vida.

Ainda na porta daquele salão observava Sakura e Pain em uma conversa bem animada. Os dois pareciam se dar bem, na verdade muito bem e analisando a situação Sakura nunca tinha conversado comigo daquela forma que ela conversava com ele.

O modo como Pain olhava para a minha Sakura me deixava louco. Me fazia sentir como se eu pudesse matá-lo com minhas próprias mãos.

Observei em volta, muitos homens olhavam para ela, pareciam querer comê-la. Sakura tinha algo á sua volta que atraia homens e não era de se estranhar que todos á quisessem assim como eu á queria.

Será que era assim que Sakura agia longe de mim? Dando em cima de outros homens, tendo uma segunda opção? Seria isso? Seria o Pain sua opção? Alguém tão mais rico do que eu?

Tentei impedir aqueles pensamentos de tomarem conta de mim, mas sinceramente eu não conseguia. O ciúme me deixava louco, irracional, cheio de dúvidas. Odiava me sentir daquele jeito, mas eu não conseguia me normalizar. Não sabia se era apenas eu ou efeito do álcool eu só sabia que estava sendo difícil vê-la com aquele cara. Se Sakura pensou que poderia me fazer de bobo ela estava muito enganada.

Passei a mão pelos cabelos começando a andar pelo salão. Tentaria ficar escondido por enquanto, precisava de mais evidencias que comprovassem a traição da Sakura.

Pensar nela como interesseira era complicado, ela nesse tempo todo nunca pareceu se importar com dinheiro, com bens materiais. Será que seria dinheiro? Será que seria um antigo amor reascendido pela volta do seu primeiro namorado? Ou será que era as duas coisas? A dúvida me consumia.

Vi o olhar de Ino encontrar com o meu. Ela se levantou da mesa e veio na minha direção. Desviei meu olhar dela olhando para Sakura que pareceu não perceber nada de errado.

-O que houve Sasuke? Você não me parece adequado para um casamento.

Olhei para a mulher de branco na minha frente percebendo que ela tentava defender o casal mais em frente com unhas e dentes e me olhei percebendo que eu não iria deixar aquela palhaçada ir mais além.

-E não estou mesmo e sabe nem faço questão, só vim buscar a minha esposa e já estou indo embora.

A loira soltou um pequeno sorriso colocando a mão na boca e depois me olhando com aquele olhar que mais parecia um cubo de gelo de tão gélido.

-Esposa? Sakura está com você por causa do contrato. Não há sentimento entre vocês qualquer um consegue ver isso.

Me espantei com aquela sua revelação. Como ela sabia? Sakura havia contado? Mas o que mais me deixou assustado foi o fato da loira defender a Sakura longe de mim. Sakura precisaria saber separar suas amizades isso era fato.

-Isso não é da sua conta Ino, se me der licença.

Passei por ela não antes de ouvir...

-Se fizer mal á minha amiga eu te procuro até o inferno e acabo com a sua vida.

Finge que nem ouvi e continuei a andar, mas já conseguia sentir o efeito do álcool porque começava a sentir minhas pernas trocando de lado. Odiava aquela sensação e só naquele momento percebi que tinha exagerado na bebida.

Sakura se levantou da mesa ainda parecendo não ter me visto. Pain parecia fazer alguma coisa no vestido dela, ele tocava intimamente a minha Sakura eu podia ver suas mãos irem ao encontro das mãos da Sakura. Ele segurava um lenço ou algo assim, mas naquele momento foda-se tudo que estava acontecendo em segundo plano o que me interessava é que ele estava tocado a Sakura.

Olhei para os dois com fúria chegando perto daquela mesa. Pain me olhou sem entender nada e Sakura fez a mesma expressão no mesmo momento que tirava as mãos daquele sujeito dela.

-Obrigado por cuidar da minha mulher para mim. -Disse entre dentes tentando parecer educado mesmo não querendo.

-Foi um prazer. A companhia da Sakura sempre melhora qualquer ambiente.

Eu não podia fazer uma cena ali ou podia? Bem na verdade eu queria. Já podia até mesmo me vendo arrastando a cara daquele sujeito no chão e vendo o sangue dele se espalhar. Concentra-se Sasuke!

-Sasuke o que houve? O que veio fazer aqui?

-Porque eu viria aqui Sakura?

Meu tom seco fez ela me olhar assustada dando um passo para trás.

-Aconteceu alguma coisa?

-Nada, vamos embora preciso conversar com você.

Segurei Sakura pelo braço puxando ela um pouco e sendo parado por Pain que também segurou o braço dela. Sakura parecia ser um cabo de guerra e eu sabia que seria o vitorioso.

-Você não parece em condições de dirigir Sasuke, melhor eu levar os dois para casa.

Olhei para ele e para as suas mãos imundas na Sakura sentindo toda a minha ira se acumular e ficar a ponto de explodir.

-Você cala a sua boca, só não falo o que eu estou pensando aqui porque é um casamento. E você vem comigo.

Puxei Sakura que saiu atrás de mim falando algo bem baixo para o Pain.

-O que foi dessa vez? Marcando um encontro?

-Você só pode estar louco. De onde tirou essa ideia ridícula? Porque está agindo feito um idiota?

-Eu vi como ele te olhava, eu sei que ele te quer.

-Sasuke você perdeu completamente a noção. O que te deu?

-Vamos embora logo, essa festa já deu o que tinha que dar.

-Eu sou a madrinha não posso sair assim.

-Claro que pode, sou o seu marido e te digo o que deve ou não fazer.

Sakura apenas me olhou com desprezo. Eu não me importava com aquele olhar, não estava nem ai. Não iria fazer uma cena em plena festa de casamento, mas Sakura iria me ouvir fora dali.

Entrei no carro sendo seguida por ela. Antes que ela pudesse se sentar precisou tirar uma garrafa de uísque vazia que estava no banco.

-Eu não acredito que você esteve bebendo.

-Isso não é da sua conta.

-O que seria da minha conta então? Você ficou louco? Sabe que beber e dirigir é algo totalmente imprudente. O que te deu Sasuke?

Não á respondi. Acelerei o carro partindo rumo ao transito tranquilo daquela noite de sábado. Estava vendo embaçado, mas aquilo não seria problema. O ponteiro do acelerador foi ao cem com facilidade me fazendo dar um sorriso de satisfação.

-Sasuke...

Acelerei mais ainda. As luzes da cidade passavam por nós como flashes, liguei o som do carro dando espaço para a voz potente de Brian Johnson do AC/DC tomou conta de todo o carro fazendo Sakura puxar o sinto de segurança e olhar para mim totalmente assustada.

-Está correndo demais Sasuke, pare com isso!

Eu a ignorei tentando prestar atenção apenas na música que tocava. Passei batido por outro carro e outro carro, contornando um ônibus e deixei todos para trás, seguindo como uma bala.

-Isso é um Porche, foi feito para correr.

-Não quero saber, pare logo esse carro.

Dei mais volume no som fazendo as caixas de som tremerem. Eu não queria ouvir a voz dela porque ouvir ela me fazia sentir como um estúpido fodido filho da mãe que não conseguiu nem conquistar uma mulher direito. Se eu não podia ter o amor dela eu teria o medo.

-O que foi Sakura? Preferia estar em outro carro?

Falei com desprezo e deboche segurando com mais força o volante e sentindo os meus dedos doerem tamanha a força.

-Preferia mil vezes deste que estivesse segura. Pare logo esse carro.

Reduzi apenas para virar em outra rua, mais deserta, cortando caminho. E meti o pé no acelerador novamente. O carro foi á 150 km/h. 160. 170. 180 em um piscar de olhos.

-Pare! Sasuke!

Sakura gritou me fazendo levar um susto e tirar o pé do acelerador no mesmo segundo. Algo no tom dela me fez sentir medo, me sentir como se eu tivesse perdido completamente o foco.

Olhei para ela vendo uma Sakura pálida, chorando e com medo. O que eu havia feito?

Tirei uma mão do volante e levei ela na direção da Sakura...

-Não encosta em mim. Não quero suas mãos em mim.

Eu conseguia sentir o pânico na voz dela. E para piorar eu tinha causado aquilo. Que tipo de pessoa eu era?

 

...

Eu estava com medo. Sasuke dirigia feito um louco pelas ruas. Parecia transtornado. O que deu nele para entrar no casamento daquela forma? Falar com o Pain daquele jeito e agir comigo como se eu tivesse feito algo de errado quando eu não fiz nada? Porque ele parecia ser tão criança?

Por sorte chegamos bem em casa, assim que ele estacionou o carro sai em silêncio indo em direção a porta. Senti Sasuke andar atrás de mim e assim que chegamos na sala ele começou o seu showzinho.

-Você achou que iria me enganar até quando?

-Do que você está falando Sasuke?

-Do seu caso com o Pain, eu não sou burro Sakura posso ver o interesse estampado no rosto dele.

-Isso é loucura. Não há interesse, não há nada entre nós dois.

-Você pensa que me engana com esse seu jeito, você não me engana.

-Que jeito?

Falei sentindo a minha voz subir o tom. Eu estava com raiva era melhor ele medir as palavras comigo. Ele não era o todo poderoso que podia falar comigo como bem entendesse eu era um ser humano e tinha sentimentos.

-Esse seu jeito de boa moça, mas eu sei que por trás disso há alguém vazia e interesseira.

Não, eu só podia estar ouvindo coisas. Delirando talvez, Sasuke não tinha dito aquilo, ele não podia. Ele me conhecia melhor do que ninguém como ele ousava me dizer aquelas coisas?

-Eu não posso acreditar nisso que você está falando Sasuke.

-É apenas a verdade. Você se casou comigo porque precisava de dinheiro até ai tudo bem, mas dai o Pain apareceu e o que você fez? Se jogou nos braços dele e tudo por causa de dinheiro, porque como sabemos ele tem muito mais dinheiro que eu.

Não pensei duas vezes em bater no seu rosto. Estava farta daquelas suas palavras, das suas suposições sobre algo que nunca, nem em sonhos aconteceria. De ter que aguentar alguém mimado e sem um pingo de caráter como ele.

-Você perdeu completamente o juízo. Eu não sei o que te deu esses últimos dias, mas sinceramente eu não quero estar aqui para ver.

Já ia dando as costas para ele quando senti mãos me segurarem. Sasuke me virou para ele me olhando com ódio, eu podia sentir a ira estampada nos seus olhos.

-Virou a porra da moda de me darem tapa na cara é isso? O que você quer de mim afinal? O que infernos você está fazendo na minha vida? Você sai de casa para um casamento e acha que vai ficar por isso mesmo? Você me deve explicações.

-Eu não te devo nada. Quem deve é quem é culpado e eu não sou. Eu não fiz nada. E você sabia muito bem que eu iria ao casamento da Ino, não se faça de jumento.

-Sempre a mesma coisa, sempre se fazendo de coitada. Sabia que foi sua culpa tudo ter dado errado para mim?!

Sasuke gritava muito, o cheiro de álcool emanava dele vindo na minha direção e me deixando um pouco tonto, na verdade completamente. Não conseguia entender como ele conseguia se manter em pé sobre efeito daquela bebida.

Comecei a andar em círculos tentando não me desesperar com relação a tudo aquilo que estava acontecendo.

-Minha culpa? Desculpa te dizer, mas quem ferrou com tudo foi você. Foi você quem jogou sua vida de reizinho no lixo. Você quem roubou a própria família.

-Isso não é da sua conta.

-E não é mesmo Sasuke, mas já que estamos dizendo algumas verdades vamos lá eu preciso dizer algumas para você. Cansei de ter que lidar com você, uma pessoa vazia, sem sentimento, sem amor, sem coração. Aqui dentro... -Toquei de leve o seu peito fazendo ele dar um passo para trás. –... aqui dentro não tem nada. Pra você a única coisa que importa é o dinheiro, o status e sinto te informar, mas estou longe de querer algo assim. Não preciso de um criminoso na minha vida, alguém que sequer sabe respeitar o seu próximo.

O olhar do Sasuke mudou antes cheio de revolta agora se encheu de ódio, ele parecia completamente fora de si. Me puxou com força me jogando no sofá e apontando o dedo para mim como se eu tivesse feito a pior das coisas.Falava coisas sem sentido até que...

-Criminoso eu? Desculpa, mas o criminoso aqui é seu irmão, aquele sim é um bandido que por sorte está onde deveria estar.

Do que ele estava falando?

-Do que você está falando? O que o meu irmão tem haver com isso?

Sasuke me soltou e começou a andar de um lado para o outro da sala passando a mão pelos cabelos. Eu já estava chorando e naquele momento só queria desaparecer do mundo.

-Então você não sabe? O seu irmãozinho está preso. Atrás das grades. E olha só para mim, solto, livre, leve... quem de nós dois é o bandido?!

O tom de voz que ele usava comigo era de deboche, de desprezo. Eu não podia acreditar que o Sasuke tivera alguma coisa haver com a prisão do meu irmão. Não, não, não...

As lágrimas estavam deixando a minha visão embaçada, eu me sentia estranha, estava zonza como se pudesse cair a qualquer momento. Por sorte ainda estava no sofá ou o chão me veria logo.

-Me agradeça depois...

Sai do sofá passando longe daquele sujeito desprezível que era o Sasuke. Eu não conseguia reconhecê-lo. Além do medo que eu tinha sentido dele mais cedo agora eu sentia desprezo e ódio um sentimento totalmente novo para mim.

Sasuke parecia outra pessoa, alguém que eu desejava nunca ter conhecido. Ele me olhava como se eu fosse uma ninguém. Antes que eu pudesse chegar até as escadas senti minha visão ficar turva e meu corpo tremer um pouco. Vi que ele se moveu um pouco na minha direção, mas logo parou subitamente dando as costas e saindo logo em seguida. Eu não queria saber para onde ele iria até porque a solidão era melhor do que estar do lado dele.

Sentei na escada colocando a cabeça no meio das pernas e respirando algumas vezes. Talvez minha pressão houvesse caído demais eu não sabia bem, mas também nas condições que eu estava era difícil ter alguma ideia do que estava acontecendo.

...

 

Minha cabeça doía. Eu me lembrava de ter saído das escadas e ter ido pro quarto, mas não me lembrava de ver o Sasuke chegando. Olhei as horas, pouco mais de uma da manhã. Sentei na cama sentindo um vazio enorme tomar conta de mim, um vazio que tinha nome e sobrenome; Sasuke Uchiha.

Ouvi um barulho no andar de baixo e resolvi descer para ver o que era. Sasuke devia ter saído para beber e provavelmente tinha voltado, só esperava que ele não estivesse pior do que algumas horas atrás.

Coloquei uma blusa de frio descendo pro andar de baixo. As luzes não estavam acessas, mas eu podia ouvir vozes. Uma música suave tocava. Será que Sasuke estava ouvindo música á àquela hora?

Apalpei as paredes até sentir o corrimão da escada. Eu sabia que ali tinha um interruptor, mas a minha cabeça doía tanto que eu mal conseguia me localizar. Por incrível que seja a sorte estava do meu lado e eu acabei apertando o interruptor e fazendo a luz tomar conta de todo o lugar.

Pisquei algumas vezes tentando me localizar naquele ambiente quando uma das piores cenas da minha vida me foram reveladas. Duas mulheres estavam na sala e Sasuke estava jogado no sofá. Uma das mulheres era aquela ruiva, a mesma de dias atrás, a mesma que disse que Sasuke se cansaria. Era ela! E a outra uma loira que eu nunca vi na vida.

Sasuke olhou para as duas mulheres que me olhavam e nada vez, na verdade ele fez sim ao puxar uma das mulheres para um sexo oral bem ali na minha frente.

Um aperto no peito me deixou com um pouco de falta de ar e a surpresa foi tanta que eu sequer conseguia falar apenas fiquei olhando aquilo e me sentindo um lixo.

-Quer se juntar ao grupo querida?

A voz dele me dava nojo. Eu não conseguia sentir outra coisa por ele além de nojo, desprezo. Eu estava muito confusa um tanto quando conturbada, sem saber o que fazer, que atitude tomar.

-Estou pagando na mesma moeda o que você fez comigo.

-Você perdeu de vez a noção.

Gritei fazendo a ruiva dar um passo para trás e sorrir enquanto a loira se levantou puxando o vestido que ela mal usava, pois o mesmo já estava nos seus pés.

Sasuke levantou do sofá vindo na minha direção enquanto se arrumava ou pelo menos tentava.

-Não ouse chegar perto de mim seu... seu...

Lágrimas tomaram conta da minha visão. A dor em meu peito era horrível, misturada com raiva e decepção. Quem era aquele homem? Como eu nunca tinha percebido que poderia ser tão frio e cínico, tão baixo?

Dei meia volta na esperança de poder voltar para o quarto quando ele me tocou.

-Tira suas mãos de mim seu nojento. Eu disse para não me tocar. Nunca mais vai me tocar...

Eu gritei, mas ao mesmo tempo eu chorava. Eu queria gritar o meu ódio, a minha decepção.

-Sabe esse ódio que você sente agora, é o ódio que eu senti ao ver você com aquele homem.

-Pelo amor de deus há uma grande diferença entre nós dois não venha me encher com essa que isso é uma vingança afinal eu não fiz nada já você...

Evitei falar e relembrar o que eu tinha acabado de ver, não tinha forças para continuar com aquela farsa de casamento, com aquelas humilhações me rebaixando a tanto.

Subi rápido as escadas indo para o quarto. Sasuke me seguia dizendo alguma coisa que eu preferi nem mesmo prestar atenção. Entrei no closet procurando algo par vestir até que fui impedida novamente por mãos no meu braço.

-O que pensa que vai fazer?

-Não está vendo?Preciso de alguma roupa ou acha que depois da cena que eu vi vou ficar mais um segundo com você, convivendo debaixo do mesmo teto?

-Você não pode sair assim e me deixar aqui?

-Você só pode estar completamente louco. Sem falar no cheiro repugnante que sai de você. Eu me sinto suja Sasuke só de estar na sua presença.

-Sujo eu me senti ao ver você com aquele sujeito.

-Eu e ele não temos nada e mesmo que tivéssemos isso tudo aqui é de mentira Sasuke. Esse casamento é uma maldita farsa.

Empurrei Sasuke para trás abrindo espaço para que eu passasse. Eu precisava sair daquele lugar, precisa ficar longe daquele sujeito, mas para onde ir? Para quem ligar sem nem mesmo celular eu tinha?

-Maldita farsa mesmo porque até que enfim eu descobrir que a única coisa que você queria de mim era meu dinheiro...

Eu cheguei a me virar para ele e abrir a boca para respondê-lo, mas não valeria a pena afinal eu estava discutindo com o Sasuke e ele simplesmente não dava ouvidos á ninguém, muito menos á mim.

-Eu só quero ir embora daqui...

Falei baixo já sentindo minhas lágrimas caírem sem piedade. Eu não queria chorar na frente dele, não queria demonstrar que eu estava abalada com aquilo tudo e principalmente decepcionada com aquela sua atitude repugnante, mas estava sendo difícil e eu não conseguia me controlar.

Sasuke se calou de repente me fazendo parar e olhá-lo. Ele estava deitado na minha cama com a mão no rosto, provavelmente a bebida tinha feito o efeito que deveria ter feito á muito mais tempo. Ele tinha apagado.

Voltei até o closet vestindo um conjunto de moletom e pegando minha bolsa. Antes tirei todos os cartões de crédito de dentro da carteira e joguei em cima da cama do lado do Sasuke. Eu tinha algum dinheiro, era dele, mas aquilo serviria par que eu me acomodasse em algum lugar por enquanto. Calcei meu tênis e já ia saindo quando ouvi no andar de baixo o telefone tocar sem parar. Olhei a hora, pouco mais de três da manhã. Quem poderia ser a essa hora?

Desci na esperança de não encontrar mais aquelas mulheres naquela casa ou eu não sabia do que seria capaz.

Por sorte ninguém estava na sala, mas eu inda encontrei uma calcinha no sofá. Só de pensar no fato de que Sasuke havia me traído dentro da própria casa fazia meu estomago se revirar e um vazio dobrar de tamanho a cada nova lembrança. Meus pensamentos foram interrompidos mais uma vez pelo barulho do telefone, atendi!

-Alô!

-Boa noite, me desculpa ligar á essa hora, mas eu preciso conversar com Sakura Haruno.

O pânico se instalou dentro de mim. Quem poderia estar me procurando uma hora daquela da noite?

-Sou... sou..eu!

-Senhora Sakura eu sou Emily da clínica de reabilitação...

-O que aconteceu com o meu pai?

O medo e o desespero tomaram conta de mim de repente. Eu estava apavorada, completamente desolada. Se algo acontecesse com o meu pai eu não saberia como lidar.

-Ele sofreu três paradas cardíacas essa noite e os médicos acham melhor à senhora vir se despedir.

Deixei que o telefone caísse das minhas mãos saindo sem rumo para algum lugar. Eu precisava de um táxi, não na verdade eu precisava do meu pai.

Andei sem rumo por algum tempo até me localizar em frente a um ponto de táxi, minha visão estava embaçada, meu peito doía de uma forma estranha e eu me sentia sendo sugada por um buraco negro de onde eu não teria como sair.

Assim que um táxi parou dei o endereço da clínica pedindo ao motorista que acelerasse.

Meu corpo tremia compulsivamente. Eu adiava sentir medo, mas naquele momento o medo era pouco comparado a sensação que eu estava sentindo. Pânico também era bem pouco.

No som do carro daquele senhor uma música melancólica tocava. Uma música que me fazia sentir mais vontade de chorar.

-O senhor pode por gentileza desligar o rádio?

O taxista apenas me olhou, por sorte atendeu o meu pedido desligando o som.

-A senhora não me parece muito bem. Algo te incomoda?

Eu não queria conversar com um estranho, mas naquele momento aquela sua pergunta me pareceu ser o meu refúgio, o meu porto seguro por alguns segundos.

-Só preciso que meu pai fique bem...

Falei baixo limpando mais uma lágrima.

-Entregue nas mãos de Deus. Ele sabe se seu pai merece ou não descansar.

Ele falou de um jeito que me lembrou o meu pai, inferno porque tudo estava acontecendo daquela forma? Porque parecia que meu mundo havia desmoronado de uma única vez sem que eu pudesse fazer nada para impedir isso.

Assim que chegamos a clínica paguei o taxista agradecendo ele pela viagem e por ter me escutado nem que fosse apenas uma frase, aquilo me ajudou de certa forma.

...

Caminhei pelo corredor vazio da clinica. A enfermeira caminhava na minha frente em sua roupa toda azul. Ela me levaria até UTI, meu pai estava ali lutando pela vida.

Um vidro nos separava. Ele estava entubado, os olhos abertos, mas ele parecia tão distante.

-Eu posso entrar?

-Sinto muito senhora, não pode não.

Amaldiçoei aquela enfermeira. Eu queria ver o meu pai, tocar nele, dizer que eu o amava mais que tudo. Coloquei a mão no vidro tentando parecer mais próxima dele. Vi seu olhar se encontrar com o meu e um sorriso surgir na sua boca. Seu olhar parecia procurar alguém e infelizmente esse alguém era o meu irmão. Saber que meu pai não viria o meu irmão naquele momento tão delicado me fazia sentir ódio do Sasuke. Ódio por ele ter se intrometido na minha vida, na vida da minha família.

Sorri para o meu pai tentando não parecer preocupada, mas as lágrimas já caiam sem parar. Algo ali me dizia que era o fim, mesmo eu querendo que ele fosse forte, eu sabia que ele estava no seu limite.

-Eu te amo!

Falei bem baixo olhando diretamente nos olhos dele. Ele sorriu entendendo o meu recado, eu podia ver no seu olhar a esperança, a luta para continuar vivo.

-Eu te amo minha menininha...

Os lábios dele se mexeram e eu consegui entender todas as palavras. Foi como se eu pudesse ouvir a voz dele ecoando por todo o ambiente... então um barulho alto ocorreu e logo médicos e enfermeiros entraram no quarto...

Não, não... não!

Aquilo não podia estar acontecendo... Eu não podia estar perdendo o meu pai...

O meu pai era forte, ele era o meu herói, o meu protetor. Sem ele eu não seria nada. Sem ele eu seria o vazio!

 

...

 

Sai do IML pouco mais de sete da manhã. Meu corpo estava pesado. Eu me sentia exausta e com muita dor de cabeça. A noite tinha sido longa, cansativa e solitária. Olhei para o céu encoberto por uma nevoa densa. Tudo ali era silencioso. Os pássaros não cantavam. As pessoas que ali estavam se calaram. Outra lágrima rolou pela minha face. Eu queria gritar minha dor, mas ali não era o lugar, então eu sofria calada.

Respirei fundo tentando me manter firme. Eu teria um longo dia pela frente. Olhei uma mulher caminhar com seu pai já de idade pelo outro lado da calçada. Ela conversava com ele e lhe mostrava alguma coisa. Sentir que eu poderia ser ela daqui uns anos me fazia sentir feliz, mas então a verdade me atingiu com força. Não eu terei aquela oportunidade. Eu não seria capaz de fazer aquilo porque simplesmente eu estava completamente SOZINHA!


Notas Finais


Continua...


OBS: Se tiver algum erro me desculpem eu revisei esse capítulo cinco vezes e simplesmente perdi o foco. Me desculpem mesmo.


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