A verdade é que Soonyoung estava nervoso, os dedinhos batucando sobre o vidro do carro lhe entregavam. O homem ao seu lado observava pelo canto do olho, achando cômica tal situação.
Era a primeira vez em que finalmente tivera um tempo livre para retornar naquela bonita cafeteria. O mês passado que decorrera-se após o fatídico dia de sua viagem fracassada, fora repleto de reuniões para organizar como seriam as coisas com agora com a sua presença e não seria surpresa o fato de Lee Jihoon perseguir seus pensamentos noite e dia. Sempre acabava recordando-se de seus olhinhos pequenos, as bochechas redondinhas e os fios loiros.
— Chegamos — despertou de seus pensamentos, observando o local a sua frente.
Passavam das quatro da tarde, havia acabado de sair da academia, o cansaço de mais um fim de dia se fazendo presente. Agradecia mentalmente por mais um fim de semana estar chegando, agora com tudo sobre controle poderia descansar feliz.
Os dias de reforma interna findaram-se, estava exatamente como o planejado. As aulas já haviam voltado e logo a sua primeira turma seria formada, ansiava por voltar a coreografar e principalmente lecionar. Desde que chegara de Londres não o fazia, aliás, sentia saudades do país e de alguns amigos que fizera durante toda a sua estadia.
Sua família o visitara na última semana, após dois anos, finalmente pudera abraçar Sooyoung, ela parecia bem maior do que na última vez em que encontraram-se. Chorou enquanto enchia o rostinho rechonchudo de sua mãe de beijinhos e nem precisava comentar o fato de sua irmã tirar brincadeiras consigo a respeito de seu término com Minghao.
Este que andava demasiadamente sorridente nos últimos dias, não é como se escondesse todos os detalhes de sua relação com Junhui para si. O chinês era o seu melhor amigo independente do que acontecera. Lhe deixava muito feliz saber que a relação dos dois parecia evoluir um pouco mais diariamente.
E bom, é claro que não esconderia seus pensamentos do casal, os seus olhinhos perdidos demonstravam todas as vezes em que sua mente divagava sobre um pequeno garoto fofinho extremamente adorável.
Minghao tivera um surto, acompanhado pelo quase namorado. Soonyoung acreditava que a convivência estava fundindo a personalidade daquele dois. É como dizem, você é o que come.
De modo resumido, cansaço e bagunça eram as palavras chaves.
Seu pai iria lhe auxiliar com a parte administrativa da academia, já haviam conversado sobre, então para a sua felicidade poderia dar suas aulas sem se preocupar com assuntos terceiros.
Observou pela vitrine que haviam bastante pessoas, talvez um dos horários de pico. Não passara desapercebido por si algumas pequenas mudanças no interior da loja, como um maior número de mesas, algumas novas decorações — decerto analisara minuciosamente cada detalhe na primeira e última vez que estivera ali, e bom, a loja não fora a única a ganhar sua atenção — e os tons pastéis aparentemente foram substituídos pela cor vinho.
Sorriu minimamente, suspirando antes de adentrar, sendo seguido por Brian, que assim como o rapaz observava o local.
Seus olhos percorreram o perímetro em busca de alguém específico, sem sucesso. Assustara-se com um rapaz um pouco mais baixo que si, lhe sorrindo de forma estranha bem a sua frente.
— O que uma belezinha dessas faz neste humilde estabelecimento? — o homem atrás de si rira de forma disfarçada.
— Ahn... — antes que tivesse a oportunidade de respondê-lo, um rapaz - muito bonito por sinal - puxou-lhe pela cintura.
— Desculpe senhor, ele tem a língua solta — repreendeu o menor, que emburrou-se cruzando os braços como uma criança.
— Ya, fique na sua Chwe Hansol! — este que apenas apertou-lhe as bochechas, deixando-o envergonhado e com o rostinho corado.
Percebendo que Soonyoung tinha a atenção voltada para a porta atrás do balcão, Hansol encarou-a antes de chamar a sua atenção.
— Procura algo? — Kwon coçou a nuca, visivelmente envergonhado com a situação, Brian permanecia observando o pequeno espetáculo que assemelhava-se a uma cena de novela mexicana.
— Jihoon — os dois a sua frente cruzaram os olhares confusos.
— O que você quer com ele? — o postura do mais baixo havia tornado-se como a de uma fera prestes a atacar.
— É q-que estive aqui a algumas semanas e... — não sabia como finalizar as suas palavras.
"Acho que ele roubou meu coração então vim buscá-lo (pode-se considerar os dois)."
Provável que Boo Seungkwan — leu no crachá em seu peito — usasse o lencinho amarrado em seu pulso para enforcá-lo.
— Você é Kwon Soonyoung certo? Ele comentou sobre o episódio do café — cerrou os olhos em sua direção e Soonyoung apenas confirmou franzindo o cenho.
— Não quer acomodar-se, tomar um café ou comer um pedaço de torta? Estamos com novos sabores — Hansol tomou a frente, puxando-o para a vitrine de doces. Sua boca salivou ao ver o bolo vermelho com cobertura de creme, fazia tanto tempo desde a última vez em que provara da torta.
— Respondendo a sua pergunta, Jihoon tirou folga hoje. Ele andava trabalhando incessantemente nos últimos dias então o obrigamos a ter o final de semana para descansar, mas como é teimoso, tenho certeza que domingo já está de volta — Seungkwan tagarelava enquanto depositava xícaras fumegantes a frente dos dois que escutavam com atenção suas palavras.
Soonyoung sentiu um pequeno aperto em seu peito ao ouvir que o outro andava tão cansado como si.
— Bom, é assim que muitas pessoas fazem quando querem esvaziar a mente — deu de ombros.
— O que quer dizer com isso? — indagou, sua curiosidade aumentando ao ver o moreno comprimir os lábios, como se houvesse falado demais.
— Sabia que todas essas receitas são criadas por ele? Algumas fugindo do básico, outras adaptadas, mas a maioria autoral! — fugiu do assunto e Soonyoung percebeu que seria invasivo demais perguntar sobre a vida alheia sem mesmo ter algum tipo de intimidade.
— Então domingo ele está aqui? — perguntou, agradecendo logo em seguida pelo pedaço de torta.
— É quase certeza que sim, bom, geralmente Jihoon quem abre a loja e domingo é o dia favorito dele — Hansol deu de ombros, cutucando Boo e apontando para algum lugar atrás de si, provavelmente clientes. — Não ligue para o Seungkwan, ele fala pelos cotovelos — suspirou, com um pequeno sorriso.
— Não tem problema!
Ao fim do dia não tivera a sorte de encontrá-lo, a semana não terminaria da forma como havia planejado, bom, nem sempre tudo ocorre como o planejado, principalmente tratando-se de Lee Jihoon.
Mas quem sabe o início seguinte pudesse ser diferente.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.