Definitivamente o melhor lugar para se refletir sobre alguma coisa, é debaixo do chuveiro com a água morna escorrendo pelo seu corpo. Não há nada mais relaxante do que a sensação da água relaxando cada músculo do seu corpo, enquanto sua mente se alivia de pensamentos impuros.
Depois que me sentei em minha poltrona e decidi ignorar a existência do meu filho, vim para o banheiro e me despi entrando no Box e deixando que a água me lave, tanto física quanto emocionalmente.
Claro que ainda imagino o dia em que tomaremos banho juntos, e eu beijarei todo seu corpo molhado, ouvindo seus gemidos e...
“Liam?” Oh droga. Até em meus pensamentos escuto sua doce e melodiosa voz. Como isso é possível? “Liam, posso falar com você?” E novamente a voz se fez presente no cômodo coberto pela fumaça do chuveiro. Em um súbito momento virei meu corpo para a porta e o vi ali escorado no batente da porta com os braços cruzados.
Senti cada célula do meu corpo se congelar naquele momento. Fechei meus olhos e respirei fundo desejando que aquilo fosse apenas uma miragem.
“Se você tiver tempo de me escutar, claro...” Como sua voz pode ser tão gostosa de ouvir? Eu poderia facilmente passar boas horas do dia apenas o ouvindo falar sobre coisas aleatórias.
“Só um minuto...” Gesticulei para que ele me esperasse no quarto, enquanto terminava meu banho. Assim que ele saiu, virei-me novamente para a parede e apoiei minhas mãos no azulejo azul. Meus olhos arderam naquele momento e eu nem soube dizer porque e nem como, sei que senti gotas escorrendo por minhas bochechas e posso garantir que não são de água.
Como ele pode mexer assim comigo? Como eu posso amá-lo com tanta intensidade assim?
De repente senti como se toda a minha força e minha energia tivesse se esvaído do meu corpo, perdi completamente o controle de minhas pernas enquanto encostava minhas costas na parede e escorregava até o chão com meus joelhos dobrados e meus braços apoiados neles.
Porque tudo tem que ser tão complicado? Amar alguém que nunca será meu. Sentir uma necessidade enorme de tocar alguém que eu deveria proteger.
Aquela altura eu já não conseguia mais controlar as lágrimas que jorravam de meus olhos.
Sophia, porque você me deixou? Porque me deixou aqui pra sofrer triplamente? Eu sinto tanto a sua falta.
“Olha, se você não estiver... Liam?” Enterrei minha cabeça em meus braços e fechei meus olhos tentando controlar minha respiração, e tentando parar os soluços que teimavam e sair de minha boca. “Pai... O que houve?” Cada palavra que ele dizia era um motivo a mais pra deixar que as lágrimas escorressem livremente. Não ousei subir o olhar minuto algum, porque eu não conseguiria olhar em seus olhinhos castanhos brilhantes sem desabar mais do que estou desabando.
“V-vai embora...” Sussurrei com minha voz incrivelmente embargada. Logo mais ouvi a porta do Box correr e a água ser desligada. “Me deixa sozinho... Por favor... E-eu preciso...” Eu sei que ele esta aqui. Sei que ele esta parado em minha frente, e isso dói mais ainda.
“Não...” Respondeu ele enquanto se agachava. Senti suas mãos correrem por meus braços indo de encontro ao cabelo de minha nuca. “Me deixa te ajudar...” Seu tom de voz suplicante me quebrou mais ainda. “Eu não agüento te ver assim...” E sua voz ia se tornando mais baixa a cada palavra. Tirei forças do além e ergui minha cabeça encontrando seu olhar. Seus lindos olhinhos estavam vermelhos, assim como sua bochecha e a ponta de seu nariz.
Ah como eu queria beijá-lo.
“E-eu...” Antes que eu pudesse dizer alguma frase coerente, seus braços envolveram meu pescoço e ele praticamente se jogou em meus braços em um abraço que eu só queria se fosse dele. “Não...” Sussurrei enquanto tentava empurrar sua barriga para que me soltasse.
“Eu... Eu te amo tanto...” Aquilo havia sido o fim. Ouvir aquelas palavras de sua boca em um momento como esse, foi o tiro de misericórdia. Agarrei sua cintura com toda a minha força e correspondi ao seu abraço apertado. A paz que eu tanto procurava, havia sido encontrada naquele pequeno gesto.
“Eu não... Eu não consigo...” Enterrei meu rosto em seu pescoço e chorei. Chorei o que eu não consegui chorar quando, minha mulher me abandonou com uma pequena criança chorando em meus braços. Uma criança a qual me apeguei de uma forma absurda.
“Eu sei o que você sente Liam, sei perfeitamente, porque...” Deixou a frase no ar enquanto me empurrava e encarava meus olhos. “Tão lindo...” Sussurrou enquanto levava seu polegar até minha bochecha retirando algumas lágrimas.
“Porque?” Estimulei puxando todo o ar do ambiente para meus pulmões e os soltando rapidamente. Ele então se levantou rapidamente com as lágrimas ainda escorrendo por suas delicadas bochechas, e puxou a toalha de cima da pia, voltando em seguida e se ajoelhando em minha frente novamente.
“Porque eu sinto o mesmo...” E então ele abriu a toalha e a envolveu em meus braços me cobrindo. “Tenho o mesmo conflito interno todo santo dia...” E então ele enxugou meu cabelo, impedindo que a água caísse em meu rosto. “Os mesmos pensamentos, sonhos... E o mesmo desejo incontrolável...” Engoli em seco e senti cada pelo do meu corpo se arrepiar sobre o toque firme dele.
“Zayn...” Suspirei enquanto abaixava seus braços e levava uma de minhas mãos até sua bochecha, me aproximando lentamente enquanto ele fazia o mesmo.
“Liam...” Uma lágrima escorreu de meus olhos antes os fechar e senti a respiração de meu filho em meus lábios.
“Me deixa dormir ao seu lado hoje?” Senti seu hálito quente bater em meu lábio inferior. “Deixa eu experimentar a sensação que eu tanto sonho em sentir, ao menos uma vez?” Abaixei minha cabeça ainda com meus olhos fechados e encostei minha testa em sua boca. “Me deixe cuidar de você...” Eu estava tão entregue a ele. Eu estava tão vulnerável, a qualquer coisa relacionada a ele.
“Pra que?” Foi o único sopro que saiu de minha boca. O ambiente ficou em silencio por algum momento enquanto eu apenas sentia seus lábios passear pela pele do meu rosto. Juntei toda a força que eu não tinha antes de falar. “Só pra sofrer mais ainda por saber que... Que nunca poderei beijar sua boca... Sentir seu gosto, sentir a textura de seus lábios... Saber que nunca poderei me embriagar com sua saliva... Nunca poderei te cobrir de beijos até você dormir...” A Sem que eu pudesse me dar conta, minhas mãos estavam em sua barriga subindo e descendo em movimentos carinhosos.
“Eu queria tanto...” Sua boca encontrou meu nariz onde ele deixou um pequeno beijo na ponta e logo o descendo até meu queixo deixando uma trilha de saliva até meu pescoço. Tombei minha cabeça para trás dando uma visão perfeita de toda a minha pele alva. Mas antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, o som estridente do meu celular ecoou fazendo Zayn se afastar e se sentar encostado na parede oposta a que eu estava.
Levantei-me cambaleante e ainda com resquícios de lágrimas pelo meu rosto e fui até a pia onde meu celular descansava. Tomei-o em minhas mãos e levei ao ouvido.
-Liam? – Fechei meus olhos e pousei uma mão no osso de meu nariz.
“Louis?”
-Ei mate... – Seu tom de voz não estava muito diferente do meu. O que me leva a crer que ele também estava chorando. Soltei uma risada nasalada e logo ouvi o barulho na porta, mas não me virei pra ver o que era.
“Parece que não sou o único com problemas aqui...” Olhei de soslaio e percebi Zayn sentado na tampa da privada.
-Com toda a certeza não... Podemos nos encontrar?- Abri meus olhos de imediato e encarei meu reflexo.
“Hoje?”
-Agora. – Pensei por alguns segundos e lembrei do que Zayn me pediu a minutos atrás. Por mais que cada parte de meu corpo implorasse pra que eu negasse e dormisse agarradinho ao meu filho, meu cérebro dizia para aceitar e assim ter uma noite decente com um amigo.
“Tudo bem... Vou me arrumar e passo ai em a meia hora, certo?” Virei-me para sair do banheiro, mas logo senti mãos puxarem meu braço me impedindo de andar.
-Bem... Na verdade, já estou aqui em baixo...
“Estarei ai em dez minutos...” Sussurrei antes de desligar o celular e o jogar na pia novamente.
“Você... Eu... Quer dizer nós...” Pude sentir que ele estava corado agora o que me fez sorrir minimamente.
“O numero da pizzaria esta no balcão da cozinha...” Avisei antes de me virar para o guarda-roupa e pegar qualquer peça que viu pela frente.
Depois de pronto fechei meus olhos em frente ao espelho e suspirei antes de pegar a chave do carro e de casa em cima do criado mudo.
“Você vai me deixar aqui sozinho?” Sua voz tão ferida e magoada ecoou me fazendo refletir por alguns instantes, antes de assentir e seguir em direção a porta. “Sem Se despedir?” Parei no corredor mesmo. Deus, ele estava tornando tudo ainda mais difícil e doloroso do que deve ser.
“Zayn...” Abaixei minha cabeça.
“Só um...” Ele se auto-interrompeu.
“Um beijo?” Sorri nasalado, sabendo que ambos sabíamos que aquilo não seria possível. “Boa noite Zayn... E não me espere acordado...” Foi a ultima coisa que gritei antes de sair porta a fora. Meu coração palpitava me implorando pra voltar. Meu corpo trabalhava em modo automático enquanto eu me recordava do que aconteceu mais cedo. E novamente senti a onda quente de lágrimas querendo sair livremente.
Foi quando ergui minha cabeça e vi Louis ali, encostado em seu carro, com um olhar tão perdido quanto o meu. Parecendo tão destruído quanto eu estou.
Corri em sua direção e ele abriu os braços me acolhendo em um abraço que eu realmente precisava. Logo senti algo quente molhar meu pescoço, julgo eu que ele também chorava.
“Eu estou enlouquecendo Lou... Eu não...” Fui interrompido por um soluço que ecoou no estacionamento.
“Somos dois meu irmão...” Independente do momento e da situação eu sorri. Sorri porque sabia que Louis era o único que me entendia. Ele sabia perfeitamente o que eu estava sentindo naquele momento. E eu sabia pelo que ele estava passando também.
Por isso nós dois choramos nos braços um do outro naquele estacionamento vazio.
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