História Chegada Inesperada - Edward Cullen - Capítulo 3

 O garoto ao meu lado parecia agoniado por estar tão próximo de mim, ele estava afastado o máximo possível, por um momento me perguntei se ele estaria pensando se eu tenho uma doença contagiosa ou muito grave. Notei que Bella me encarava com fogo nos olhos, aposto que sua mente trabalhava planejando mil e uma maneiras de acabar com minha vida.

 A queimação em minha garganta estava beirando um estado crítico, e estar em uma sala fechada repleta de adolescentes com hormônios a flor da pele não facilitava as coisas. Apertei os punhos com força, o som dos ossos estalando foi o suficiente para capturar a atenção de meu parceiro de laboratório.

 Bela audição, isso aumenta ainda mais minhas suspeitas... com toda certeza ele e sua família não devem ser humanos.

 O tal Cullen se afastou pela milésima vez em menos de 20 minutos, isso já estava começando a me tirar do sério, qual o problema desse garoto afinal? Pelo cantos dos olhos notei que ele mal respirava, seus olhos estavam mais escuros do que quando me sentei ao seu lado.

- Se você se mover mais uma vez, eu juro que quebro seu braço em no mínimo 3 partes diferentes - Rosnei baixinho para que somente ele pudesse ouvir.

- Você pode tentar - Devolveu me olhando irritado, ele não deveria me provocar desse jeito.

 Me aproximei e em um movimento rápido demais para um humano, agarrei seu braço e apliquei força suficiente para parti-lo ao meio, infelizmente isso não ocorreu, ao invés disso sua pele extremamente pálida rachou como se fosse feita de mármore. O encarei surpresa enquanto o garoto me olhava assustado, nem parecia a mesma pessoa de poucos segundos atrás.

 O sinal bateu indicando que havia chegado o fim daquele período, coloquei minha mochila sobre as costas e caminhei até a saída. Minha mente trabalhava com intensidade tentando juntar todas as peças desse maldito quebra-cabeça. Em pouco menos de 1 dia pude perceber muitas coisas, como por exemplo, a pele gelada, a ausência do som de seu coração batendo, os olhos mudando de cor, isso só poderia significar uma coisa...

 Vampiro.

 Tia Ella me contou diversas histórias sobre as diferenças entre as duas espécies de nossa raça, ao contrário de nós eles brilham quando expostos ao sol, alguns são possuidores de dons incríveis. Porém minha espécie é mais rápida, mais forte e temos a vantagem de conseguir nos misturar com mais facilidade entre as pessoas, o fato de conseguir me alimentar com comida é bastante vantajoso, conseguir sentir o gosto das coisas é ótimo.

- Charlotte, espera - Ignorei a voz de Bella me chamando e continuei andando - Eu mandei você esperar - Aumentou o tom de voz e puxou meu braço me obrigando a encara-la.

- Escuta aqui, sua idiota  - Empurrei a garota e a coloquei contra a parede, seu olhar antes confiante se tornou assustado - Sugiro que baixe seu tom de voz quando vier falar comigo, não sou mais aquela criança que vivia assustada e deixava você e a vadia da sua mãe me fazer de emprega e me agredir gratuitamente. A próxima vez que encostar em mim será a última - Soltei seu braço, com toda certeza ficaria com a marca da minha mão.

 Mas quem se importa?

- Isso é uma ameaça para me deixar com medo? - Perguntou tentando recuperar a pose de garota forte e corajosa.

- Considere uma promessa, ameaças são um pouco vagas demais, no entanto promessas funcionam como um contrato verbal, e eu prometo que se  encostar em mim de novo, vai se arrepender - Disse e simplesmente saí andando, agradeci pelos corredores estarem totalmente vazios, não gostaria de virar motivo de fofoca logo no primeiro dia de aula.

 Caminhei me esforçando ao máximo para não atacar ninguém, empurrei as portas que davam para o refeitório, ignorei os olhares curiosos lançados em minha direção. Entrei na fila para pegar comida, havia apenas 3 pessoas na minha frente e eu agradecia internamente por isso. Segurei a bandeja de metal e acabei pegando uma garrafinha com suco de laranja, hambúrguer e uma fatia de torta de maça.

 Tudo que eu preciso agora é de uma mesa vazia.

[...]

 Durante todo o intervalo me senti como um animalzinho exótico sendo esposto no zoológico, as pessoas me olhavam comer como se fosse algo mágico e especial. O tal Edward Cullen acompanhava meus movimentos com atenção, seus irmãos pareciam fazer exatamente o mesmo, ser estranho deve estar cravado no DNA daquela família.

 Mesmo que eu desconfie seriamente que eles sequer são irmãos de verdade...

 Me levantei da mesa da solidão, apelido carinhoso que acabei colocando, joguei o que sobrou do meu lanche no lixo e decidi que não ficaria até o final do período letivo. Minha cabeça já estava cheia demais, primeiro minha prima tem um surto e acha que pode mandar em mim, depois descubro que o garoto estranho é um vampiro, que segundo as lendas que minha tia me contou brilha quando exposto ao sol.

 Deve ser ridículo ficar se parecendo com uma fada, Tinker Bell deve ficar ofendida.

- Hey, espere - Ouvi a voz do tal Cullen me chamando ao longe, seus passos apressados ecoavam pelo estacionamento.

 Todo mundo resolveu tirar o dia para me encher hoje?

- Que foi? - Perguntei me virando para encara-lo nos olhos, eu poderia ignorar sua presença, mas havia a grande possibilidade de ele ficar irritado, e não queremos um confronto entre vampiros no meio de uma escola cheia de alunos, as consequências seriam desastrosas.

 Não para mim, claro...

- O que é você? - Perguntou tentando parecer ameaçador.

- O que acha que eu sou, hein vampirinho? - Sorri divertida enquanto abria a porta do lado do motorista e joga minha mochila no banco do passageiro.

- Eu desconfio, apenas não tenho certeza - Confessou olhando diretamente dentro de meis olhos - Sua prima é como você? - Edward parecia realmente curioso, por um momento ele deixou a postura de fodao de lado.

- Bella? - Ri com vontade - Sua namoradinha sequer desconfia que sou uma vampira, e muito menos que o futuro namorado se alimenta do sangue de coelhinhos e esquilos - Debochei o vendo cerrar os punhos.

- Então você é uma vampira? - Sério que de tudo que falei ele só prestou atenção nisso?- E ela não é minha namorada - Completou parecendo querer deixar aquilo bem claro para mim.

- Deveria dizer isso para ela, sabe deixar as coisas bem claras, tipo preto no branco - Ele me encarou confuso - Ela está olhando para cá nesse exato momento, e não parece muito amigável - Acenei vendo a garota bufar irritada.

- Oh, droga - rosnou irritado enquanto minha prima o encara como se ele fosse um deus.

 Tem como ser mais ridículo e humilhante? 

- Boa sorte com ela, apenas um aviso - Ele pareceu realmente interessado - Bella não é o que aparenta ser, para uma humana ela é bem perigosa, se quer manter sua família em segurança, sugiro que se afaste - Alertei já entrando no carro.

- Quando vou te ver novamente? - O garoto parecia um pouco desesperado demais, hoje é sexta-feira, e isso quer dizer que ficaríamos sem nos ver até segunda.

 Curioso essa reação, afinal são apenas 2 dias e mau nos conhecemos...

- Forks é uma cidade muito pequena, podemos nos encontrar quando menos esperar, até mais Cullen - Pisquei um olho e virei a chave na ignição, acelerei e saí cantando pneus.

 Olhei pelo espelho retrovisor e ele continuava no mesmo lugar, notei que Bella se aproximava e aproveitava que Edward estava de costas para passar as mãos em seus cabelos, uma inútil tentativa de deixa-los alinhados e com uma aparência apresentável.

 Continua a mesma garota mimada e esnobe de sempre... As pessoas dizem que podemos mudar com o tempo, aposto que se elas conhecessem minha prima mudariam de opinião rapidinho.