New York
Skate idiota
Bieber estava me guiando para o quarto. Estávamos passando pelo corredor dos dormitórios.
- E a série? Você parou? - Me perguntou. Por que caralhos Justin Bieber assistiria uma série de menina?
- Er... Tive que parar - Respirei fundo - Graças a Deus - Sussurro cruzando o corredor.
- Por que "graças a Deus"?
- Porque eu odiava - Avistei a porta do meu quarto de longe.
- É daquelas meninas que muito ambiciosa ou que não tem atitude? - Pergunta e eu assinto, ele se aproxima um pouco, discretamente diria.
- Acho que não ter atitude é uma das melhores definições até agora - Ele sorri.
- Uma época foi assim - Nos olhamos - Mas vai passar - Me deu um abraço de lado, fiquei desconfiada - Você namora?
- Eu não - Ele sorri.
- Quer se dar mal essa noite? - Me pergunta com uma voz sedutora.
- Não é a primeira pessoa que me pergunta isso essa noite, sabia? - Solto um sorriso.
Paramos na frente da minha porta. Ele me olhou e encostou no batente dela, ele ainda sorria. Abro a mesma, entro e ele entra logo depois.
- Não vai me dar nenhum beijo de boa noite? - Perguntou encostado na parede, ficando de lado para a porta.
- Desde que seja só um beijo - Digo, me aproximo.
- Nunca é só um beijo - Sussurrou de volta.
Ele tenta me beijar, mas evito seu ato, ele sorri e vai embora.
[...]
- Oi - Me cumprimentou seco.
- O que foi? - Perguntei.
- Me pegaram ontem - Me sento na cadeira em frente a mesa de Rafael e viro para trás.
- O guarda? - Fico surpresa.
- Como sabe? - Sua voz estava rouca novamente.
- Não sei - Reviro os olhos - Na verdade, é uma longa história - Ele me encara.
- Tenho tempo.
- Eu não - Dou uma piscadela e sento no meu lugar.
Me sentava no meio da sala, na ultima mesa. Brianna sentava na minha fileira só que lá na frente. Bieber e seus amigos se sentavam do lado esquerdo da sala, no fundo também.
- Olá turma - Cumprimenta a professora entrando na sala, parecia perdida com a pilha de papéis que segurava.
Fico olhando ela separar os papéis enquanto a sala toda conversava com seus amigos. Sinto um papel bater na minha cabeça, tento descobrir quem jogou. Bieber estava com seus amigos olhando para mim, qual século a gente estava mesmo?
Procuro o papel e logo acho ele estava no chão. Me estico para pegar o bendito papel e acabo - depois de muito esforço - conseguindo. Abro o papel que dizia:
Aceita sair com a gente mais tarde?
Sim ( ) Não ( )
Me pego rindo um pouco e olho de volta para eles afirmando com a cabeça. Me levanto um pouco e sem sair do lugar eu jogo no lixo, o papel foi muito certeiro.
- WOWWWW - Gritam, eu olho confusa, dou uma risada.
Tudo esses meninos gritam, só por Deus!
[...]
- Pode falar agora? - Pergunta Rafael.
- Desculpa Rafa, mas eu queria ficar sozinha agora - Fico com uma expressão de "ME DESCULPA", ele só ignora e sai.
Horário livre é uma bosta quando se não tem amigos para você conversar.
Eu gostava de Rafael, entretanto eu perdi a confiança nele ontem, se não fosse o Bieber e seus amiguinhos eu ainda estaria lá ou sido pega por aquele guarda.
Olho para as pessoas se divertindo e eu lá sentada na grama e pensando na vida. Ali era com certeza um bom lugar pra pensar, pena que meus pensamentos ás vezes me assustam! Observo a paisagem e as pessoas novamente. Espera, cade o Bieber e a gangue? (vou começar a chamar assim, é mais divertido do que "amigos").
Me levanto.
Procuro algum guarda ou professor por lá, mas não tinha nenhum. Começo a andar por ali com a intenção de acha-los, mas acabo achando uma coisa muito melhor... Pego um skate e vou até a quadra enquanto andava no mesmo. Sinto o vento balançar o meu cabelo e me sinto livre novamente, igual ontem a noite. Começo a me lembrar do sorriso daquele menino e estremeci um pouco ao pensar naquela boca. Me pego sorrindo e... Porra Charlotte, para de sorrir!
Chegando na quadra eu a vejo vazia, começo a aumentar a velocidade cada vez mais.
- Ei - Grita alguém me assustando.
Paro o skate e olho para trás, era Mingus.
- Oi? - Pergunto e espero ele se aproximar de mim com o skate dele.
- Acha que você pode pegar o skate dos outros sem pedir? - Fala Mingus em um tom de brincadeira.
- Ah, desculpa, caro senhor - saio de cima do skate - Eu pensei que era da escola...
- Não precisa se preocupar - Me interrompe - Afinal, me acompanha até o meu esconderijo secreto para você entregar o skate ao dono - Ele sorri e eu retribuo.
- Ui, mistério - Ri e ele deu uma piscadela, logo depois riu também. Começou a andar de skate cujo o rumo eu não sei, mas eu acompanhei.
Fomos para um lugar completamente desconhecido por mim, ficava bem mais para trás dos fundos do internato. Chegando lá, Mingus desacelerou a velocidade e eu também, peguei o skate na mão.
- Cadê? - Sussurrei ainda ofegante, ele fez um sinal de "calma" com a mão. De repente ouvimos um grito muito agudo tão próximos que nós dois nos assustamos. Coloquei a mão no coração e o mesmo ficou mais calmo quando vi a "gangue" toda.
- Caralho, nunca mais façam isso - Avisa Mingus.
- Porra! Querem me matar? - Pergunto e olho para eles de novo.
Meu coração que estava mais calmo, acelerou novamente quando eu vi aquele menino. Depois de um tempo eu percebo que eles estavam rindo muito.
- Se assustou princesa? - Perguntou Bieber com um sorriso nos lábios, ele estava bem próximo de mim.
- Meu coração quase parou - Corrigi, eu me afastei dele - Bom, de quem é o skate? - Perguntei apontando para o objeto.
- Meu - Sorriu o mesmo menino que não saia da minha mente.
- Skate do...? - Perguntei olhando para ele.
- Matthew - Deu uma piscadela e eu entreguei o skate.
- Conseguem me acompanhar? - Perguntei me preparando para correr.
- Você acabou de nos desafiar? - Perguntou Chandler não entendendo.
- Tá surdo? - Sorri para ele.
- Vamos, você começa - Fala e eu começo a correr em direção ao internato.
Logo depois eu ouço o barulho da "gangue" vindo e começo a correr mais rápido. Me sentia tão bem correndo que se eu pudesse eu não pararia, sentir seu cabelo voar, sentir o vento no rosto e o fato de se sentir livre correndo.
Era ótimo!
Olhei para trás e eles estavam longe, olhei para frente e comecei a correr mais rápido. De repente ouço um barulho e alguém cair, começo a desacelerar a velocidade e olho para trás, vejo alguém caído e uma rodinha em volta. Corro para ver o que aconteceu e quando eu chego vejo Matthew no chão.
CHARLOTTE OFF
MATTHEW ON
Estava com minhas mãos na cabeça para espantar a dor.
Pude ver lentamente a cena da menina se aproximar e me ver caído, pude ver os meninos me balançarem em câmera lenta, mas não conseguia reagir, pude ver o cabelo da menina se movimentar bem devagar e a expressão de dor ao me ver ali. Só olhei para o céu azul e o sol. Era tanto brilho que...
- Matt...Matthew - Justin me chamava, abri meus olhos lentamente.
Minha visão ia se acertando cada vez mais, eu estava no meu quarto...Vi alguns pôsteres na parede e a turma toda ali, agora era certeza, eu estava no meu quarto.
- O que aconteceu depois que eu dormi? - Perguntei e eles olharam para mim, eles estavam sorrindo, acho que de alivio.
- A Charlotte armou pra você Matt - Fala Brianna.
- O que? Quem? - Perguntei, tentei levantar mais minha cabeça doeu então desisti e me deitei de novo.
- A menina que pegou seu skate - Respondeu Chandler.
Como? Não pode ser... Não era possível. Aquela menina não parecia ser assim, ela se espantou ao me ver caído no chão.
Não era possível que só eu tinha sentido aquilo, eu te avisei Matthew, mas você não parou de pensar naquele sorriso e naquelas sardas em suas bochechas e seu cabelo...PORRA!
- Ela não... - Sussurrei sem entender.
- Ela foi a ultima a pegar no seu skate... - Falou Chandler.
- Ela sorriu quando te entregou o skate - Falou Justin.
Claro que ela sorriu, mas era um sorriso tímido.
- A roda do seu skate não saiu sozinha, aquilo é muito difícil de tirar... - Falou Mingus.
- E sabemos que ela é uma vadia - Falou Brianna.
MATTHEW OFF
CHARLOTTE ON
Fiquei esperando Matthew sair do quarto. Os meninos não me deixaram entrar. Mesmo sem saber o motivo eu esperei.
Queria ver se Matthew estava bem.
Ouço a porta se abrir e me levanto, a gangue saiu e por ultimo Matthew. Eles me olharam, mas logo me ignoraram. Eu fiquei sem entender e quando eu ia perguntar algo Matthew se virou para mim.
- Sabemos o que você fez - Ele parecia bravo ou desapontado, não sei bem. Voltou a andar, seu olhar foi tão frio que eu me assustei.
Olhei para o quarto e a porta estava aberta, Brianna estava sentada em cima da cama e quando eu olhei para ela, a mesma começou a rir.
- O que "eu" fiz, Brianna? - Perguntei e ela parou um pouco de rir, se levantou e ficou bem na minha frente.
- Eu ganhei - Sussurrou lentamente e voltou a rir.
- Não vou perguntar de novo - Avisei me segurando para não bater nela.
- Você deixou a rodinha do skate do Matt frouxa, igual você - Disse com um tom vitoriosa - No começo, eu sabia que você iria andar em um deles, peguei o primeiro que eu vi e por muita sorte foi o mesmo que você pegou - Olhou para suas unhas sorrindo - Era pra você cair, mas o Matt caiu e uma coisa levou a outra e... Você sabotou a roda para ele cair - Falou olhando para mim, seu olhar era tão sínico que me segurava ainda mais para não dar um soco nela.
Calma Charlotte! O que é dela esta guardado.
- Você não presta mesmo, né Barbie? - Peguntei muito irritada, ela começou a rir - Toma cuidado! Porque quem ri por ultimo, ri melhor - Joguei um beijo pra ela e sai dali, andei sem rumo. Comecei a pensar como minhas amigas estavam e aonde estavam.
Depois voltei a pensar e Matthew. Como ele pode pensar isso de mim? Acreditou na Brianna. Nem sequer quis ouvir minha opinião e deixar eu mesma me defender. Confesso que eu fiquei muito brava do Matthew, fiquei com raiva da gangue e de tudo o que aconteceu.
Não queria ter me sentido tão feliz ontem com Matthew e nem com a gangue. Isso me deixava com ódio dele por ser tão legal e idiota ao mesmo tempo. E principalmente de mim, por ainda estar pensando nele!
Ai Charlotte eu avisei para não ficar pensando nele, eu avisei...
Logo percebo que eu estava no bosque de novo, onde tudo começou. Acho o banco que eu e Rafael ficamos e me sento no mesmo. Olho para o lado e o livro ainda estava ali, me pego sorrindo e abro-o. Começo a ler para passar o tempo livre.
- Sabia que te encontraria aqui - Falou Rafael. Ele saiu do meio das árvores e se sentou do meu lado.
- Não é tão difícil me achar - Reviro os olhos e ele ri.
- Claro que é - Sorri, olho para ele e sorrio também.
- Quer ler? - Ofereço, ele assente e eu apoio minha cabeça em seu ombro, ele se ajeita me deixando mais confortável. Ele pega o livro e começa a ler em voz alta.
[...]
O sol já estava se pondo e ainda estávamos lendo. Eu olhei para ele e ele me olhou também, fechei os olhos e sorri. Ele encostou sua cabeça na minha e fechou os olhos e sorriu também, fechei os olhos novamente e apreciei o momento...
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