Delegacia de Santa Barbara
20 de Dezembro de 1993
15:56
Os advogados Patrice, River, Thomas e Albert já estão aqui e o quinto advogado esta atrasado, estou usando uma calça jeans colada ao corpo e uma camisa vermelha do Michael, meus cabelos estão soltos em um liso escorrido. Michael esta prestes a passar por uma especie de revista corporal os únicos que vão entrar são o dermatologista, alguns seguranças, os advogados e etc, vão tirar fotos, ele é muito tímido quando se trata do corpo dele, espero que ele saiba lidar com isso e se não souber, estarei aqui.
Estamos em uma sala, esperando com que sejamos chamados, eles querem me fazer algumas perguntas, graças a LaToya a imprensa e o mundo suspeita que o meu casamento não é real, bom, não era real por um tempo mas isso acabou, agora nosso casamento é real e solido como rocha
- Senhora Jackson! - uma moça morena baixinha chama por mim, dou um beijo em Michael que também se levanta e com os outros segue o delegado, acompanho a moça por um corredor, ela ela abre uma porta e espera que eu entre, é uma sala em tom azul escuro, uma tipica sala de delegacia, quatro cadeiras e entre elas uma mesa de madeira, tem um gravador, uma câmera, e uma meia luz, entro, me sento em uma das cadeiras e ela se senta em minha frente do outro lado da mesa de madeira escura, ela passa algumas paginas de uma série de folhas que há em cima da mesa
- Quer beber alguma coisa? - um homem alto com um terno azul escuro se senta ao lado da moça, movo a cabeça negativamente, ele mexe em uma câmera e em um gravador e o coloca em cima da mesa - Então vamos começar! Seu nome completo, idade, o ano que nasceu, onde mora atualmente e sua profissão
- Mariangel Jackson, nasci no dia 05 de Novembro de 1967, eu sou Pediatra e moro em um rancho em Los Olivos na Califórnia - digo firme, ela encara sua folha
- Há quanto tempo conhece Michael Joseph Jackson? - ele pergunta sem tirar os olhos de sua folha
- O conheço desde Abril do ano de 1992 - ele faz uma careta e olha estranho para mim, começo a suar frio
- Vocês se casaram depois de quase 2 meses que se conheceram? - ele pergunta demonstrando seu espanto
- Somos muito apaixonados um pelo outro, desde a primeira vez que nos vimos, já sabíamos que seria para sempre - estou muito nervosa, tento ao máximo controlar a minha voz, ele volta a olhar suas folhas
- Você já notou algum comportamento estranho de Michael Joseph Jackson perto de crianças?
- Nunca notei nada estranho no comportamento dele - ele morde a boca e risca algo na folha
- Com que frequência crianças vão a Neverland? - ele tira os olhos das folhas e me encara
- Nós recebemos crianças em Neverland mais ou menos a cada 3 meses!
17:49
Depois de um tempo me fazendo mais algumas perguntas bem bobas, graças a deus parece estar chegando ao fim
- Seu marido dava muitos presentes a Jordan Chandler e sua irmã, qual é sua posição sobre isso? - a moça pergunta em um tom calmo
- Ele é uma pessoa doce e gentil, gosta de agradar, é algo dele, ele não presenteia para conseguir algo, ele presenteia porque gosta de ver a reação da pessoa que esta recebendo, ele é uma pessoa muito boa, ama ver as pessoas felizes - o moço de terno azul cochicha algo no ouvido de dela, ela se levanta e vai até a porta, depois de alguns minutos ela retorna, joga algumas fotos em cima da mesa
- A senhora pode nos dizer qual é o pênis do seu marido? - ela se senta em sua cadeira e me encara com um sorriso de lado, pego as fotos, são fotos de vários pênis diferentes, pego a foto do pênis do meu marido e entrego a ela, coloco as outras fotos em cima da mesa, o semblante dela não é nada bom - Esta dispensada senhora Jackson! - ela diz sem olhar para mim, me levanto e o moço de terno azul me acompanha
- Me desculpe pelo jeito hostil dela, é o jeitinho dela - ele sorri e me estende a mão, a pego - Me chamo Anderson!
- Muito prazer Anderson! - sorrio e ando mais rápido até o saguão da delegacia onde Petra esta sentada ao lado do seu marido John, vou até Petra, me sento do seu outro lado. Parece que tudo já acabou pois os que entraram com ele vão saindo, suas caras não são boas, a única pessoa que ainda esta lá é John marido de Petra. Sneddon passa por nós com um sorriso triunfante, Petra nervosa o segue até fora da delegacia, vou atrás dela para a impedir de fazer uma bobagem
- Sneddon, você não quer me ter como inimiga! - Petra diz e esboça um sorriso triunfante
- Não se mete Pritchett, o problema é apenas com os Jacksons! - ele se afastando, ela se aproxima novamente
- Eu a partir de agora estou liderando o caso e qualquer outro que vier, nós vamos a tribunal, nem que eu tenha que virar a Califórnia de cabeça para baixo atrás desse maldito Evan que sumiu do mapa! - ela diz entre dentes - E você, acho bom tomar muito cuidado comigo, você não tem ideia do que eu sou capaz de fazer pra defender a minha família e os meus amigos - a mão de Sneddon está tremendo e ele está suando frio, eu apenas vejo uma mulher loira, de estatura baixa que tem os cabelos acima dos ombros que tem uma voz delicada e muito jovial confrontando com classe um advogado de merda
- Petra é tarde demais, os antigos advogados já fizeram Jacko assinar o acordo há muito tempo! - ele sorri, eu não posso acreditar nisso, mas ele já não tinha os dispensado?
- Esta tudo bem por aqui? - John o esposo de Petra surge da porta, vem até nós e coloca sua gigantesca mão em um dos ombros de Petra, Sneddon apenas se retira - Meninas, daqui alguns minutos Michael vai sair e ele vai precisar de vocês - ele diz e voltamos com ele para dentro da delegacia.
Alguns minutos se passam e ele finalmente vem até nós, Petra como uma leoa vai até ele
- Que história é essa de você já ter assinado o acordo? - ela diz firme e ele se encolhe
- Eu só quero que esse pesadelo acabe, eles me convenceram que seria o melhor e eu confio neles - ela leva as mãos até a cabeça, respira fundo, aponta o dedo para ele e se retira furiosa, John da um abraço rápido em Michael e corre atrás da esposa
- Michael - ele olha para mim, seus olhos estão vermelhos e um dos botões de sua camisa esta errado, levo minhas mãos até os botões, ele as segura e as tira de perto dele, sem olhar para mim ele sai acompanhado de Warren, Wayne se coloca ao meu lado
- Dê um tempo a ele, esta sendo dificil - Daniel diz e me da um beijo na bochecha, se retira com sua esposa e sua irmã River, Albert e Thomas Mesereau vem até mim, Albert acena com a cabeça para mim e se vai, Thomas me da o braço, o seguro, juntos saímos desse lugar que não quero voltar por tão cedo.
Rancho Neverland, Los Olivos
21:56
Michael passou o trajeto da delegacia até em casa sem dizer uma palavra, sequer olhou para mim, o carro para, ele sai e corre para dentro de casa, saio em seguida e corro atrás dele, ele fecha a porta do quarto com força antes que eu pelo menos chegue perto, respiro fundo e dou dois passos para trás, ele precisa de um tempo sozinho.
Vou até o quarto de hospedes que ele ocupava antes, pego um cobertor no closet, me enrolo nele e me deito na cama.
21 de dezembro de 1993
09:15
Abro meus olhos preguiçosamente, a visão que tenho é a mais doce possível, Michael esta deitado ao meu lado, encolhido com a mesma roupa que usou ontem, coloco o cobertor por cima dele, me levanto, desço até a cozinha e lhe preparo um café da manhã completo, chá, torradas, ovos mexidos, suco de laranja fresco e creme de avelã para as torradas. Coloco tudo em uma bandeja e levo para o quarto, abro a porta devagar, deixo a bandeja em cima de uma cadeira e vou até ele, acaricio seu rosto, tiro um dos cachos que invadem seu rosto do caminho, beijo seus lábios que esta com um gosto amargo, remédio
Ele abre os olhos devagar, leva uma das mãos até uma das minhas bochechas e faz carinho com as costas de sua mão, vejo um sorriso se abrir.
22 de Dezembro de 1993
Mariangel Jackson
Já esta tudo pronto para Michael falar para milhares de pessoas o que realmente esta acontecendo e desmentir o que a mídia anda distorcendo. Eles testam o microfone, esta tudo ótimo, estou sentada em sua frente ao lado da câmera, em alguns segundos ele estará ao vivo para mais de três emissoras. Um moço ao meu lado começa uma contagem, pronto, estamos no ar
- Andam relatando muita coisa nojenta recentemente a respeito de alegações de comportamento impróprio da minha pessoa. Esses relatos a meu respeito são totalmente falsos! Como eu já tenho dito desde o início, espero sair o mais rápido possível dessa horrorosa experiência a qual me submeteram. Eu não vou responder a todas as falsas alegações contra mim, já que meus advogados me disseram que essa não seria a maneira correta de se fazer. Devo dizer que estou particularmente chateado com esta bagunça, essa terrível bagunça da mídia. A cada oportunidade, a mídia tem dissecado e manipulado as alegações. Para chegarem a sua própria conclusão - ele diz movimentando as mãos, seu rosto, seu olhar triste, ele esta tão abalado por ter que falar sobre isso
- Senhora Jackson, pretende falar após ele como o combinado? - um dos produtores diz ao meu ouvido
- Não, quando ele terminar pode encerrar, eu vou ficar com o meu marido, ele vai precisar de mim - sussurro e ele apenas assente com a cabeça
- Eu peço a vocês que esperam e ouçam a verdade antes de me condenarem! Não me tratem como criminoso porque sou inocente! Fui forçado a me submeter a um exame humilhante e desumano pelo Distrito de Santa Bárbara e pelo Departamento de Polícia de Los Angeles no início da semana - sua voz claramente abalada corta meu coração, seus olhos cheios de lágrimas, queria poder tirar ele desse pesadelo, lhe dar um motivo para sorrir - Eles têm um mandado que os permite examinar e fotografar meu corpo, inclusive meu pênis - ele respira fundo e continua - Nádegas, peito, coxas e qualquer outra área que quiserem. Supostamente, eles estavam procurando por qualquer descoloração, manchas, qualquer evidência de uma doença que ataca a cor da pele, chamada vitiligo, da qual eu já comentei anteriormente
Sinto vontade de vomitar, respiro fundo para afastar isso mas parece que aumenta ainda mais, me levanto, saio devagar para não atrapalhar, abro a porta e ando um pouco, apoio minha mão na parede do corredor e levanto a cabeça, fecho os olhos, respiro pela boca
- A senhora esta bem? - Dayse pergunta, depois de alguns segundos sinto algo gelado em meu rosto, ela esta passando um lenço umido no meu rosto, olho para ela, estou me sentindo melhor
- Esta tudo bem Dayse, é só essa situação toda - digo ofegante, ela move a cabeça de cima para baixo, dou um beijo em sua bochecha e volto para onde eu estava, me sento na cadeira
- Durante toda minha vida, tenho apenas tentado ajudar milhares e milhares de crianças para que elas tenham vidas felizes. Me traz lágrimas aos olhos quando vejo uma criança sofrendo. Não sou culpado destas alegações! E se eu sou culpado de qualquer coisa - a voz falha, mas ele consegue voltar - É de dar tudo o que eu podia para ajudar crianças do mundo inteiro. É de amar crianças de todas as idades e raças, é de ganhar alegria e felicidade, ao ver crianças com suas inocências e rostos sorridentes, é de aproveitar através delas a infância que eu perdi
Levanto meu rosto para afastar as lagrimas, eu apenas quero o tirar daqui, o levar para um lugar seguro e cuidar das suas feridas, a cada palavra que ele diz se sente a dor que ele esta carregando
- Se eu sou culpado de qualquer coisa, é de acreditar no que Deus diz sobre as crianças. CRIANÇAS QUE SOFREM, VENHAM ATÉ MIM. E NÃO AS PROÍBAM NO REINO DE DEUS - sem pausa ele continua - De jeito nenhum, eu afirmo que sou Deus! Mas eu tento, sim, ser como Deus em meu coração. Sou totalmente inocente de qualquer ato ruim. E eu sei que todas estas alegações terríveis serão esclarecidas falsas - o mesmo moço que veio falar comigo para ao meu lado
- Já estamos terminando, ok? - ele diz pousando uma mão em meu ombro, ele notou que estou abalada? Michael também deve ter notado, não quero que ele se preocupe comigo
- A minha doce esposa, meus amigos e fãs, agradeço por todo apoio. Juntos, nos veremos através de tudo isso até o final. Eu amo muito vocês e que Deus abençoe a todos! Amo vocês
- Feito! - um dos homens grita, Michael se levanta da cadeira, vem até mim e pega minha mão, me levanto depressa e tento o acompanhar, subimos as escadas quase correndo, ele abre a porta e me puxa até a cama, me senta e me leva para ele colocando seus braços ao meu redor, apoia sua cabeça em meu peito e chora desvairadamente, faço carinho em seu cabelo, sinto o enjoo voltando de novo, respiro fundo e tento o afastar levantando minha cabeça para cima, suas lagrimas rolam por suas bochechas e caem sobre mim, ele se afasta e olha para mim, sua maquiagem borrada, seus olhos vermelhos
- Podemos nos deitar agora? - ele me pergunta com a voz embargada
- É claro que sim meu amor - vou até o closet e pego mais um cobertor, esta muito frio, ele se levanta, arrumo a cama, ele se deita e me encara, me deito ao seu lado, ele me abraça, e volta a chorar, a noite vai ser longa.
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