Suas próprias palavras ainda ecoavam na sua cabeça.
"Você é um garoto egocêntrico e mesquinho! Não acredito que tenha feito isso comigo!"
Nem ela mesma entendia porque estava tão irritada, só não conseguia se parar de bufar nervosamente.
"Se comeu, é porque você queria. Não ponha a culpa em mim." Foi o que ele respondeu.
Ele sabia sobre a sua dieta, disso ela tinha certeza.
Abriu a porta do seu dormitório com toda a força, quase fazendo a coitada flutuar.
Encontrou-o em cima da sua cama.
Kisses de chocolate.
O sangue subiu para a sua cabeça.
Pegou a embalagem em formato de gota e jogou-a no lixo, quase chorando da raiva que borbulhava por dentro do seu estômago, querendo sair pela garganta.
Estava tão irritada que podia... Podia…
Virou-se para a embalagem que acabava de ter jogado na cesta de lixo.
Era a pior parte, aquela. A coisa que mais queria, era também a mais proibida.
Passou aquela tarde inteira o evitando.
Seu rosto constantemente chateado parecia o de um cachorro abandonado, se olhasse por tempo o bastante. Parecia um pouco confuso, ou surpreso, pela sua reação.
Mas ela sabia que havia feito de propósito. Sabia, tinha certeza.
... Ou será?
♥ ♥ ♥
No dia seguinte, parecia ver o tempo passar na sua frente sem nem mesmo tomar as próprias decisões.
A comida milimetricamente contada, os exercícios repetitivos sempre iguais, a rotina.
Se viu sentada ao lado de Izuku no almoço, conversando sobre as mesmas coisas que sempre conversam. Ele era ótimo ouvinte, mas...
Ainda havia algo que faltava.
Olhou para a salada a sua frente.
E não pôde evitar de pensar que o que Bakugou teria feito para trazer hoje provavelmente era muito melhor.
De volta ao dormitório, o sol já havia se posto quando viu outra caixa, um pouco menor, de bombons na frente do seu quarto, envolta de um fio avermelhado e uma notinha escrita
"De: FALA COMIGO
Para: Ochako"
Juntou a caixa, pronta para arremessá-la para longe.
Não conseguiu.
A caixinha de chocolates permaneceu flutuando no ar à sua frente, insistentemente encantadora, como se zoasse com a sua cara. Aquela caixinha sabia que havia ganho a batalha, talvez.
Pegou-na de volta, abrindo para encontrar doces sabor chocolate com morango dentro da embalagem pequena em formato de coração. Deixou seu corpo cair ao chão, derrotada.
Talvez tivesse exagerado um pouco.
Mesmo assim...
Isso era importante para ela, esse sonho de ser a ProHero perfeita. Ter a forma perfeita, a imagem perfeita, estar sempre sorrindo e disposta.
Mas... Porque ela queria isso, mesmo?
Agora, já não se lembrava mais.
Nesse momento, nesse exato momento, queria algo que não era o que deveria querer.
Pôde ouvir os passos atrás das suas costas.
- Uraraka.
Ela se virou, já sabendo o que esperava ver.
Katsuki Bakugou estava olhando fixamente para ela.
Não tinha mais aquele olhar um pouco confuso de antes, estava determinado. Tinha o olhar felino que ela percebe, de vez em quando.
- Bakugou... Me desculpa.
Levantou-se, olhando-no diretamente.
- Eu não sei porque pensei que você teria feito isso pra estragar minha dieta. Que ideia boba, não é mesmo? - Ela riu.
- Não. - Ele respondeu rispidamente.
- Eu fiz mesmo pra estragar essa dieta.
- ...Oi?
Vários pontos de interrogação se derramavam em sua cabeça, e uma raiva súbita que já não queria estar sentido.
- Você realmente fez isso?!
- Sim.
- Por... Porque você faria isso?! Eu... Eu estava tentando bastante! Estava dando o meu máximo! - Ela bateu em seus ombros, irritada.
- Exato. - Ele segurou suas mãos, impedindo-na de continuar. - Você talvez não devesse tentar tanto.
- O... O quê?
- Você parece viver pra uma ideia que existe na sua cabeça, mas o que importa é o aqui e o agora. Afinal, o que você pensa que vai acontecer quando tiver o corpo que acha perfeito? - Ele soltou suas mãos, e ela já não tentava mais atingi-lo. - Vai arranjar outra coisa pra pôr defeito. Porque você é assim. E, além disso...
Katsuki tocou seu rosto levemente com uma das mãos.
- Eu gosto de você do jeito que você é. Não tente tanto mudar.
Seu jeito era confiante, direto. No entanto, podia notar seu rosto ligeiramente avermelhado e corado.
Tinha a voz sempre tão ríspida, era quase anormal ouvi-la em um tom tão cândido.
- Você... - Ela fez uma única interjeição, antes de compreender profundamente o significado daquelas palavras. Conseguia sentir a sua sinceridade, compreender seus sentimentos.
Ele se aproximou, e estava a poucos palmos dela. Podia senti-lo tão perto.
- Eu não deveria. - Ela sussurrou. Mal havia terminado a frase, e os lábios dele já estavam sobre os dela.
Degustou aquele momento como quem o estava esperando há muito, muito tempo. Ele a apertou contra o próprio corpo, e seu toque era muito mais gentil do que estava esperando.
- Eu gosto de você, Uraraka, sua idiota. - Ele disse, em sua voz grossa e um pouco rouca.
Ela respondeu-no com outro beijo.
- Eu não deveria, mas... Eu também gosto de você.
Ele não esperava a devolução de seus sentimentos, aquele momento que havia pensado várias vezes estava realmente se concretizando.
Bakugou fechou a porta por trás deles enquanto retribuía o beijo.
Tocou uma de suas pernas com a ponta dos dedos e ela respondeu ao seu toque, reclinando-se para trás.
Katsuki arrastou a mão pela sua coxa até encontrar o zíper da sua saia, e puxou-no para baixo, sempre prestando atenção em suas reações.
Ela não deixou-no parar. Continuava a beijá-lo mais e mais.
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